Pessoa com deficiência e trabalho | Jornada

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Tribunal Superior do Trabalho
O programa Jornada está de volta! Neste primeiro episódio da quarta temporada, abordamos a inserção...
Video Transcript:
Se o tema é a inclusão, pessoa tem de vir antes  do que qualquer deficiência. Mas tem muita gente que se esquece disso e naturaliza condutas que  parecem inofensivas, mas que na verdade refletem preconceito e discriminação. Se você parar para  pensar, em algum momento, já foi capacitista.
Isso acontece não, apenas, quando usamos termos que  estigmatizam e discriminam, mas no dia a dia quando ficamos admirados ao ver uma pessoa com  deficiência realizando uma tarefa trivial ou quando sempre tratamos como exemplo de superação.  Neste episódio, vamos falar do mercado de trabalho para pessoas com deficiência. A proposta não  é falar de super-heróis, mas de pessoas que se destacam pela dedicação e competência e que  merecem ser reconhecidas pelo profissionalismo.
'Olá, está subindo? ". "Meu nome é Bruno Braga, eu tenho 32  anos.
Hoje em dia, a minha função é na analista de diversidade e inclusão, mas a minha trajetória nem  sempre começou aqui no Sabin. Costumo dizer que são meus 15 anos de cadeirinha de rodas. Passei  10 anos, desses 15 anos, como atleta profissional na seleção brasileira de tênis de mesa.
Tive  a oportunidade de conhecer mais de 20 países. Eu fui o primeiro cadeirante que a empresa  contratou. Fui contratado para criar um programa de design e inclusão.
Apesar de a gente cumprir  com todas as leis de cotas, tudo certinho, a gente queria trazer um plus, vamos dizer assim,  um programa que realmente pudesse tornar uma representatividade aqui dentro das nossas  minorias". Você sabia que menos de 10% dos profissionais no Brasil fazem parte de um dos  grupos considerados minoritários como negros, LGBTQIAO+ e pessoas com deficiência? Apesar de  adversidade e inclusão ser em temas de discussão entre empresas brasileiras, apenas metade delas  tem uma política estruturada para ter de fato equipes mais diversas.
"O que eu mais gosto de fazer  dentro do programa, sendo analista, eu gosto de trabalhar ajudando uma pessoa que eu vejo que ou se  ela tem uma deficiência ou não, dependendo da raça dela, dependendo do gênero, dependendo da idade que  ela tiver. Então, esse é meu papel aqui dentro, saber como dessa pessoa pode ser alocado aqui, que ela  pode ser ela mesma, desde quando ela entra até a hora que ela sai. Que a gente costuma muito bem  nos meios corporativos, que quando a pessoa ela entra na empresa, ela veste uma máscara e ela,  na sexta-feira, ela tira essa máscara.
E a gente não quer isso aqui, a gente quer que essa pessoa  entre aqui sendo quem ela é". E não tem como falar de minoria sem falar também de preconceito. Uma  pesquisa do Ministério Público do Trabalho revelou que dois em cada cinco brasileiros, com deficiência,  disseram já ter presenciado ou vivenciado algum tipo de discriminação dentro das organizações.
O bullying e a rejeição foram os mais apontados. Bruno, você sofreu algum tipo de preconceito no ambiente de  trabalho? "Na verdade, eu acho que todo dia a gente sofre um tipo de preconceito, porque o preconceito  não é só falar, mas o preconceito ele tá no olhar, o preconceito está na atitude das pessoas. 
Então, eu costumo dizer que aqui não na organização todo mundo me trata de uma forma igualitária.  Aqui, eu nunca sofri nenhum tipo de preconceito, mas a partir do momento que eu saio do prédio,  quando eu vou almoçar no restaurante aqui do lado, eu já não tenho acesso. Então, aí por mais que  você queira ou não, já é um tipo de preconceito".
Em um país com mais de 215 milhões de habitantes, 17  milhões são pessoas qual algum tipo de deficiência, como: física, auditiva, visual, intelectual e  deficiências múltiplas. No Brasil, existem 486 mil profissionais PCD's em trabalhos formais, 69%  das contratações são de empregados com ensino médio completo ou superior. "O Bruno é um profissional diferenciado.
Me lembro quando ele entrou. Eu tive o privilegio de fazer a entrevista dele, por acaso e eu vi um menino que queria muito ter uma oportunidade no mercado. Tinha experiência que a gente  precisava?
Não, ele não tinha ainda, mas ele tinha todas as competências comportamentais, ele  tinha os valores necessários e ele demonstrava ter o potencial para ocupar essa vaga e essa  posição. Eu acho que isso que fica de grande lição aprendida, porque a gente não vai ter muitas  vezes o profissional pronto, mas nós temos um profissional ali disposto a aprender, disposto  a ocupar aquela vaga e ser desenvolvido pela empresa". A inclusão das pessoas com deficiência  no mercado de trabalho é prevista em lei há mais de 30 anos.
É a chamada lei de cotas. Ela exige  que as organizações com mais de 100 empregados preencham de 2% a 5% dos cargos  com profissionais que tenham deficiência. No país, existem mais de 800 mil vagas destinadas a  PDC's, por meio da lei de cordas.
Apenas 50% estão ocupadas em 2022. Mas e na prática? O contrato de  trabalho da pessoa com deficiência diferencia em algum aspecto dos modelos tradicionais?
"Na verdade,  não existe diferenciação nas regras contratuais. Há estipulação como todo o trabalhador de jornada a  se cumprida. Pode ser contratação por tempo parcial, salário proporcional ao tempo.
Toda a contratação  ela envolve o conhecimento das limitações e das necessidades de quem contrata. Ao contratante é  imposta a necessidade de adaptação de mobiliários, investimento em tecnologias, cursos de  capacitação. Mas importante também é o treinamento e a capacitação das pessoas que  irão liderar".
A estimativa da Associação Brasileira de Recursos Humanos aponta que se governos e  empresas não adotarem mais ações afirmativas, como a lei de cotas, seriam necessários 1. 700 anos  para atingirmos uma igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para pessoas com deficiência,  é muito tempo. "Uma das coisas que eu tenho ouvido muito de empresas é da dificuldade delas de  encontrar talentos com deficiência para trabalhar.
O mais importante é que exista uma mudança do  DNA da empresa. A empresa precisa utilizar os três métodos de mudança de cultura. Antigamente,  você se lembra, a gente falava do top down era o presidente dele para baixo.
Depois, nós começamos  a falar da participação das pessoas, botam de baixo para cima. Hoje, a gente usa o from muito  alto, que eles falam, de dentro para todo. Significa você criar times dentro da empresa, em todas as  áreas da empresa e ter uns que a gente chama de embaixadores da diversidade e de inclusão dentro  da e você começa a mudar a cultura.
Mudar de onde, para onde? Mudar da situação ai que chato eu  preciso cumprir o leite cotas, porque eu não vejo o valor nenhum, para uma visão real, correta, que essa galera agrega valor. As adequações de trabalho, para o trabalho, para inclusão  têm sido muito menos problemática do que as empresas pensam".
"O empregador ele está obrigado,  por lei, a contratar. Nós temos, ainda, infelizmente uma resistência na contratação de pessoa com  deficiência e essa resistência ela precisa ser vencida. O ideal seria que os empregadores se  conscientizasse da necessidade e da função social que também ele exerce".
Eu poderia citar para vocês  inúmeras empresas aqui do país que se destacaram, nos últimos anos, por prática de inclusão e  acessibilidade que, inclusive, foram premiadas por essas iniciativas e uma dessas empresas  fica lá no Ceará e é para lá que nós vamos agora. Vou conversar com a Glauciane, gerente de  recursos humanos da companhia Siderúrgica do Pecém. Oi, Glauciane!
Tudo bem? "Oi, Luma! Tudo bem?
"  Tudo ótimo. Glauciane, queria que você contasse um pouquinho para gente como essa boa prática de  inclusão ganhou destaque aí no Ceará. "Então, o CSP fez parte aí da premiação em 2021 da empresa  completa, a empresa que inclui.
Nós ficamos muito felizes com essa iniciativa. Nós somos cerca de  2. 500 pessoas, desses profissionais 75 são PCD's.
As empresas elas precisam estar estruturadas  e adaptadas para proporcionar um ambiente diversos, um ambiente em que as pessoas se sintam  incluídas. Quando a gente fala em diversidade, eu sonho inclusive com esse momento, em que a  gente não vai precisar mais fazer qualquer de adaptação ou qualquer tipo de projeto para  fazer inclusão. As empresas vão ter tal consciência que o ambiente ele já vai ser inclusivo".
E o Moisés  é um dos profissionais da Siderúrgica. Ele entrou na empresa em 2021, por meio do programa  jovem aprendiz para pessoa com deficiência. Moisés perdeu parte dos movimentos do braço  esquerdo em 2006, após um acidente de trabalho.
"Aqui é ótimo pra gente trabalhar, a gente tem disponibilidade de executar o serviço. O mais interessante de tudo que eu vim com a área já justamente já que eu  conheço, já entendo tudo que tem por aqui também. Se tem alguma dúvida que chega, a gente ajuda.
A expectativa aqui é começar a fazer mais alguns cursos para aprimorar  mais e mais ainda e dedicar mais no serviço". Organizações mais diversas possuem 33% mais  chances de sucesso. São 23% mais lucrativas, segundo o consultorias internacionais. 
Cargos operacionais e de assistentes estão no topo do ranking das funções mais  ocupadas por pessoas com deficiência no país. Com incentivo e o acompanhamento das  empresas, é possível que essa lista fique ainda maior, mas, para que isso aconteça, é  necessário que esses profissionais tenham cada vez mais oportunidades e que  também ocupem posições estratégicas. "Essas pessoas tem que ser tratadas da mesma forma, aplica a equidade, mas trata da mesma forma. 
E muitas vezes nos perguntam quanto de apoio você oferece para uma pessoa com  deficiência? E a minha resposta é, o máximo o mínimo que ela precisa para fazer por ela  mesmo, porque eles podem". "Olha, se você quer uma pessoa comprometida, engajada, que tem muita vontade de aprender, de dar o seu melhor ali naquela atividade, não tenha dúvidas, pode contratar uma pessoa com deficiência, um profissional com deficiência.
Mas desafie  ele, dê condições para que ele possa aprender, para que ele possa errar, mas que ele se sinta  desafiado e valorizado você não vai se arrepender". " A gente tem que pensar que a inclusão é um ato, antes  de tudo, de amor ao próximo". Bruno, o que você acha daqueles que veem pessoas com deficiência como coitados, como super-heróis  e não como pessoas normais, como seres humanos?
"Eu tô aqui na cadeira, há 15 anos. Eu me formei, eu  me pós graduei, mas isso não me tornam super-herói. Eu costumo dizer que isso não me torna um  exemplo.
Eu quero só ter qualidades boas para que eu possa me tornar um profissional cada dia melhor.  Para que isso tudo pudesse acontecer e para que eu pudesse chegar aqui hoje e estar tendo essa conversa  com você, muitas pessoas tiveram que me ajudar. Não é uma cadeira de rodas que vai pedir sair de casa, não é uma cadeira de rodas que vai impedir a gente de trabalhar, de estudar, de conseguir algo a mais na  vida, poder fazer um esporte, poder fazer qualquer outra coisa.
Imagina, da noite para o dia, a minha  vida mudou completamente, mas não foi a cadeira que me segurou".
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