Freud e o mal-estar na civilização - a infelicidade do indivíduo e seu conflito com a cultura

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Filosofia Vermelha
Por que é tão difícil alcançarmos uma felicidade duradora? Qual a fonte de nossa infelicidade? Por q...
Video Transcript:
Olá amigos e amigas do Saber Neste vídeo de hoje vamos falar sobre o mau-estar na civilização uma das obras sociológicas mais importantes de Sigmund Freud nesse texto Freud tenta responder algumas perguntas como por que é que é tão difícil alcançarmos uma felicidade duradoura Qual é a fonte Quais são as origens de nossa infelicidade e por que é que cada vez mais pessoas adoecem mentalmente essa última é uma das perguntas que nós podemos fazer tendo como ponto de partida A análise que Freud faz da nossa cultura da nossa civilização e o que eu acho bem interessante
aqui é que nós podemos identificar a partir de Freud que o modo de produção capitalista adoece as pessoas porque o que Freud entende aqui por civilização ou cultura seria mais ou menos o que Marx vai chamar de estrutura econômica e a superestrutura Freud diz olha civilização né Por civilização eu entendo Endo aquilo que é a base econômica material mas também os bens culturais espirituais de uma determinada formação social Então a partir dessa obra de Freud nós podemos compreender muito do que está acontecendo em nosso contexto hoje é uma obra extremamente atual que teve uma influência
uma importância muito grande no Século XX e que ainda hoje pode nos ensinar algo sobre o nosso cotidiano sobre o nosso contexto sobre as nossas vidas Então vamos lá lá [Música] acompanhe Antes de iniciar um breve recado Faça a sua inscrição em nosso curso de introdução à filosofia dos pré-socráticos a Sartre o nosso curso tem mais de 14 horas de duração oferece Total flexibilidade porque não há data nem para você começar nem para você terminar e Você ainda recebe Um certificado ao final uma vez tendo feito a inscrição no curso o seu acesso é vitalício
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para mais informações ver a grade curricular e fazer a sua inscrição o link também está aqui na descrição deste vídeo voltemos então ao nosso tema o mau-estar na civilização ou da zumber Haagen in the Culture que é o título em alemão né da zumber Haagen in the Culture eu tenho essa edição aqui da editora fiser e esse volume aqui é que tem várias obras né né Eh sobre sociedade e religião e Aqui nós temos entre essas obras dason ber Haagen in cultur que é traduzido eu acho que muito bem em português como o mal-estar na
civilização porque esse termo né vamos começar pelo título da obra né É sempre importante pra gente entender um livro A gente começar falando sobre o título a gente ter certeza que a gente entende o título da obra né porque o mau-estar na civilização né e un ber Haagen em alemão seria basicamente o que a gente chamaria mesmo de mal-estar porque é um certo desconforto com alguma coisa e eu digo que a tradução em português é boa porque em inglês por exemplo essa obra é chamada eh Civilization and its discontent né E aí eu acho que
discontents não captura tão bem o umber Haagen do Alemão então eu sou muito satisfeito com essa tradução embora algumas obras tenham né a tradução de Cultura por civilização mas essa escolha também se justifica porque o próprio Freud explica na obra porque é que ele usa o termo cultua e o que ele entende por isso e seria mais ou menos o que a gente chama mesmo de civilização então é uma boa tradução o mau-estar na civilização e Freud quer mostrar aqui olha por é que a gente é tão infeliz né Qual que é a fonte da
nossa infelicidade e por que é que desde os tempos primordiais dos seres humanos sobre a terra a gente nunca de fato conseguiu encontrar uma sociedade sem conflitos uma paz duradoura e mesmo em nossas vidas individuais né às vezes nós temos momentos felizes momentos de satisfação mas uma paz duradoura Isso parece que é algo inalcançável e realizável e Freud quer explicar isso aqui e ele vai mostrar basicamente o seguinte preste atenção Ele quer mostrar o conflito irreconciliável entre indivíduo e civilização o contexto o pano de fundo social dessa obra São aser icias da Primeira Guerra Mundial
e também as turbulências políticas que se seguiram só lembrando que após a Primeira Guerra Mundial nós tivemos por exemplo a Revolução Russa em 1917 e Freud por várias vezes ele TCE alguns Breves comentários sobre a União Soviética ele fala sobre comunismo né A maioria das vezes ele diz o seguinte Olha eu não entendo muito de Comunismo Tá então não vou dar muita opinião mas se Os Comunistas falam isso mesmo então eu tenho tal opinião sobre tal assunto né mas a maioria às vezes Freud ele não entra muito né no assunto mas a gente percebe que
ele tava ligado no que tava acontecendo e nós sabemos muito bem né que se não fosse a guerra Possivelmente a Revolução Russa não teria acontecido em 1917 o próprio Lenin né Líder bolchevik era dessa posição que a guerra foi um dos fatores objetivos que proporcionou né O que pelo menos ajudou a coca usar a Revolução Russa mas Freud aborda aqui vários outros temas por exemplo ele se mostra contra aquela crença ilimitada no progresso aquela ideia de que a ciência e a tecnologia podem resolver todos os problemas da humanidade Freud se mostra muito cético e ele
pensa que na verdade apesar da tecnologia apesar da ciência o mal pode irromper novamente lembrando o pano de fundo são as experiências da primeira guerra mundial ele também fala um pouco sobre a religião n um tema que ele havia abordado mais ou menos 3 anos antes em Sua obra O futuro de uma ilusão de maneira geral nós podemos dizer que essa obra defende a tese de que a civilização é fruto da repressão viver em comunidade viver na cultura viver na civilização significa que cada indivíduo precisa abrir mão de suas pulsões precisa reprimir as suas pulsões
e Mais especificamente as pulsões de sexualidade e de agressão E aí com a ajuda do Perego o indivíduo Ele dirige a sua agressão contra si mesmo e aí ele tem o seu comportamento sob controle Então essa agressão que nós temos que dirigir contra nós mesmos a fim de sermos sociáveis a fim de podermos viver em comunidade Pois é essa agressão interna que faz com que nós adoeçam Freud começa essa obra falando Não especificamente Sobre a civilização mas sobre a religião Lembrando que alguns anos antes ele havia escrito o futuro de uma ilusão nessa obra ele
falou especificamente sobre a religião mas ali também ele já antecipou algumas das ideias que ele discutiria de forma mais detalhada aqui 3S anos depois em o mau-estar na civilização então em o mau-estar na civilização nós temos também essa troca né então o futuro de uma ilusão fala um pouco sobre civilização e o mau-estar na civilização começa falando já sobre religião e o Freud retoma aqui basicamente a ideia de que a religião é uma ilusão mas aí depois da publicação da obra ele recebeu algumas críticas e ele aproveita a oportunidade para responder a essas críticas Porque
alguns indivíduos falaram o seguinte F Freud o sentimento religioso é algo inato ao ser humano n inclusive algumas Vertentes cristãs acreditam nisso né Eh os calvinistas por exemplo acreditam nos sensos divinites né que nós naturalmente temos um senso do divino E aí eles eh comentar com Freud que nós temos o chamado sentimento Oceânico que é Sabe aquela ideia Aquela aquele sentimento de pertencimento ao todo quando você tem um certo tipo de experiência Mística que você se sente conectado a todo o universo e Freud começa a obra explicando esse sentimento Oceânico mostrando que na verdade isso
é uma reencenação de algo que nós experimentamos de fato em nossa infância quando éramos bebês por Freud diz olha quando nós somos bebês nós ainda não temos um ego que vai traçar distinção entre o nosso Eu interno e o mundo exterior então quando bebês nós de fato temos essa sensação de estar ligado a um grande todo então quando nós temos novamente essa experiência né Principalmente através da religião nós estamos novamente experimentando essa essa conexão ou essa fusão entre nós e todo o universo e todo o mundo inclusive nós experimentamos isso também quando estamos apaixonados falar
de disz né Eh a paixão também de certo modo nos faz reviver ou reencenar essa situação e nos traz esse sentimento Oceânico Mas então ele dá uma explicação psicológica para o tal sentimento Oceânico Freud vai falar aqui também sobre como tolerar a vida Como suportar a vida né Ele fala o seguinte olha Eh para que é que serve o ser humano nesse mundo Qual o sentido da nossa existência né ele percebe o seguinte Olha o mundo tá cheio de ameaças a nossa saúde a nossa vida são passageiras então a gente tá sempre tentando encontrar a
felicidade em algum lugar uma felicidade duradoura Mas a gente nunca consegue Então os indivíduos buscam satisfações substitutas ou distrações né inclusive muitos indivíduos vão se refugiar nos vícios né e Freud fala olha Tem indivíduo que vai pro vício tem indivíduo que vai paraa religião e tem mesmo indivíduos que vão para as atividades científicas ou artísticas né Freud coloca ali mais ou menos não dizendo né que de um ponto de vista valorativo são a mesma coisa mas servem ao mesmo propósito de alguma maneira né então FR diz olha as drogas viciantes nos fazem esquecer a realidade
né tem efeitos colaterais indesejáveis Mas elas cumprem essa função de nos fazer esquecer temporariamente a nossa realidade a nossa vida ruim é a Sexualidade também dá distração e agora Freud fala o seguinte olha se a vida não pode ser tolerada a gente tem que fugir ou para essas distrações e quando elas não são suficientes a gente acaba indo para a neurose ou até mesmo para a Psicose né e para todo tipo de ilusão e a religião obviamente né a religião também é uma distração coletiva porque o indivíduo às vezes se convence de que existe um
Deus que cuida dele esse Deus vai dar sentido a toda a existência e não só isso Deus às vezes pode dar sentido ao próprio sofrimento né que imagina só se você não acredita em Deus e sofre um monte de coisas ruins acontecem É um sofrimento gratuito um sofrimento Sem Explicação mas se Deus existe a gente pode dar sentido até mesmo ao sofrimento dizer o seguinte Olha nós sofremos por uma razão o sofrimento tem um propósito o sofrimento é controlado Deus tá vendo o que tá acontecendo como se a gente tivesse né sendo operado estivesse numa
mesa de cirurgia sem anestesia né como se né a gente pode até confiar no médico olha ele sabe o que tá fazendo né Isso aqui é uma dor temporária um sofrimento temporário para um bem maior a crença em Deus ela tem mais ou menos o mesmo efeito pode dar sentido até mesmo ao sofrimento nós já mencionamos aqui no vídeo que Freud se mostra cético Quanto a essa crença ilimitada no progresso o que ele vai dizer aqui é basicamente o seguinte olha os indivíduos esperam eliminar sua infelicidade através do Progresso técnico mas essa esperança é enganosa
as conquistas técnicas que nós já alcançamos de fato expandiram enormemente as nossas habilidades e fizeram-nos próximos aos Deuses praticamente agora por mais promissores que sejam todas as descobertas da ciência e da tecnologia elas não podem não puder er e também não poderão segundo Freud reduzir a infelicidade humana ele diz olha muita coisa mudou com o avanço da técnica né hoje a expectativa de vida é maior a mortalidade infantil É menor né se um de nossos familiares mora muito longe a gente pode sempre fazer contato com eles né Por exemplo eu posso est falando de Filosofia
e de psicanálise com vocês aí no Brasil mesmo estando aqui na Alemanha né então isso é muito positivo tudo isso que a ciência a tecnologia nos trouxe né agora Freud é da posição de que isso é uma faca de dois gumes basicamente né porque maior expectativa de vida por exemplo também significa mais sofrimento na velice né você vê o sistema de aposentadoria aqui na Alemanha por exemplo é uma vergonha né é um absurdo o que que as pessoas mais velhas têm que passar aqui eh e também sem avanços tecnológicos né por exemplo se não houvesse
eh ferrovias as famílias talvez viveriam mais próximas né não viveriam tão longe umas das outras e muitas pessoas pensam que Elas seriam mais felizes se elas pudessem viver com mais naturalidade né ter uma vida mais próxima da natureza e de fato a gente Às vezes tem a ideia de que os povos primitivos pareciam mais felizes Mas a gente não conhece a vida dos povos primitivos a gente também não tem como saber se de fato os primitivos eram mais felizes né Se as pessoas antigamente eram de fato mais felizes do que nós somos hoje mas ainda
outra razão outro motivo para nossa infelicidade e frud diz que esse motivo é o seguinte nós ainda não conseguimos regular satisfatoriamente a nossa convivência com os outros e seja na família ou seja em outras instituições culturais toda a cultura humana falar de dis é caracterizada pela convivência com grupos maiores né e os indivíduos formaram comunidades desde o início né de de sua jornada sobre este planeta e os motivos são sempre os mais variados né Por exemplo a necessidade de trabalhar juntos né nso aqui a gente vê claramente que eh Freud está de acordo com o
Marx por exemplo né os indivíduos estão sempre em comunidade estão sempre produzindo seus meios de vida materiais e isso em comunidad agora um outro motivo né não é só o trabalho um outro motivo seria o próprio amor sexual seria também um motivo para unir indivíduos Então você Une em famílias você Une em grupos maiores grupos de trabalho a questão é a gente tá sempre unindo né nós mesmos a outros indivíduos a relação com os outros o pertencimento a grupos é a maior fonte de felicidade de um indivíduo agora ela também é muito perigosa porque Freud
diz das nossas fontes de Sofrimento a principal delas é a relação com outros indivíduos na nada nos fere tanto quanto a relação com outros indivíduos então aqui também nós temos uma faca de dois gumes é muito importante para nós estarmos em comunidades estarmos em sociedade mas nada nos fere tanto quanto isso e quando nós estamos em grupos nós não temos a possibilidade de de fato sermos quem nós gostaríamos de ser E aí que a gente passa para o tópico da cultura ou civilização como fonte de mau-estar inclusive Esse é o título da obra né o
mal-estar na civilização porque Freud vai dizer o seguinte que em uma cultura em uma civilização os direitos do indivíduo são protegidos pelo grupo e o poder daquele indivíduo mais forte mais apto ele é limitado isso é o indivíduo não pode simplesmente agir de acordo com a sua cabeça né o Mais especificamente de acordo com as suas pulsões porque isso destruiria o próprio grupo então então a cultura a civilização ela controla as pulsões do indivíduo e o indivíduo na cultura ele tem que suprimir suas pulsões ou então ele tem que dar vazão a essas pulsões de
alguma outra maneira né Depois tem um outro processo muito interessante chamado de sublimação a gente não vai entrar nesse detalhe aqui neste vídeo né Mas a questão é o indivíduo tem as suas pulsões a cultura ela tem que controlar essas pulsões porque o indivíduo não pode simplesmente fazer o que dá na cabeça simplesmente fazer o que quer nós falamos agora H pouco que a principal fonte de felicidade de um indivíduo é estar dentro de um grupo estar participando de algum grupo ser alguém em alguma comunidade e fra diso seguinte olha tendo em vista que todas
as pessoas querem ser felizes então elas se encaixam na comunidade e portanto na cultura na civilização agora essa inserção ela é de certo modo incômoda só que o indivíduo aceita as desvantagens né Sempre tem né uma vantagem uma desvantagem né Sempre tem um tradeoff por assim dizer né como se fala no no inglês então a gente tem uma luta entre pulsões e cultura entre A Busca da Felicidade individual e o desejo de pertencer ao grupo e isso está dentro de cada um de nós dentro de cada um de nós dentro de cada indivíduo está essa
luta entre a busca pela satisfação individual e a busca pelo controle para se encaixar para se enquadrar para viver dentro daquele grupo agora que pulsões são essas que pulsões são essas que devem ser controladas nesse vídeo nós já Antecipamos que são Principalmente as pulsões de agressão e as de sexualidade as pulsões sexuais Freud fala aqui o seguinte Olha a cultura tenta controlar a Sexualidade humana tanto quanto possível prescrevendo um relacionamento heterossexual e monogâmico como a norma né o modelo é esse é o padrão a Sexualidade segundo a civilização né segundo a tradicional família é isso
relacionamento heterossexual e monogâmico agora Freud fala o seguinte né isso ele diz isso em outros textos também essa norma é quase impossível de cumprir porque todos os indivíduos né na visão de Freud todos os indivíduos são originariamente bissexuais e por isso que há tantos desvios né desvios entre aspas né porque são desvios dessa norma né desvios dessa norma de ramento heterossexual e monogâmico e esses desvios no entanto são tacitamente tolerados né inclusive Freud fala por exemplo num texto sobre os ciúmes né ele fala que o ciúme do tipo normal é um ciúme que percebe no
parceiro esses impulsos em direção a uma infidelidade só que como o próprio indivíduo reconhece isso nele também isso é até certo ponto tacitamente tolerado né então por exemplo é eh o homem que fica olhando para uma mulher que tá passando na rua ou então a mulher que se enfeita toda para sair numa festa para fazer alguma coisa né obviamente que a gente tolera isso socialmente e Freud fala olha é normal a gente ter tolerância em relação a esse tipo de coisa porque todo mundo percebe em si que há essa pulsão em direção a uma saída
né dessa norma dessa relação monogâmica e heterossexual agora como a Sexualidade humana é severamente restrita pelas rígidas normas da cultura o que acontece que nós temos neuroses Esse controle da civilização sobre a Sexualidade resulta em neuroses de modo que o comportamento neurótico ele pode ser compreendido como uma tentativa fracassar de gratificação substituta né Freud diz olha o imperativo da caridade é o melhor exemplo das limitações impossíveis que a cultura nos exige né porque a cultura ela também trabalha com várias outras formas de amor que não a especificamente direcionado a um objeto sexual então a caridade
seria um deles né mas Freud diz olha é totalmente contrário à nossa natureza aquele mandamento de amar ao próximo como a ti mesmo não é fra de diz a gente tem que se perguntar criticamente por Qual razão Nós deveríamos amar ao outro como a nós mesmos né ainda mais tendo em vista que algumas pessoas são dignas da nossa inimizade algumas pessoas querem o nosso mal então por que que a gente tem que amar esse tipo de pessoa então Freud vê nesse mandamento algo como completamente antinatural e contrário à forma como nós somos enquanto seres humanos
agora a questão é por que é que a cultura precisa tanto suprimir as pulsões sexuais e promover o amor ou a caridade sobre a qual nós acabamos de falar isso é esse tipo de amor inibido por objetivos f de disso que a civilização busca controlar os instintos de agressão porque esses podem acabar por destruir a própria civilização é se os nossos instintos de agressão não forem controlados nós podemos destruir a nossa civilização e toda a guerra tá aí para mostrar isso e a gente não precisa também só eh ilustrar tal questão com a guerra porque
isso é algo que a gente pode ilustrar em situações de conflitos de muito menor escala que não são exatamente guerras o nosso cotidiano está repleto de violência então frod diz olha a civilização ela precisa controlar isso né porque o indivíduo o ser humano não é unicamente bom nós também temos muita agressividade não é e a cultura até hoje não conseguiu controlar essas agressões de maneira eficaz dentro de toda sociedade nós temos agressões e nós temos isso também entre civilizações entre culturas entre países né inclusive aqui ele faz um comentário interessante sobre o comunismo né Eu
mencionei no início do vídeo que Freud de vez em quando faz alguns comentários sobre o comunismo porque o comunismo foi um dos desdobramentos da primeira guerra Mundial né Mais especificamente a Revolução Russa em 1917 né Então esse é o pano de fundo da obra e Freud quando vai fazer essas reflexões sobre a cultura de forma geral ele também tem em mente ele tá olhando lá para a União Soviética porque lá estava se tentando algo diferente ele diz o seguinte olha é verdade né que o comunismo persegue esse objetivo né de controlar a agressão né inclusive
ele faz uma leitura do comunismo aqui que não é exatamente uma marxista né Mas a gente dá uma colhia de chá pro Freud né ele de fato ele afirma que não conhece muito sobre a questão mas ele fala o seguinte Olha é o comunismo atribui toda agressão como oriunda das relações injustas de propriedade e espera que com a abolição da propriedade privada a agressão também vai desaparecer então Freud pensa o seguinte olha Os Comunistas acham que né Vamos tomar os meios de produção Vamos acabar com a propriedade privada AG vai sumir Freud pensa o seguinte
isso é um erro porque a agressão é algo inerente aos indivíduos a agressão não é algo que surge somente por causa das relações de propriedade e inclusive Freud se pergunta tá e quando a União Soviética quando Os Comunistas não tiverem mais uma burguesia contra a qual lutar para onde Para qual objeto eles vão dirigir a sua agressão por todo esse vídeo vídeo nós estamos falando o tempo todo sobre como a cultura precisa controlar as nossas pulsões agora como é que a cultura faz isso se ela precisa desse controle ela faz isso através do exército da
polícia das instituições sociais bom não é possível est monitorando todo mundo o tempo todo né ser igual lá aquele 1984 do George orwell né que é uma coisa que é meio sem explicação naquele livro né você tem tanta gente você tem pelo menos metade da população para vigiar outra metade né mas aí quem vigia os próprios vigias né então não tem como você ficar vigiando todo mundo o tempo todo então o Freud vai buscar explicar como que esse controle ele acaba acontecendo E para isso ele fala sobre o superego né O superego que é basicamente
a introjeção do Pai repressor então ele faz uma analogia né ele disse o seguinte olha Eh superg na verdade é é uma categoria que a gente utiliza para explicar a psique do indivíduo né então Freud Ele sempre fala por meio de analogias quando ele faz esse salto do individual para o social mas o superg no indivíduo é basicamente aquela Instância aquela vozinha da consciência que fica nos dizendo aqui o que é certo e o que é errado porque quando nós somos crianças nós não temos ainda sug então a gente faz uma coisa errada aí vem
a mãe vem o pai e diz isso não é certo você não pode fazer isso isso é errado se você você fizer você vai ter uma punição e os pais então são essa Instância externa que nos controla quando nós somos crianças à medida que nós vamos nos desenvolvendo os nossos pais são internalizados e eles passam a ficar aqui dentro tá então o superg é basicamente isso é a internalização basicamente do pai repressor é a internalização da Lei e é por isso que a cultura consegue de certa forma vigiar os seus indivíduos os seus membros porque
a polícia não daria conta de vigiar todo mundo se não fosse o superg o superg na cultura o superg da Cultura né que não só nos vigia mas também nos possibilita nos fornece ideais a civilização seria impossível mas nós vamos parando por aqui senão esse vídeo vai ficar imenso e nós já temos um vídeo grande sobre este tema na área de membros do canal se você se tornar membro do canal você pode participar de Nosso Clube de leitura e ter acesso a todos os vídeos de todos os livros que nós já Lemos até este momento
Então vamos tentar fazer um resumão aqui né do que se trata essa obra O mau-estar na civilização para Freud o conceito de cultura engloba todas as conquistas chamadas assim conquistas civilizatórias tudo que distingue o chamado povo civilizado entre aspas do Povo primitivo né e essa obra de Freud malestar na civilização é uma obra claramente marcada pela crítica cultural a cultura não aparece como uma conquista humana positiva aqui mas como algo realmente estranho ao indivíduo um algo que vai restringir e adoecer cada um de nós adoecer os indivíduos agora ao mesmo tempo Freud também não vai
oferecer aqui nenhuma alternativa né nem que seja uma alterna ativa em comunidades mais abertas Seja lá o que for né Freud não vai falar o seguinte Olha a gente pode voltar a um estado primitivo e a gente vai ser feliz Freud acha que é um caminho sem volta uma vez que nós entramos no caminho da civilização não tem como a gente voltar e ser primitivo né nesse sentido né É por isso que vale a pena a gente ler o que o Herbert marius vai falar em Heros e civilização porque aqui ele vai tentar fazer uma
análise mais otimista né e do o poder que a própria psicanálise tem né pelo menos da como que que a psicanálise ela tem o potencial Libertador né então por isso que é bem interessante a gente ler as duas obras né ler o mau-estar na civilização e ler também o Heros e civilização que inclusive o subtítulo da obra é uma investigação filosófica em Freud então frud aqui de fato Ele se mostra muito mais pessimista do que ele se mostrou numa obra anterior de 27 que foi o futuro de uma ilusão né então aqui em TRS anos
ele já parecia que tava vendo a cultura já de outra maneira né então o que Freud tá mostrando basicamente aqui em o mstar na civilização é que o o ser humano o homem o indivíduo ele se esforça para ser feliz mas ele nunca consegue alcançar plenamente este objetivo pelo menos enquanto ele estiver em comunidade com vivendo com outras pessoas ele não vai conseguir essa felicidade duradoura agora ao mesmo tempo o indivíduo não pode prescindir da comunidade o indivíduo precisa do grupo para sobreviver e para muitas pessoas esse dilema né Essa tensão acaba se revelando ou
trazendo sentimentos de culpa e também resultando em neuroses Nós também falamos aqui nesse vídeo que Freud se revela como um oponente dessa crença ilimitada no progresso né inclusive ele fala olha o ser humano nunca vai ser capaz de dominar completamente a natureza o ser humano sempre vai permanecer vulnerável e limitado em suas habilidades e o que as pessoas na verdade chamam de progresso não é aquilo que de fato as torna mais felizes mas afasta os indivíduos ainda mais de suas necessidades reais e Freud também é contra a ideia de que as pessoas são realmente Livres
em suas escolhas Livres em suas ações ele diz que nós somos controlados principalmente por nossas pulsões E nós nem sempre estamos conscientes dessas pulsões e aqui também a Sexualidade se mostra né como já era de se esperar com tendo um papel Central na teoria de Freud e por último e é um dos pontos que eu acho mais importantes é a tese de Freud de que os transtornos mentais do indivíduo devem-se principalmente à vida social a influência da civilização e nós falamos por civilização Freud entende não apenas os meios materiais mas também os meios espirituais os
meios anímicos os bens culturais de modo que civilização em Freud seria mais ou menos o que no Marxismo seria a estrutura e a superestrutura então vejam quando FR fazer essa análise aqui ele diz que a civilização adoece os indivíduos em nosso próprio período histórico nós podemos dizer o capitalismo ado as pessoas e não é por acaso que cada vez mais pessoas entram em depressão e nós podemos aqui em o mal-estar na civilização compreender porque a nossa vida nos adoece a nossa vida social porque que a nossa vida em sociedade nos adoece Então os transtornos individuais
na verdade eles têm causas sociais e esse eu acho um dos aspectos mais importantes que nós devemos trazer da leitura de o mau-estar na civilização e lembrando mais uma vez faça sua inscrição emem nosso curso de introdução à filosofia dos pré-socráticos a Sartre o link para o nosso curso está na descrição deste vídeo assim como o link para o meu mais novo curso a filosofia de kmx uma introdução Lembrando que o acesso é vitalício adquirir um desses cursos é como adquirir um livro você jamais perderá acesso a todo o conteúdo e se você considera que
a internet é um lugar melhor com o nosso trabalho do que sem ele considere ser um dos nossos adores através do apo ou ser um membro do nosso canal basta você clicar no botãozinho aqui embaixo desse vídeo ou então fazendo qualquer contribuição através Nossa chave PX que é o nosso endereço de e-mail filosofi vermelha @gmail.com um grande abraço e até o próximo
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