Você desconfiou que a sua criança podia ser autista logo cedo, observou sinais no desenvolvimento e no comportamento dela que te deixaram desconfiada e foi atrás de informações. Jogou os comportamentos da sua criança no buscador de internet e tudo indicava que era autismo. Daí você buscou um profissional, passou com a sua criança por avaliação e nada, nenhuma conclusão.
Você e sua família saíram do consultório sem uma resposta e com mais dúvidas ainda. Não satisfeita, você passou em mais profissionais, mas está, até hoje, sem resposta. Se identificou?
Isso aconteceu ou está acontecendo aí na sua casa? Calma, que esse tipo de situação é relativamente comum e já aconteceu com muitas famílias. Vários outros transtornos ou síndromes podem ter características semelhantes ao autismo e, por causa disso, o diagnóstico correto fica mais difícil de sair.
Mas afinal, se não é autismo, então o que será que é? Como chegar a um diagnóstico correto? Então fique esperta, que neste vídeo eu tô aqui hoje para falar sobre os transtornos e síndromes que podem se parecer com autismo e quem sabe dar uma luz para que você, enfim, consiga chegar a uma conclusão sobre o que a sua criança tem.
Lembrando que quem fecha diagnóstico é um profissional qualificado, ok? Então, este vídeo tem o objetivo de informar, esclarecer e incentivar você na sua busca pelo diagnóstico certo. Vem comigo ver algumas possibilidades que se assemelham ao autismo para que você possa rastrear por aí.
Bora lá! Possibilidade número um: Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, o famoso TDAH. O TDAH afeta a atenção, o controle e os impulsos, e na maioria dos casos, a hiperatividade.
Embora seja uma condição diferente do autismo, algumas sobreposições podem levar à confusão, especialmente em crianças. Tanto o autismo quanto o TDAH podem ter como características: dificuldades na regulação emocional, na concentração e na organização, além de estereotipias e hiperfoco. Agora, uma observação importante: muitos autistas também têm TDAH; o TDAH é uma comorbidade bem comum no autismo.
Então, presta atenção aí na sua criança, porque ela pode ter os dois. E como diferenciar autismo do TDAH? Então, para diferenciar o TDAH do autismo, é importante observar atentamente as características principais de cada transtorno.
Enquanto o TDAH se concentra principalmente em questões de atenção e hiperatividade, o autismo aborda desafios mais amplos, incluindo a comunicação social e comportamentos repetitivos. Possibilidade número dois: Síndrome do X Frágil. Assim como no autismo, a síndrome do X frágil também traz atrasos no desenvolvimento, dificuldades na comunicação, na interação social e comportamentos restritos e repetitivos.
Só que, diferente do autismo, que tem causas multifatoriais, podendo ter origens genéticas ou ser causado por fatores ambientais, a causa da síndrome do X frágil é conhecida e facilmente explicada e detectada. A síndrome do X frágil acontece por conta de uma mutação no gene FMR1 localizado no cromossomo X e é facilmente diagnosticada através de um exame de sangue, que é solicitado por um geneticista. Por isso, muitos profissionais recomendam que as famílias passem por um geneticista quando há desconfiança de autismo.
Uma ida a esse profissional pode excluir ou confirmar o diagnóstico de síndromes cujas características são parecidas com as do autismo, entre elas a síndrome do X frágil. Possibilidade número três: Transtorno do Processamento Sensorial, o TPS. Quem acompanha os vídeos aqui do canal e as minhas postagens nas redes sociais com certeza já me ouviu falar várias vezes sobre o transtorno do processamento sensorial.
E por que isso? Porque esse transtorno é muito presente no autismo. A maioria dos autistas também sofre de TPS.
Explicando o transtorno do processamento sensorial de forma rápida, ele é uma condição que afeta a forma como o cérebro processa as informações sensoriais do meio ambiente, e isso pode levar a respostas sensoriais intensas, fazendo com que quem tem esse transtorno evite determinados estímulos e busque outros. Pessoas com TPS podem sentir incômodo com a luz, o som, texturas e cheiros. E como saber se uma pessoa tem o TPS, mas não é autista?
Mais uma vez, você vai precisar observar as características principais de cada transtorno. O autismo é muito mais complexo, vai envolver dificuldades na comunicação, na socialização, comportamentos restritos e repetitivos. Já quem tem apenas o TPS provavelmente vai apresentar dificuldades sensoriais, sem apresentar essas outras características do autismo que eu acabei de mencionar.
Possibilidade número quatro: Síndrome de Williams. A síndrome de Williams é uma condição genética rara que pode apresentar algumas características comportamentais semelhantes ao autismo. As pessoas que têm essa síndrome geralmente sabem socializar, mas podem apresentar dificuldades na compreensão das regras sociais e na comunicação de forma eficaz.
Só que, diferente do autismo, a síndrome de Williams pode ser detectada através de exames genéticos. Quem tem a síndrome de Williams também costuma ter um aspecto facial característico, como o nariz pequeno e empinado, lábios cheios, dentes pequenos e sorriso frequente. Então, se você desconfia que a sua criança pode ter essa síndrome, não deixe de marcar uma consulta com o geneticista, ok?
Possibilidade número cinco: Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal, ou TEAF. O transtorno do espectro alcoólico fetal é uma condição que afeta bebês cujas mães consumiram álcool durante a gravidez. Esse transtorno pode resultar em várias dificuldades ao longo do desenvolvimento da criança, incluindo dificuldades de aprendizado e de comportamento.
Algumas características do transtorno do espectro alcoólico fetal, como dificuldades sociais e comportamentos impulsivos, podem ser confundidas com autismo. Então, para diferenciar os dois, é importante considerar a história da exposição ao álcool durante a gravidez e a gama completa de características de cada um. Possibilidade número seis: Transtorno Obsessivo-Compulsivo, que é o TOC.
O transtorno obsessivo-compulsivo é um distúrbio de ansiedade que envolve pensamentos intrusivos ou obsessões e comportamentos repetitivos ou compulsões. Algumas dessas compulsões do TOC podem parecer semelhantes aos comportamentos repetitivos observados em pessoas que estão no espectro autista. Agora, presta atenção nessa observação: muitas pessoas autistas, principalmente mulheres autistas, recebem o diagnóstico.
Errado de toque antes de receberem seus diagnósticos corretos de autismo. História da minha vida. Então, você já deve estar se perguntando como diferenciar um do outro.
Eu diria que o ponto principal que distingue o toque do autismo está na natureza dos pensamentos obsessivos e nas compulsões. No toque, os pensamentos obsessivos são geralmente irracionais e angustiantes, enquanto no autismo os comportamentos repetitivos podem ser de uma forma de autorregulação ou exibição. Possibilidade sete: dificuldades de fala, linguagem ou audição.
Aqui vale deixar claro que existem diversos tipos de transtorno de linguagem, fala e audição, e que eles podem interferir na forma como a criança se comunica, fala ou recebe uma informação. Ok? Em alguns casos, a criança pode trocar sons da fala, não conseguir elaborar uma frase de forma correta, não conseguir narrar um evento ou contar uma história, ter um vocabulário pobre.
E apesar de dificuldades com a comunicação e socialização serem uma das principais características do autismo, nem sempre uma dificuldade de fala será autismo. Para caracterizar autismo, precisa apresentar um conjunto de sinais; dificuldades isoladas com a fala, comunicação ou audição não são suficientes para fechar o diagnóstico de autismo. Mas é claro que você não pode ficar parada caso a sua criança apresente algum desses atrasos.
Percebeu que a sua criança está demorando para falar, não consegue articular frases? A criança já é grandinha e fala muito errado ainda? Então, procure uma avaliação com uma fonoaudióloga para orientá-la.
Possibilidade número oito: hiperlexia. Uma das principais características da hiperlexia é a capacidade de ler em uma idade muito precoce, geralmente antes dos 5 anos. Inclusive, esse foi o caso do Eric, que começou a ler cedinho, surpreendendo a todos aqui em casa.
Eu vou deixar um card aqui e o link na descrição para você assistir a um vídeo do Eric lendo quando ele era bem pequenininho. Mas você só assiste quando terminar esse vídeo aqui, combinado? Voltando: crianças com hiperlexia podem também apresentar dificuldades com a comunicação social e serem apegadas a rituais e comportamentos repetitivos, mas nem todos os casos de hiperlexia são acompanhados de autismo.
Ok? É possível ter hiperlexia e não ser autista. Observar as características de cada um em sua totalidade será a principal forma de confirmar ou excluir o diagnóstico de um deles ou dos dois.
E para isso, você vai precisar da ajuda de um profissional. Possibilidade número nove: Transtorno Global do Desenvolvimento Não Especificado. O Transtorno Global do Desenvolvimento Não Especificado é um diagnóstico aberto que é utilizado quando as características não são suficientes para fechar outros diagnósticos, como de autismo, por exemplo.
Uma pessoa com Transtorno Global do Desenvolvimento Não Especificado pode apresentar características parecidas com as do autismo, mas de forma menos específica ou não tão claras. E aí, essas características acabam sendo insuficientes para fechar um diagnóstico de autismo. E a possibilidade número dez: deficiência intelectual.
O autismo, principalmente em casos que precisem de mais suporte no dia a dia, pode ser confundido com deficiência intelectual. Autistas de nível três de suporte podem, por exemplo, apresentar dificuldades maiores com a função executiva. Isso vai refletir na necessidade de apoio para tarefas básicas no dia a dia, como higiene pessoal, por exemplo.
Dificuldades na comunicação verbal, como a ausência total de comunicação por fala, por exemplo, podem fazer com que pessoas e profissionais achem erroneamente que um autista não tem capacidades cognitivas preservadas. Claro que existem casos de autistas que também apresentam deficiência intelectual, mas isso não é uma regra. Diferente do autismo, que traz dificuldades principalmente nas áreas da comunicação e interação social, a deficiência intelectual envolve dificuldades mais amplas em lidar com tarefas cotidianas, aprender novas habilidades e se adaptar a diferentes situações.
A deficiência intelectual também é caracterizada por um QI abaixo da média, geralmente abaixo de 70, e limitações significativas na capacidade adaptativa, o que pode afetar a independência e autonomia. Se você chegou até o final desse vídeo e acha que a criança pode apresentar alguma dessas condições que eu citei, não deixe de buscar ajuda profissional. Para todas essas condições, existem tratamentos e terapias adequadas que vão melhorar muito a qualidade de vida do seu filho ou da sua filha.
Então, marque uma consulta com um neuro, uma fono, um psicólogo, um geneticista, o profissional que for. Enfim, marque uma consulta com um profissional que possa ajudar a sua família. Peça indicações de profissionais na sua cidade.
Existem vários grupos em redes sociais que você pode pedir indicações. Só não vale deixar as dificuldades da sua criança passarem em branco, tá bom? Agora, quero saber de você, que está até aqui assistindo: aconteceu de você achar que era autismo e o diagnóstico ser outro, ou você está em busca eterna pelo diagnóstico correto, mas ele não sai por nada?
Conta para mim nos comentários. Vamos abrir uma roda de conversa sobre esse assunto. Assim, a gente pode ajudar outras famílias.
Me despeço agradecendo a todo mundo que é membro do canal. Não esqueça de ir no link logo abaixo desse vídeo para ver essas camisas maravilhosas também. E um beijo para todo mundo que ficou até aqui!