E aí? Tá bom, boa noite a todos. Esta aula será uma continuação da última aula, que foi sobre a queda do homem. Então, o que eu sugeri ao pessoal do CDB foi que retornássemos esta caminhada de aulas tratando de temas correlatos. Ou seja, o primeiro deles foi a insídia diabólica, o segundo, a queda do homem. No primeiro, eu procurei mostrar, com Santo Tomás, qual é o modus operandi do demônio, que é uma natureza angélica. No segundo, qual foi a maneira da sedução que levou o homem a cair. E hoje o tema tem por título
"A expulsão do Paraíso". Para que fique claro o que se perdeu e qual é o significado desta expulsão, nós vamos continuar falando algo acerca da queda, a partir do texto bíblico e com um comentário de um tomista argentino que é muito pouco conhecido, na verdade, completamente desconhecido no Brasil. Foi um americano chamado Alberto Garcia Vieira, um homem espiritual muito profundo. A propósito, a Argentina produziu aos montes, ao longo do século 20, tomistas de estrita observância. É impressionante como, entre nuestros hermanos, houve um florescimento da escola del tomista, que já é um reflexo da encíclica do
século 19, Aeterni Patris. Vamos pegar aqui o comentário; ele faz uma compilação do que dizem Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino, ou seja, o doutor da graça e o doutor. São duas autoridades na Sagrada Escritura atualizadas pelo magistério da Igreja. No caso de Santo Tomás, digamos assim, é a autoridade teológica máxima, portanto, em matéria opinativa, vale a pena tratá-lo como ciência. Até o lógico é de bom alvitre seguirmos a Santo Tomás, já que ele realmente nos traz luzes especiais e foi abalizado pelo próprio magistério, como o doutor cuja doutrina foi tornada comum pela Igreja.
Então, não é um bom conselho afastarmo-nos de Santo Tomás de Aquino. Esse americano-argentino nos traz várias luzes a respeito da natureza da queda. Eu trouxe, para começarmos, ao que está ali no quadro, que eu sempre gosto de vocês. No quadro, ainda tem aquele visto do professor, do que usava ge Java à mão, e que eu consegui anotar. É um paralelo que o Padre Vieira faz entre o Paraíso Terrestre e a Igreja. O Paraíso Terrestre seria um lugar onde um homem foi colocado. Vamos ver aqui no relato bíblico que ele é colocado no Paraíso e é
criado antes do Paraíso. Portanto, ele é criado fora do Paraíso. O texto bíblico do Gênesis não deixa margem a dúvida quanto a isso. Então, o que eu pus ali, seguindo esse paralelo, é que o Paraíso seria o local onde o homem inocente devia cultivar a graça santificante recebida ao ser criado. Então, quando o texto da Sagrada Escritura diz que Deus pôs Adão no Paraíso para cultivá-lo, aqui entenda-se, antes e acima de tudo, no sentido literal, que é a primeira chave hermenêutica, pelo menos no catolicismo, é ali a literal. A relação a qual as outras derivam
só não se deve adotar a interpretação a partir da literalidade do texto quando esta é impossível ou absurda. Aí sim, põe-se o caráter simbólico, metafórico, alegórico, anagógico etc. Então, o Paraíso seria um lugar, né? Um lugar. Como diz Aristóteles no livro 2 da Física, é o limite do continente, ou seja, é o limite das coisas compostas de matéria e forma que estão nele contidas. Vejam que definição! Esse tal de Aristóteles não era fácil. A sua Física é um primor de definições que nós poderíamos colocar numa lápide. O lugar é o limite do continente. Portanto, tudo
que tem corpo está em algum lugar, em algum sítio; algo incorpóreo, por definição, não pode estar contido no lugar. Então, o anjo, por exemplo, não pode estar contido num lugar; ele é quem contém as formalidades do lugar com a sua inteligência. Então, no Paraíso Terrestre, Deus pôs Adão, após ter criado todas as coisas, inclusive um homem, para que cultivasse não só as coisas atinentes à natureza, como também e sobretudo a graça santificante. Então, no caso do Paraíso Terrestre, é o homem inocente, recém-saído das mãos do Criador, portanto sem nenhuma defeito, sem nenhuma falha, sem nada
que impedisse a operação ótima, digamos assim, das suas potências superiores. E a vontade, tanto assim, que o próprio Santo Tomás diz que, neste estado de inocência original, Adão — e aqui entenda-se Adão e Eva — não poderia ser enganado. Então, nós vamos ver que o modus operandi do demônio, na serpente, foi dizer verdades parciais, as quais Eva deu uma resposta sempre de acordo com as luzes do seu elevado intelecto, que era muito melhor do que o nosso. Esta pressuposição teológica é óbvia, e tais aulas são aulas de Teologia Sagrada. Diferentemente das aulas, muitas das quais
eu dei aqui na primeira fase, em que eu dava aulas no CDB, que eram aulas de metafísica, de antropologia filosófica, de moral etc., a Teologia Sagrada tem alguns pressupostos. Ela é uma ciência, segundo Santo Tomás. E isso está a gritar de maneira sublime na primeira questão da Suma Teológica, na primeira parte, onde ele se pergunta se a Teologia é ciência. Ele demonstra de maneira cabal o que é ciência de pleníssimo direito, embora os seus princípios ele os pegue de empréstimo das verdades da fé. Só para citar aqui, para não perdermos o fio da meada, tá?
Então, Teologia Sagrada não é metafísica; a metafísica é a ciência do ente enquanto ente e, portanto, do ser. Toda metafísica, ao contemplar o ente desprovido de qualquer modalidade, alcança o próprio ser subsistente, aquele a quem normalmente chamamos de Deus. E a Teologia é a ciência que, tendo como parte material o texto da Sagrada Escritura, aborda a Deus em sua recôndita divindade. Então, a metafísica tem por objeto algo que é nobre, que é o ser; porém, não é tão nobre quanto o ser Divino. O Padre Vieira faz um paralelo entre o paraíso terrestre, lugar onde um
homem inocente devia cultivar a graça santificante, e a igreja militante, que é o lugar onde o homem é pecaminoso, ou seja, de caído pelo pecado, devendo também cultivar a graça santificante. Só que, no caso dos nossos primeiros pais, esta graça santificante foi subministrada desde quando foram criados. E, no caso dos católicos, nós, que já vivemos neste estado de natureza caída, recebemos esta graça santificante, eu pus ali no quadro, ordinariamente, no batismo; porém, extraordinariamente, quando Deus quer. Não fiquemos com limites para a ação divina, senão nós, a pretexto de fazermos teologia, estaremos, digamos assim, nos colocando
no lugar do próprio Deus. Deus é onipotente, e essa sua onipotência marca a infinitude da sua liberdade. Nós, humanos, já somos contingenciados até pelo próprio corpo; temos uma liberdade ilimitada em vários sentidos, mas limitada no plano físico. Eu não posso fazer tudo que está para além das potências inscritas no meu corpo. Nós temos a liberdade limitada no plano psicológico, etc. Porém, antes de tudo, no plano ontológico. Então, só para lembrar aos aqui presentes e aos que vieram a esta aula posteriormente no YouTube, trata-se aqui de teologia sagrada, e eu estou seguindo uma linha que é
o problema do mal no mundo: a queda e a expulsão do paraíso. Só que nós vamos ver que a expulsão do paraíso é um ato mal para aqueles que sofreram apenas o mercado, mas é um bem pela manifestação da justiça divina. Hoje, os neoteólogos têm por hábito citar a Deus como todo misericordioso mais do que como todo poderoso, como se Deus fosse só a misericórdia; mas, segundo os grandes doutores da Igreja, a misericórdia e a justiça em Deus estão juntas, unidas, não se apartam. Então, eu vou começar aqui com a leitura do texto, esta que
é a Bíblia traduzida que tem aqui no CDB, traduzida pelo Padre Matos Soares, e o versículo 2 do primeiro capítulo do livro do Gênesis. Então, fala ali do repouso, e é óbvio que aqui é uma metáfora, sim, que Deus não precisa descansar, que não se cansa; Deus é incansável com sua própria supernatureza. Mas aqui, sim, dizem grandes doutores, como Santo Ambrósio e Santo Agostinho. Neste caso, podemos aplicar uma analogia: já que Deus é absolutamente incansável, assim foram acabados o céu e a terra e todos os seus ornatos; e Deus acabou, no sétimo dia, a obra
que tinha feito e descansou, no sétimo dia, de toda a obra que tinha feito e abençoou o dia sétimo e o santificou, porque nele tinha cessado de toda a sua obra que tinha criado e feito. Tal foi a origem da terra, entendidos aqui, parênteses, como tudo quanto tem ser e não é Deus; é o conjunto das coisas criadas. Quando foram criados, no dia em que o Senhor fez o céu e a terra e toda a planta do campo, antes que nascesse na terra, e toda a erva da campina, antes que germinasse, porque o Senhor Deus
não tinha ainda feito chover sobre a terra, nem havia homem que a cultivasse. Mas da terra saiu uma fonte que regava toda a superfície da terra. O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra e inspirou, ou seja, soprou no seu rosto, inspirou um sopro de vida, e o homem tornou-se diferente da primeira informação, que, como veremos, é enfatizada pelo Padre Vieira, que diz que o homem foi feito, digamos assim, uma espécie de culminância da criação no que diz respeito às coisas compostas de matéria e forma; e foi feito antes que Deus fizesse
o paraíso terrestre. E eu continuo a leitura: ora, o Senhor Deus tinha plantado, desde o princípio, um paraíso de delícias, no qual, e aqui é o versículo importante enfatizado por Santo Tomás, pois o homem que tinha formado, que havia formado, e o Senhor Deus tinha produzido pela terra toda a casta de árvores formosas à vista e de frutos doces para comer; e a árvore da Vida, no meio do Paraíso, e a árvore da ciência do bem e do mal. Aqui, como nós veremos, muitos grandes doutores, exegetas balizados da história da Igreja, se perguntaram se no
paraíso terrestre havia só uma árvore ou se eram duas, se era só uma apenas, em diferentes situações pelo homem, ou se eram duas. Aqui, a matéria opinava; eu fico com a opinião de Santo Tomás, que diz que são duas, são duas as árvores: a árvore da Vida e a árvore da ciência do bem e do mal, ambas colocadas no, digamos assim, centro do Paraíso. E o centro geométrico também implica uma noção de importância; o que está no centro deve ser considerado com especial atenção. Devemos centrar-nos naquelas coisas que são as mais importantes. E, deste lugar
de delícias, saiu um rio para regar o Paraíso, o qual dali se divide em quatro braços. Aqui, eu interrompo a leitura do início do livro do Gênesis para ir ao Padre Vieira. Quem quiser saber um pouquinho da vida e da história do Padre Alberto Garcia Vieira, leia um texto que está na internet, facilmente encontrado, que foi escrito por um dos grandes tomistas argentinos contemporâneos, que é o Dr. Antonio Caponetto, em homenagem a este grandíssimo sacerdote, um homem de muitas luzes e de grande piedade. Procurem o texto do professor Caponetto; como disse, contemporâneo, é um elogio
belíssimo, é um panegírico, digamos assim, que é o elogio, é justo, diga-se de passagem, é feito a respeito de alguém que já se foi. Não é uma angiografia, que seria, digamos assim, o elogio de um santo, já é elevado à honra dos altares; mas o panegírico, por exemplo, fazia-se antigamente. Havia, planejei listas para o enterro; inclusive, alguns eram até contratados. Quem leu aqui “As Memórias Póstumas de Brás Cubas” há de recordar-se que, como ironia, Tomás de Aquino põe lá, e o Brás Cubas relata sua própria morte, seu próprio enterro e tudo o que viveu do
além-túmulo. E aparece um sujeito lá, gaiato, era uma sexta-feira chuvosa, dia aziago, como se dizia antigamente, diz o texto de Machado, e a chuvinha era uma chuva peneirada, uma chuva miúda e fina. Um sujeito faz o panegírico do defunto e diz: “Verde a natureza, como chora a perda irreparável deste grande espécime humano! O céu é como um crepe fúnebre.” E o Brás Cubas, na voz do narrador, diz ironicamente: “Bom e fiel amigo, não uma das vinte apólices que lhe deixei!” Machado é Machado, mas havia, sim, panegiristas; homens que às vezes eram até, como havia carpideiras
também contratadas, o seu choro, digamos assim, remunerado. Em algumas ocasiões, até para plantar lágrimas de fontes que não valem uma lágrima. Hoje em dia, morreu, vai todo mundo para o céu; impressionante, né? O mundo contemporâneo tem a morte ali na esquina, na TV, na internet. Tem uma certa atitude para com a morte que não é... não é atitude dos nossos antepassados. Não preciso ir tão longe: ao meu bisavô, não; no tempo dele, o velório era feito em casa e às vezes regavam um bom comes e bebes. Então a própria criança tinha noção do drama da
existência humana; ela não era como hoje, em que você pode saber que morreu e é um “não-me-toque” desde pequenininho. Nós somos adestrados para o amolecimento do caráter e à perda do sentido do drama da existência humana. Nós somos finitos, morreremos. Hoje o mundo está apaixonado pela possibilidade de morrer por uma doença, e não tem vergonha de perder os traços humanos numa espécie de cadastro metafísico nunca antes visto. Mas é verdade, não? A gente ri porque, às vezes, é melhor ser alegre do que ser triste, né? Já diz o poetinha Vinícius: “Melhor é um riso meio
triste.” Então, o padre... eu vou ler aqui, é certo; não dá para ler tudo, né? E se eu, também, se encontra na internet, é um escrito chamado “O Paraíso e o Problema do Sobrenatural.” Começa o Padre Vieira a explicação, mas o nível acerca do Paraíso, quem a deu, foram Santo Agostinho e Santo Tomás. Como eu disse aqui no início, o Paraíso é o lugar onde Adão e Eva cultivaram a vida sobrenatural da Graça. Como eu pus ali no quadro, como a Igreja, na nova lei, é o lugar onde o cristão cultiva sua vida sobrenatural e
divina. Por este motivo, intitulamos nosso modesto trabalho como “O Paraíso” e, agregado como subtítulo, “Os Problemas do Sobrenatural.” Aí ele faz uma observação que, lá na década de 50, já valia muito; vale hoje com o avanço da secularização. E o naturalismo filosófico reaparece: o sobrenatural como problema. A reaparição de um problema sempre é indício de sua perda. Tantas vezes problematizamos algo que já estava resolvido na história da filosofia, na teologia, na história entendida como o transcorrer dos acontecimentos, vislumbrado sobre alguma clave. Nós somos entes dotados de memória; porém, nós nos esquecemos das coisas, inclusive nos
esquecemos dos bens, ou da mente dos bens que recebemos. Nós somos partícipes nesta solidariedade espiritual do pecado original, partícipes da ingratidão de Adão. Adão tinha ali todas as delícias e eu vou citar aqui a tradução de São Jerônimo: como é que ele traduz o Éden, né? Na sua Vulgata, diz que é um lugar de delícias. Veja o que perdemos com esta perda do nosso primeiro pai: a reaparição de um problema, então, é indício de alguma perda. As perdas são muitas; e se perdeu dentro da Igreja algo muito importante: a sobrenaturalidade da Graça, o valor da
fé teologal e o valor da mesma Igreja católica, única e verdadeira igreja é um drama. Hoje ele cita aqui o Cal Runner, que foi uma tragédia para a Igreja, como teólogo que foi um naturalista que, realmente, jogou, digamos ali, diriam em português, na sanita. Nós, brasileiros, diríamos na privada, onde fica o feijão, os dejetos não aproveitáveis pelo organismo: o sobrenatural! O que é uma desgraça? Uma desgraça é, ou seja, no passado não se discutia esse caráter sobrenatural da Graça. Hoje, ela é desvirtuada, é considerada como algo próprio da natureza. Isto não nasceu hoje; começa lá
no século 14 com o teólogo franciscano Duns Scotus, e a certa altura de sua obra, Ordinatio, ele nos diz que o homem tem, naturalmente, o sobrenatural. O sobrenatural seria estar inscrito como uma possibilidade da própria natureza. Sua desgraça é... é morricio. Bronel, muitos séculos depois, diz a mesma coisa com as palavras mais bonitas, talvez, tá? Menos metafísicas e mais literárias. Então, essa perda do sentido sobrenatural na Igreja tem história. A diferença é que, até meados do século 20, quando vinha alguém desautorizadamente falar uma coisa dessas, era advertido pela autoridade, né? Porque o grêmio da Igreja,
que não é o de futebol Porto Alegrense, é o grêmio espiritual da Igreja, tem regras. Nós adentramos o corpo místico pelo batismo e as regras e a verdade cabem ao magistério custodiar. Então, a heresia é uma opinião heterodoxa que põe em risco a própria fé. E aqui ele cita uma frase do Cauã Runner que dá para explicar esse... “des... aqui, esta criatura desassistida de luz teológica.” A essência do homem é tal que se experimenta. Onde exatamente esse experimento? A graça, então, a graça estaria já mesclada a uma espécie de mistura de azeite, de vinho e
vinagre; ou seja, de água e óleo, uma mistura espúria. E se perdemos a noção do sobrenatural, perderemos, em contrapartida, o preternatural. E no tema da queda está implicada uma verdade de fé: é que Adão e os nossos primeiros pais eram dotados, graças à potência divina, de dons preternaturais, entre eles a incorruptibilidade, etc. Ou seja, a imortalidade, melhor dizendo, é a incorruptibilidade, que vai ser no estado do glorioso; os corpos gloriosos serão incorruptíveis. Uma das coisas que os nossos pais não poderiam, de acordo com os planos divinos, seria a morte. E quando o demônio seduz, ele
seduz com perguntas; são perguntas e perguntas. O objetivo é que o Padre Vieira, a sagrada escritura, não é o livro de história; ela contém aquilo que é necessário à nossa salvação. Mas há pressuposições que são aquelas matérias sobre as quais se opinava, e que é digno supor. Por exemplo, quando o demônio, na voz da serpente, diz: "não morrereis", a pertença era de que se comessem do fruto que estava ali no centro do Jardim do Éden, morreriam. O demônio pode muito bem ter apresentado a Eva o fato de que a alma humana é, por sua própria
natureza, imortal, sob a perspectiva teológica. Mas o relato bíblico é sintético; não é a teologia, ela avança a partir do relato bíblico, trazendo luzes onde há sombras, benemerentes, benévolas, sombras salvíficas, digamos assim. Isto leva a que esta perda da noção do sobrenatural leve à criação do século XX de direitos humanos a partir do direito divino. É uma tragédia, mesmo dentro dos seminários católicos; cada vez menos o chamado direito divino é colocado meio que de lado, como se o princípio reitor do próprio código canônico. E comentando aqui o início deste trechinho do Gênesis, diz o Padre
Vieira: "a vontade humana não é critério do bem moral; o bem está na natureza das coisas". A moral é a percepção inteligente da natureza das coisas e, portanto, um homem que age moralmente teve a sua vontade iluminada pelos critérios que foram subministrados pela inteligência. A sua vontade, como eu costumo dizer, é um conjunto de regrinhas que um sujeito chato ditou e que nós devemos seguir só porque ele ditou. Os crimes, os delitos de homicídio, sedição, sequestros e roubos não começam, por exemplo, com o manejo de uma metralhadora. O Padre Vieira diz que começa com o
esquecimento da dezena. E esta portentosa declaração dos direitos humanos cai por terra no plano ontológico por não considerar os direitos de Deus. Então, nós temos o direito ao erro, mas o nosso erro não pode ter direitos, nem no plano civil. O que vemos é uma tragédia. Mesmo Platão, o pagão, em seu livro "As Leis", nos lembra que o papel do legislador, que é o de preservar o bem comum, ele alcança isso. Para a nossa sensibilidade contemporânea é meio absurda, mas ele alcança até os nossos atos interiores. Muito mais o legislador divino. O legislador divino não
se interessa apenas pelo ato externo, e sim, e sobretudo, pelo ato interno, do qual está a mera epifania. Todo mal ato começa no ato interior de uma vontade depravada. O relato de Deus Criador e da criação deve ser objeto de uma leitura adequada, diz o Padre Vieira. E a leitura adequada e útil é aquela que se dá quando a palavra de Deus entra, ou seja, começa a reger as coisas do homem, sem as instituições humanas. Se existem instituições humanas, são secularistas e não obedecem à lei de Deus. Nossa leitura à luz dessas instituições tenderá a
um naturalismo. Foi o que aconteceu ao longo do século XX. Cada vez mais, por exemplo, aqui no Seminário São José, hoje em cenas, entre outras coisas, e eu sei de fonte primária; ninguém me contou isso, não estou vendo dizer, eu sei de padres que me relataram que professores dizem, sem o menor escrúpulo, que Adão e Eva foram um mito e não devem ser considerados como existentes. Os primeiros pais seriam uma espécie de mito e, a partir disso, vamos para heresias como a poligenista. Olha, não; houve, dois primeiros sobre vários. Deus fez vaso, que é um
problema danado para nós católicos em relação ao pecado original. Como é que fica se todos ficaram simultaneamente? Por a assembleia geral constituinte, né? Nós nos reunimos agora e decidimos que vamos pecar em conjunto, né? Aí fica o dogma da queda, fica muito... ele fica, ele é incrível. Aliás, eu vou dizer outra coisa, que me perdoe; eu estou citando, não é uma espécie de panegírico às avessas, mas às vezes a gente tem que dar nome aos bois quando se trata de defender os direitos de Deus. As ofensas que nós podemos oferecer a Ele em oblação interior
a Deus. Agora, aqueles erros que atentam contra a fé, nós podemos em relação a esses ter uma atitude mais firme. Não houve aqui um monge, que era muito culto, que foi Dom Estevão Bittencourt, que foi aqui do Mosteiro São Bento do Rio, e ele dizia que houve uma revista muito famosa, professor Pachara, de lembrar do seu título, "Pergunte e Responderemos". E ele também tem um curso de teologia. Ele nos diz, entre outras coisas, que houve vários são os prótons parentes; nós tivemos vários primeiros pais. Deus não castiga ninguém, né? Ele diz uma coisa fabulosa que,
para mim, é mais difícil de crer do que na literalidade da sagrada escritura, que é o seguinte: quando Moisés atravessou o mar vermelho... Oi, Vivi. Como nota de rodapé, aliás, já fica aqui a notícia: ele vai ser reeditado e vai sair numa edição que muito me alegra, aqui pelo Centro Dom Bosco, em breve, revisado e com o artigo a mais ampliado sobre o moto próprio recente de Francisco Primeiro, né, que vai entrar como apêndice. Mas eu digo, lá a certa altura do cosmogonia, só um instante, professor, que é o Digimon Estevão que, quando o mar
Vermelho se abriu e os judeus que estavam fugindo dos egípcios passaram, e depois o mar caiu exatamente sobre os egípcios, o que houve foi um fenômeno natural ainda não revelado pela ciência, pelo amor de Deus! Sem mais, é difícil acreditar nisto do que um relato bíblico, pura e simplesmente. Quer dizer que, por um fenômeno natural, se o mar se abriu, levantaram-se duas colunas e caiu exatamente em cima dos perseguidores? É muito difícil acreditar nisto. Mas, quando é dito por alguém culto, que sabe grego e latim, a fé não é para os eruditos. A fé é
para os simples. Calhou de muitos eruditos, a nossa Igreja até produziu... e que bom, né? Mas não é o que distingue um católico, não é o que distingue o católico saber o catolicismo e acreditar por fé teologal nas coisas, nas verdades reveladas. Parágrafo: está a sua mais. Repito aqui, ao que já foi dito à exaustão, nos diz, no seu comentário, é o credo que uma velhinha com fé, com fé, num certo sentido, sabe mais do que Aristóteles, que pela fé ela conhece as verdades que salvam. Aristóteles foi gigante, mas estas verdades ele não conheceu. Então,
o relato bíblico, aí o padre nos lembra aqui que o sentido literal é o primeiro a ser considerado. Deus quis comunicar-nos uma verdade, um fato, e o expressou com palavras ao alcance de todos os homens. Devemos, atitude, estudar o significado das palavras, ou seja, seu sentido literal. O sentido literal é o primeiro e imediato. Leão XIII, o grande Leão XIII, aconselha, não aconselha-nos a não abandonar o sábio preceito de Santo Agostinho: "Não apartais, em nada, do sentido literal e óbvio, a não ser que se tenha alguma razão que impeça a mente ajustar-se a este sentido".
E o que impõe a necessidade de abandoná-lo? Esta regra, agrega o mesmo sumo pontífice, é um 13, deve observar-se com tanto mais firmeza quanto mais existe o perigo de nos estragarmos. Então, a primeira regra é, sempre que possível, considerar o sentido literal. Maria, ela é sempre Virgem; é, ela disse sim, é aquilo que lhe propõe o anjo da Anunciação. E a virgindade perpétua é um dogma; ela não é tema de discussão. Eu tenho o dicionário de mariologia lá em casa, que discute à luz da ciência natural se é possível haver a virgindade pós-parto; já estão
fora da fé, né? Isso, missionário de mariologia, que parece mais dicionário de demonologia aplicada. Na verdade, o paizinho, avô, tataravô, ele é um ancestral de todas as lorotas que nos contaram. E o modo ordinário, como veremos dele aqui, é dizer a mentira com verdade, pegando aspectos isolados da verdade e, com um monumental lorota incrível, a mentira precisa ser crível. Ninguém vai acreditar nela se for evidentemente mentirosa; o mal precisa se revestir de uma capa do bem. Então, esqueçamos esses teólogos pós-modernos. Muitos deles foram condenados na década de 50, tanto pelo magistério, foram denunciados como autores
da novela. E teologia foi uma corrente teológica que injetou essa vacina que foi terrível. Foi a vacina do naturalismo e quase compulsória, né? A vacina do naturalismo aplicado à teologia, que desgraça que deu! O resultado foi a diminuição das vocações religiosas, a liturgia profanada, né, com abertura para experimentalismos, né? Como se estivéssemos na feira, não Salgueiro, uma escola de samba qualquer. Código de direito canônico alterado. Alguém dirá que é legalista, mas ele não foi alterado no que é essencial. Vale uma aula posterior, né? Podemos fazer uma disputa aqui. Eu só digo o seguinte: em tempos
de grave crise, o legalismo é uma covardia. É uma covardia. Quando Hitler mandou, deu ordem a que fizessem crueldades, experimentos médicos, e inclusive, é, Dr. Menguele é um dos exemplos, quem é que defenderá que, à luz da razão natural, ele pode simplesmente alegar que estava obedecendo a ordem, a ordem do superior? Uma ordem, iníqua, não deve ser obedecida. Se perdeu, se perdeu. Hoje, todo mundo diz: "Içamento do estado", num estado cuja corrupção é patente. E a certas coisas, olha só, quem tem um certo tino psicológico consegue ver a hipocrisia, até, nossa, em certas máscaras faciais,
que são mais ou menos jobs, ou em discursos ridículos. O nosso ex-governador, aqui, o carecão, né? Como é que é o nome dele? Que o vídeo seu, né? WW, Wilson, vídeo? Se o sujeito é de uma estupidez cristalina, tá. Quem não consegue, ouvindo vídeos, eu abri a boca, constatar dia imediato que é um hipócrita de estrita observância? Já se demitiu do bom senso! Mas isso acontece, infelizmente, acontece. Nós vamos deixando a luz da razão natural se apagar, e isto, segundo a doutrina da Igreja, é reflexo da queda original, ou seja, houve uma desordem interior e
nós, e aquilo que é inferior, começou a prevalecer. Tá? Ó, e aqui com Padre Vieira, a relação entre o paraíso e a vida sobrenatural de um homem não pode aparecer senão mediante a revelação divina. A mesma concepção de paraíso como morada especial do primeiro par, ou seja, do primeiro casal humano, resultaria inexplicável para nós sem a revelação. Então, a fé não é um teorema de Pitágoras; hum! Nós queremos, por fé divina infundida em nós, que foi assim. Parágrafo: isso é ser irrazoável. Nós sabemos já que a Igreja, desde priscas eras, mostrou como se deve trazer
à luz. O chamado préâmbulo da Fé, mostrando que certas coisas que podem parecer absurdas não o são tão, podemos demonstrar a razoabilidade de crer, mas não os artigos da fé. Há uma frase atribuída a Tertuliano: “Eu creio porque é absurdo.” A frase é retórica, mas tem um certo sentido superior. Tem um certo sentido superior, pois a festa, para além de pensar, os meus pensamentos não são como os vossos pensamentos, diz no texto da Sagrada Escritura. Então, a fé é luz no ministério. É Deus, é um raio de trevas luminosas. Juízo pseudo-dionisiano: é a vida sobrenatural,
que é por si mesma gratuita. São dados, e ficamos com isso na mente, que já vai ser útil daqui a pouco. É a graça de Deus, as virtudes infusas, os dons do Espírito Santo, gratuitos por tratarem-se de perfeições não exigidas pela mesma estrutura ontológica da natureza humana, mas que a perfeição se ou não, eleva essa natureza. A graça não tolhe a natureza, mas a aperfeiçoa. Outra máxima escolástica maravilhosa: se retirarmos o sobrenatural e o natural, como que se degrada, já que a natureza é aquilo que sempre ou quase sempre alcança o seu fim a partir
dos seus próprios princípios intrínsecos de movimento. Ora, como o movimento por si mesmo não pode ser infinito sem algo imóvel, a natureza nem sequer existiria. Sem uma conclusão teológica, a leitura católica leva em conta as intenções da palavra de Deus; ou seja, o exegeta não busca a letra fria, mas as intenções. O bom hermeneuta tentará captar o espírito. Ele não é um repetidor de regrinhas. O processo secular está… ôi, Larissa! Entrou na teologia e na exegese da exegese, uma remanescência naturalista substitui o valor próprio da palavra de Deus. Se acreditamos que tudo é só por
força da natureza, estamos já fora da fé. Se não cremos que Deus é o absolutamente sobrenatural, que Ele paira impávido, dura e não pode ser movido por nada externo a Ele, já estamos na fé. Estamos fazendo um Deus à nossa imagem e semelhança, ou seja, é uma espécie de antropometria, antropomorfização da deidade. Caramba! Como ter pessoas inteligentes e que sabem a prosódia e a pronúncia correta das palavras! Vai falar com Odir, o professor. Quando ele… coitadinho, enrola ali. Ô, epilético! Não. É... prossigamos. Três considerações antes do versículo aludido: “Aqui plantou Deus um jardim no Éden.”
Eu li ainda agora, né? A Oriente. E ali pôs o homem a quem formara, em Gênesis 2, versículo 3. Três coisas são aqui determinantes: primeiro, declaro: “Os céus e a terra e todo o seu Ornato foram acabados.” E aqui entenda-se por Ornato: não é a coisa, né? Não é como é que se diz, a harmonização facial – viu? Beijo. Não é isso. O Ornato aqui é perfeição. E perfeito é aquilo que, para ser o que é, não lhe falta nada. Nesta definição, que está tomática, não toma. Parece que escreve numa lápide, né? Perfeito é aquilo
que, para ser o que é, não lhe falta nada. É essencial. Pode faltar algo acidental, mas era coisa, né? Deus tinha acabado os céus e a terra. Entendeu? Aquilo era perfeito, segundo formou um homem do pó da terra. Segunda consideração: “E foi criado à sua imagem e semelhança.” E, por fim, disse que ele dominaria sobre todos os seres criados no mundo. Estas três verdades bíblicas nos apontam para a altitude de onde os nossos primeiros pais caíram. Ou seja, o homem foi criado para reinar, sobretudo mais na ordem da criação. É tudo mais entre gente. Parentes
são compostos de matéria e forma, já que os anjos, em cuja forma não está a matéria, têm uma natureza superior à nossa. E diz o padre, citando, sabe só mais uma teológica, na Suma Teológica, livro um, questão 102, artigo 4º. O Santo Tomás diz: “O paraíso era lugar apropriado para a vivenda humana, dado o estado de incorruptibilidade.” Esse estado de incorruptibilidade não era conatural ao homem, senão sobrenatural. Está valendo a natureza. O que se a pessoa mais tá dizendo: foi criado fora do paraíso. Lembra? Lembra no status? Tomás, para que os dons gratuitos não se
atribuíssem à natureza, senão à graça. Então, o homem é criado fora do paraíso, do pó da terra, e posto no paraíso. E para Santo Tomás, o paraíso é sinônimo, entre outras coisas, de contemplação da beleza do ser. Quanto mais elevada é a nossa inteligência, quanto mais essa elevação reflui para a vontade, é bem maior o nosso horizonte contemplativo. E aí, contemplar, segundo o próprio Tomás, é um ver, é uma visão seguida de assombro. Ninguém contempla 2 + 2 = 4 melhor. Ninguém diz: “Matemático, Prêmio Nobel de Matemática,” e não vai se assombrar. A contemplação tem
um caráter assombroso, ela nos leva. O Anjo, ao anunciar, quando ele anuncia a Maria, “salve, cheia de graça,” se surpreendeu ao ver uma criatura quanto à natureza, muito inferior a ele, uma super superioridade com a tua graça recebida, uma plenitude tão… intelecto. Quanto mais elevado é… mas, para se assombrar, ele precisa ver beleza e sublime. Mesmo se o sujeito é que o professor passar, que além de tudo é um poeta, não sabe nem o que é metrificação, não sabe distinguir a sílaba métrica da sílaba gramatical, o seu grau contemplativo de um poema de Camões e
da lírica de Camões vai ser menor. Você não consegue nem entender a musicalidade que está implicada no verso, vai ser menor, e você não souber nem o significado das palavras, a sua contemplação será como a de um… Bode que fosse colocado dentro da Capela Sistina, tanto né? Talvez a balança, o rabo é, mas não ia entender nada, né? E a vida nos é dada por Deus para que entendam entender uma coisa: maravilha contemplá-lo no atual estado de natureza de caídas. E nosso olhar contemplativo também de caiu, e por isso, volta o padre que o Paraíso
aparece na Escritura como lugar da santificação do homem. Então, já que ele tem que cultivar não só o Paraíso terrestre, mas a graça santificante que ele contempla ao contemplar a natureza, é um lugar de santificação no estado de justiça original. Ali teria os meios, o movimento da vida na graça no homem desde sua formação, criado à imagem e semelhança de Deus. Temos perfeições naturais em primeiro lugar: corpo, a inteligência, vontade, sensibilidade, hábitos. São virtudes adquiridas; serão boas e suas virtudes foram incongruentes com o modo de ser da natureza humana, serão maus se forem contrários ao
modo intelectivo volitivo da natureza humana, e essas serão vícios. Todo o vício é um hábito contrário à nossa própria natureza. Essas perfeições naturais dependem da sua natureza, e, ou seja, elas integram essa natureza, e perfeições acrescentadas ou sobrenaturais gratuitas, né? Nós recebemos a graça, é grátis, dada por Deus. A graça do céu pode ser cara, muito cara, porque foi, digamos assim, adquirida para nós pelo precioso sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas a graça nos é dada para cada dia. Para cada dia eu vou ler aqui, eu trouxe um livrinho que veio à luz: "O
Brasil Renasce", "O Brasil que é Renata". Eu já fiz uma postagem no meu Facebook, não é da política? Miraculosamente, relação da fé é a fé no meio adverso em que a própria hierarquia não pede conversão de ninguém. E nós vemos conversões aí, aos borbotões, de jovens e a garotada querendo ler livros de espiritualidade, liturgia séria, para desespero de alguns homens do primado espiritual que querem que a mediocridade continue a imperar. Que é que vai para sempre? Aparece a garotada. Responda-me aí, você que vai me ver no YouTube depois, né? Não vai ser fácil. Oi, gente!
Então, temos aqui uma coleção de meditações de Santo Afonso, né? Feitas por um discípulo seu, para todos os dias do ano. E ele diz algo gravíssimo: "Infeliz de quem peca contando com o perdão". Quantas vezes isso acontece entre nós, católicos? "Já tô com pecadinho mortal, vou fazer mais um agora, amanhã eu lhe confesso. Ó, mas o padre tá ali, né? Vou dar vazão a certos ímpetos que rompen do meu baixo ventre, né? E vou pegar mais um pouquinho." Qual de nós já não terá feito isso em algum momento, né? Mas, no tempo em que a
autoridade dos Santos nos advertia, nós ficávamos alertas. E diz aqui: "Ó, não lhes ficará refúgio". É o Livro de Jó, e a esperança deles será a abominação de sua alma. Santo Agostinho comentando essa passagem de Jó, juntamente com Santo Afonso, diz que há um tipo de esperança que é abominável, que abominável escreve São Bernardo: "Que a esperança do perdão que os pecadores têm quando pecam não atrai amizade, não atrai a misericórdia de Deus, mas sim a maldição". É a sua maldição. Pelo que, São João Crisóstomo, o Boca de Ouro, né? Para quem não sabe, Crisóstomo
seria a tradução como "Boca de Ouro", a boca iluminada, nos avisa: "Tome cuidado, porque não é Deus que vos promete misericórdia, mas antes o monstro insaciável do inferno. A fim de que, desta maneira, pequenos mais livremente no terninho, dizia: 'peca um bocado que assim você estará fazendo'". E não é um ato em honra à misericórdia divina, a si próprio, capeta dizendo: "Tem aquela pecando até que bastante, né? Que é uma homenagem à misericórdia divina". Já nos adverte a Igreja que não é assim, né? É ai daqueles que não esperam a fim de que Deus lhe
perdoe os pecados de que se arrependem, mas esperam que ao passo que continuem a pecar, Deus tenha piedade deles. Ou seja, uma advertência grave. E é um deste contemplativo. Tudo isso nós vamos fazer a conexão disto aqui com essa perda de capacidade contemplativa que a queda trouxe e a expulsão do Paraíso por decisão imperiosa da justiça divina. Anjos são colocados à porta do Jardim do Éden para custodiar, diz o texto sagrado, aquela entrada, com o objetivo de que o homem não entre ali para comer do fruto da Árvore da Vida, que vimos aqui que havia
duas árvores ali no centro do Éden: a Árvore da Vida e a Árvore da Ciência do Bem e do Mal. Sabe, tomem, junges, que ao comer da Árvore da Ciência do Bem e do Mal, o que o homem teve ciência foi mal. O bem ele já conhecia; ele teve a experiência, a ciência experimentada do mal. Até então, mal era um conceito abstrato. Então, as perfeições sobrenaturais ou gratuitas são a graça santificante, as virtudes infusas, que têm sua fonte no decreto divino de elevação do homem à ordem sobrenatural. A vida cristã em si mesma depende dessas
perfeições sobrenaturais. O problema, diz o Padre Vieira, que não é o nosso grande Padre Vieira, é um Padre Vieira dominicano argentino do século 20, é que o homem deve cultivar sua vida sobrenatural. E também, hoje, só aqui no caso de hoje, dentro da Igreja, participando. E a pessoa mais nos diz uma coisa interessante: "Em cima, no Paraíso terrestre, não havia sacramento, não eram necessários". Não eram necessários. E o próprio fruto da Árvore da Vida pode ser um análogo do Pão da Vida no Novo Testamento. Ali, Deus tinha disposto as coisas de tal maneira que quanto
à natureza, o homem... Tinha tudo de que precisava para manter-se no ser, sem pecar, e vivendo era imortal. Mas tudo isso em ordem ao fim superior. Se perdemos de vista o fim superior, não é que nós tenhamos que sair da teologia; teremos saído da fé. Então, o paraíso é um lugar, um lugar, repito, de vida sobrenatural, no estado de justiça. E o paraíso terrestre aparece em circunstâncias excepcionais, em que Deus coloca a sua primeira criatura humana. E, depois da queda, é óbvio que eu só vou lendo trechos aqui, comentando. Este livro é tremendo. Pensamos bem:
qual é a primeira criatura humana que veio depois de Adão e Eva? Rapidamente, alguém podia dizer: Caim. Caim é o primogênito; está claro no texto sagrado que ele é o primogênito. E ele oferece a sua oferta, que é preterida por Deus em relação à de Abel, porque Abel escolheu um melhor, já que um era lavrador e o outro era pastor, e escolheu o melhor que havia da carne para ser oferecido, a gordura, né? E Caim, por sua vez, ofereceu os frutos da terra, mas não é como se fossem com aquela entrega análoga à entrega que
um sujeito faz por mera convenção e não de todo o coração. Então, a primeira criatura humana, depois dos nossos primeiros pais, já nasce com esta desordem enorme na natureza, e é um tema complexo; não é o tema desta aula. O tema é a expulsão. Mas, para dizer da justeza da expulsão, convém dizer o que nós perdemos e qual o tamanho da desgraça que foi esse pecado de desobediência, né? Mas é o pecado original. Segundo a Igreja, é um dogma; ele passa de geração em geração por via seminal. Ou seja, imaginemos uma natureza que se corrompeu
no corpo de maneira tal como se a sua estrutura do DNA tivesse sido, a partir de então, alterada, e vai se ver produzir a partir daquele defeito. Já com aquele defeito, analogamente, é o que sucede com a transmissão do pecado original. Então, diz aqui que os primeiros passos do Padre Vieira, humanos históricos, segundo a narrativa bíblica e não segundo a historiografia contemporânea, é: olha só! A queda do homem no pecado não colocou este no estado definitivo em que a queda dos anjos os colocou, porque a queda do homem foi por sedução, enquanto a queda do
anjo foi por escolha livre e já com a presciência de todas as consequências implicadas nesta escolha. Ou seja, malícia em suma é com alguém que faz um mal de caso pensado, já sabendo de todas as consequências que essa maldade terá, e ainda assim faz. Diz a teologia escolástica que aqui peca ex indústria. Como eu disse, aqui na aula sobre a queda e a colocação de Adão no Paraíso em estado de justiça original, a queda no pecado e a expulsão do Paraíso são os primeiros passos históricos do homem à luz da sagrada escritura. Ou seja, Deus
tira o homem do pó da terra e cria para ele um paraíso contemplativo, onde não só ele teria tudo para sua subsistência, como também tinha dons que o manteriam vivo. Mais esse estado de graça, muito elevado, seria para que estivesse ordenado ao estado glorioso. Graça é o começo da glória, é assim que raciocina a Igreja e seus doutores. Então, mesmo hoje, se nós conseguirmos, no esforço, às vezes até supremo, eu diria, pensarmos assim: olha, e hoje o que é a graça maravilhosa? É o dom da vida. Mesmo com relação às coisas naturais, se o homem
conseguir não comungar sacrilegamente, ou seja, tendo a graça de ir ao sacramento, e depois fazer um bom exame de consciência, se ele entende que isso purifica, o habilita, suas intenções a ponto de poder fazer com que ele escolha as coisas por amor a Deus e não pelo temor apenas, ele já terá dado um passo extraordinário. Para o momento como o atual, que é de desespero geral, as pessoas estão desesperadas com esta crise sanitária mundial; mas, se agirmos inspirados pela Igreja, fortalecidos pela graça eficaz que traz o sacramento, nós teremos uma espécie de estranha paz, ainda
que se disfarce o mundo. Nós teremos uma espécie de estranha coragem, ainda que as coisas mais temíveis apareçam à nossa frente. Nós teremos mudado o vetor contemplativo; teremos começado a olhar as coisas sob a luz da fé. E olhar as coisas sob a luz da fé não é ouvir o noticiário. Já dizia o padre Castellani, um argentino que era muito engraçado: "Quando eu quero saber as últimas notícias do dia, eu leio um livro do apocalipse". As novidades do dia estão de falar mentindo. O padre Castellani dizia isso. Eu acho que não, né? Porque nada há
de novo debaixo do sol. Talvez a novidade seja a tecnologia hoje, que é maior, mas, assim, o homem está calejado de pecar. Nós somos uma porcaria ambulante desde a queda. A história humana é a história de traições e assassinatos, escândalos, etc. A bondade, do ponto de vista histórico, é a exceção, e a sua bondade é tão excepcionalíssima que são os santos. Não é toda hora que nasce um São Francisco ou que nasce um Santo Antônio. Tudo bem que, é verdade, hoje aumentou consideravelmente o número de santos canonizados, mas isso deixa outro problema, que não me
cabe tocar aqui, né? Até para não ferir a susceptibilidade de otimistas contemporâneos, né? Aquelas pessoas que olham para a realidade eclesial contemporânea e acham que vivemos como o personagem do Voltaire, Doutor Pangloss, no melhor dos mundos possíveis. As tragédias estão aí, fedendo, invadindo... As nossas narinas, mas tá tudo bem, né? Nós acostumamos nos com fedor moral, um fedor espiritual, né? Mas eu sempre me impressiono. Para mim, o otimista é um fenômeno que nem sagrado explica: que tudo explica. Em entrevista, cego não é o otimista enquanto pessoa que tem atitude positiva perante a vida. É aquele
sujeito que tem que ver o tsunami chegando e vai se bronzear, né? Ainda usa o bronzeador de terceira mão. Né? A moça aqui no Rio, né? Que tem um de metacril injetado, né? Com coisas, digamos assim, e silicones, não é? Isso não está chegando e a pessoa tá ali distraída, né? É na fábula dos Três Porquinhos, nós somos, só tem um que é o prático, que é aquele que se—é um homem precavido. É uma imagem do homem precavido, aliás. Leiam! Esse é um conselho que eu dou e aprendi muito com meu amigo, professor Sérgio Baixa,
que está ali atrás. As fábulas de La Fontaine contêm uma sabedoria maravilhosa e, para um católico, é muito bom ter contato com as fábulas de La Fontaine, que dizem coisas traduzidas, algumas delas pelo a data do século XVIII, em língua portuguesa, que foi Manoel Barbosa, Manuel Maria Barbosa Du Bocage. E as fábulas de La Fontaine, por exemplo, a fábula do escorpião: vai pegar uma caroninha para atravessar. Horrível! Ele acaba, né? E o pobre bichinho que ele dá carona, a hora do carona, com a condição de que você não me picar—você me picar, no meio do
rio, vamos morrer afogados os dois. E o escorpião vai lá, então fica aí o bichinho. Mas, por que você fez isso? É da minha natureza. Não esperemos das coisas aquilo que elas não nos vão dar. Esse tipo de otimismo é estúpido, né? O sujeito conhece um canalha, Rodrigo, e é um de estrita observância, né? Que o trai, né? Que passa cheque sem clima, que passar uma checagem. Eu sou do tempo do cheque! Está me denunciando, o quê? Né? Mas que faz crer, faz o golpe do Picciani ou qualquer outra coisa e acredita que amanhã ele
ficará na área, né? Em cima da mulher dele, faz um diabo, né? Mas amanhã vai ser um São Francisco de alpercatas, né? Né? Arrastar as sandálias da humildade até gastar completo, né? No chão abrasivo do nosso Rio de Janeiro, que no verão a cidade da qual até pedem demissão os demônios, tanto calor que faz! Lápis tão... Diz, lembra-nos aqui o Padre Vieira: a etimologia da palavra paraíso! Falei aqui! Paraíso: lugar contemplativo do qual nós fomos expulsos, né? Nós somos solidários nessa expulsão, né? Em latim, paradisus; né? Em grego, para bíjos. Né? Empregado na versão dos
setenta, significa "jardim". A palavra aparece, provindo, Jardins reais persas também. O hebreu emprega "Jean", o "Jean Éden", lugar delicioso. Éden também significa "lugar", é um lugar aprazível. São Jerônimo traduz ao latim por "pontos voluptatum" ou "orthos... corrigir a minha prosódia", orthos-voluptatum, né? Ou seja, um jardim de volume! Viagem! Adão vacilou—legal, que vacilão! De um jardim de delícias físicas e espirituais e caiu numa sedução estupidamente! Aliás, com relação ao conúbio carnal que haveria no estado de inocência original, Santo Tomás se pergunta: nesse haveria coito, sexo, dizer a palavra popular hoje em dia no estado de inocência
original? A resposta teológica é não só haveria, como o sexo que lá haveria! Nesse estado em que isso tudo estava perfeitamente do lado, seria um êxtase que nenhum de nós sequer pode imaginar! Já perdemos, entre outras coisas, né? O êxtase do coito entre Adão e Eva no estado de inocência original. Original! Seria sublime! A palavra grega "êxtase" é sair desse, ambos saírem desse, uma direção do outro e ambos na direção de Deus! E tudo implicado, né? Isso é só mais fácil! Observação: no estado de queda, o gozo físico é acompanhado de um torpor anímico. Agora,
eu só fecho os olhos, né? Olha! Mas é o reflexo físico do gozo, é uma espécie de torpor. Naquele estado não haveria supor por concentração máxima! Êxtase supremo, análogo, né? À visão e audição da mais bela música jamais composta! Só que seguido, né? De tudo—todos aqueles bens corpóreos estão implicados no ato, digamos assim, conjugal! Se fosse ruim, né?, nós poderíamos dizer amém ao réptil, ao chamado do Gênesis: "Crescei e multiplicai-vos!" Né? Deus quis que fosse bom, gostoso, saboroso o ato por meio do qual a espécie se multiplica! E Santos... O mais difícil, sem nenhum escrúpulo,
por ido puritano! Puritanismo é uma... cor! No caso católico, é bem um fenômeno do século XX. Vai ter uma... houvesse antes, mas assim ele cresceu muito com a protestantização de várias práticas litúrgicas, etc. Então, assim, às vezes até certo sacerdote tem dificuldade de dar aconselhamento espiritual para casais, né? Porque não foram formados em boa topologia filosófica, entre outras coisas, né? Até porque ninguém dirá que o prazer sexual é um mal necessário no casamento! É um mal! É uma desnecessidade metafísica! O mal, se é mal, não é necessário! A cara! E não é necessária ao dente!
Um câncer não é necessário ao estômago! O bem é perdurar no ser, o mal é sempre um parasita do bem! Então, "mal necessário" é uma contradição metafísica, ontológica, lógica, etc. Então, paraíso tem um duplo sentido, diz o Padre Vieira: é um jardim, um horto, e é um prazer! O paraíso é, por conseguinte, um lugar, um lugar topográfico e um lugar de felicidade, com todos os elementos para o prazer! A felicidade do homem! Não o gozo, segundo a pessoa! Mas aquilo que chamamos gozo é uma das seis facções do apetite concupiscível! É o efeito psicológico consequente,
no plano físico, à posse de um bem! Ou no plano espiritual! Quando eu estou na posse de um bem, eu entro no gozo daquele bem! E fluo na ver o fruto dessa contemplação! Por exemplo, um jogador de xadrez que entende uma variante que ele está estudando há anos, ao ver uma partida do atual campeão mundial, que é um gênio, percebe que o atual campeão mundial de xadrez é um gênio extraordinário, algo magnífico! Ele faz jogadas que algumas delas são colocadas em computadores que calculam dez bilhões de lances e não encontra umas. Depois daquele laço, eles
recalculam e operam o melhor, porque o computador, como disse Gary Kasparov lá na década de 90, quando jogou contra o Deep Blue, um computador da IBM, é uma pessoa engraçada e falou: “sua última esperança, uma condição bruta”. Calculava quatro, cinco milhões de jogadas por segundo, mas Kasparov disse uma coisa correta: não tem fantasia, é um idiota. Inteligência Artificial não é inteligência. É isso que hoje a gente tem dificuldade. A capacidade de lidar de improviso com os inteligíveis não é programação; uma inteligência programada, por definição, será artificial, para reagir artificialmente a este ou aquele algoritmo. E
não será a inteligência, não será ler as coisas por dentro e sim tirar conclusões das suas superfícies. Então, no sentido literal, é o primeiro. E aqui o Padre Vieira, que chega a ser malvado, ele vai citando alguns autores recentes como Espada Fora, né, Leão do Fórum Francês, né, que dizem que o paraíso é só uma metáfora, né? Isso é engraçado, porque depois dos anos 60, sobretudo, cresceu uma espécie de interpretação só simbolista, e por isso mesmo aberta a subinterpretações auxiliares e infinitas, já que não há litoral, já que não há chão onde eu piso. Eu
posso dizer qualquer coisa sobre o chão. A metáfora, posso escrever no papel uma metáfora que faça alusão ao chão, como, digamos assim, o fim onde caem os corpos, não é o limite da queda de um corpo. Agora, tem que haver um chão real na metáfora. A metáfora da metáfora da metáfora. Nós já estamos, né? Naquela fumaça, naquela maconha, desse muito ruim, né? Se bem que a maconha boa, né? Mas há piores, nenhum mal. E, potencialmente, infinito de santos. Não mais, né? Então, para esses autores, o Éden não é uma história real. Não é a história
real; é só um simbolismo. Ele vai citando aqui, comparando estas citações ao que dizem grandes doutores da Igreja, os mais abalizados, que dizem que o Éden, a narrativa bíblica, alude a um lugar real onde o homem foi posto para a contemplação do próprio bem, de todos os bens que estariam a ele subordinados, e, por fim, o supremo, que subordina todos os demais. Assim, mesmo, ou seja, Deus é o nosso começo e o nosso fim. É Deus e o paraíso terrestre, um lugar propício a esta contemplação, a qual chegamos hoje com dificuldade. Eu vou pular aqui,
e ele lembra, né, se a pessoa mais fala sobre o paraíso terrestre, que é o lugar da graça, onde o homem deve cultivar a graça, e do paraíso celeste, lugar da glória, da felicidade irreversível que provém da visão beatífica da essência divina. Ele trata, em vários lugares, mais do paraíso terrestre propriamente dito. Ele trata no seu comentário às Sentenças de Pedro Lombardo, uma obra grande, um comentário extenso, quase que juvenil. Nessa, tu vê, mas ele realmente foge a essa regra com larga vantagem. Tanto mais novinho escreveu o Dente Essência sobre o ente, é a essência
que até hoje tira muito cabelo de metafísico calejado. Tá, eu vou ficar careca às vezes para entender aquilo, e são verdades que estão de pé. Escreveu comentários bíblicos e comentários como este, é Sentenças. Ainda jovem, tô ali, ele fala do paraíso terrestre. Fala nas uma, sobretudo, fala no de Malu, nas Questões Disputadas sobre o Mal, e ele, lá no Comentário às Sentenças, reprova a opinião de Orígenes, né, que a dela é um alegorismo exagerado. Orígenes, embora seja considerado um dos pais da Igreja, dos Padres da Igreja, ele tem, digamos assim, imprecisões teológicas e até acarretou
a si mesmo imprecisões físicas, né, porque ele acabou se não levou à letra aquela passagem da Sagrada Escritura, segundo a qual, se teu olho é motivo de escândalo, arranca-o, né? Ele arrancou, digamos assim, o órgão gerador da vida. E castidade não é para... Assim, é óbvio que uma pessoa capada não, por vontade própria, pode ser casto, porque a castidade é uma realidade espiritual, mas assim, não é... é ser forte perante as tentações e por amor a Deus, hum, é botar certo o freio por amor a Deus em alguns ímpetos naturais. Uma vez, eu participei, pequeníssimos
parentes, não é, do programa do Lobão na MTV, né? Eu fui convidado para o programa do Lobão. Eu, depois de aconselhável, compadre, aceitei. Eu pensei seriamente quando eu vi do que se tratava, na MTV, três pessoas discutindo de um lado falando sobre algo, de um lado, e três divergentes dessas outras três no outro. E o Lobão, que não se pode dizer que seja um mediador, né? É o mestre escolástico, né? E, naquele momento, então, eu gosto de os dentes das pessoas e sorrisos, naquele momento ali, a pergunta que o Lobão faz aos sacerdotes que estavam
ao meu lado, cuja nome não vou mencionar, quem quiser vai lá no YouTube e veja, que é a seguinte: eu não vou nem repetir lá nos termos que o Lobão usa, que são churros, mas assim: “Olha só, a Igreja diz que o ato homossexual é contra a natureza. Ora, o celibato também não é? Apesar dos penduricalhos, schúlios.” A pergunta era razoavelmente inteligente. Qual era a resposta que caberia ao padre? O celibato também é contra a natureza e não é natural? Celibato é, digamos assim, o sacrifício de um ímpeto natural por amor a Deus, mantido pela
graça santificante dos sacramentos e pela vida de oração, modificação, etc. E o padre disse "não" de um grunido assim, meio inteligível, e trouxe estatísticas sobre pedofilia na igreja. Programa ela sobre isso, né? Mas eu pensei comigo: fogo amigo, fogo amigo, não vou brigar com o padre aqui, senão não vai dar certo. O programa acabou que, embora fosse na MTV, sobre a castidade, conseguir arrumar esta figura aqui para defender a castidade sacerdotal estava difícil, cara; da produção, está difícil achar até mesmo os padres, né? E no final, o resultado foi bom, porque embora falássemos pouco, o
outro lado era tão ruim. Estava lá o Reinaldo Azevedo do outro lado, de outros, né? Havia uma votação no final: "Você é a favor ou contra o celibato sacerdotal?". Ganhou, e na MTV, o programa era para jovens, ou seja, quem estava assistindo o programa, que era ao vivo. E as cores chegam, achou que o celibato sacerdotal tratava muito bem; estava muito bem, né? Malgrado certar algumas coisas que estão sendo ditas e outras hoje em dia nas suas teológicas atuais, mas o paraíso ocupa uma questão. Primeiro, pergunta-se se o paraíso ocupa um lugar geográfico. A resposta
é afirmativa: o paraíso é um lugar conveniente para a vida humana. Como eu disse mais cedo, no primeiro estado de imortalidade, na Suma Teológica, primeira parte, que estão 102 artigos, dois, né? E aqui vem o Padre Vieira, lindamente, diz o seguinte: qualquer lugar da Terra poderia ser morada de Adão, como pode ser para todos os seres humanos. Nós somos capazes de adaptação em lugares mais inóspitos. No gelo de 60 graus, e se, de zero, na Antártica, tem um homem que sobrevive ali; estou observando isso. O paraíso é posto, no entanto, como lugar adequado às condições
de incorruptibilidade e imortalidade. Há uma argumentação falaciosa; a casuística pretendia que o paraíso não era lugar, nem para a alma, nem para o corpo. Santo Tomás responde que, estando ali a virtude que preservava da corrupção, era apto para o homem, e esta virtude é, entre outras coisas, o próprio fruto da Árvore da Vida. Ele tinha a *força* (virtus, em latim) — corrigem o professor Sérgio — força, né? Uma palavra que indica força, né? Uma potência, uma possibilidade de atualizar algo, de realizar algo. Assim, o fruto da Árvore da Vida tinha, segundo a Igreja e com
ela Santo Tomás, esse poder de manter um homem vivo indefinidamente. Quando ele é expulso do paraíso... Ah, eu falei aqui na aula sobre a queda, da qual esta é a continuação, que é um desenho do Gustavo Dor, em que um anjo está guardando a entrada do paraíso com uma espada. Deus coloca, segundo a Escritura, alguns serafins ali para guardar aquele lugar com o fito de que o homem não vá lá e não coma da árvore do fruto da vida, que ele não mais merecia, nem no plano da natureza. Aliás, eu pergunto a vocês: imaginemos a
atual humanidade trancada na Terra, né? E que Deus amanhã decretou: "Até vocês que estão aí, agora com os seus valores mundanos, né, etc., vocês agora são imortais". Seria o inferno atual, porque o céu seria imortalidade no gozo do bem e não na perenidade de um mal agoniante. As pessoas hoje estão num estado de agonia, estão apertadas de Deus. Deus é o fora-da-lei. Deus é o fora-da-lei mesmo! É o estado laicista; é o que alguns chamavam de São Lázaro e cidade, né? É a mesma coisa que dizer: "prostíbulo bom", né? É prostíbulo. Castro não vou levar
meu filho, não vou ensinar meu filho à castidade, vou mostrar a ele o que não se deve fazer. Vou levá-lo no prostíbulo, aqui no Rio, plástico no céu aberto, né? Aqui no centro da cidade, dizem que há vários. Antes, mas não, né? No modo... O cartório é esse. Eu não vou mostrar o bem apresentando o mal. Eu conheço o mal pelo bem; é o contrário, né? Conhecendo a forma, eu conheço melhor a matéria. Agora, se eu só conheço a matéria, pode ser que nem sequer eu chegue a conhecer a forma das coisas. Bom, então vamos
ver aqui o que mais de útil. Esse livrinho está aqui, o título já dei, vou repetir: "O Paraíso ou o Problema do Sobrenatural", Padre Alberto Garcia Vieira, op. Encontra-se na internet, vale muito a pena ler. Aliás, é um autor que, quem sabe, o próprio senhor Dom Bosco, fica aqui a dica para quem sabe virar. Traduzir, tem vários escritos muito interessantes, escritos espirituais. Então, o que o padre diz? Eu não vou ficar lendo indefinidamente, né, mas daquilo que já foi dito, algo mais só vale mencionar do texto: a Árvore no centro do Paraíso desempenha, segundo a
Igreja, um papel semelhante, embora com signo contrário, ao da Cruz. Hugo de São Vitor expõe este paralelismo com as seguintes palavras: "Três são as árvores da vida. A primeira é a árvore aquela material que produziu o Senhor da Terra no princípio, não é? Quando a plantou no meio do paraíso. A segunda é Nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a humanidade assumida no meio de sua Igreja, como a Árvore da Vida, plantada no meio do Paraíso. E a terceira é a Árvore da Vida plantada naquele invisível Paraíso celeste: a Sabedoria Suprema." Então, o fruto que está
no centro do paraíso é um fruto real, mas também é para nós metáfora, né? De natureza e vida eterna. E com relação à sedução... Antes de irmos para o final, é o que ele observa: é uma sedução, é um diálogo de perdição, como ele chama, né? Acerto... Os diálogos são de... Petição são inócuos e só servem para não desequilibrar diálogos com pessoas que estão, digamos assim, carcomidas por princípios equivocados da ação moral. São diálogos que não valem a pena que os levemos adiante. E o padre é quem diz que ia ser um diálogo de perdição.
Hoje, diálogo virou uma palavra fetiche. Essa palavra, né? O romano Amério, autor de um livro que é o Iota Uno, um clássico cuja leitura eu aconselho, que é atualíssimo, vai mostrando como a palavra diálogo, que aparece incontáveis vezes em documentos oficiais da Igreja depois do Concílio Vaticano II, passou a significar o que tem valor por si mesmo. Nem Platão pensava assim; o diálogo entre os dialogantes das suas famosas obras, os diálogos, é em busca da verdade, não diálogo como um fim em si mesmo. Então, diálogo pelo diálogo é uma nova logo de várias bocas ou
de duas ou mais bocas que monologam, não é? E não chegam a lugar nenhum. Deixe-me achar que só o que ele diz é algo muito interessante: o desejo de Eva, no relato bíblico, parece justificado quanto ao seu objeto. A serpente promete: “Se comerdes desse fruto, não morrereis, e serão abertos os vossos olhos, e sereis como deuses pelo conhecimento.” Olha só o que o demônio diz! E isso são verdades parciais; não são evidentes mentiras. Todavia, a Fatinha, o natural anseio pela glória, porém, ao ceder à sedução diabólica, quis a glória fora da reta ordem estabelecida por
Deus. Então, assim, o bem, já diz Aristóteles com muita razão, é aquilo que tudo apetece, né? O bem é apetecível para as criaturas da inteligência; porém, ele é apetecível segundo uma regra da razão. Então, um bem apetecido fora da regra da razão, circunstancialmente, se tornará um mal. Então, ao dar vazão ao diálogo, Eva como que vai perdendo essa graça santificante porque, de alguma maneira, embora lá expirar-se-á glória, ela não medita a respeito da confiança que ela devia ter, que tinha e perdeu, no Criador. Que o Criador usa de molesta se comerdes do fruto proibido, morreréis.
Assim, é um ato de autonomia, um pecado original, pecado de autonomia, uma tentativa de independência em relação à regra, e da razão que, por sua vez, é espelho da natureza das coisas. Aquilo que se chama lei natural da razão humana é aquilo que em nós nos leva a uma espécie de enfrentamento na natureza das coisas. Nós não temos a inteligência para concluirmos ao que é ou o que não se dá na realidade; pelo contrário, nós temos a inteligência e devemos usá-la, raciocinando, para chegar ao âmago do ser, ao âmago do certo. Então, ele vai enumerando
essa espécie de questionário que o demônio faz, né, na figura da serpente, e pergunta: “Não podeis comer de todos os frutos?” etc. E as respostas que Eva vai dando são respostas que estão de acordo com a natureza. Só que certas coisas... Esta é uma das reflexões que pode ficar para nós: em certas coisas, ainda estando no âmbito da natureza, se nós não as considerarmos como no mínimo perigosas para nós, se perdemos o faro daquilo que é bom senso, ao perdermos este faro, estamos perdendo o faro para a verdade, e o que advirá daí será uma
sucessão de améns ao ditadorzinho do dia. Ainda que esse ditador seja o hierofante da democracia, visto uma capa de eurofanaticado, aqui na antiguidade, alguém que é uma espécie de sacerdote; no caso, aqui, seria o Chacrinha, né? Todo papagaiado com buzina e tudo. Para o inferno não vai, meu filho! Seria algo assim. A gente fala porque, pelo humor, não deixa de ter certas vantagens, mas é algo grave, gravíssimo. Essa expulsão do paraíso é a manifestação da justiça, a pena que adverte o homem. Ele diz que o próprio Gênesis continua. Então, começa a se amarrar que Adão
não é... conhece Eva. Você sabe muito bem o que é conhecer biblicamente; não vou explicar nem fazer um PowerPoint aqui, que não é necessário. Mas, quando Adão conhece Eva, gera Caim, etc. Começa o relato bíblico da história humana, que deve ser considerado para nós à luz da fé. Nós não somos arqueólogos, nem trabalhamos no History Channel; não somos funcionários do National Geographic ou coisa que o valha. Nós damos anuência por fé, que é a virtude teologal, infundindo os dados da Sagrada Escritura sobre o viés do magistério da Igreja. A regra próxima dessa mesma fé, mas
não somos essa coisa de só podia só a Escritura, só a fé. Está bom? Para no mar, a era do Maracanã. Você tem opinião; você pode gostar do lateral-esquerdo, do direito. Você pode opinar o que quiser. Você é comentarista do SporTV, se já é quase inferno, né? Mas você pode opinar, mas aqui não é o magistério da Igreja, não é uma democracia. Não é a água ateniense em que nós vamos discutir para chegar à verdade. A verdade já está dada, né? Por Deus e pelo próprio Cristo, e o magistério é um carisma, pelo qual as
verdades são defendidas. Então, neste, até ao pecado, ele já traz consigo, em germe, a manifestação da justiça. Defina, mas como foi um pecado em que os autores, embora o fizessem por vontade própria, foram seduzidos, Deus não aplicou a justiça de forma definitiva. Então, o que diz o Padre Vieira aqui, com a competência que o próprio relato bíblico, quando Adão, imbuído de um espírito de sacrifício penitencial, sabe o que perdeu, né? Ele sabe o que perdeu. Então, os próprios filhos, quando vão oferecer o sacrifício, cada qual oferece o seu. Eles aprenderam com seus pais. Conclusão teológica:
que devemos fazer sacrifícios amorosos é para manifestar um ato de justiça que adora a Deus. A justiça é uma virtude social, entre outras coisas, e altera os segundos automáticos para com o outro. Ninguém é justo para ficar sendo justo, né? Com controle remoto, vendo-te, vejo, né? Como é que é o que tá na moda aí? Netflix? A justiça, para nós, é uma virtude cardeal, e ela, no plano social, realiza-se com o outro. A justiça é um ato de justiça do homem que reconhece ser devedor do ser do homem para com Deus. Então, no pecado, na
expulsão do Paraíso, traz consigo esta... ela acarreta, melhor dizendo, nos nossos primeiros pais um espírito penitencial que os faz fazer sacrifícios em honra a Deus. Então, traz consigo o que ele diz lindamente, junto com Santo Ambrósio, que, com o pecado original, a fé e a esperança são mantidas. O homem continua a crer em Deus e continua a esperar em Deus. Isso é muito bonito, embora ele tenha perdido a caridade como virtude sobrenatural, que é infundida, e a gente recupera no batismo. Mas sabemos, segundo o ensinamento do Catecismo, quem quiser, pega aí o Catecismo de Trento,
que mesmo depois da vida, é essa graça santificante no batismo, depois dessa solidariedade no pecado original, que é uma desordem na natureza, acabamos por cometer certos atos contrários à regra divina, que podem ser mais ou menos graves. Precisamos nos do Sacramento dos sacramentos para que nos redimamos, para que nos redima. Cristo mereceu por nós, com o sacrifício da Cruz, o sangue de Cristo mereceu por nós o que nós não temos potência para merecer: que é o céu. Ninguém merece o céu; o céu é graça dada totalmente de graça. Se o céu for mérito humano, nós
estaremos verificando que nenhum de nós merece o céu. Não é à toa que o Limbo caiu no Limbo por parte de vários teólogos posteriores ao Concílio Vaticano II, porque começaram a julgar Deus com critérios humanos. Ora, de status... Estou mais e diz a Igreja também... pus lá na minha cosmogonia da desordem uma nota. Eu fiz questão de catar no Bullarium Romano um trabalho; essa nota me dá um mês, né? Em vários lugares em que uma estéreo é solene, quando diz da existência do Limbo, que é um dado de fé com base na Sagrada Escritura. Não
é invenção de teólogos medievais; é porque o Limbo seria um lugar de felicidade natural. Deus é tão bom que concebeu para quem só morreu com o pecado original um lugar de felicidade natural. Aqui, neste mundo, este Vale de Lágrimas, nem de felicidade natural. Temos alegrias algumas e muitas tristezas, decepções, derrotas, a morte, o diabo, a carne, etc. Então, o Limbo é um bem. Não é? Mas ele foi posto no Limbo por teólogos, digamos assim, que são muito otimistas na tropológica, Snapchat e desgraçados teológicos a um só tempo. Esse tipo de otimismo antropológico em Teologia geralmente
gera absurdos. Então, é só para encerrarmos que eu não sei há quanto tempo ando; me propus falar uma hora, nem sei, né? Você deixar, eu vou falando 1:35, então tá bom, tá bom de acabar. Tá que nem eu, nem eu me aguento. Mas, para fecharmos, ficamos com aquela ideia inicial de que o Paraíso é o lugar onde o homem foi posto para cultivar a graça santificante no estado de inocência original, e há um paralelo entre o Paraíso terrestre e a Igreja, que é o lugar onde o homem, já não mais inocente, mas pecador, cultiva a
graça santificante na Igreja, pelos sacramentos. Então, é isso. Requer o que eu disse no início: não era uma aula de metafísica; é hora de teologia sagrada. Assim, os pressupostos aqui... Se eu me pusesse a explicar a todos, né? Nós ficaríamos cinco horas e não uma hora e meia. Como disse meu amigo aqui, estou falando 1:35. Porém, como estou falando predominantemente para católicos, pode ser que haja aqui quem não seja católico, e muita gente haverá no YouTube que não será católica. A estes eu posso dizer, bem-humoradamente: convertam-se! Convertam-se, nada perderão. É, ainda que a hierarquia romana
esteja do jeito que está, não está bem, né? Não está bem; dizer que está bem seria uma estupidez supina. Mas, e a conversão que temos visto no Brasil, para mim, é um milagre. É numa Igreja em que alguns são escandalosos, e infelizmente temos que dizer isso, sim. Não devemos... assim... nós dizemos isso com alegria. E podemos ser até piores do que esses bichos, né? Mas a quem muito foi dado, muito será cobrado. Nós somos sempre leigos; estamos aqui só apontando o dedo para um resgate que é triste, lastimável. E esta pressão sobre a hierarquia, que
eu julgo positiva, feita educadamente... ninguém aqui insultou a ninguém, nem haverá de fazê-lo, né? O próprio Dom Bosco... Pedro tá: livro, de uniu uma aula; vi uma aula sobre a crise da Igreja, onde ele pegou o Catecismo da Crise? Não foi esperto, tá? Então, tudo da aula feita de maneira correta, escorreita, sem desrespeitar ninguém, mas respeitando, sobretudo, a verdade da fé. E, em se tratando da fé, quando as autoridades falham gravemente, isto é doutrina católica; os fiéis podem defender esta mesma fé, que atua mais no dever. E na tática, uma obra monumental... Sua, para encerrarmos,
ele cita esse princípio, lembrando-nos que São Paulo chamou a atenção de São Pedro cara a cara. Naquilo, foi o primeiro Concílio de Jerusalém, né? Ou seja, havia um risco de surgir um pecado judaizante logo no início do cristianismo. E São Paulo, que não foi um dos que estavam com Cristo, mas recebeu sobrenaturalmente essa fé, chamou a atenção do próprio Papa. Escândalo nenhum! E tantas vezes na história da Igreja isso aconteceu é porque hoje o politicamente correto invadiu-nos. Para mim, né, teve um amigo do professor que achava que diz que fazer xixi é uma consequência do
pecado. O que deve ser o sujeito que devia beirar a demência, né? Ele era doido, né? Era doido praticante, né? Ser é voz, assim, ele se praticava a doidice com a sem cerimônia de, né, de fazer inveja a certos demônios de quinta categoria. Porém, dizer o óbvio para nós hoje é grave. Mas façamo-lo, não ficamos envergonhados aqui, porque estamos aqui entre irmãos de fé e queremos que mais venham para a fé. E leio essas obras que têm sido lançadas não só pelo Centro, não boas, como por outros centros católicos, a várias editoras. Hoje, por acaso,
eu trouxe essa aqui, faço questão de mostrar, e sei que não vou constranger meus amigos do Centro Dom Bosco, que muitas dessas obras também estão sendo comercializadas aqui. E meditações para todos os dias do ano, essa obra é maravilhosa; é a luz da doutrina de Santo Afonso, ele igual, e cuja Teologia Moral está sendo lançada por inteiro aqui pelo Centro Dom Bosco, obra benemérita. Eu tenho certeza de que não verei isso, os frutos, isso, né? Mas os frutos virão. Futuros padres, João, leiam os seminários, leram às escondidas dos seus leitores atuais. Antes, é verdade, é
verdade, mas leram, leram a verdade. Você já devia estar no telhado! A ursa tenha quem quiser. Nosso papel aqui é só reproduzir essas verdades. Temos uma espécie de caleidoscópio, com vitral, por cujo intermédio a verdade passa. Mas fico consignado isso: a expulsão do Paraíso trouxe para todos nós um exílio, uma certa nostalgia de uma felicidade perdida. Essa aspiração humana por felicidade não deixa de ser uma reinterpretação espiritual dessa perda de um estado paradisíaco, porque Deus colocou no coração do homem esse desejo por felicidade. E a felicidade nós podemos definir, lá para encerrar a aula, como
a perduração inteligente e amorosa no bem. Tá bom, minha gente? Até a próxima. Tchau! O homem do barro! [Aplausos] Vamos pegar.