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Video Transcript:
É boa tarde a todos! Sejam muito bem-vindos para mais um Caravelas Podcast. Hoje, eu tenho o prazer de receber o Carlos Bezerra, já conhecido amigo nosso. Já esteve aqui conosco antes, porém, vamos aos nossos patrocinadores. Então, a Editora Caravelas; nós lançamos títulos sobre a Contrarrevolução Francesa e vamos lançar, mês que vem, um sobre a Guerra Fria. Você que não sabe inglês ainda está perdendo tempo. Aproveite aí a promoção da Black Friday do Bway 2.0, do curso do Jonas Bressan. O Professor Carlos Bezerra está lançando aí um livro, né? Mistério da Irmã Lúcia. E sobre
isso que nós vamos conversar, tema bem polêmico. Nosso parceiro de vinhos: em breve teremos novidades. Quem quiser comprar bons vinhos, é lá na Florence Vinhos Domos. Então, vamos produzir livros católicos excelentes. Aqui, professor Carlos, vivo aí de presente. Obrigado! E a nossa escola Caravelas; você que está cansado das mentiras marxistas e quer aprender história como ela é, sem viés, a escola Caravelas é muito boa. Obrigado, Carlos. Você pegou uma longa jornada. Eu que agradeço a oportunidade. Peço desculpas pelo estado da minha voz, mas é conforme a gente vai conversando, ela vai aquecendo, vai saindo. Ótimo,
então vamos lá. Então, fala um pouco do seu livro. Então, Marcelo, como você disse, né? É um tema polêmico, é um tema, ah, difícil e eu acabei escolhendo, né? Esse tema e, desde o princípio, eu entendia as dificuldades que eu ia ter, né? Nessa pesquisa, mas reconheço que é um tema difícil de se lidar. Como disse o padre Vander aqui no Caravelas, existem prós e contras, né? Eu vou procurar defender os meus pontos de vista e vou apresentar os argumentos. Então, para entender todo o processo, toda a dinâmica, compre o livro. No livro, eu exploro
o máximo que eu posso essa tese: da falsa Irmã Lúcia. Houve ou não houve uma falsa Irmã Lúcia? Pois bem, fala um pouco dela. Não sei se o seu livro porque eu não tive acesso ainda a ele. Depois, eu vou ler com cuidado. E você aborda a infância dela, o contexto dos milagres e tal. Se quiser, fala um pouco disso para contextualizar. Então, primeiramente, a minha preocupação era fugir do rótulo de Teoria da Conspiração porque, de fato, existem muitos exageros com relação a essa versão de uma falsa Irmã Lúcia, né? Todo tema polêmico vai estar
sempre permeado de exageros. Então, a minha primeira tentativa foi fugir desse rótulo e, por isso, eu faço um histórico da Irmã Lúcia, uma biografia dela. Agora, veja, escrever uma biografia da Irmã Lúcia já por si só é algo extremamente difícil porque nós estamos falando de uma freira de clausura. Então, os dados biográficos dela são bastante limitados. Mas, de certa forma, eu acabei sendo favorecido, né? Porque, em 2013, foi publicado pelo Carmelo de Coimbra trechos do diário que ela tinha. Então veja, a Irmã Lúcia, nós vamos aqui, para facilitar a compreensão do que eu vou dizer,
nós vamos usar os seguintes termos: Irmã Lúcia 1 e Irmã Lúcia 2, certo? E aí a gente não vai fazer confusão com as pessoas. Bom, então veja, a Irmã Lúcia 2 faleceu em 2005. Em 2006, foi anunciado que ela tinha um diário. Esse diário nenhum historiador de Fátima tinha noção da existência dele e parte desse diário foi publicado pelo Carmelo de Coimbra em 2013, num livro chamado "Um Caminho Sob o Olhar de Maria". Boa parte do que eu levantei da vida da Irmã Lúcia eu extraí desse diário. Então, para ser coerente, a gente procurou somar
aquilo que a gente conhecia das memórias da Irmã Lúcia com o diário da Irmã Lúcia. Porque veja, uma coisa são as memórias. Então, ela escreveu primeira, segunda, terceira, quarta memória. Mas uma memória não é um diário; uma memória é algo que você escreve lembrando de acontecimentos do passado. O diário é algo que você escreve em tempo. O fato acontece, você registra a data em que aconteceu. Então, nesse ponto, a minha pesquisa foi favorecida pelo diário da Irmã Lúcia. Boa parte do que eu escrevi nesse livro eu tirei do diário dela e também das memórias. Então
veja, até 1958, nós temos uma Irmã Lúcia bastante coerente com os acontecimentos de Fátima e com os acontecimentos posteriores a Fátima. Porém, a partir do final da década de 60, essas coisas começam a mudar e, então, surgem contradições que são alarmantes. E é por essas contradições que começa a se suspeitar que havia uma outra mulher ocupando o lugar da Irmã Lúcia. Essas contradições vão se avolumando, sobretudo na década de 80 e, principalmente, no início de 90, e vão culminar, né? Essas contradições vão culminar na entrevista de 1992 e 93 com o Carlos Evaristo. E aqui,
essas entrevistas que nunca foram negadas pelo Vaticano, elas são uma espécie de síntese do pensamento da outra Irmã Lúcia 2. Por que eu digo isso? Porque estão em evidente contradição com tudo o que ela dizia antes; dizia onde? Em que documento? Pois é, então, tem as memórias da Irmã Lúcia 1 e existem uma série de cartas da Irmã Lúcia 1. Essas cartas manuscritas da Irmã Lúcia 1 estão arquivadas no Carmelo de Coimbra, e uma parte disso foi publicada. Então, é difícil para um pesquisador entrar na internet e ter acesso a esses manuscritos. Nós vamos comentar
aqui, ao longo do nosso bate-papo, algumas dessas cartas, né? São cartas manuscritas e, nessas cartas manuscritas, a data dela principal é da década de 30 e 40, por exemplo, passado aí uns 20 anos do milagre, mais ou menos isso. Isso, por exemplo, tem uma carta dela para o patriarca de Lisboa da década de 40, onde ela fala que é necessário... Fazer reparação: ela está fazendo uma carta específica para Portugal. É interessante essa carta porque ela parece estar em continuidade com aquela frase que a irmã Lúcia acrescenta na sua quarta memória. Você lembra que ela escreveu
na terceira memória a segunda parte do segredo? Na quarta memória, ela acrescentou uma frase: "Em Portugal, se conservará sempre o Dogma da fé." Pois bem, essa carta que ele escreve para o Patriarca é só uma questão de data. Essa aí, quando ela acrescentou a coisa de Portugal, foi em 1942. Ah, tá! Então, poucos anos depois, ela escreve essa carta ao Patriarca de Lisboa. E nessa carta, é interessante, né? Porque ela vai apontando a calamidade moral que está acontecendo progressivamente em Portugal. Essa foi destinada somente a Portugal, sim, ao Patriarca de Lisboa. Ela estava onde? Estava
em Portugal ou estava na Espanha? Nessa ocasião, ela ainda estava na Espanha. Em Tui, Tui, Tui... ela era uma irmã Doroteia. Ela só vai se tornar Carmelita em Coimbra em 1948. Então, essa data também é importante para nós: 1948. Então, veja, nós temos aí uma carta da irmã Lúcia ao Patriarca de Lisboa, em consonância com tudo que ela dizia antes. Agora, a partir, sobretudo, de 1980, começam as contradições, as mudanças. E foi com base nessa transformação da irmã Lúcia que começou-se a suspeitar de que havia uma falsa irmã Lúcia. O primeiro estudo sério sobre isso,
levando em consideração não só a mudança de personalidade e os escritos da irmã Lúcia, mas também a mudança na fisionomia dela, foi a ROV. Vamos retomar um pouco os escritos. Que contradições seriam essas? O foco da mensagem de Fátima, porque veja bem, até então, até a década de 50, o foco da mensagem de Fátima era com relação aos pecados da humanidade e aos castigos que viriam em função dessa decadência moral. Porém, a partir, sobretudo, da questão da Consagração, também ela comentava nessas coisas da Consagração. Vamos falar sobre isso. Vamos retomar um pouquinho então a questão
do segredo de Fátima. O segredo de Fátima, na realidade, é um segredo em três partes que foi revelado por Nossa Senhora durante a aparição de 13 de julho de 1917. Pois bem, esses três segredos: as duas primeiras partes foram escritas pela irmã Lúcia somente no início da década de 40, na sua terceira memória. A segunda parte do segredo é que fala sobre o pedido de consagração da Rússia. Ou seja, Nossa Senhora apresenta uma visão do inferno e explica o que era aquilo que eles viram. Em seguida, ela acrescenta que fala sobre o fim da Primeira
Guerra Mundial e ela diz que virá pedir a consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração. Pois bem, esse pedido da consagração da Rússia tinha um objetivo, que era evitar a Segunda Guerra Mundial. Ela diz isso. Ela fala que, por causa dos pecados dos homens, a Primeira Guerra Mundial estava acontecendo. Ela acabaria, mas se os homens insistissem na sua vida, viria uma guerra pior. E, para a impedir, ela viria pedir a consagração da Rússia. E, de fato, ela veio em 1929. A irmã Lúcia tinha se tornado uma freira, irmã Doroteia, na Espanha. Em 1929, ela tem
uma visão da Santíssima Trindade e depois Nossa Senhora diz para ela que era chegado o momento da consagração da Rússia. Isso ela escreve nas memórias dela, sim, sim, está escrito nas memórias dela. E esse pedido da consagração da Rússia, em 1929, ela enviou ao Papa Pio XI, na época. E, por alguma razão diplomática, talvez naquela situação, o Papa Pio XI procurava, de certa maneira, uma aproximação com a Igreja Ortodoxa. A Igreja Ortodoxa estava sob a tutela do Estado comunista, e o Papa Pio XI procurava, por meio diplomático, uma aproximação com os ortodoxos para dar uma
sobrevida aos cristãos na Rússia, já que havia uma perseguição intensa contra os cristãos. E, talvez por essa razão, ele tenha achado que fazer um ato público de uma consagração da Rússia com todos os bispos não fosse um retrocesso nesse processo de negociação diplomática. Portanto, ele não faz a consagração. Agora, ele não... Ele foi dada essa razão. Onde é que está isso daí? Que ele deu essa desculpa? Não há uma interpretação dos fátimas, não há um registro disso, não há sequer um registro do momento em que ele recebeu essa carta da irmã Lúcia pedindo a consagração.
Não há registro. Não há registro. Então, pode ser que ele também não tenha recebido a carta. Essa possibilidade de alguém lá no meio ter... No meu livro eu conto como. Sabe por que eu argumento isso em favor do Papa? Porque o Papa teve um papel bem combativo contra o comunismo, né? Sim, sim. Na época, se eu não me engano, ele tinha feito uma encíclica muito importante sobre Cristo Rei. Exatamente! Então, parece que essa visão dele queria... E, depois, o Papa Pio X, apesar do acordo de Latrão, ele era um tipo muito bravo, muito firme em
várias posições. Então, ele faz a festa de Cristo Rei, tem uma visão muito contrária ao comunismo. Não parecia harmonizar com a função dele querer contemporizar com os ortodoxos para não criar um mal-estar. Pois é, essa é uma interpretação dada pelos fátimas, mas se não há registro de que ele tenha recebido a carta, não há documento. Talvez uma outra hipótese, muito boa, muito forte, seria que alguém disse que entregou e não entregou. E o Papa não ficou sabendo. É, sim. O fato é que não. Houve a consagração, né? Não houve a consagração. E o sinal de
que haveria a Segunda Guerra Mundial, caso não houvesse a consagração, era o sinal no céu. Então, em 1938, acontece uma aurora, b, não inacreditável; inacreditável que é vista por todo o hemisfério norte, e ali é o sinal de que haverá a outra guerra. E interessante que teve uma outra luz relatada por um militar, que agora me deu um branco o nome. Esse militar estava com o Hitler no sul da Alemanha, e ele viu uma luz. E o Hitler disse para ele, está nas memórias desse militar, dizendo que a guerra vai ser bem sangrenta. Isso daí
você vai encontrar no livro do Albert Speer, Alberto Speer, exatamente, que foi o que era o ministro- arquiteto, que foi o ministro do armamento durante a guerra. Então, parece claro que existe esse livro. Chama-se "Por Dentro do Terceiro Reich", e ali ele conta; ele fala dessa... Eles estavam no Berghof, que era o retiro, né, nas montanhas do Hitler, e ali acontece o fenômeno. E o Hitler ficou bastante inquieto quando viu isso. E aí uma secretária do Hitler aproximou-se dele e disse: "Isto é um mau sinal; vai haver muito sangue". E o Hitler, perturbado com aquilo,
ele fala assim: "Bom, então que seja", né? E se retira. E aí sim, a guerra começa. Os historiadores atribuem o início da Primeira Guerra Mundial à invasão da Polônia, em 1939. Na realidade, ela começa de fato em 1938, com a anexação da Áustria, e depois a ocupação da Checoslováquia, né, depois do acordo de Munique. Então veja, Nossa Senhora profetizou e aconteceu o fato, né? E depois ela diz que, como consequência disso, ela vai anunciar as calamidades; ou seja, haverá perseguição à Igreja e ao Santo Papa, ao Santo Padre, e nações deixarão de existir. Então, as
consequências que de fato também ocorreram em função da Segunda Guerra Mundial. Só que havia uma terceira parte do segredo. O problema com os Fátimas... Aqui, Marcelo, vou abrir um parêntese para explicar o que são Fátimas. Existem historiadores de Fátima que não têm uma visão, vamos dizer, relacionada à religião; são historiadores isentos que analisam os eventos históricos de Fátima. E existem historiadores que analisam Fátima sob um viés religioso. Esses são os chamados Fátimas. Porém, os Fátimas não apenas fazem uma análise de Fátima com um viés religioso, mas eles fazem um apostolado. Então, no meu livro, eu
dou uma ênfase em quatro desses apostolados Fátimas. O primeiro deles é o Blue Army (Exército Azul). Eu já explico: durante a Guerra Fria, havia o Exército Vermelho (comunista); o Exército Azul seria o Exército Azul de Nossa Senhora, fundado pelo padre Harold Kugan e pelo milionário chamado John Haffert. Então, este Exército Azul foi criado num contexto de Guerra Fria. Evidentemente que, no contexto da Guerra Fria, o grande mal era o comunismo soviético, o exército do mal, do dragão vermelho, o comunismo soviético. Pois bem, os demais apostolados de Fátima vão seguir essa mesma linha, que são o
Fátima Center, aqui no Brasil, a TFP e os Zalos do Evangelho. Então, esses quatro... o que eles fazem? Eles concentram a sua interpretação dos fenômenos de Fátima na segunda parte do segredo; ou seja, a ameaça comunista. Por que isso? Porque Nossa Senhora disse que, se não fizesse a consagração, a Rússia espalharia os seus erros pelo mundo. Mas não falou "comunismo"; ela não fala "comunismo", certo? É evidente que o comunismo é parte desses erros, mas observe que "erros" está no plural; não é um único erro, são erros, né? Porém, essa visão de que o comunismo é
que é o cerne da mensagem de Fátima permanece até hoje. Isso ficou; isso começa com o Blue Army na década de 40 e vai se prolongar até os dias de hoje. Isso daí também teve aquela questão no Concílio Vaticano II, como se o maior problema do Concílio fosse não ter combatido o comunismo. Pois bem, esse aqui é o problema que acontece. Nós vamos chegar nessa parte aí, porque isso aqui é muito importante para a gente entender a história do meu livro, né? Porque vai envolver isso tudo. Mas acontece que havia uma terceira parte do segredo,
e o grande problema dos apostolados de Fátima foi que nunca deram muita importância para o terceiro segredo de Fátima, sendo que o terceiro segredo de Fátima, de fato, é o fechamento da mensagem de Fátima. Sem ele, a mensagem de Fátima parece que não tem muito sentido, entende? Agora veja: os apostolados de Fátima já tinham interpretado a mensagem de Fátima na década de 40, 50 e 60, e o segredo só foi revelado em 2000. Então veja: o que eu apresento no meu livro, ao menos eu apresento esses fatos que eram desconhecidos dos autores de Fátima. Quais
eram? Primeiro, o diário da irmã Lúcia, que eles não conheciam, e esse diário revela muita coisa interessante; e o segundo, o terceiro segredo, que só foi conhecido do público em 2000. Agora, esse diário, a irmã escreveu de quando a quando? Pois bem, no livro "Um Caminho Sob o Olhar de Maria", que é um livro de 500 e tantas páginas, tem vários trechos desse diário. A maior parte é até a década de 50; depois há uma pequena parte chamada "Os Encontros com o Bispo Vestido de Branco". Porque você sabe que no terceiro segredo de Fátima existe
essa expressão "um bispo vestido de branco". A gente já vai falar sobre isso daqui a pouco. Pois bem, essa parte "Encontros com o Bispo Vestido de Branco", aqui aparecem trechos, muito poucos, do diário dela, referente ao ano de... 1965-67 e depois dá um salto até o encontro dela com João Paulo II, em 82; e depois só vai se fazer alguns fragmentos desse diário, muito, muito escassos. Então, teve uma época que houve uma... ela escreveu duas coisas: o diário e as memórias. Foi isso, sim, ao mesmo tempo. E o diário, ela escreveu a pedido também do
Bispo de Leiria, Dom José Alves Correia da Silva. Segundo consta nos arquivos do Carmelo de Coimbra, eu pedi a vista a essa documentação; eles não concederam porque, segundo eles, há um processo de canonização da rúsia. Então, tudo isso está sob sigilo, né? São cinco maços de livros de diário que existem, né? Então, o que eles publicaram até esse momento foi muito pouco desses diários; porém, a maior parte do que foi publicado é da década de 30 para a década de 50, certo? Até o momento que ela entra no Carmelo de Coimbra é o grosso do
diário, é essa parte aí. Mas já essa parte aí é bastante reveladora, para nós, sobretudo com relação ao terceiro segredo de Fátima. Tá, comente um pouco sobre isso. Então, por que que ela é reveladora? Porque veja, a irmã Lúcia, enquanto irmã Doroteia, ela sofria muita... era uma pessoa que não tinha uma vida contemplativa como ela gostaria de ter, tranquila. A razão pela qual ela vai buscar mudar, né, a seu voto e a mudança de hábito, né? Ela vai buscar a vida num Carmelo Carmelita. Isso é meio... isso é incomum, né? É incomum, é incomum. Mas
ela manifesta essa vontade em parte, né? Porque quando na última aparição de Nossa Senhora, quando acontece o milagre do sol em outubro, Nossa Senhora se apresenta como Nossa Senhora do Carmo. Ela entendia isso como um chamado pra vida Carmelita. É porque, no final das contas, o que a irmã Lúcia queria era desaparecer do mundo. Ela não queria ser uma pessoa pública, mas ela tinha ganhado notoriedade e importância política, inclusive. Então, a saúde dela era muito frágil. Quando ela adoece, no final de 1943, o Bispo de Leiria ordena que ela escreva o terceiro segredo. E por
diversas vezes, ela vai tentar escrever e não vai conseguir. Finalmente, em janeiro de 1944, e aqui é importante o diário dela, porque o diário está descrito o momento em que ela escreve o terceiro segredo. Este dado é muito importante, porque os fátimas desconheciam esse dado do diário dela. Por exemplo, quando o Vaticano publicou o terceiro segredo, os fátimas se dividiram, né? Uma parte acatou, aceitou, que foi o Blue Army, que virou o Apostolado Mundial de Fátima e tornou-se o apostolado oficial do Vaticano. Eles aceitaram; o Fátima Center aceitou e, obviamente, a TFP e os zealos
aceitaram em parte e em parte não, porque o problema com eles era a questão do comunismo. A gente vai chegar nisso aí um pouco depois. Mas veja, quando foi revelado o terceiro segredo, o argumento que o Fátima Center dava era que realmente havia algo que o Vaticano não tinha revelado. Quem foi contra esse argumento foi o Antonio Soti, que é um jornalista italiano que publicou o quarto segredo. Quando ele começa a escrever o quarto segredo, ele está partindo do princípio de que o Vaticano tinha publicado tudo. Durante o livro, ele vai tomando consciência de que
havia algo a mais, né? De fato, Marcelo, existe algo a mais, sim. Não deu para engolir aquilo; a gente já vai chegar nisso aí também, porque isso envolve uma série de outras coisas. De fato, existe algo a mais. A questão é se esse algo a mais foi escrito ou não foi escrito. Então, segundo Antônio Soti, esse algo a mais foi escrito. Então, existe outro envelope contendo uma outra parte do segredo, que seria a explicação daquela visão que foi descrita no terceiro segredo publicado pelo Vaticano em 2000. Nesse relato do diário da irmã Lúcia, ela explica
que, quando ela se sentava para escrever o que o Bispo de Leiria tinha ordenado, ela não conseguia. E foi necessária uma outra aparição mariana para que ela escrevesse. Então, este dado é que é um dado inédito. Ah, tá, e quando foi essa aparição? Foi em janeiro de 1944. A última vez que ela tinha tido uma visão foi em 29... 29. Esta visão que está descrita no diário dela é uma visão que Nossa Senhora procura confortá-la e diz para ela as seguintes palavras: "Deus quis provar a tua obediência. Fique em paz, escreve o que te mandam,
mas não o que te é dado conhecer do seu significado." Então, perceba, Marcelo, que existem aí duas coisas. Existe o que ela viu e que foi ordenado que ela escrevesse, mas Nossa Senhora disse que ela não deveria escrever o que ela tinha entendido, o significado daquela visão. No meu livro, eu exponho esse fato e coloco o seguinte: que isso explica por que ela tinha dificuldade para escrever o terceiro segredo. Porque, na realidade, ela não sabia o que ela escreveria, se era a visão que ela tinha tido ou se era o significado daquela visão. Por isso,
no meu livro, eu coloco ali, né, meio que no ar, como que a própria irmã Lúcia fosse o quarto segredo, porque ela tinha a chave da interpretação do segredo. E é isso que vai ter repercussão mais adiante, depois, né? Porque você sabe que o terceiro segredo foi escrito e revelado, né, finalmente, pelo Vaticano, escrito pela Lúcia em 44 e revelado pelo Vaticano em 2000. Simplesmente uma visão profética, com uma linguagem apocalíptica, né? E que não representa nem para a década de 60, nem para a década... De 70 e nem para a década de 80 algo
que pudesse abalar as relações diplomáticas do Vaticano com quem quer que fosse. Por quê? Porque é uma linguagem figurada, simbólica. Então, por que é que o João XXIII não revelou em 1960? Por que foi que Paulo VI não revelou em 1965? E por que foi que o João Paulo I só foi revelar em 2000? Então, tudo isso envolve uma série de outras situações. Por isso, que no meu livro, a história da irmã Lúcia, da falsa irmã Lúcia, é um fio condutor para falar não de uma conspiração, mas de três conspirações: uma conspiração maior contra a
humanidade, uma conspiração contra a Igreja e uma conspiração contra Fátima. Certo? Agora, a tudo isso, você abriu um enorme parêntese. A gente estava falando quais eram as contradições de determinadas fases de escrita dela, né? Dessa fase do diário, da fase da memória como uma fase posterior. Que contradições você viu nesses textos? Pois bem, quando eu comecei a fazer essa investigação sobre a falsa irmã Lúcia, eu partia do pressuposto de que algo havia acontecido com a Lúcia. Por volta de 1960, e que a partir daí ela não teria mais aparecido, e que aquela mulher que apareceu
em 1967 e daí para diante não era mais ela. Porém, com as investigações, eu percebi que as coisas não eram tão simples assim, e quem me ajudou com isso foi a Raquel, a sua esposa, que me indicou uma perita grafotécnica aqui de São Paulo. E eu apresentei para essa perita alguns documentos manuscritos da irmã Lúcia. Por quê? Porque eu tinha uma dúvida muito grande com uma carta de 1982. Essa carta de 1982 é que vai estabelecer essas contradições de forma mais definitiva. O que é essa carta de 1982? O Vaticano, quando publicou o segredo em
2000, fez junto com um documento chamado "Documento de Fátima". Isso consta na página do Vaticano na internet. Esse texto é uma compilação de várias coisas, que foi assinado pelo Cardeal Bertone. Pois bem, nesse texto existem, né? Toda a história de Fátima contada ali, resumidamente: a primeira parte do segredo, a segunda parte, a terceira parte. Agora ele apresenta, nesse documento, essa carta da irmã Lúcia de 1982. É um documento manuscrito que tem algumas coisas que são, no mínimo, bizarras. É uma carta de quatro parágrafos que foi escrita com letra de forma. Então, veja, a irmã Lúcia,
os manuscritos da irmã Lúcia sempre foram com letra cursiva. Eu não conhecia uma carta da irmã Lúcia com letra de forma, por isso desconfiei desse documento. Agora veja, existem documentos manuscritos da irmã Lúcia em que ela utiliza a letra de forma; não é algo absurdo. O que não tem é uma carta específica dela com letra de forma. Então, apresentei para a perita alguns documentos dela em que ela mistura letra cursiva com letra de forma, e a perícia grafotécnica deu positivo para essa carta de 1982. Então, essa carta de 1982 não é uma fraude; a data
também não. Ela poderia ter escrito essa carta, não tem a data. E por que que é 1982? Porque isso é o que está dizendo o documento que foi publicado pelo Cardeal Bertone. O Cardeal Bertone aqui atribui uma data para essa carta; na carta não tem a data. Então, ela pode ser essa carta. O problema é que essa carta foi entregue pela Lúcia ao Papa João Paulo I, porque quando João Paulo I sofreu o atentado em 13 de maio de 1981, ele manifestou o desejo de, em Fátima, conhecer a irmã Lúcia. E nessa ocasião, em 1982,
foi que a irmã Lúcia entrega essa carta. Só que essa carta nunca foi publicada; ela só foi publicada em 2000, né? E é uma carta de quatro parágrafos escrita com letra de forma. E nessa carta, aí sim, né? A ênfase da irmã Lúcia como chave de interpretação para o terceiro segredo é o segundo, a segunda parte do segredo. Ou seja, o terceiro segredo se resume ao quê? Se resume à ameaça comunista, ao comunismo ateu, à perseguição que esse comunismo ateu faz. Então veja que tudo isso se encaixa dentro da agenda do Papa João Paulo I.
E é por essa razão que, já a partir de 1981, quando ele sofre o atentado, é que já se começa a pensar em revelar o terceiro segredo de Fátima, dando uma interpretação ao Papa João Paulo I como o papa de Fátima. E essa carta de 1982 é a chave para isso. Então, quando o Cardeal Sodano faz aquela interpretação do segredo em Fátima, em 2000, essa interpretação dele é ele quem atribui o segredo de Fátima ao atentado que João Paulo I sofreu. É que não dá para engolir, né? É uma forçação total, uma forçação de barra.
Mas veja, isso já estava na carta de 1982 da irmã Lúcia. E, por outro lado, Marcelo, é uma carta autêntica; isso foi a perícia que deu como autêntica. Essa carta, assim como deu como autêntico também o texto do terceiro segredo escrito pela irmã Lúcia, também autêntico. Então veja, a minha pesquisa se deparou com um problema, porque, então, se houve uma falsa irmã Lúcia, a verdadeira esteve viva até 1982 pelo menos; não há possibilidade desse documento ter sido escrito antes. A datação a que foi submetida essa possibilidade até que a gente tenha acesso ao manuscrito completo.
Agora, por outro lado, nessa análise grafotécnica, eu submeti um outro documento, que foi uma carta que escreveu ao padre Pascoal. O padre Pascoal era um padre salesiano que foi muito amigo da irmã Lúcia quando ela esteve em... Vi, eh, vi em Lova de de Gaia, que fica ali perto do porto. Ali tem um colégio chamado Sardão. Ela ficou um tempo nesse colégio, ali do Sardão. Por em que época isso foi? No início da década de 40. É, ela esteve lá; aliás, eu acho que é posterior a isso. Posterior, posterior. Ela escreve o terceiro segredo em
1944; eu acho que é depois disso que ela vai pro Sardão, né? E, nessa ocasião, ela teve contato com esse Padre Humberto Pascoal, com quem ela vai trocar várias correspondências ao longo da vida. Então, veja, nós temos uma carta dela de 1980; essa tem data e essa data seria real. Essa é manuscrita, a letra é dela, a assinatura é dela e a data também. Não, essa carta foi publicada pelo Observatório Romano, Observatório Romano, né? Se não me engano, 1981 para 82 que essa carta foi publicada. Então, eu submeti essa carta para a perita. Pois bem,
aí nós temos, né, uma prova de vida de que a irmã Lúcia estava viva em 1980, pelo menos. Mas aí fica estranho, né? Ela não denunciou uma impostora? Isso é algo que a gente não tem como saber, né? Não tem como saber exatamente, porque a pesquisa vai se deparar com vários problemas, né? Veja, mas veja que nessa carta ao Padre Humberto Pascoal ela diz o seguinte: "Aquela consagração que foi pedida para ser feita..." Porque, veja, em 1942, o Papa Pio XII faz uma consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria. Quando a irmã Lúcia escreveu
ao Papa Pio X para fazer essa consagração, ela escreveu por influência do bispo confessor dela, que era o Bispo de Gurza, e o Bispo de Gurza disse para ela não pedir a consagração da Rússia, mas sim do mundo todo. Então, ela escreve meio que contra gosto essa carta pedindo ao Papa Pio a consagração do mundo e, de fato, o Papa Pio II vai fazer, mas sem prejuízo da original da Rússia. Só sim! Só que ela disse... Então, houve dois pedidos de consagração: um mundial e um para a Rússia. Exatamente, esse mundial foi feito pelo Papa,
mas nessa carta que ela escreve ao Padre Humberto Pascoal, ela diz que era necessário fazer menção explícita à Rússia. Ainda que ele fizesse a consagração do mundo, era necessário fazer uma menção explícita à Rússia. O que vai acontecer depois é que a irmã Lúcia vai dizer na entrevista de 1992 e 1993 que nunca foi necessário fazer uma menção explícita à Rússia. Então, ela contradiz. Então entra uma contradição. Então, o que está dizendo na carta de 1980, entende? Então, essas contradições é que vão levar à suspeita de que havia uma outra irmã Lúcia. Agora, essa ideia
de que havia uma outra irmã Lúcia vai se tornar mais forte pelas diferenças fisionômicas entre uma e outra. F, e aqui é o dado que é muito interessante, Marcelo, é que a gente não vê isso em outra pessoa pública: uma pessoa se transformar tão completamente assim, entende? Ah, mas ela ficou mais velha, ela ganhou peso, ela trocou os dentes, botou uma prótese dentária e tudo, né? Mas isso não explica. E então a Mar Hovart faz uma comparação de fotografias e deixa isso, né, muito evidente. Depois, o Dr. Rovsky vai criar uma organização chamada Sister Lucit
Truf, sem fins lucrativos, e vai contratar peritos para analisar essas fotografias. E esses laudos vão dando como a figura um não é a figura dois e são duas mulheres diferentes. Aí os que são mais exagerados, né, vão dizer que não, não houve apenas uma falsa irmã Lúcia, teve três. Houve três! Duas, na realidade. O que se aponta é que a mulher que se apareceu em 1967 é a mesma que morreu em 2005. Tá, mas a de 67 não é a mesma que esteve em Tui, na Espanha, e depois entrou no Carmelo. Então, esse é um
som que foi conclusivo em todos os laudos. Esses laudos, eu não pude publicá-los no meu livro porque o Dr. Rovsky não permitiu que se publicasse. Então, o que eu faço é um comentário sobre esses laudos, indico ali que esses laudos estão disponíveis na internet. Estão disponíveis em Sister Lucit Truf. Vai na página e ali você vai ter acesso a esses laudos e ali os peritos vão... né, eu entrei nesse site, já conheço. Ah, agora, o Dr. Rovsky, ele parte do pressuposto que a verdadeira Lúcia desapareceu em 1960. Eu, pelo que investiguei, e pela documentação, eu
concluo que, pelo menos até 1980, ela estava, mas eu não consigo explicar como é que ela estava viva enquanto havia outra se passando por ela. Não seria mais fácil sustentar que ela teria substituído em 60 e apenas a data foi adulterada lá em 82 e 80? Pois, mas o problema é que existem uma série de documentos, entendeu? Por exemplo, esses documentos são... eh... indicam muitas contradições dela, né? Por exemplo, eu mencionei a carta de 82 em que ela resume a interpretação do terceiro segredo, a segunda parte do segredo. O problema é o comunismo e tal,
etc. Porém, existe uma outra carta dela de 1970 ao Papa Paulo VI, em que ela diz que há algumas coisas que ela mencionou, né? Eh, no terceiro segredo e ficam faltando explicações. Então, ela sugere que existe algo mais grave do que aquilo que ela expõe em 1982 na carta. E, por outro lado, né, todas as pessoas que leram o terceiro segredo sempre disseram... Mesma coisa que se tratava de apostasia e da fé, da fé, inclusive aquele famoso do Pio XII, quando ele ainda era cardeal, né? Pois é, Pio XII fala isso expressamente e todos os
que leram o terceiro segredo dizem a mesma coisa. Dá outros exemplos de outros: uma crise de fé. Ah, por exemplo, o próprio cardeal Otaviano Capovilla leu também. Ah, o Malachi Martin dizia, isso daí, que o Malachi Martin é um mal, mas é sempre a... No meu livro tem uma lista e também tem uma entrevista do então cardeal Ratzinger sobre isso. 30 Journey, livro. Sim, sim, no meu livro. Eu conversei com a Mike Hickson. A Mike Hickson é uma jornalista, né, de origem alemã, e ela publicou em 2016 uma entrevista do Padre Ingo Dollinger, muito interessante.
Esta entrevista eu coloco no meu livro. O Ingo Dollinger, né, era amigo pessoal do cardeal Ratzinger, que seria o futuro Papa Bento XVI, né? E quando o Vaticano revelou a terceira parte do segredo, o Padre Dollinger foi conversar com o cardeal Ratzinger e o cardeal Ratzinger disse para ele que, de fato, havia algo mais que o Vaticano não tinha publicado e que esse algo mais era algo sobre uma má missa e um mau concílio. Então, são palavras do Ratzinger, né? A Mike Hickson publicou essa entrevista com o Padre Dollinger e, nessa ocasião da entrevista, o
Bento XVI era o Papa emérito e o Vaticano comunicou um desmentido oficial dessa conversa do Padre Dollinger com o Ratzinger. Não sabia desse desmentido, né? Desmentido, mas o Padre Dollinger reafirmou em seguida. E, por outro lado, o próprio Ratzinger, como Bento XVI, ele vai a Fátima em 2010 e ali ele disse que a missão profética de Fátima não se cumpriu, ainda cumpriu. Ele contradiz aquilo que o Vaticano tinha dito em 2000. Segundo o Vaticano, o segredo de Fátima era do passado, era algo ligado ao passado e ponto final. E morreu a história. E, no entanto,
o próprio Bento XVI vai dizer que não. E depois ele vai dizer mais duas coisas. Ele se arrependia. A primeira delas era com relação a Dom Lefebvre, e a segunda, com relação ao segredo de Fátima, que ele disse que empurraram a mão dele, forçaram a mão dele: "minha mão foi forçada". E depois ele vai dizer também que Dom Lefebvre foi o maior teólogo do século XX. Isso onde ele disse isso? Isso está no meu livro, na entrevista com a Mike Hickson. Ele diz isso, essa declaração do Bento XVI. Ele diz isso como Papa Bento XVI.
Mas ele disse isso... ele era emérito, era bispo emérito. Isso não está registrado. Foi uma fonte da Mike Hickson que passou para ela esse dado que ouviu da boca dele, né? Essa declaração dele. Então, veja, o terceiro segredo de Fátima é sobre a apostasia. Agora, pra gente entender essa questão da apostasia, né, com relação ao que acontece com a Igreja, a gente precisa entender uma coisa muito importante que está escrito no envelope que a irmã Lúcia escreveu o terceiro segredo. Porque, quando a Nossa Senhora diz para ela: "escreve o que te mandam, não porém o
que te é dado conhecer seu significado", ela diz o seguinte: "encerra dentro de um envelope, lacra-o, escreve por fora para ser aberto em 1960 pelo Patriarca de Lisboa ou pelo Senhor Bispo de Leiria." Então, ela dá uma data: 1960. Ora, lembre o seguinte: isso está escrito no diário da irmã Lúcia, que só foi publicado em 2013. Agora, a Lúcia teve o encontro com o Bertone na década de 90, pouco antes do Vaticano publicar o terceiro segredo. E, nesse colóquio com o Bertone, ela vai dizer que o segredo é aquilo mesmo, né? E já vai se
antecipar à interpretação do segredo e ela vai concordar com essa interpretação dada pelo Vaticano. E o Cardeal Bertone vai perguntar para ela: "E sobre a data de 1960, que está escrita fora do envelope, de onde que veio isso?" Ela vai dizer: "Veio da minha cabeça. Fui eu que intuí que aquela data era uma data boa e escrevi na minha própria cabeça." Ora, isso aí não tem sentido nenhum, né? Ora, no diário dela está dizendo que foi Nossa Senhora que mandou escrever a data. Entrou numa forte contradição, então, ela não conhecia o próprio diário dela. E,
de fato, esse diário só seria revelado depois da morte dela, né? Então, aqui há uma forte contradição e uma outra forçação de barra para desviar o foco. Porque veja: por que 1960 era importante que se revelasse o segredo nessa data? O que estava acontecendo nesse período? Então, a gente precisa voltar um pouquinho para entender o contexto em que se coloca essa mensagem de Fátima, esse fechamento da mensagem de Fátima para 1960. Veja, aí que entra o plano, né, ou a conspiração que vai envolver o mundo todo e, em particular, a Igreja Católica, que é a
questão do chamado catolicismo de Israel. É um dos capítulos aí do meu livro, capítulo 12. O que é o catolicismo de Israel? Veja, esse termo foi usado pelo rabino chamado Elias Beneg, era um rabino de Livorno. Ele escreveu um livro chamado "Israel e Humanidade". Nesse livro, ele expõe o seguinte: primeiro, ele diz que o cristianismo é uma heresia proveniente do judaísmo e, segundo, ele uma heresia gnóstica, porque, segundo ele, o cristianismo tinha concedido a noção de divindade para um único homem, Jesus Cristo, e que a Igreja Católica, como instituição, havia fracassado na... Sua missão é
promover uma ordem mundial e uma paz mundial. A Igreja Católica havia fracassado; no século XIX, estava evidente segundo ele, o Elias Beneg, que a igreja havia fracassado nisso. Portanto, alguns afirmavam que a igreja não deveria mais existir. No livro, ele defende que a Igreja Católica deve permanecer existindo, mas não mais como o Catolicismo Romano, mas como o Catolicismo de Israel. O que seria isso? A Igreja Católica teria que se purificar de seus erros, e essa purificação seria o abandono da crença na Santíssima Trindade e o abandono da crença na divindade de Cristo. Ou seja, a
igreja poderia continuar existindo porque, afinal de contas, o prestígio que ela tem – histórico e político – devido ao seu imenso tesouro histórico, poderia ser utilizado em uma boa causa, que era a causa da paz mundial, desde que a igreja renunciasse ao seu dogma trinitário e à divindade de Jesus Cristo. Pois bem, nós vamos vendo que, progressivamente, a partir do Concílio Vaticano I, isso vai acontecendo cada vez mais com a hierarquia da igreja, ao ponto que hoje, com o Papa Francisco, é muito mais evidente essa transformação do Catolicismo Romano para o Catolicismo de Israel pregado
pelo Elias Beneg. Agora, qual seria a função da Igreja Católica a partir daí? Então, é uma função meramente naturalista, visando a fraternidade universal, a unidade do gênero humano, visando a paz. Ou seja, o espírito de Assis; isso vai se confirmar já em 1986, em Assis, com o João Paulo I. E não é por acaso que o rabino de Livorno idealiza esse projeto para a Igreja Católica. O Elias Ben Moeg foi professor do rabino que foi pai do rabino-chefe de Roma, o Elia Tole, que foi amigo pessoal do João Paulo I. O João Paulo II foi
o primeiro papa a entrar oficialmente como papa dentro de uma sinagoga e foi recebido pelo Héli Toaf, que era o rabino de Roma. Então, veja que é impossível que o João Paulo I não tivesse conhecimento do que era o Catolicismo de Israel. No meu livro, eu vou apontar outros indícios disso. Então, veja um processo de apostasia crescente a partir de 1960; por isso que a data tinha que ser 1960. Então, esse aqui foi o ponto. Fala um pouco do João XXIII e do Júlio Isaac aqui, Capítulo 17. Pois bem, o Júlio Isaac era um judeu
secularizado. Você sabe que o judaísmo... (e aqui abre um parêntese, Marcelo, para dizer que tudo que eu vou dizer aqui não tem nada a ver com antissemitismo e não tem nada a ver contra o povo judeu). Existem aspectos no judaísmo, porque o judaísmo, ao contrário do que muitas pessoas pensam, não é uma coisa monolítica; não, não é nada uniforme e ao longo da história sofreu também um processo de desenvolvimento histórico. Aqui, nessa nossa conversa, eu vou me referir mais ao judaísmo moderno, que é derivado da Cabala e vai dar origem ao Hasidismo. Então, veja, durante
o século XI até o século XIX, houve de fato um processo de secularização do judaísmo na Europa Ocidental, chamado Haskalá, o Iluminismo judaico. O Júlio Isaac era mais ou menos dessa linha; ele foi um professor de história na França na década de 30; era ele quem escrevia os livros didáticos de História. O problema foi que a Segunda Guerra Mundial impactou profundamente ele. Por quê? Porque ele perdeu a esposa e a filha em um campo de concentração nazista, não sei se foi em Auschwitz, um desses campos. Então, isso impactou muito ele e, a partir daí, ele
passou a fazer uma revisão da história com base no seguinte: a raiz do antissemitismo seria a Igreja Católica. Ou seja, a Igreja Católica, ao longo de 2000 anos, pela sua doutrina antijudaica – e aqui a gente precisa também fazer uma separação do que é antijudaísmo e antissemitismo; são coisas distintas – a Igreja, de fato, sempre foi antijudaica. Por quê? Porque o judaísmo é pós-bíblico, é uma negação da missão salvífica de Nosso Senhor Jesus Cristo como Messias; eles rejeitam isso. No entanto, a Igreja Católica nunca pregou que se perseguisse os judeus, mas pregava a conversão do
povo judeu e, de certa maneira, protegia o povo judeu, como ficou claro em vários momentos da história. Exatamente. Só que o Júlio Isaac, traumatizado pela guerra, passa a responsabilizar a Igreja pelo que aconteceu na Alemanha nazista. Ora, as causas do antissemitismo do Hitler e da Alemanha nazista estão mais nos mitos pré-cristãos do que dentro da história do cristianismo. Não dá para fundamentar, mas de jeito nenhum. Mas então ele escreve dois livros; ele escreve dois livros acusando formalmente a Igreja Católica pelo que aconteceu em Auschwitz e nos outros campos. Ele culpa a Igreja Católica e, não
só a Igreja Católica, ele culpa os padres, ele culpa os santos da Igreja, os concílios, os papas. Então, baseado nesse livro dele, escreve um livro chamado "Jesus e Israel". E, nesse livro, ele estabelece 18 pontos porque a Igreja forçosamente precisa rever com relação aos judeus. Esses 18 pontos vão dar início a uma série de conferências que vão acontecer na Suíça, em Silberg, de 1947 para 48, e esses 18 pontos vão se condensar em 12 pontos a partir da conferência de Silberg, que é muito importante, muito pouco comentada pelos historiadores, mas ela é muito importante. Porque
muita gente importante participou desses encontros em Silberg. Bom, o resultado disso é que ele vai apresentar ao Papa Pio X esses pontos, né? Que a Igreja precisa modificar. O Papa Pio XII não vai recebê-lo, ou pelo menos não vai acatar os pedidos dele. Quem vai fazer isso vai ser João XXIII. Então, o João XXIII se torna Papa no final de 1958; no início de 1959, ele anuncia o Concílio, que vai fazer um Concílio. Para surpresa geral, ninguém esperava. Da onde veio a inspiração para João XXIII? É a ideia de fazer um Concílio. E, no mês
de junho, ele encontra Júlio Isaac. Então, há um encontro, e nesse encontro fica acertado. Esse encontro foi em 1960, 59, e é interessante, né, que ele vai ler o segredo. Depois disso, ele vai ler o segredo em setembro, mais ou menos; ele vai ler o terceiro segredo dos profetas da desgraça. Exatamente! Agora, por que é que ele não vai? Porque veja bem, o que que o João XXIII deveria ter feito quando leu o segredo? Obviamente, ele não entendeu o que ele leu, né? Porque é difícil entender; é uma linguagem profética, apocalíptica, né? E o que
ele faz? Ele chama um padre português para fazer uma tradução para ele, para o italiano. Quando, na verdade, ele deveria ter chamado a irmã Lúcia. Claro! Porque era ela que sabia a chave de interpretação. E aqui, Marcelo, é importante frisar que já demonstra uma perda de fé, uma falta de fé da hierarquia. Porque veja, no Antigo Testamento, mesmo os reis pagãos que tinham sonhos proféticos, eles chamavam o profeta para que ele fizesse a interpretação. Então, por que é que o Papa João XXIII não chamou a vidente de Fátima? Era exatamente isso que ela queria! Era
exatamente isso que ela queria; ela queria ter um colóquio com o Papa para que ela pudesse expor o significado. Ela se manifestou dessa forma; ela sempre se manifestou a isso. E é isto que vai acontecer. Em 1967, porque quando o João XXIII, a gente sabe, né, ele leu o segredo, não revelou, mandou arquivar e ainda escreveu por fora do envelope, né? "Não faça o juízo. Isso pode ser de inspiração divina ou não", e mandou arquivar. Ou seja, ele não deu a devida importância. Ele falou alguma coisa como "Esse não é do meu tempo; é para
outro Papa." Exatamente também, né? Quais foram as palavras exatas? Ele disse que "não é pro meu pontificado." E o Paulo VI vai repetir a mesma coisa, mesma frase, quando leu o terceiro segredo, né? "Meu pontificado." E por ele já estava impregnado dos acordos para fazer este Concílio. E aí, aqui, né, é porque o João XXIII, você avançou na biografia dele, quando ele era mais jovem, investigação de heresia, exatamente. Sim, ele sempre foi suspeito de heresia; ele foi muito ligado ao Bohnau, que era um herege de marca maior, modernista. Entende? O próprio nome João XXIII já
era de um papa, de um antipapa. E depois, né, ele vira delegado apostólico na Turquia. Então, a Turquia, naquela ocasião, ali a Turquia de Atatürk, já era uma Turquia bem modernizada, cheia de espírito revolucionário para a época, né? E nessa ocasião, na Turquia, ele era um bom vivan, sabe? Era um sujeito que gostava de boas amizades. Foi nessa ocasião que ele conheceu o Von Papen. Não foi? E Von Papen, que exatamente, é porque a Turquia era um corredor humanitário. E o Von Papen, ele, né, que foi um diplomata, aqui, inclusive, colaborou na ascensão do Hitler,
né, do Hitler? Exatamente! É! E ele foi absolvido em Nuremberg, uma carta do João XXIII. Sim, exatamente, ele foi. Veja que em Nuremberg foi absorvido o Von Papen, o Chah, né? E que eram maçons, eram das lojas maçônicas. Entendeu? Isso é fato. E então, João XXIII, ele era muito amigo da maçonaria, né? E aqui, um dado importante que pouca gente sabe, que eu também revelo no meu livro, é que a maçonaria, ela é fundada, a maçonaria operativa, que é essa aqui, né, moderna, de 1717, ela é fundada com o princípio Noaquita. Ou seja, a função
da maçonaria é preparar o mundo para a religião de Noé, né? A gente já vai falar um pouco sobre a chamada religião de Noé. Agora vamos falar um pouco, eh, e com aquela da eleição do João XXIII. Você chegou a estudar de 58 ou não? Com clave? Eu não entrei muito nessa questão. E aí, a gente acaba desviando um pouco a atenção, mas, de fato, né, a suspeita de que houve interferência da CIA na eleição de João XXIII e que teria sido eleito não o João XXIII, mas o cardeal Siri. E depois, eles mudaram tudo
e colocaram o João XXIII. E, em 63, o fato é que havia interesse nesse, né, na eleição tanto de João XXIII quanto na de Paulo VI. Por exemplo, o Paulo VI foi removido de Roma pelo Papa Pio XII. Ele era secretário do Pio XII, o Montini, mas ele foi pego numa situação de espionagem em que ele revelava para os governos comunistas do leste europeu os nomes dos padres que iam em missão secreta, enviado pelo Pio XII. E, por essa razão, o Papa Pio XII o removeu de Roma e mandou para Milão. Pois bem, em Milão,
ele tinha contato. Ele era muito amigo do Jacques Maritain. O Jacques Maritain, por sua vez, era um dos convidados para a conferência de Silberg que nós mencionamos aqui. Pois bem, através do Jacques Maritain, o... Montini fez amizade com o Saul Alinsky, então eles tiveram vários encontros no final da década de 50. O Saul Alinsky, que você sabe que era ligado à máfia de Chicago, da onde vai vir o P. Mar Cincos, P. Marinos, ex-M é uma figura importante na história do meu livro. Só fazendo um parêntese, o Alinsky dedicou o doutorado dele a Lúcifer e
ele foi um dos mentores da Hillary Clinton e do Obama. Exatamente aí foi ele que criou as ONGs; ele era um agitador profissional, mestre em agitação. Isso daí faz um encaixe muito lógico, pois agora você vê que estranha amizade do Montini com Saul Alinsky e com o Jacques Maritan. Entende? E o Saul Alinsky, ele diz, só voltando naquela conferência, participou o Jacques Maritan, quem mais? O Silberg. O Maritan não foi, mandou um representante. Quantos foram mais ou menos? Um grupo, sabe? Essa conferência de Silberg. Essa conferência, ela primeiro, e ela era condenada pela Igreja, porque
o Papa Pio XI—esse foi Pio XI, o Pio X que escreveu "Mortali Animos"—Pio XI, ó Pio XI, escutou que condenava esse tipo de iniciativa ecumênica, né? Pois bem, nesse encontro de Silberg, era exatamente isso que se dava: eram protestantes, né? Porque a ideia era que o cristianismo—e se considera o cristianismo nesse caldo todo—com protestantes, ortodoxos e cismáticos tudo precisava, então, o cristianismo precisava se expurgar do seu mal antissemitismo histórico, né? Tá certo? Agora, vamos voltar. Quando o bispo então Montini foi para Milão, ele também ficou envolvido com a chamada máfia de Milão, de Sindona, de
José Portolani, Tubarão L. Exatamente do Tubarão. E aí que vai esse grupo que vai fazer o escândalo do Banco Ambrosiano, vai assumir o Banco Ambrosiano e o Banco do Vaticano. Isso vai acabar tendo desdobramentos na morte do Papa João Paulo I e no sequestro da menina Emanuela Orlandi, que eu também menciono no livro. Fala um pouco da Emanuela Orlandi. Emanuela normalmente é associada ao Banco Ambrosiano, né? Sim, sim, então era uma moça de 14 anos que é cidadã do Vaticano. O Vaticano é um estado. Aliás, isso aqui eu até concordo com o Evandro Pontes na
análise que ele faz do vaticanismo, né? Que o Estado do Vaticano ele se secularizou e se tornou, de certa maneira, um estado moderno, e que todas essas articulações, inclusive ilícitas, passaram a correr dentro do Vaticano, inclusive com a loja P2 da própria maçonaria, liderado pelo José Portolani, que vem morar em São Paulo. Pois é, isso tudo é muito grave. Então veja, a moça era cidadã do Vaticano, a família dela eram funcionários do Vaticano, o pai era funcionário do Vaticano. E, de repente, essa moça vai para uma aula de música e ela desaparece. Nunca mais apareceu,
né? Ela desapareceu por completo. Pois bem, as investigações são feitas sempre pelo irmão dela, o Pietro Orlandi, que é um incansável; há mais de 40 anos ele está nessa história. Só não caiu no esquecimento por completo devido a esse empenho dele em buscar a verdade. E, finalmente, né, a Netflix publicou, mas eu não gostei, lá; muito ruim aquele documentário. Os fatos conclusivos são os seguintes: o Banco Ambrosiano, na época, era presidido pelo Roberto Calvi. O Roberto Calvi, em 1981, escreveu um dossiê para o Papa João Paulo I dizendo que o dinheiro da máfia—na máfia, nessa
ocasião, a máfia chamada Banda della Magliana—esse dinheiro da máfia passava pelo Banco Ambrosiano e ia para o Banco do Vaticano, onde era lavado e depois retornava para a máfia. O Roberto Calvi denunciou isso ao Papa João Paulo I e, pouco tempo depois, ele apareceu enforcado lá naquela ponte em Londres. Isso foi suicídio? Não, depois a perícia concluiu que não foi suicídio; ele tinha sido morto e colocado ali para parecer que tinha sido um suicídio. Esse dinheiro da Banda della Magliana, que estava sendo lavado pelo Banco do Vaticano, explica o sequestro da Emanuela Orlandi. Pois, nessa
ocasião, o Papa João Paulo I estava empenhado em financiar o Partido Solidariedade do Lech Wałęsa na Polônia, desde o princípio. O Papa foi feito com essa finalidade de implodir aquele comunismo socialismo realmente existente ali no leste europeu e ele sabia que isso precisava ser feito a partir da Polônia. Então, ele vai investir no Partido Solidariedade. Quando os mafiosos quiseram o seu dinheiro de volta, o dinheiro não estava mais no Banco do Vaticano; tinha sido empregado no Partido Solidariedade. E, por essa razão, eles vão sequestrar a menina para fazer uma barganha: nosso dinheiro de volta e
a gente devolve a moça. Isso, de fato, pelas investigações, porque tem um depoimento importante da Sabrina Minardi. A Sabrina Minardi era a amante do chefe da máfia, que se chamava Enrico De Pedis, e ela deu o depoimento dela. No depoimento dela, que é bastante verossímil, a menina foi devolvida para o Vaticano e ela disse que foi entregue nas mãos de um Cardeal muito importante no Vaticano. Suspeita-se que esse Cardeal seja o Hugo Poletti. Por que se suspeita do Hugo? Porque, quando o Enrico De Pedis morreu, ele foi sepultado com todas as honras na Basílica de
São Polinário. E quem deu o aval para que se fizesse isso foi o Hugo Poletti. O Hugo Poletti é uma figura sinistra nessa história, porque a ascensão eclesiástica dele se dá a um fato muito interessante que aconteceu na década de 60. Um bispo idoso, né, sofreu um ataque. Card morreu por causa de uma carta que recebeu de Paulo VI, a reprimenda, que Paulo... ele era um anticomunista. Paulo VI escreveu uma carta para ele tão violenta que ele não aguentou, infartou e morreu. E o Hugo Polete sabia desse fato e usou isso como chantagem, para poder
acender e crescer dentro do Vaticano. Se tornou uma figura importantíssima dentro do Vaticano, Hugo Polete. E foi ele que escreveu uma carta para o primaz da Igreja de Cantur, na Inglaterra, com os dados das despesas. Essa carta, inclusive, está assinada pelo cardeal Tauros. Existe esse documento que menciona o Emmanuel Orlande. Então, o que acontece? A menina foi entregue de volta para o Vaticano, só que o Vaticano não poderia devolver a menina para a família, porque como é que eles iam explicar? Eles escolheram mandar essa moça para um convento na Inglaterra, onde ela ficou lá até
morrer. Ela teria morrido por volta do ano 2000. Essa é chamada "trilha de Londres", essa linha de investigação. É essa a crítica que se faz: essa trilha de Londres, ela não ter se revoltado, ter tentado fugir, abrir a boca, né? Mas você veja que essa questão do pacto de silêncio que existe em torno dessas coisas mais escabrosas, né, isso em parte explica muita coisa, né? Porque que essas coisas acabam que não vazam, né? Mas essa linha de investigação do Pietro Orlande e nesse documento que demonstra que havia várias despesas destinadas à manutenção, tá escrito no
documento. Isso realmente é muito estranho. Isso foi divulgado em 2016. Aí, então, o Pietro Orlande vem lutando junto à justiça italiana e junto ao Vaticano para que se faça uma investigação séria sobre esse caso, né? O Papa Francisco, a princípio, demonstrou boa vontade e mandou fazer uma comissão de inquérito no Vaticano para apurar o caso. Depois, quando o caso começou a cair muito fortemente em cima de João Paulo II, o Vaticano mudou completamente, abafou completamente o caso. Mas eu, no meu livro, coloco essa questão do Manuel Orlande para mostrar que esse tipo de ação sinistra
é que o Vaticano é capaz de fazer. Algo assim também poderia ter sido feito com a irmã Lúcia. Então, aqui que entra o fundamento da minha tese. A primeira aparição da irmã Lúcia falsa foi em 1967, por ocasião do Cinquentenário de Fátima. O que aconteceu? Nós temos aqui uma sequência dos Diários da irmã Lúcia. E, além dos Diários da irmã Lúcia, existem também outros trechos inéditos que foram publicados pelo Savério Gueta, que é um vaticanista, também autor de um livro recente chamado "Segredos de Sor Lúcia". Nesse livro, ele aponta muitos trechos também do diário que
não estão no que foi publicado pelo Carmelo de Coimbra, tem muitos textos interessantes dele. Então veja, em 1965, a irmã Lúcia ficou sabendo que Paulo VI pretendia fazer uma visita a Fátima. Nesse momento, ela se manifesta uma vontade muito firme de ter uma conversa particular com o Papa. Portugal estava de mal com Paulo VI nessa época. Estava de mal porque eram duas questões: Paulo VI e o Opus Dei com Salazar, porque o Opus Dei era motivo de investigação da polícia secreta de Salazar, né, que desconfiava das intenções do Opus Dei em Portugal. E também o
Papa Paulo VI, que apoiava o processo de descolonização do império português, e ele chegou a receber os terroristas do MPA. Pois aí Portugal protestou e criou um clima de mal-estar entre a Santa Sé e Portugal, exato. E quando ele resolve ir a Fátima, em 67, ele não comunica ao governo português. Ele diz que vai como peregrino a Fátima, né, não como chefe de Estado. Exatamente, ele não vai dar satisfação ao Salazar. Eles vão chegar depois a um acordo, pelo menos, por exemplo, quem faz toda a transmissão do evento é a RTP, que era uma televisão
estatal do governo salazarista. Então, eles vão chegar a um acordo ali meio que forçado, para não ficar feio, né? Essa briga do Salazar com Paulo VI naquele momento, ali, do secretariado de Fátima. Mas o fato é que a irmã Lúcia manifesta interesse em ter um encontro com o Papa Paulo VI. Quando o centenário de Fátima estava previsto, as festas iam ser feitas, porém sem a presença do Papa. O Papa Paulo VI não havia anunciado que ia a Fátima nessa ocasião do Cinquentenário de Fátima. E de fato haveria a festa sem a presença do Papa. Quando
ele anuncia que vai a Fátima, já em cima do evento, mais ou menos, se não me engano, por volta do dia 10, ele anuncia que vai estar presente no dia 13 de maio, mas ele vai e volta no mesmo dia, né? E aí, então, a irmã Lúcia gera uma expectativa para ter um encontro com o Papa Paulo VI, e aqui você tem o diário dela mencionando o fato. Pois bem, o P. Marcinkus tinha prometido a ela... A irmã Lúcia é que o P. Marcinkus, que você sabe que era o chamado "gorila" de Paulo VI, era
muito alto, né? Vir com o Brasil, não, não, com o João Paulo I. Sim, sim, era um sujeito que dava medo, dava medo, dava medo. Mas ele era o intérprete do Paulo VI, e ele tinha prometido a ela que ele iria encontrá-la no dia 10 de maio para prepará-la para esse encontro com o Papa Paulo VI. E ela disse que só iria a Fátima somente para encontrar com o Papa Paulo VI; ela não queria estar presente na Tribuna, ela queria ter um encontro com ele a sós, e fim de papo. Ela disse, inclusive, que se
ela fosse obrigada a estar na Tribuna, ela não iria, ela ia desobedecer; ela não queria, não queria ser exposta. Você percebe? Vamos deixar claro: essa irmã Lúcia, sim, irmã Lúcia. Você percebe como é totalmente diferente quando aparece a outra, né? Então veja, ela sai do Carmelo de Coimbra no dia 10 de maio; tudo isso está descrito no diário. Quando ela chega no Carmelo de São José em Fátima, ela recebe a notícia de que ela não vai ter esse encontro com o Papa. Nesse momento, ela fica completamente desorientada; ela coloca isso no diário, está no diário,
está no diário. Ela fica completamente... ela percebe que foi enganada, que estão jogando ela numa situação da qual ela não queria fazer parte. Ela queria sim conversar com o Papa, e o que era que ela queria conversar com o Papa? Isto está mais ou menos, né, sugerido na carta que ela vai mandar para ele depois. O que ela queria dizer para o Papa Paulo VI era explicar o segredo de Fátima, o terceiro segredo. Só que essa conversa tinha que ser olho no olho; não era uma carta escrita para o Papa, porque ela sabia que todos
os documentos eram violados a tal ponto que ela sempre escrevia, colocava um envelope dentro de outro envelope. Ela recebeu essa orientação de um cardeal do Vaticano, dizendo para ela que as cartas eram violadas, entendeu? Então, ela queria ter uma conversa com o Papa. Agora, quando ela recebe a notícia, no dia 10, de que o Papa não vai encontrá-la, ela pede para conversar com o núncio. Observa que ela não pede para conversar nem com o bispo; ela quer conversar com o núncio apostólico de Portugal. E aí, nessa conversa, ela diz que ela só aceitaria estar na
Tribuna se ela fosse disfarçada entre outras freiras. Isso está no diário dela; ela queria dissimular a presença dela entre outras freiras, de modo que ninguém notasse que era ela. Agora, o detalhe é que o diário encerra aí. Então, você não sabe o que aconteceu no dia 11 e no dia 12; e você só retorna ao diário no dia 13. Que coisa misteriosa! E no dia 13, a gente sabe que já foi a outra que apareceu, aí que tem aquela famosa foto dela com Paulo VI, porque essa foto foi toda montada, corte e colagem, né, para
dizer que ela teve um papel de protagonismo naquele evento do Cinquentenário de Fátima, quando, na realidade, nada disso aconteceu. Essa foto foi montada. Como é que essa foto foi montada? Eles pegaram uma outra foto dela, da Lúcia, recortaram e colaram do lado do Paulo VI para ficar dando a impressão de que ela estava falando ao pé do ouvido dele. Então, você pega a foto original, que está o Paulo VI sozinho, e depois a foto que está o Paulo VI junto... Que coisa! Eles fizeram isso com umas duas ou três fotografias, assim, de montagem, inclusive mudando
a posição do rosto para lá e para cá ou mudando a posição dos olhos de lá para cá, de lá para cá, entendeu? Essa foi a primeira aparição da Lúcia, em 1967, 13 de maio de 1967. Sim, eu penso, Marcelo, que essa teria sido talvez a única aparição dela. O que aconteceu entre o dia 10 de maio e o dia 13 de maio eu não sei explicar, porque tem uma lacuna aí, né? Nós não sabemos o que aconteceu. A irmã Lúcia pode ter desistido de estar ali, ido embora, pode ter passado mal, tido algum problema,
e aí colocaram uma outra ali se fazendo passar por ela. Essa outra aparece logo de princípio, no dia 13, quando chega na Tribuna, cumprimenta várias pessoas, muito sorridente. Agora, tem filmagem disso ou não? Foi, foi, foi registrado pela RTP. Então, se a gente pesquisar no YouTube, tem essa filmagem lá; tem, tem a filmagem, tá toda lá, entendeu? Agora, tem um dado interessante: o único momento em que ela aparece de óculos é quando ela está de frente com o Salazar, quando ela vai cumprimentar o presidente Salazar. É o único momento que ela está usando óculos. Então,
eu coloco esse fato aí porque o óculos também é um bom disfarce, né? E o presidente Salazar poderia muito bem ter notado que havia algo de diferente ali, né? Agora veja, ninguém notou algo de diferente, ninguém disse essa circunstância. Veja, veja a situação, o evento em si, né? Um tumulto, uma quantidade de pessoas, seguranças, equipe de jornalistas, tudo muito tumultuado e as pessoas muito ansiosas para ver o Papa, e uma irmã usando um hábito que cobre quase tudo, né? Então, veja, na minha tese, ela teria sido usada essa única vez e depois disso, né, não
mais. Porém, o acontecimento de 13 de maio de 1981 com o Papa João Paulo II forçou uma outra aparição dela, porque veja, quer dizer, então nós temos entre 67 e 78 nenhuma aparição. Nada. 14 anos de interregno absoluto. Nada! Não tem uma foto, não tem uma foto, não tem uma filmagem, não tem nada, absolutamente nada. Entendeu? Então, a próxima aparição vai ser em 82 com João Paulo I. Eu penso que, a partir dali, não havia mais como voltar atrás, porque se o João Paulo I insistiu que queria ter encontro com a irmã Lúcia, eles não
podiam trazer a verdadeira, porque ia ficar patente que aquela de 67 não era. E aí, forçosamente, eles voltam com ela; e, a partir daí, ela passa. Agora, tem alguma suspeita da onde que ela veio, quem que era? Esse é outro fato também. A explicação para isso é sempre a obediência, né? A obediência, porque tem dados, têm coisas muito, muito curiosas sobre essa segunda Lúcia, né? Ou primeiro deles, né? A Lúcia um era morena. Por que eu sei disso? Porque o Thomas Wash, um historiador, sei eu, li o livro dele, muito bom. Pois então, ele faz
uma descrição física dela e diz que ela era morena. E a Lúcia, pelo que nós vemos nas imagens, era bem branca. É que isso... eles dão a desculpa que a Lúcia era camponesa, então ficava no sol, então por isso tinha uma face mais escura. Mas, no entanto, isso foi pouco tempo, né? Porque veja, ela começou a vida religiosa na década de 20, né? Era uma mocinha realmente. Vira uma desculpa esfarrapada. E depois, nós apuramos também que a Lúcia um era canhota. Por que eu sei disso? Existe uma imagem dela, em 1946, quando ela vai ao
Poço das Aparições para beber água, e ali ela usa a mão esquerda. E também a perícia grafotécnica atestou para mim que, de fato, o punho que escreveu os manuscritos da irmã Lúcia era canhoto. E como eles sabem disso? Eles sabem disso porque, por exemplo, a letra "t". O canhoto, quando ele faz o risco do "T", ele faz da direita para a esquerda, e o destro é da esquerda para a direita. E eles sabem disso porque onde fica a maior quantidade de tinta é o repouso da mão. Ah, muito inteligente isso! Só que é um dado
que não pode ser considerado como conclusivo, porque existem pessoas que são ambidestras, certo? Agora, a Lúcia duas é evidentemente destra, evidentemente. Tem outras razões para testar que ela seria desta. Tudo que ela faz é com a mão direita: acena com a mão direita, pega bengala com a mão direita, bebe água com a mão direita, tudo com a mão direita. E há um filme dela, muito interessante, quando ela vai votar. É numa votação em que ela não sabe o próprio nome. Essa eu vi, essa filmagem também, dá para ver fácil. Aí ela não sabe o nome
dela? Isso é muito estranho mesmo! Então, veja, me parece, né, uma senhora que foi colocada numa situação da qual ela mesma não poderia mais sair, por obediência. A obediência na vida religiosa é algo muito sério, entende? Então, isso eu poderia explicar como o porquê de uma outra pessoa se fazer passar. O argumento contra isso seria que nem um parente. Então, esse daí é o ponto, né? Como disse o padre Iant, tem pontos positivos e pontos negativos. Esse é o ponto mais negativo: é a questão da família. A família não aceita nem sequer tocar nesse ponto
da falsa irmã Lúcia. Mas a família, a gente precisa considerar também as circunstâncias em que as coisas aconteceram. Então, veja, em 1982, quando a irmã Lúcia I aparece definitivamente como irmã Lúcia, boa parte dos familiares da primeira geração que haviam conhecido a verdadeira quando crianças e quando moças já havia falecido. A irmã dela, mais próxima, que era Maria dos Anjos, faleceria dois anos depois, em 1984, então não teria tido tempo de... né? A irmã. E a última a falecer foi a Carolina, que faleceu em 1994, um ano depois das entrevistas com Carlos Evaristo. Essas entrevistas
com Carlos Evaristo foram a entrevista que configurou definitivamente o pensamento muito diferente entre a dois e a um. Porque, nessa entrevista, ela diz que Goroba foi um instrumento de Deus. Ela diz que a Rússia não precisava ser mencionada explicitamente no ato de consagração. Ela diz que a consagração feita por João Paulo I em 1984 foi válida e foi aceita por Deus, e essa consagração evitou a Terceira Guerra Mundial. Ela diz que a consagração da Rússia e a conversão da Rússia não significava que a Rússia se tornaria, voltaria à fé católica, mas seria uma transformação de
atitude política, ou seja, deixaria de ser aquele comunismo ateu. Porque, segundo a irmã Lúcia a dois, dessa entrevista, o maior problema do mundo é o ateísmo. Por isso são palavras dela, na entrevista: porque o ateísmo impede a liberdade religiosa, impede que as pessoas tenham o direito de escolher qual religião. Então, veja que para ela é melhor ter uma falsa religião do que não ter religião nenhuma. Isto está bem de acordo com o Espírito do Concílio Vaticano I, o espírito de Assis e tudo, né? Ela chegou a dizer nessa entrevista... aliás, esse é o único desmentido
dessa entrevista, o único que o Vaticano desmentiu, porque ela chegou a dizer que o atentado feito pelo Aliá contra o Papa... isso, depois, o Carlos Evaristo conta que ouviu dela que o atentado foi mandado pelo Goroba Chov, e Goroba Chov se arrependeu disso, depois se ajoelhou aos pés de João Paulo I pedindo perdão. E aí o Joaquim Navarro Vals, que era o secretário de imprensa do Vaticano, desmentiu isso. Falou: "Não, isso não." Aconteceu, mas o restante da entrevista... e aí tinha um padre nessa entrevista. Essa entrevista foi feita para dois cardeais da Índia, né? E
tinha um padre brasileiro chamado Padre Pacheco. Isso tudo eu coloco no meu livro porque eu li o livro do Carlos Evaristo, né, das duas entrevistas com a irmã Lúcia. E o Padre Pacheco está bastante desconfiado dela, e ele faz perguntas muito... e ele chega a perguntar para ela assim: "Mas por que a senhora não fala sobre o Concílio Vaticano II? Tem problema com esse Concílio? A gente está vendo essa confusão toda acontecendo com a Igreja." Tal... Aí ela olha pro Carlos Evaristo e fala assim: "Eu não entendo o que ele disse, mas ele falava português
porque ele era brasileiro." Aí ela fala assim: "Mas o português dele não é português de Portugal." A desculpa dela para dizer que não está entendendo, para não ter que responder as perguntas, que são meio forçadas, né? Vamos comentar um pouco dessa consagração do João Paulo I, que tem uma versão de que ele queria fazer a real consagração e foi forçado a não fazê-la. É verdade isso ou não? Sim, isso é o que ele diz, né? Na realidade, a não consagração... veja bem que nós temos aqui uma interpretação de Fátima de que o problema é o
comunismo. João Paulo I, né, tinha que lutar contra o comunismo, etc. Então seria um motivo político. Mas veja que, nessa situação, o Papa João Paulo II estava completamente decidido a eliminar o comunismo soviético do Leste Europeu, varrendo isso. Então, o fato de ele não mencionar a Rússia explicitamente nessa consagração foi por uma questão ecumênica, uma questão religiosa. A questão ecumênica: ele não queria ofender a liberdade religiosa, entende? E então ele não faz a menção à Rússia. Ele vai dizer que fez do coração dele, mas o fato é que ele não faz a menção à Rússia
nessa consagração. E não faz não é por causa da questão do comunismo, é por uma questão de ecumenismo. É questão de ecumenismo. E veja que todo o projeto do terceiro segredo alinhado à luta anticomunista do João Paulo II já estava desenhado desde o momento do atentado que ele sofreu em 13 de Maio. Já estava desenhado e ia se confirmando, né? E vai gerar alguns problemas porque, veja, quando ele faz essa consagração em 1984 da Rússia, que não menciona a Rússia, a irmã Lúcia e a Maria do Fetal, que se não me engano era a sobrinha
dela, vão dizer que essa consagração não foi completa porque faltou a palavra Rússia. Em 1990, elas vão mudar de opinião, quer dizer, vão dizer que foi aceita por Deus. Agora, por que houve essa mudança? Essa mudança foi orientada pelo Vaticano, porque em 1989 estava evidente que a luta do João Paulo I contra o comunismo tinha finalmente surtido efeito. Porque, veja, caiu o Muro de Berlim, em seguida, a Polônia vai se libertar do comunismo. O Lech Wałęsa vai virar presidente da Polônia e, em 1991, a União Soviética não dava para antecipar, né, que o João Paulo
I era o Papa de Fátima antes desses fatos terem se configurado historicamente. E é por isso que a entrevista com a irmã Lúcia e Carlos Evaristo vai ser feita em 92, 93 depois. E aí já se pode contar a história, né? Então, de fato, João Paulo II era o Papa de Fátima. Entende? Quando, na realidade, se você for olhar retrospectivamente, por que João Paulo I seria o Papa de Fátima? Um papa que fez tudo contra a Igreja Católica, e, na realidade, a grande pedra de tropeço nesse projeto todo de João Paulo I como o Papa
de Fátima era, de fato, o Marcelo Lefebvre. Porque era Marcelo Lefebvre que dizia da apostasia que estava acontecendo dentro da Igreja, no cume da Igreja. E Dom Marcelo Lefebvre tem isso muito claramente a partir de 86, com o encontro de Assis. O encontro de Assis foi tão monstruoso que ali se configura o catolicismo de Israel, que estava prefigurado pelo Elias Beareseg. Então, veja, esse aí é o plano de fundo. Agora, o que eu esqueci de mencionar aqui é o complô contra a Igreja que acontece durante o Concílio Vaticano II. Então, nós mencionamos o encontro do
João XXIII com o Giz Isa. Agora, tem um outro personagem importante nessa história que é o Cardeal Agostino Béa. Cardeal Béa, quando João XXIII deu início aos esquemas preparatórios, ele nomeou Cardeal Béa para ser, né, o chefe da questão ecumênica. É durante esse período aí que o Cardeal Béa vai a Nova York e encontra-se com Abraão Joshua Heschel e o Comitê Judaico Americano. E no meu livro tem um capítulo sobre isso chamado "Operação Judite: O Holofernes." Né? O Papa... Capítulo 18, "Operação Judite: Paulo VI e o Novo Holofernes." Isso eu faço uma brincadeira, aí, que
eu lembro que o professor Fedeli falava da Operação Judite, se referindo à TFP e aos aratos do Evangelho, né, como sendo um golpe final contra Roma, e o papado passaria, né, para esse delírio. Então, mas isso de fato acaba acontecendo durante o Concílio, porque esses encontros secretos que acontecem com o Cardeal Béa vão ter como resultado a declaração Nostra Aetate. Então, veja que a declaração é uma declaração do Concílio. Uma coisa qualquer, porque os documentos do Concílio são documentos para a Igreja, para o povo católico. A declaração é para o mundo todo, e essa declaração
seria: "No princípio das negociações é atendendo às exigências de Júlio Isaac nos pontos Silberg", que seriam resumidos em dois pontos, ou seja, os judeus seriam isentos da acusação de deicídio e, depois, os judeus não precisariam mais, a Igreja não precisaria mais lutar ou, pelo menos, pregar a conversão do povo judeu. E aí que acontece esse documento escandaloso chamado Nostra Aetate. A princípio, seria só entre a relação da Igreja Católica com o judaísmo, mas, por uma questão diplomática, isso acabou envolvendo os países árabes também. Na ocasião, teve que incluir a religião islâmica e, depois, o budismo
entra também para dar uma... né? Mas veja, no final das contas, o que fica determinado nesse documento é exatamente aquilo que o M previa, ou seja, que vai dar corpo à chamada religião de Noé. Veja, o judaísmo permanece sendo o povo eleito; a Aliança nunca foi revogada. A antiga Aliança nunca foi revogada, portanto, eles são os irmãos maiores na fé e permanecem com o caráter sacerdotal e de juiz. Isso aqui é extremamente grave; é extremamente grave, porque nós sabemos que o que confere caráter sacerdotal a uma religião é o templo, é onde acontece o sacrifício.
E é por essa razão que a Igreja Católica tem esse caráter sacerdotal. Por quê? Porque ali acontece o sacrifício da missa. Isto vai explicar a origem da Missa Nova mais adiante. Por que a missa não pode mais ser um ato sacrifical e sim uma Ceia do Senhor? Porque a prerrogativa de ato sacrifical passa de volta ao povo judeu. E aqui, Marcelo, eu abro um parêntese para falar sobre essa questão da religião de Noé, que é o fundamento dessa história toda. A ideia de que chegou o momento em que essa questão do Concílio Vaticano II era
uma etapa para isso. Uma vez concluída, abriram-se as possibilidades, né? Porque, se o povo judeu e a Igreja Católica reconhecem como eles, tendo ainda o caráter sacrifical e de juiz, significa que as portas para a reconstrução do terceiro templo estão abertas, né? O que vai garantir a eles essa retomada do sacerdócio é justamente a existência do templo, e eles haviam perdido isso desde que os romanos destruíram o segundo templo no ano 70. Por isso, a religião judaica caducou, né? Sem sacrifício, sem templo e sem sacerdócio. Uma vez reconstruído o templo, aí retoma essas funções, né?
Só que não é só isso. Aí entra também a função de legislador, porque se eles são o povo eleito por Deus, querido por Deus, inclusive Marcelo, nessa entrevista do Carlos Evaristo, a irmã Lúcia diz isso também, a Lúcia, que o povo judeu continua sendo o povo querido por Deus, né? Repetindo a Nostra Aetate. Então, veja, eles retomando essa prerrogativa de sacerdócio, eles vão reclamar isso exclusivamente para eles. E o que resta do catolicismo? Aí entra a outra parte de Nostra Aetate para dizer o seguinte: que o catolicismo doravante está junto com as outras religiões, budismo,
hinduísmo, aproveitando o que tem de bom em cada religião a serviço da Fraternidade Universal e da paz mundial. É isto que vai se resumir ao catolicismo a partir daí. Então, esta declaração, Nostra Aetate, é extremamente grave. E como isso foi construído dentro dos bastidores, dos encontros secretos entre o Cardeal Beia e o Joshua Reel, então a história toda está nesse capítulo do Holofernes, né? Porque o golpe final se dá ali por volta do mês de setembro-outubro, no último encontro, quando Reel vai a Roma encontrar-se pessoalmente. Ele consegue essa audiência com o Papa Paulo VI, na
qual estava presente o Cardeal Cinque. E nessa última entrevista que ele tem com o Papa Paulo VI, fica mais ou menos desenhado, né? A aprovação desse documento chamado Nostra Aetate. O grande empenho disso se deu com o Cardeal Austin Beia e com o Arcebispo de Boston, Richard Cushing. Depois, se quiserem, podem pesquisar a história desse Arcebispo de Boston. Ele foi o primeiro que recebeu uma homenagem pública da maçonaria da Bai Brith em Nova York, e era ele que fornecia todo o equipamento necessário para que os teóricos e peritos do Concílio Vaticano II tivessem. O Márcio
Lefèvre menciona ele no livro "O Liberalismo: Apostasia", quando Dom Lef fala e mostra a total disparidade entre o poder de mídia que os progressistas tinham e os "Tetos Internacionais", que tinham, sei lá, umas três, quatro máquinas de escrever e alguns funcionários que estavam trabalhando para digitar documentos, enquanto existia toda uma máquina mediática comandada pelo Cardeal de Boston, que esteve presente com Beia nesses encontros para poder trazer essa declaração que muda a história da Igreja, a declaração Nostra Aetate. E aí sim, abrem-se as portas para a ideia de Noé. Porque veja, essa ideia da religião de
Noé já vem desde Maimônides. Maimônides pregava que havia uma religião exclusiva do povo judeu, que era a Torá e as leis de Moisés, e os não judeus deveriam seguir as leis de Noé. Então, essa história de que Deus deixou uma legislação específica para Noé não é bíblica; isto é coisa específica do Talmude, mas Maimônides defendia essa ideia de que a humanidade deveria sim possuir um código jurídico de leis naturalistas, mas que enquadrasse nos preceitos básicos para que houvesse uma convivência. Pacífica entre a humanidade, o grande promotor dessa ideia da religião de Noé vai ser o
movimento rabá lubavitch, que vai fazer uma interpretação da Cabala luriana e vai aplicá-la ao mundo a partir do final do século XVII, século XIX e século XX, principalmente. Eles têm uma tradição dinástica de rebs; re é a palavra em ídiche que significa rabino, e rabino significa o mestre, né? Isso é o mestre. Então, você tem ali uma sequência dinástica de rebs que vai culminar com o sétimo reb, que foi Menachem Mendel. Eles migraram da Rússia branca para Nova York, e por isso, no meu livro, eu faço essa associação dos rebbe da Rússia ao lubavitch. Para
se entender isso, precisa entender teologicamente o pensamento de lubavitch e a aplicação que eles dão da Cabala. Isso tudo, a ideia de que as fontes precisam transbordar e se espalhar pelo mundo. Então, seria necessário aqui mais uma hora de entrevista para a gente poder falar. Muito obrigado, sua voz já melhorou bastante, e não está aquecido. Mel, temos perguntas? Mateus, vamos lá. O Marco Antônio mandou assim: "Professor, fale sobre os dentistas da irmã Lúcia, se puder falar ou só no livro." Sim, exatamente. Todos os dentistas que foram consultados por Cister and Citru, inclusive por mim também,
que eu também fiz um levantamento disso com alguns cirurgiões dentistas, todos me afirmaram e nos laudos consta isso: uma prótese dentária não seria suficiente para explicar as transformações, principalmente no mento, esse osso aqui que a gente chama de queixo, né? Então, veja, se ela tivesse, e de fato ela tinha, problema com a sua dentição, o que provocou uma doença, e foi necessário de fato a extração dos dentes dela. Mas a gente observa nas fotografias, principalmente a fotografia de perfil, a gente percebe que o mento, do queixo dela, da mandíbula, é retrognato; ele é para dentro,
tá? E o outro é projetado pra frente, é prognático, né? Então, o mento do queixo da Lúcia 2 é prognático, e isso só seria possível por uma cirurgia onde se colocasse, né, a fragmento de osso e colocasse um enxerto para produzir essa mudança. Uma mulher jovem não evoluiria para um quadro desse. Por exemplo, tem fotos da irmã Maria das Mercês, que foi a madre superiora do convento de Coimbra, da década de 50 até o ano 2000; você percebe a mesma pessoa, só com o processo de envelhecimento, mas nada que isso é muito fácil de se
verificar em fotos de pessoas famosas. Você pega lá, por exemplo, um Frank Sinatra jovem e Frank Sinatra idoso, você percebe a mesma pessoa, só envelheceu. Você não vai dizer que mudou, né? No caso da irmã Lúcia, essa modificação no queixo não se explica por uso de prótese dentária. Também, exatamente por isso, eu fiz a escultura. Eu fiz duas esculturas: uma escultura da Lúcia jovem e da Lúcia 2, para mostrar exatamente essas transformações que não podem ser explicadas por uma prótese dentária. Todos os dentistas foram unânimes com relação a isso, né? Era impossível que uma dentadura
provocasse uma mudança estrutural na parte óssea. Jocelino Silva, sim, Jocelino é meu ajudante, trabalha comigo no livro; ele que é o meu diagramador. Então, tá aí, Jocelino, um abraço para você. Isso, abraço, Jocelino. Mas uma pergunta do Rodrigo. Essa: "Professor, existe alguma relação de José Maria Escrivá no caso da irmã Lúcia?" Então, havia uma relação entre o... veja bem, o Opus Dei foi algo que saiu inteiramente da cabeça do José Maria Escrivá, é certo? Se houver, alguma coisa porque existiu um José Maria Escrivá. O que acontece é que há registros. Tem um livro muito interessante
da Catarina Guerreiro, uma autora portuguesa, que escreveu sobre o Opus Dei, onde ela conta essa história em que o Opus Dei se iniciou em Portugal, em Coimbra, e para que o Opus Dei conseguisse se estabelecer em Portugal, foi necessária a ajuda da irmã Lúcia. Isso está, né, nos historiadores do Opus Dei. Conta essa história de que, quando a irmã Lúcia, em 1939, na Espanha, recebeu uma visita do José Maria Escrivá. Isso é verdade, ela recebeu mesmo; eu não posso afirmar categoricamente isso. Está nos historiadores do Opus Dei, não de alguma coisa no diário dela, nada.
Pelo contrário, no meu livro, eu aponto que não existe nenhuma linha sequer do diário da irmã Lúcia falando sobre essa relação dela com José Maria Escrivá. São os historiadores do Opus Dei que contam isso, e que a irmã Lúcia teria conseguido a ajuda para que o Opus Dei se estabelecesse em Portugal. O Opus Dei começa em Portugal exatamente em Coimbra. Em Coimbra, tem a Universidade de Coimbra, e o Opus Dei vai convocar os seus adeptos a partir dessas organizações, né? Eles querem formar uma elite intelectual e o centro operacional do Opus Dei primeiro se inicia
em Coimbra. É curioso porque, quando a irmã Lúcia manifesta o desejo de se tornar Carmelita, ela pensava em se tornar Carmelita no Carmelo de Viana do Castelo, no Porto, ou em Fátima, e em Coimbra, era uma opção que ela não pensava, porque o Carmelo de Coimbra, embora fosse um Carmelo do século XVIII, ficou desativado. Desde a proclamação da república em Portugal, no início do século XX, até 1946, ele só foi reaberto em 46, já por influência do Opus Dei. É interessante que quem dá a ordem para a irmã Lúcia, quem dá a permissão dela se
tornar uma freira carmelita, é o Montini, o secretário do Pio XII. A assinatura é dele no documento de transladação dela para o Carmelo, e é ele que determina para ela ir para Coimbra. Ela fica surpresa na ocasião, e isso se dá no momento em que ela está fazendo todo o tratamento dentário dela. Então, existe uma relação, sim, entre Opus Dei, Coimbra, Carmelo de Coimbra, né, e Vaticano, sobretudo o Vaticano João Paulo II. P.S.: João Paulo II, que é quando o Opus Dei se torna mais proeminente, né? Então, eu penso que se uma operação para substituir
a irmã Lúcia fosse de fato feita, o Opus Dei teria todas as condições de ter atuado nisso. Os membros do Opus Dei em Coimbra, em Portugal e no Vaticano teriam todas as condições para terem feito isso. Eduardo Lates pergunta: sumir com a irmã Lúcia verdadeira foi uma manobra para abafar o Concílio, consequentemente, a apostasia do clero? Chegamos no tempo da abominação da desolação em lugar santo. Exatamente, eu penso que o segredo de Fátima, o terceiro segredo de Fátima, é justamente sobre a apostasia. Quando Nossa Senhora disse que a Rússia espalharia os seus erros pelo mundo,
ela está avisando que estamos na iminência da grande apostasia. Então, veja: a Sagrada Escritura, tanto nosso Senhor Jesus Cristo como São Paulo, dão como sinal da vinda do anticristo a grande apostasia. É o sinal da vinda do anticristo, ou seja, haverá um momento em que a fé teria sido propagada por todo o mundo, e haveria uma perda de fé tanto das nações quanto da hierarquia da Igreja. Isso está perfeitamente de acordo com o Apocalipse, né, que o capítulo 12 do Apocalipse começa exatamente falando sobre a apostasia. O dragão persegue a mulher e depois ele vai
com a sua cauda às estrelas do céu e as lança sobre o chão. É o sinal claro de apostasia. Então, depois da apostasia, o próximo evento é o anticristo. O próximo evento, após a grande apostasia, é o anticristo. Então, a mensagem de Fátima, o fechamento da mensagem de Fátima, é exatamente sobre isso: haverá apostasia; depois da apostasia não há outro caminho a não ser o anticristo. Nossa Senhora fez uma intervenção na história para evitar que se chegasse a essa grande apostasia e, por isso, o segredo deveria ser revelado em 1960 para evitar o Concílio. Essas
são palavras do próprio Hinger ao padre Dolinger, porque, segundo ele, o Concílio falava sobre um mal Concílio e uma má missa. Foram justamente as duas coisas que aconteceram. O que é a mesma coisa que o então Eugênio Pacelli leu exatamente e falou que ia mudar a fé, a missa etc. Exatamente. Quando a gente estuda o que foi o Concílio Vaticano II, a dimensão e as consequências disso tudo, que são muito visíveis hoje, a gente percebe que foi, de fato, a grande apostasia. Quanto à questão da abominação da desolação, este é um termo usado pelo profeta
Daniel. E, segundo a interpretação de São Jerônimo, que eu acho que é a que fecha melhor isso, ele diz que esta profecia de Daniel, que nosso Senhor repete quando anuncia o sinal da sua segunda vinda, se cumpre quando o Pôncio Pilatos coloca uma estátua do César ali no templo de Jerusalém e depois, onde ficava o templo, vai se colocar uma estátua do Imperador Adriano, onde ficava o Santo dos Santos. Então, na interpretação de São Jerônimo, a abominação da desolação é o culto ao homem; é você colocar o homem no lugar de Deus. E, quando a
gente estuda o Concílio Vaticano II, a gente entende que o Concílio Vaticano I foi exatamente isso nas palavras do próprio Paulo VI, quando ele diz: "Nós também temos o culto ao homem, na religião de Deus que se fez homem, encontrou com a religião do homem que se faz Deus." Exatamente. A palavra-chave para entender o Concílio de Vaticano II é o humanismo, que Paulo VI chamava de humanismo católico. Ou seja, o padre Caldeirão expõe isso no livro "Prometeu". A religião do homem, que a religião do Concílio Vaticano II, é o culto ao homem. Daí ele usa
a figura do Prometeu, a figura mítica do Prometeu, que foi aquele titã que roubou o que era devido a Deus para dar ao homem. Então, tira-se o culto a Deus e cultua-se o homem. Assim, a essência do culto pós-conciliar é o humanismo, é o culto ao homem. Por isso, a comunhão não pode ser de joelhos e na boca. Por quê? Porque o que está se celebrando ali é a grandeza do homem; o homem não pode se rebaixar, se ajoelhar para receber uma coisa que é devida a ele por direito. Segundo a doutrina da nova teologia,
a graça que Deus dá ao homem, Deus dá porque é uma obrigação de Deus para com o homem. Mais alguma coisa? Antônio mandou aqui: também tem de ter docilidade em querer enxergar a verdade, ver que o Concílio Vaticano II foi um golpe. Deixarmos de sentimentalismo junto à Igreja Conciliar eclipsada, pois de fato foi. Agora, a questão é que muitos autores que estudam a história do Concílio Vaticano II entendem que o Concílio Vaticano II foi um golpe que se deu durante o Concílio. E eu acabei de expor aqui nessa nossa era. Uma conspiração anterior já se
vinha pensando nisso. Parece bem mais claro que era uma coisa anterior isso desde o século XIX. É que já havia esse projeto de transformar o catolicismo de Roma no catolicismo de Israel. E, se você pegar no meu livro, eu exponho toda a doutrina, né, do Rabal Bavit, do principalmente de Mel Scherson. Você vai ver como que essa ideia de interiorizar a ação da Torá, porque para eles, né, a interiorização da Torá é mais importante do que a tradição, do que a revelação. A revelação é algo que foi dado, mas o mais importante é o que
o homem pode extrair, né, do desenvolvimento dessa revelação, que consiste no entendimento interno da Torá. A gente percebe que a ideia de tradição viva da nova teologia vai buscar fonte nisso, né? É por isso que esses peritos do Concílio, como por exemplo Delar, eram cabalistas, tinham uma ascendência intelectual cabalista. O próprio João Paulo I, no meu livro, tem todo um histórico dele das relações com a fenomenologia. São quantas páginas, professor? 400 páginas? Ótimo! Muito bom! Mais alguma? Dá tempo? Daria. Seria Dom Lefebvre. Assim que se fala. Não, Dom Lefebvre é o Bispo de branco que
salvou a Igreja. Pois bem, existe no terceiro segredo de Fátima um texto, e existe uma interpretação oficial dada pelo Cardeal Sodano, e existe o texto teológico, que é um comentário feito pelo Hinger, né, para endossar teologicamente aquela interpretação do Sodano, que é absurda, né, de dizer que o texto do terceiro segredo de Fátima é referente ao atentado que João Paulo I sofreu. Então, eu faço uma interpretação possível do terceiro segredo analisando os elementos. Então, quais são os elementos do terceiro segredo revelados pelo Vaticano em 2000? Nós temos o Anjo, nós temos Nossa Senhora, nós temos
Deus, que é visto como num clarão, uma luz, depois como num espelho, pessoas que passam, e um bispo vestido de branco, que tivemos o pressentimento que era o Santo Padre. Depois, ele sobe uma colina passando por um monte de cadáveres. E, finalmente, ela já não fala mais 'Santo Bispo vestido de branco'; ela já se refere como Papa e chega no pé de uma cruz tosca, feita como que de sobreiro, com a casca. E ali, são abatidos por disparos e setas. Então, as almas das pessoas que vão sendo abatidas ali, fiéis, religiosas, padres seculares, bispos, vão
subindo para o céu e são regadas pelos anjos que estão nos braços da cruz com um cálice de cristal, regando com o sangue dos mártires. Então veja, a minha interpretação, usando como chave de interpretação o próprio Apocalipse, a linguagem apocalíptica, a gente entende que, por exemplo, o Bispo vestido de branco pode representar a ortodoxia, porque o branco é a pureza da doutrina, o cinza é a confusão pela heresia, e o negro é a falsa doutrina. Então, se você vê um bispo vestido de branco, só vai haver um bispo que vai resistir à apostasia generalizada. E
é por isso que também uma outra interpretação que ficou, que alguns fizeram de um Papa, né? Eu interpreto. Porque senão, eles falaram assim: 'Quando teve a visão, nós tivemos a impressão que era o Papa, era então o Bispo vestido de branco.' Ora, uma pessoa que você acha que é o Papa e que está vestido de branco, você não dá o nome de Papa. Pode ser um antipapa. Na minha interpretação, elas pensam que é o Papa porque um bispo que veste branco é o Papa, mas, no entanto, ali, elas identificam sempre apenas um só vestido de
branco. Por isso, elas pensaram que era o Papa; ou seja, um único bispo defendendo a ortodoxia da fé. E por que esse Bispo vestido de branco não é um antipapa? Porque ele caminha e passa por uma cidade em ruínas, sobre cadáveres. Esse aqui é um dado interessante porque o Cardeal Sodano interpretou esses cadáveres como os mártires que morreram, mas veja bem o seguinte: a palavra 'cadáver' na Sagrada Escritura é utilizada para perda de fé. Uma coisa é um corpo morto, outra coisa é um cadáver; quando fala 'cadáver', é porque perdeu a fé, né? Pessoas que
perderam a fé. Então, o Bispo de branco passa rezando por essas almas. Entendeu? Ora, se são mártires, por que tem que rezar por eles se eles já estão no céu? Então, estão rezando por eles porque morreram sem fé. E depois eu penso que a segunda parte já se refere ao papado, ao ataque ao papado. Então, esse Bispo vestido de branco, eu penso em Dom Marcelo Lefebvre como o Bispo do século XX, né, que resistiu. E depois, na parte em que o Papa é abatido aos pés da cruz, ela fala em tiros e setas. Aqui é
interessante porque a setas é que é o enigma da questão, né? Mas, na realidade, nos desenhos ou na pictografia dos antigos, as setas indicam palavras. Mais ou menos, hoje, quando a gente lê uma história em quadrinhos, são os balõezinhos, né? Na pictografia antiga, são setas. Setas indicam palavras. Então, os ataques contra a fé partindo, né, de heresias, de doutrinas que não são católicas. E uma coisa interessante é que essa cruz, ela é feita com... Descrição: É como se fosse de sobreiro. A casca do sobreiro é uma árvore muito comum em Portugal; a casca é utilizada
para fazer cortiça, que faz a rolha do vinho. Isso é, e é praticamente impermeável ao fogo. Ela sempre sobrevive aos grandes incêndios, então é refratária, né? Mas isso é interessante. Essa descrição é muito interessante, pois ela fica refratária. Então, ao referir-se ao mal, aos erros, aos pecados, né? Perfeito! E depois, estes sim que morrem... aí morrem como mártires. Mas são mártires não de maneira cruenta; eles são mártires porque morreram mártir espiritual, né? E, para entrar no céu, eles são banhados com o sangue dos primeiros mártires. Então, essa interpretação é uma interpretação que eu faço, é
possível que eu ache que é mais verossímil do que a que o Vaticano apresenta. Claro, do Vaticano não dá para encerrarmos. Deu tempo, então tá bom. Muito obrigado, Professor Carlos! Foi uma conversa aqui muito boa. Muito obrigado, Marcelo! Obrigado pelo convite e comprem um livro, é! O livro vai ser muito bom, tô curioso para lê-lo. Agradeço a todos aí que nos acompanharam. Obrigado!
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