em seu livro A crise da narração Ban argumenta que muito do que nós vivemos hoje da falta de identidade falta de propósito e até esse sentimento constante de aceleração da vida e do tempo tudo isso tem a ver com como nós narramos a história ou melhor como nós não estamos narrando a nossa história R vai argumentar que nós perdemos ao longo do tempo a habilidade de nos colocar em uma história que traga sentido à vida e que hoje em dia a gente tá Solto No vazio Sem uma narrativa Vamos à Análise do livro muito tempo
atrás a vida ela podia ser comparada a uma espécie de quadro pintado era algo estático o quadro ele tá ali ele não se mexe ele não vai a lugar algum ele não se modifica tempos atrás essa vida ela era marcada por um ritmo circular estático mas em um ritmo circular ela se repetia em movimentos lentos pensem nas estações do ano por exemplo elas que marcavam o ritmo não havia pressa pois não havia algum lugar a ser alcançado algo a ser atingido algo a ser aperfeiçoado a vida ela simplesmente estava ali pintada todos os elementos estavam
ali já compondo o quadro era só viver não faltava nada o ritmo do tempo vamos pegar as estações que a gente falou verão outono inverno Primavera é algo lento é algo contemplativo cada estação também tem o seu aroma que o bicho rang vai chamar o Aroma do tempo vai ser o tema de um outro livro tem o seu propósito percebam o verão por exemplo traz vitalidade o outono é época de colheita de reflexão o inverno por sua vez o descanso e a introspecção a primavera traz o renascimento a fertilidade então nessa época não havia relógio
marcando o ritmo e a produção a própria relação que nós tínhamos com trabalho era diferente hum eh era quanto fosse necessário para as nossas necessidades como abrigo alimento Não mais do que isso qualquer excesso era visto como perda de tempo então o tempo ele é feito para se aproveitar descansar jogar brincar cantar dormir enfim viver em alguns momentos quando necessário recursos trabalhar com o cristianismo ainda em alta e presente na maioria da vida dessas pessoas que viviam nessa época ao menos no que se trata de história ocidental que é o que nós estamos falando aqui
essa vida de repetições em suas formas a gente sabia pela história cristã De onde nós viemos para onde nós vamos sabíamos também Qual que é o Nosso propósito nessa terra Então tava tudo percebam tudo muito bem amarradinho hum esse quadro pintado cada dia do ano tinha uma comemoração de um santo um evento específico da história cristã conforme o calendário né a gente tem a pcoa quaresma o natal o que faz com que todos esses dias ganh então propósito tenham algum tipo de significado no lendário tudo isso dava as pessoas ancoragem essa palavrinha é importante ancoragem
algo a se apoiar a ancoragem ela abre uma brecha no tempo através de uma narrativa a ser vivida o tempo percebam ganha significado tá então Independente de você questionar a veracidade ou não desses fatos religiosos ah Fernando eu não acredito em Jesus né Ah eu sou ateu isso pouco importa o que nós estamos falando aqui não é de Jesus em si ou Buda ou quem quer que seja o que que nós estamos falando e o que importa é o propósito que era dado e vivido através desses personagens propósito dado vivido na experiência humana no dia
a dia das pessoas tá bé Estou documentando como era Independente de achar se era bom se era ruim se é certo se é errado Tá bem então a vida ela era assim dada um roteiro vim de determinado local meu propósito na terra é esse Quando eu morrer eu vou para esse outro local as estações marcavam o ritmo circular a vida tá ali acontecendo sem precisar eu tá me aprimorando correndo para alcançar algum lugar né não existia nem a ideia de ascensão social muito bem estabelecida a vida não começava depois que eu ten um diploma um
emprego x y z a vida já tava começando já tava rolando já tava acontecendo a vida já estava sendo experienciada boa é ou ruim como eu falei é outra questão mas estava sendo vivida com propósito até a dor e a perda nesse tipo de sociedade tinha uma uma narrativa de ser um porquê de ser que tornava essa experiência aceita e até tolerável e tudo isso tem a ver com sentido e significação que nós vamos ver ao longo dessa explanação do livro A crise da narrativa tudo isso tem a ver com narração portanto narração de uma
história para nós mesmos bom chegou-se uma época em que Deus foi devagarinho perdendo esse Trono de ser o centro da vida das pessoas né e e o espaço que ele ocupava foi diminuindo pra maioria das pessoas assim como a sazonalidade perdão essa pintura circular né que nós mencionamos marcada pelo ritmo natural das estações os ciclos repetitivos dia sol noite sol noite verão outono inverno as voltas né que a terra dá é sempre pensar tem um ritmo tudo isso foi sendo alterado a medida que nós fomos avançando no tempo se nós pegarmos Hoje em dia a
modernidade pós-modernidade nós não respeitamos mais esse ritmo circadiano tá a eletricidade por por exemplo ela transforma a noite em dia o relógio ele compassa o tempo mas o relógio a formato Apesar de ele tem um formato circular nã esse relógios de pulso né que que que gira em torno de si o tempo que ele marca ele é linear uma linha reta sempre avançando na batida da produção hoje em dia né Sempre nós estamos hoje com a sensação de perda de tempo o tempo Deixa de ser vivido e ele começa a ser mensurado e aqui tem-se
uma mudança tá aquela época nem relógio existia hoje nós mensuramos o tempo e corremos atrás do tempo o tempo começa a ser otimizado não otimizar tempo começa a significar perder tempo então hoje ganha-se um caráter de utilidade que antes não existia mas hoje o ser humano precisa útil produtivo em relação ao temp e o cristianismo Hoje não tem o mesmo peso ou não é pregado com o mesmo vigor que antigamente era por seus Devotos o sentido ele foi se perdendo se esvaindo pelo ralo né então na pós-modernidade a gente foi e começou na modernidade a
gente foi alterando essa lógica de pintura esttica né aquela coisa ali paradinha circular que se repete vida dada isso foi se alterando niet foi um filósofo que pegou muito bem essa ideia na passagem o homem louco do seu livro h e ciência ele ilustra a preocupação com a morte de Deus que Deus simboliza essa questão Deus Cristão simboliza essa questão do quadro estático que eu tô falando do Propósito De onde viemos Para onde vamos qual que qual que é a moral qual que é os costumes né O que que eu posso fazer o que que
eu não posso niet tinha essa preocupação quando ele fala da morte de Deus tá não é o Deus barbudo que tá lá literalmente foi alguém lá e atirou em Deus não essa representação que tem a moral e os costumes cristãos que é a religião talvez mais eh difundida no nosso ocidente né em poucas palavras ele dizia gente se a gente tirar Deus do centro que até agora guiou as nossas vidas seja pelo bem seja pelo Mal tínhamos um norte né uma explicação das coisas que que vai acontecer essa é a pergunta de niet aqui tá
a passagem que eu falo a respeito de niet né que eu comentei da Gaia ciência nunca ouviram falar do louco que acendia uma lanterna em pleno dia e corria pela praça gritando eu procuro Deus eu procuro Deus mas aqueles que não acreditavam em Deus ficavam rindo e diziam ué mas ele tá perdido tá uma criança Será que ele tá se escondendo Será que ele tá com medo de nós terá Deus viajado o louco então gritou Para onde foi Deus que vos direi nós o matamos vós e eu somos todos os seus assassinos mas como fizemos
isso como que nós esvaziamos o mar como que nós apagamos o horizonte como tiramos a terra de sua órbita Para onde vamos agora não estamos sempre caindo para a frente para trás para os lados mas Haverá ainda um acima um abaixo não estaremos vagando através de um infinito n Então percebam nesse nesse trecho muito poético de niet né niet além de ter uma filosofia muito profunda também escreve de uma forma muito bonita traz uma preocupação muito grande com tirado Deus do Trono todos os costumes os hábitos que nós tínhamos que que vai acontecer ele fala
como que apagamos o horizonte como é que conseguimos tirar a terra de sua órbita em outras traduções diz como é que conseguimos desvencilhar a terra do seu sol que que vai acontecer agora né percebam pela primeira vez estamos livres leves e soltos não é preciso mais respeitar nada nem as estações nem a noite nem o dia eu posso pecar nã não tem mais opressão não tem mais limites se anoitecer eu ligo a luz entende é não não não não preciso mais respeitar esse ritmo da natureza e das coisas que que vai acontecer ao Passo Da
Morte de Deus começou a surgir um outro fenômeno ou em paralelo a ou por causa D né que foi a ciência a ciência foi devagarinho ganhando seus seguidores ganhando seguidores que antes Talvez seguiam Deus né foi fazendo o seu campo ganhando ali público muito tutelado pelo progresso inegável que ela conseguiu e costuma trazer né Progresso material em termos de saúde etc no contexto que nós estamos falando pensem por exemplo Galileu a terra não é o centro do universo pensem a descoberta de Darwin a evolução das espécies onde homem o homem perdeu a importância a centralidade
nesses eventos Nós não estamos mais no centro de universo com Galileu e Darwin disse o homem é um acidente como outro qualquer ele tá perambulando aleatoriamente a terra ele não é um ser único especial tanto quanto é uma formiga ou um elefante é tudo produto de uma multiplicação celular a em que uma coisa meio que eh evolui PR outra mas aleatório randômico tudo isso faz com que haja uma quebra de significado e de narrativa na existência humana algo que até então nunca houve sem precedentes de uma hora para outra na existência Nós deixamos de ter
importância nós rasgamos o manual de instruções nós matamos Deus niet tá dizendo o seguinte E aí matamos Deus beleza e agora essa passagem que eu li para vocês da G ciência é isso nós matamos Deus e agora novamente entendam Deus como os costumes moral normas de toda uma época tá bem Abstrai esse conceito não é um senhor barbudo sentado em cima do Manú nós rasgamos tudo isso e agora bem dentro da filosofia de niet o que ele vai propor é o seguinte gente vamos criar nossos próprios valores então com liberdade já que nós temos Liberdade
Vamos criar nossos próprios valores não precisa de alguém dizendo Quais são esses valores vamos criar os nossos próprios que ele chamou na filosofia dele de o Além homem já que não tem mais manual cada um cria o seu cada um pode buscar o que é melhor para si dentro de si o homem agora é algo a ser superado esse homem ordeiro que obedece que precisa ser liderado esquece vamos criar algo além do homem vamos todos liderar a nós mesmos essa era a proposta nitian já dostoyevski se preocupou muito dostoyevski outro filósofo né Russo se preocupou
muito com essa tal liberdade e com o rumo que as coisas tomariam a partir da morte de Deus esse Deus conceitual de costumes hábitos etc né ele de certa forma pregava que o ser humano precisa sim de orientação e que o ser humano não tem forças por si só para caminhar sozinho por aí ele discorda de niet em relação a isso tá apesar do Steves que veio antes de niet né mas ele discorda no propósito de que o ser humano conseguiria criar seus próprios valores Hum isso aparece em sua frase famosa se Deus está morto
tudo é permitido no grande inquisitor que é um capítulo também de um livro muito famoso do romance os irmãos karamazov obra prima de dostoyevski tá nesse capítulo grande inquisitor Ivan karamazov narra uma parábola pro irmão dele que se chama irmão mais novo que se chama aliosha né eu vou ler a parábola que ilustra a preocupação de dostoyevski com tudo isso que tava acontecendo com a saída de Deus do Trono o vazio que ficava e o que queria acontecer Vamos à parábola A história né ela se passa em Sevilha durante o auge da Inquisição A inquisição
foi uma eh instituição vamos dizer assim estabelecida pela igreja católica no fim da Idade Média destinada a identificar julgar e punir heresias e outros crimes contra a fé cristã tá então a história se passa em Sevilha durante o auge da Inquisição Num Episódio que Jesus Cristo retorna à terra ele volta pra terra e começa a realizar milagres novamente como ele fez na primeira vez né daquela famosa história bíblica etc né e começa a atrair atenção e a AD oração das pessoas então ele volta em um segundo momento Jesus retorna à Terra Imaginem isso n segundo
momento Jesus retorna à Terra novamente e começa a fazer novamente Milagres atrair atenção de pessoas e tudo isso no entanto ele é rapidamente preso pelo grande inquisitor que é um velho Catedral que reconhece que é Jesus que tá ali pregando esses Milagres pega prende ele e o Condena à morte rapidinho prende ele antes que mais pessoas comecem a seguir ele na cela o grande inquisitor visita Jesus e explica porque que ele deve ser executado o inquisitor argumenta que a liberdade que Jesus trouxe ao mundo na sua primeira passagem Liberdade nesse caso refere-se à liberdade espiritual
e moral né porque Jesus ensinou que cada indivíduo tem a capacidade e o direito de fazer escolhas sobre sua fé suas ações seu próprio rel io com Deus sem a necessidade de intermédios ou instituições que ditem essas escolhas sem uma igreja que diga o que tem que ser feito né e o grande inquisitor diz que essa liberdade é um fardo insuportável pra maioria das pessoas então o inquisitor prende Jesus porque ele diz o seguinte ah ah ah aqui não o inquisitor acredita que a igreja ao contrário de Jesus ela precisa operar para oferecer segurança e
Ordem ela precisa ser essa referência que as pessoas não saberiam lidar com essa liberdade individual Esse é um capítulo belíssimo do livro tá os irmãos caramu eu recomendo a leitura tem livros só chamado o grande inquisitor que é retirado dessa obra prima maior que é os irmãos caramu é bem bonito e reflexivo tá Eu recomendo a leitura e o os irmãos Caram também uma obra prima e Leiam é muito bom bom O grande inquisitor então critica Jesus porque Jesus dá à pessoas liberdade de escolha o grande inquisitor ele tem medo que Jesus vai embora novamente
Pregando a liberdade entendem que ele deixe esse buraco porque ele acredita que as pessoas preferem Milagres mistério e em vez de liberdade então o inquisitor não quer essa história novamente não quer que essa história se repita ele acreditava na história contada que a igreja corrigiu esse erro conseguindo dar controle e previsibilidade à pessoas por isso no romance de dostoyevski ele faz essa essa essa brincadeira onde Jesus é condenado por dar liberdade pessoas Leiam É bem interessante mas então o que que dosto vai dizer as pessoas não têm força ou conhecimento por si só para conseguir
isso essa liberdade autêntica que niet pregava isso é algo perigoso alguém vai assumir esse lugar de Deus e Vai comandar essas pessoas alguém vai assumir esse posto alguém vai assumir esse vácuo essa era a preocupação de DSK porque é isso que as pessoas no fundo querem e precisam alguém vai assumir o controle e oferecer à pessoas o que elas realmente desejam conforto e uma felicidade resignada garantida por uma autoridade as pessoas querem um manual de instruções conforme o filósofo e de fato nos anos seguintes foi mais ou menos isso que ocorreu na Rússia de dostoyevski
se a gente for olhar num campo mais macropolítico com comunismo por exemplo um ideal paterno de cuidado que tomou conta desse vácuo deixado por Deus e Se nós formos olhar para o extremo oposto na direita hoje que Alguns chamam de extrema direita hoje em dia isso também ocorre com líderes populistas paternalistas parece que de fato as pessoas ficam buscando eh seguidores né em busca de seguidores tentando se ancorar em algo que tenha significado e uma causa porque em um mundo sem propósito sem Deus né nós ficamos tentando buscar um Deus substituto parece que é isso
que acontece porque Como dizia sart um outro filóso né um existencialista a liberdade é uma espécie de inferno ela é quase insuportável e no caráter cotidiano então mais micro não político né com a morte de Deus a ciência que estava lá angariando seus seguidores né Galileu darv aquela coisa toda começou a tomar esse posto e hoje em dia foi comendo pelas beiradas entrando entrando entrando e hoje em dia A ciência é o novo Deus a ciência agora dita as nossas vidas dá as respostas e os mandamentos de como as coisas são né Não comeis carne
ex C Tais três vezes na semana elas dita os imperativos da vida correta e de como ser vivida a pergunta é isso é científico isso tem comprovação né Eu acredito na ciência Então antes quando doentes as pessoas enfermas elas iam à igreja rezar ou chamavam o padre para retirar aquele demônio do corpo né hoje as pessoas vão ao médico para retirar o vírus é aqui que entra o tensionamento principal do bi churan na era da tecnologia e da ciência a narrativa perde o seu lugar para a informação o mundo meio Místico perde lugar para mundo
desvelado descoberto no da ciência o mundo dos dados o efeito colateral disso nós não contamos mais histórias nós vivenciamos Fatos e os fatos eles são Cruz eles são despidos de qualquer magia ou significado nós vivemos na era de dados os dados e as informações eles são frios Eles Não Contam nenhuma história eles não ancoram a pessoa no tempo e espaço o que quer dizer isso ao ler de manhã quando você acorda uma Tonel de Notícias nos portais essas notícias vão mudando a toda hora ou ver uma tonelada de informações aleatórias no Instagram no YouTube nos
Stories no tiktok eu não fico ancorado no tempo tudo isso é esse esse esse essa hipertrofia de notícias e de de de comunicações não tem significado na minha vida não desrespeito a minha pessoa não se relaciona comigo o eu como ser não faz mais parte da história vivida eu não interajo com essa história através de eu ser um personagem dessa história vocês percebem a diferença a narração ela cria histórias gente e a informação é o seu oposto ela cria contingências a narração ela cria significado e Ancora ser no tempo hoje nós estamos bem informados mas
nós som desorientados nós não participamos mais da história então para Bian o ser humano precisa de âncoras narrativas essa a ideia pouco importa se elas são de fato verídicas Ou não verídicas científicas ou não científicas a informação ela fragmenta o tempo ela não permite que a gente se demore nesse tempo né então você vê uma notícia de manhã da tarde é outra essa notícia Ela não ela não se relaciona com Passado Presente Futuro ela só é um dado solto que você lê aquilo e daqui a 5 minutos ninguém mais lembra estamos vivendo portanto Uma Vida
Ativa ditada pelo aperfeiçoamento e pela produção constantes Como ter um corpo melhor Como ter uma mente melhor como eu melhoro o meu desempenho tudo voltado à produção ao invés de eu ter uma vida contemplativa ditada por significação ditada por propósito Então não é mais gente um quadro um ritmo circular marcado pelas estações que se repete um quadro onde tudo já tá em seu lugar basta existir hoje não basta só existir mais é não é só a existir e se relacionar desfrutar hoje em dia é preciso conquistar é preciso produzir é preciso se aprimorar uma vida
pautada na produção e no aprimoramento constantes para ran se resume a uma mera sobrevivência ele usa uma metáfora a analogia da fogueira no seu livro porque a fogueira simboliza aquele lugar onde todos centram de pernas cruzadas né para ouvir histórias as histórias contadas ao redor de uma fogueira imag elas conectam ou conectavam as pessoas e criavam empatia todas essas histórias elas iniciam com uma vez quando uma certa vez quando eu e sua mãe Saímos de viagem pro sul quando vocês eram pequenos Elas têm um elemento de lembrança que pesce o tempo que costura o tempo
Vocês conseguem entender junto o passado com o presente que dá significado à coisas essas pessoas e aos objetos Esse é um ponto bem importante terceiro tempo traz significado ao tempo no momento que eu recordo algo afetivamente eu pego aquela vivência trago pro presente e costuro as duas coisas esse vaso que eu adquiri uma certa vez quando eu estava passando por uma pequena loja no subur em um dia chuvoso percebem o vaso por Só um objeto cru mas quando eu conto uma história sobre esse vaso me relaciono com esse objeto eu crio narrativa as mídias sociais
por mais que tentem se aprimorar do story n que é justamente contar hisas cong informações vazias e desconexas eu não tenho relação pessoal com essas histórias assim como no YouTube não existe uma ordenação ou sequência Hum que faça sentido para mim dessas histórias criadas uma não se encaixa com a outra elas são um essas plataformas são um montante de informações soltas horizontalizadas desconexas uma das outras lateralizadas é por isso que quando Nós entramos nessas plataformas nós nos perdemos no tempo ele tempo não existe mais ali porque não tem ancoragem nada ali é tecido o que
tem ali não significa nada além de informações dados conteúdo e o conteúdo ele tem vida útil curta ele é descartável é diferente da história contada que fica na lembrança história contada na beira de uma fogueira fica na lembrança conecta pessoas e objetos an vai argumentar então que nós estamos em um tempo de pornografia isso se resume a pornografia a pornografia não existe sensualidade né na pornografia não tem sensualidade tudo é mostrado até os mínimos detalhes é desvelado tudo é explícito e nós vivemos a por fia dos Stories por exemplo onde toda a nossa vida é
mostrada no nosso íntimo tudo é transparente na sensualidade que é o contrário da pornografia tem tem algo que é não dito no Sensual existem coisas escondidas existe muito do imaginado esse imaginado ele reverbera no tempo e espaço ele cria desejo ele projeta o eu nesse cenário quando você recebe um WhatsApp por exemplo não tem distância ou espera tudo é nu é categórico tudo é quase que instantâneo compare isso a uma carta n escrita de uma carta na qual existe um ritual de escrita a escolha da fonte a grafia a cor da caneta Sei lá o
selo o envio a espera pela resposta a espera e a distância criam a significação e o desejo quando eu leio uma carta eu me projeto no outro eu leio a carta com a voz da pessoa que escreveu a carta eu tento sentir o cheiro no papel do do perfume que emana aquela pessoa eu imagino como é que é aquela pessoa isso que é sensual vocês entendem a imaginação que eu tenho daquela pessoa de como é que ela é etc quem aqui se lembra eh da memória boa quem é mais antigo né de pedir algo novo
nos correios ou a tia mandou alguma coisa nos correios para você a tia mora em outro estado sei lá e tu tem que aguardar dois meses três meses e quando vinha aquele caminhão amarelo do correio né na porta de casa quando finalmente a espera tinha terminado com faceiro e feliz da vida a gente não ficava eu tenho essas memórias E aí o próprio objeto recebido ele era melhor desfrutado porque eu me relacionei com ele antes mesmo dele chegar na espera eu criei uma história uma expectativa de vivência hoje por exemplo com Amazon Prime e outras
plataformas Mercado Livre Enfim as as entregas elas são feitas quase que no mesmo dia senão no mesmo dia eu cpro algo e eu tenho de de imediato e logo que eu recebo eu já vou em busca da próxima compra não tem distância né E essa não distância mata o desejo de eu me relacionar com aquilo e mata a narrativa sedução é tudo muito pornográfico é tudo muito tudo tem tudo tá ali de pernas abertas a sensualidade ela mistifica um pouco isso ela projeta como eu o eu dentro daquela história cria relação ela tece no tempo
então nos dias atuais nós estamos sem bússola perdidos no tempo e espaço sem Deus uma espécie de oco vazio e ran vai dizer o tempo só é percebido se nós nos Demoramos nele se mudamos de ser uma pessoa ou um ser ativo para um ser contemplativo que se conecta e se relaciona com as coisas as coisas não TM sentido por si só elas só são coisas mas como eu me relaciono com essas coisas com esses objetos com as pessoas é que cria significado ou Aroma do tempo é que tece o tempo ancoragem né A forma
como eu me relaciono com o livro que eu estou lendo com a minha esposa com o meu cachorro com o meu filho tudo isso depende do olhar que eu tenho para isso o quanto eu me demoro nisso interajo com isso eu preciso criar histórias com esses objetos novamente eu preciso tecer algo é isso que hanam prega primordialmente nesse livro senão senão gente esses objetos externos a mim se tornam sem significância a vida fica um acumulado de coisas serem feitas vividas Nos quais eu não me relaciono com elas ficam vários checklists too lists viagens compras tarefas
coisas aleatórias que eu faço é preciso portanto criar histórias dentro dessas coisas as quais eu faço é preciso me relacionar com essas coisas narrar histórias onde eu me sinta eh inserido nessas coisas e viva essas coisas né como uma é como uma criança como uma criança que cria um de fadas n você pensa aquela criança embaixo da cama criando uma narrativa de onde ela tá feitos magia um mundo particular que ganha graça que ganha cor é preciso se demorar no momento migrar de um ser ativo para um ser contemplativo no romance a náusea de sart
o personagem né que é o ren luta contra falta de sentido do mundo nesse livro A náusea ela parece como uma propriedade das coisas nos objetos ao seu redor então o personagem ele vai dizer assim a náusea não está em mim eu sinto-a na parede nos suspensórios por todo lado ele pega uma pedra né num determinada parte ele do livro ele pega uma pedra na mão uma pedra fria desnuda ele diz sou eu que estou nela nessa náusea então o que que que sar tá dizendo o personagem ele percebe uma angústia uma nusia um malestar
um vazio que habita o mundo não dentro dele mas no mundo ele percebe a nusia a seu redor porque ele olha o personagem olha pro mundo sem significado ele olha pro mundo como ele é e o mundo como ele é não tem significado nenhum ele olha pro mundo cru o mundo não significa nada para ele nem ele para o mundo nada faz sentido porque nada tem sentido a fazer cai num nilismo puro em outras palavras né Se a gente for usar uma expressão niti cai num nilismo um dia um rotim ele percebe que é justamente
a narração da história que tem o poder de fazer com que o mundo apareça com sentido personagem reflete abre aspas para que o mais banal dos acontecimentos se torne uma aventura é preciso e basta que nos ponhamos a narr é isso que ilude as pessoas um homem é sempre um narrador de histórias ele vive rodeado por suas histórias e pelas histórias dos outros vê tudo que lhe acontece através dessas histórias e procura viver sua vida como se a narrasse mas é preciso escolher viver ou narrar então o problema da náusea do vazio da existência ele
é resolvido através do Encantamento da narrativa que Ancora o ser no tempo e traz significado que é a premissa que nós estamos trazendo nessa aula Prost na sobra prima em busca do Tempo Perdido trabalha muito essa ideia de tecer no tempo ao voltar já adulto à praia de balbec onde antes ele tinha passado lá na sua infância momentos com sua avó que são descritos no primeiro livro ou no segundo ele ao se sentar para desamarrar os sapatos Se não me engano ele tem uma memória involuntária ele volta aos tempos que viveu experiências ali naquela praia
naquele hotel com a sua avó tudo isso volta na sua imaginação ele começa a recordar e sentir Com ternura e afeto o quanto ela trazia carinho e proteção avó em momentos de angústia que ele tinha quando ele era pequeno e ele tinha dificuldades para dormir porque ele tava longe da mãe e ele tinha medo e como avó acalmava ele como era macio o toque dela e o carinho que ele recebia percebam durante o evento que realmente ocorreu no presente da narração vamos pegar eu eu eu peguei essa passagem para ilustrar bem esse ponto durante o
evento que realmente ocorreu no presente da narração que é ele desamarrando o sapato vamos supor sentado numa cama de hotel isso não tem nenhuma relação é é nauseante é tudo cru sapato Hotel balbec a pra nã é tudo cru é tudo vazio mas depois ao recordar o evento com ternura por uma memó involuntária da sua avó é tecido é costurado o significado aquela praia não é uma praia qualquer aquele hotel não é um hotel qualquer TCE esse significado Trace o presente o passado para o presente as coisas ganham aroma sentido Hum como importante a vó
fora para ele o calor no peito a lembrar desse momento e é aqui no tcer que essa percepção inclusive de carinho e afeto pela avó aparecem Olha como isso cria empatia e conecta as pessoas não é lá no momento em que ele era criança Ok aquilo foi momento vivenciado Nem no momento bruto das coisas em si para sapato Então nem quando ele era pequeno nem agora mas na recordação tecida é aqui que cria esse sentido ao estabelecer conexões entre eventos uma narrativa supera o vazio e a fugacidade do tempo ela atce significado então nos tempos
de hoje sem narrativa sem ancoragem sem rituais de passagem nós ficamos soltos no nada apenas acumulando tarefas e fazendo coisas novamente de um quadro onde a vida era circular no seu tempo antes vivido é como se agora nós estivéssemos Vivendo em uma linha reta correndo sem destino e com o chão desmoronando em nossos pés à medida que a gente vai correndo o sintoma dessa doença desse momento nã é que por exemplo Nós não sabemos mais morrer quando a morte vem parece que não era a hora nós não desejamos ela nós queremos no nos livrar dela
parece que a morte vem interromper os nossos planos inacabados né ah mas justo agora mas mas que planos né Nós não temos mais planos por isso nenhuma hora é boa nenhuma hora é uma boa hora para se morrer até sou esquisito eu falar isso mas Fernand existe boa hora para morrer antigamente a relação com a morte era outra muito se falava e vocês podem ver isso em relatos antigos filmes de de por exemplo guerra antigo né Ilíada Odisseia ou relatos de pessoas mais antigas eu cumpri o meu propósito na vida eu vou em paz eu
já vivi o que tinha que ser vivido eu morro em um campo de batalha um guerreiro Espartano né morria com gosto com as armas na mão era honroso ele cumpriu o seu propósito cumprir o propósito requer uma narrativa de história para ter abertura e fechamento hoje em dia não tem fechamento de nada é tudo solto não existe ancoragem no tempo de eventos que eu vivo fechados por rituais certo é tudo um contínuo abstrato esse guerreiro morre em paz porque ele criou uma narrativa para tal ele experienciou dentro da sua história vivências e consumiu a vida
Já criei meus filhos meu propósito está feito eu posso ir e diz que só não tem medo da morte quem sente que de fato já consumiu a vida então hoje em dia o tempo ele está atomizado é o mundo que pode ser explicado o mundo pornográfico de dados informações esse tipo de mundo não pode ser narrado fica um mundo vazio e sem significado han nos convida então a criarmos uma história narrativa a nós mesmos de nós mesmos para nós mesmos Onde nós estamos situados em algo Qual que é o Nosso propósito e Para onde vamos
uma história sim inventada para que a vida possa ser suportada e mais mais do que isso sentida experienciada uma passagem bastante conhecida diria eu eh que ilustra essa criação de sentido nas coisas né e como eu me relaciono com elas tem no livro Pequeno Príncipe de S Santa rosu Perry né Eh Tem um diálogo entre o príncipe e a Raposa que eu vou compartilhar com vocês a raposa diz pro príncipe minha vida é monótona Eu caço galinhas e os homens me caçam todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também e por
isso me aborrece um pouco mas se tu me cativas principezinho minha vida será como que cheia de sol conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros os outros Passos me fazem entrar debaixo paraa terra o teu me chamará para for hora da toca como se fosse música e depois olha vês lá longe vês os campos de trigo eu não como pão o trigo para mim ele é inútil os campos de trigo não lembram a mim coisa alguma e isso é muito triste mas os Teus cabelos são da cor de ouro então então então
será maravilhoso quando me tiveres cativado porque o trigo o trigo ele é dourado e fará lembrar-me de ti hoje em dia parece que ninguém mais fia ninguém mais TCE ninguém mais costura no tempo somente informações são produzidas soltas na forma de estímulos Então hoje em dia e é como nada é narrado tudo é apenas mensurado diagramas não dizem nada sobre quem eu sou o eu não é uma quantidade mas uma qualidade a crítica de R precisa explicar para que fique bem claro tá ele não é contra o progresso ou a ciência tá evidentemente se você
ficar doente por favor vá ao médico tá o que ele tá apontando é o efeito colateral de tudo isso dessa mudança de um paradigma para outro então em um mundo pornográfico informativo sem graça sem narrativa dentro do possível cabe a nós sermos um pouco mais criança e menos adultos cabe a nós criarmos narrativas e contos de fada a realidade para ser suportada ela precisa ser um pouco inventada