[Música] Olá meu nome é Carlos Augusto Bonifácio leite eu sou professor de literatura brasileira da Universidade Federal do Rio Grande do Sul a UFRGS e a minha última atividade como professor foi o lançamento de um livro chamado outros modernismos no ano passado pela Editora Azul Eu também sou conhecido como Guto Leite sou escritor compositor e os meus últimos trabalhos criativos foram em 2021 em novembro mas estou aqui com vocês para a gente cursar oito semanas de literatura infanto-juvenil Espero que seja uma jornada muito agradável a todas e todos e espero também que a gente consiga
tratar aqui alguns assuntos pertinentes tanto para o campo quanto para outros Campos e outras disciplinas que vocês cursam bom eu vou começar a minha aula com uma citação do Paulo Freire que diz assim na verdade para afirmação quem sabe ensina quem não sabe se recupere de seu caráter autoritário é preciso que quem sabe saiba sobretudo que ninguém ache tudo e que ninguém tudo ignora o Paulo Freire aqui tá sublinhando esse caráter muito importante de troca e que eventualmente em disciplinas à distância a gente pode ter isso um pouco prejudicado a minha proposta aqui é o
contrário disso Ou seja eu gostaria muito que nós fizessemos a partir dos fóruns temáticos a partir do diálogo com as facilitadoras as facilitadores e também um diálogo comigo uma troca mais intensa ou a troca mais intensa possível ao longo das oito semanas de curso bom a nossa primeira o nosso primeiro desafio que a nossa primeira tarefa aqui é um pouco pensar nas origens da literatura infanto-juvenil a primeira observação que eu preciso fazer é que a literatura infanto juvenil tem origens remotíssimas antiquíssimas e remonta muitas vezes a narrativas orig as narrativas que tem milênios de anos
então eu tô citando aqui algumas das que vocês podem ver nos slides algumas das coletâneas conhecidas desse tempo antigo a primeira delas é Calila e dína que é uma uma Saga surgida na Índia por volta do século quinto antes de Cristo em seguida uma outra que não está aí a imagem que é a itopadeza que é uma série de narrativas exemplares que ou seja trazem exemplos de boas condutas exemplos de boa sociedade etc etc temos ainda ação de bar que é também uma narrativa originária na Índia e que depois foi traduzido e de onde saiu
narrativas como Simba o guerreiro e ainda podemos falar talvez dá mais conhecida delas que é as mil e uma noites cujo formato só terminou de se decide de chegar perto daquilo que nós entendemos como formato definitivo nos séculos 15 e 16 mas que tem uma tradução é bem importante pelo galimar em 1704 sobre essas primeiras narrativas eu precisava fazer duas observações a primeira delas é a seguinte essas narrativas são anteriores por exemplo algumas delas ao que nós chamamos de Alta Idade Média assim então elas vão acabar se como é que eu posso dizer elas vão
acabar penetrando na narrativa do que nós chamamos como novelistica da idade média essa é uma primeira informação importante uma segunda informação importante é que essa tradução do galimada as mil e uma noites A Grande Debate a respeito parece ser uma das responsáveis pela reativação das narrativas na Europa e no ocidente os Escritores a partir do século 18 ficaram muito animados quando tomaram contato com a narrativa das Mil e Uma Noites essa é uma tradução para o francês bom então quando nós comentamos essas quatro figuras que eu vou dizer agora o Charles berrou Os Irmãos Grimm
o Hans Andersen aqui o la fontene e chamamos essas quatro figuras de paz da literatura infanto-juvenil na verdade nós estamos falando de escritores intelectuais pesquisadores dos séculos 17 e 18 que recuperaram essas narrativas antigas e transformar essas narrativas antigas em coletâneas importantes para o seu tempo eu não estou querendo fazer com isso é a diminuição dessas figuras pelo contrário mas eu queria que todos nós entendessemos que as narrativas infanto-juvenis com as quais estamos acostumados são muito anteriores ao século 17 e 18 O que acontece no século 17 é que começa a ver a preocupação com
a figura da criança como leitor ou a figura da criança como alguém que precisa estudar alguém que precisa ter uma formação específica e nesse sentido a digamos motivados por essa demanda ou por esse ou por essa nova característica da criança no meio das famílias essas quatro figuras primeiro la fontaine depois o terror depois o Cristo endersten e por fim já no século XIX Os Irmãos Grimm eles vão montar a base do que nós conhecemos como literatura infanto-juvenil de Matriz ocidental seguindo mais um pouquinho é quando nós conseguimos pensar nisso ou seja pensar que são narrativas
antigas e pensar que na França na Alemanha na Dinamarca algumas pessoas conseguiram reunir essas narrativas a gente consegue entender melhor como que essas narrativas antiquíssimas de um lado formam o campo da literatura infanto-juvenil ou seja lá está por exemplo a Branca de Neve lá está bela adormecida lá está o Chapeuzinho Vermelho etc e por outro lado também vai formar as populares que lá depois mais adiante nós vamos chamar de folclore que são as narrativas do Povo essas narrativas populares e as narrativas infanto-juvenis Elas têm uma origem comum e essa origem em certo sentido foi bifurcada
a partir do século 17 até o século XIX e no século 20 formam duas colunas ou duas dois rios mais ou menos autônomos embora esses Rios dialoguem muito ou seja muito comum você está trabalhando com Literatura infanto-juvenil e de repente encontrar uma narrativa que é muito próxima do folclore bom seguindo mais um pouquinho se a gente consegue reconstituir esses dois caminhos eu acho que a gente fica numa posição bastante privilegiada para entender Quais são as narrativas o que caracteriza uma narrativa infanto juvenil a primeira coisa que eu fiquei é importante dizer é o seguinte é
não eu não estou dizendo com isso que a narrativa infanto-juvenil é algo completamente diferente das narrativas não infanto-juvenis que é o que é o que nós vamos discutir bastante ao longo do curso ou seja vai ter muito tempo a gente fazer isso nas próximas 8 semanas mas que a partir da aula de hoje daqui a pouquinho eu já vou dar algumas pinceladas sobre esse assunto mas mesmo sem conseguir indicar a literatura infanto-juvenil é algo só para crianças mesmo assim a gente consegue indicar algumas características importantes dessa linguagem então eu vou começar a primeira delas é
essa é o primado da Imaginação sobre a razão Ou seja a literatura infanto-juvenil em geral dá uma permissão maior para os seus criadores de fazer a imaginação voar e ela não tem tantas preocupações em entender racionalmente alguma coisa é preciso tomar cuidado para a gente não achar que o fato de serem mais imaginativas significa necessariamente que elas com isso falem menos sobre o real muitas vezes nós vamos ver isso no caso brasileiro bastante algo bastante decisivo essa imaginação vai ser o caminho para falar as verdades mais duras então não significa que a imaginação é igual
a mentira mas significa que em geral a literatura infantojuvenil é mais imaginativa uma segunda característica importante é a ideia da presença desses valores que contribuem para certa construção moral ou seja desde as suas origens na Pérsia na Índia enfim origem de centenárias milenares desde essas origens essas histórias foram usadas para dizer olha isso é certo isso é real isso é errado esse é o bem esse é o mal esse é uma boa pessoa essa é uma má pessoa algumas dessas narrativas inclusive como deve ser como se deve imaginar elas acabam caindo carregando desculpas estereótipos sobre
essas figuras por exemplo ah as mulheres são ruins ou não confia em árabes ou não confiem pessoas de determinado lugar e aí ao longo do tempo esses estereótipos esperam eu vão sendo desmontados cada vez mais mas isso é muito forte na narrativa infanto-juvenil ou seja o bem o mal errado certo o que se deve ser feito e o que não se deve ser feito mas como na literatura infanto juvenil do que na literatura adulta né acho eu uma característica é que essas narrativas além de desenvolverem além de trazerem Esse aspecto moral elas acabam se desenvolvendo
por oposição né Ou seja é muito mais fácil entender nas narrativas infanto-juvenis como que os caminhos estão sendo construídos essa nuance que depois vai ser muito importante que está fundamental para narrativa burguesa essa nuance de ele está certo mas não tanto ele está errado mas não tanto é menos comum na literatura infanto juvenil e uma última característica é que em geral no desfecho das histórias de narrativa em fotos juvenil elas trazem a ideia de um triunfo ou de uma derrota até mesmo para reforçar o seu caráter formador né seu caráter moralista seu caráter exemplar bom
de novo eu não estou aqui distinguindo de maneira muito draconiana muito radical literatura infanto-juvenil de literatura não infanto-juvenil de literatura adulta Mas seria interessante a gente pensar pelo menos quais são essas características em torno das quais a literatura infanto juvenil funciona bom aí eu preparei um shift no final desse desse slide que é o seguinte podemos dizer que os princípios da literatura infanto-juvenil nos ajudam a entrever os seus princípios Isso é se nós entendermos de onde vieram as narrativas infanto-juvenis nós acabamos entendendo como que elas funcionam aí tem o princípio entendido como origem e o
princípio entendido como características principais seguindo mais um pouquinho eu queria deixar o que que a gente refletisse um pouco sobre a citação de por uma literatura sem adjetivos da Maria Teresa no dueto ela diz assim a tendência a considerar a Literatura Infantil e ou juvenil basicamente pelo que tem de infantil ou de juvenil é um perigo uma vez que parte de ideias preconceituosas sobre o que seja uma criança e um jovem e contribui para formar um gueto de autores reconhecidos às vezes até mesmo consagrados que não tem valor suficiente para serem lidos por quaisquer leitores
vocês vão ver que essa citação aqui em certa medida vai ser retomada lá na última aula né que é esse risco de nós tratarmos literatura infanto-juvenil como uma literatura menor Por acharmos que essa literatura está exclusivamente voltada para criança e jovens o escritor tem também uma outra situação que é muito curtinho então eu posso dizer aqui de cabeça que é o seguinte um livro infanto feito só para crianças não é um bom livro infanto-juvenil isso é ambos estão caminhando para a seguinte reflexão quando a gente diz que a literatura infanto-juvenil é uma literatura menor tem
dois equívocos acontecendo o primeiro de menores ou seja de tornar menor de subvalorizar é as crianças e jovens né como se elas em certa medida fossem menos que os adultos e que os adultos são o máximo né bom eu acho que todo mundo aqui conhece adultos o suficiente para dizer que nem todos são o máximo É mas ao mesmo tempo que tem essa essa espécie de preconceito contra crianças e jovens tem um segundo problema que é porque essa literatura tem por leitor modelo e depois nós vamos falar sobre leitor modelo crianças e jovens é uma
literatura menor do que a literatura de adultos nós vamos ver que isso não acontece e que muitas vezes a literatura infanto-juvenil vai dar a saídas da literatura em um determinado contexto ou em determinado momento da história literária bom mas aí o que que cabe a nós fazermos conseguirmos refletir sobre a Literatura infanto-juvenil Eu acho que cabe um certo equilíbrio que eu posso chamar também de dialética né cabe uma certa dialética que é por um lado nós vamos reconhecer que Existem certas características que certas características que de alguma forma constroem o gênero aquelas que eu falei
primado da Imaginação sobre a razão os termos moralizantes uma narrativa mais construída a partir de guinadas do que a partir de adensamentos tudo isso é mais ou menos verificável quando nós pegamos uma grande quantidade de livros de literatura infanto-juvenil ao mesmo tempo isso não significa dizer que essa mesma literatura infanto-juvenil não pode ser lido por adultos ou pior do que isso não deva ser lida por adultos porque lá também a estética elaborada lá também há problemas sociais importantes lá também há algo pensando aqui em todas as funções da literatura ela também é algo educativo então
assim é mais que a gente consiga perceber algumas características que marcam a literatura infanto-juvenil isso não significa dizer que a gente possa separar tão radicalmente esses campos então propondo é uma espécie de Equilíbrio é uma espécie de dialética para tratar ao mesmo tempo a literatura infanto-juvenil como algo à parte Mas também como algo muito pertinente nos dois sentidos né de importante de pertencimento a literatura de um modo geral bom E aí ao mesmo tempo eu queria deixar vocês com uma determinada reflexão para o final assim que é a seguinte é quando nós olhamos para uma
parte dessa literatura sobre é tudo uma parte dessa literatura que eu acho que é mais evidente que é que é parte literária e parte magética como cinema Por exemplo essa diferença entre infanto-juvenil e adulto fica bastante borrada né É tem um crítico do Rio Grande do Sul do cinema é anéis de Souza em que ele diz assim é nós tem tanto tempo que eu não me lembro da última vez que eu ao cinema assistir um filme adulto né claro que eles tava fazendo uma espécie de brincadeira ou de shiste porque ele só ia assistir filmes
adultos ao cinema no cinema mas o que ele tava querendo dizer é o seguinte vários dos universos que nós entendemos como filmes adultos na verdade tem características infanto-juvenis por exemplo na hérnia por exemplo a saga do Senhor dos Anéis por exemplo Harry Potter e até coisas como Guerra nas Estrelas Ou seja é muito o limite entre o que é infanto-juvenil e o que é adulto é muito tendo e sobretudo hoje aí eu queria um pouco caminhar para o desfecho da minha conversa com essas que com essas questões Isto é quando você consegue diferenciar um filme
adulto de um filme infanto-juvenil é como que você entende esse fenômeno dos filmes adultos que são muito infanto-juvenis qual foi a última vez que você saiu de casa para ver um filme adulto e o que afinal seria um filme adulto né ou seja como que o caracteriza um filme adulto um filme adulto é aquele que tem uma visão de mundo adulta né que ela tem uma visão sobre o que normalmente é encontrada em adultos e em que medida os adultos são tão adultos assim eu deixei vocês com uma espécie de Vertigem de perguntas mas um
pouco para a gente lembrar isso né que é em geral nos últimos 30 ou 40 anos pensando no Guerra nas Estrelas que é de 77 como um Marco a gente vai ao cinema e ver filme de adultos mas cujas estruturas são infanto-juvenis se isso é tão difícil de mapear como que a gente pode olhar para literatura infanto-juvenil como algo menor isso é a gente olha um livro por exemplo a bolsa amarela e diz Ah isso aqui não é uma literatura de adulto e aí sai de casa e vai no cinema assistir sei lá guerra infinita
faz assistir um filme da Marvel que também não é um filme de adulto esse tipo de jogo é que eu tô tentando deixar para vocês esse tipo de pergunta que eu tô tentando deixar bom fiquem completamente à vontade para entrar em contato com as facilitadoras com as facilitadores comigo participem dos fóruns Leiam os textos e assistam os vídeos que complementam a minha vídeo aula que a gente acabou de participar juntos se apropriam do curso participa e entra em contato espero que a gente tenha uma ótimas aulas daqui por diante tá bom bom uma boa semana
ótimas reflexões Bons estudos até mais [Música] [Música]