Você já ouviu a parábola do filho pródigo, certo? E da ovelha perdida? Eu aposto que sim.
Agora, se eu te dissesse que talvez você tenha entendido essa e outras parábolas de Jesus de forma errada a vida toda, prepare-se para ver nesse vídeo as cinco parábolas mais mal interpretadas da Bíblia e descobrir o que Jesus realmente quis ensinar com cada uma delas. Começamos com uma parábola curta, mas frequentemente mal compreendida, a do amigo inoportuno. Jesus conta uma história que um homem no meio da noite recebe uma visita inesperada em sua casa.
Sem ter o que oferecer, alguém pensável naquela cultura. Ele vai até o vizinho pedir três pães emprestados. O problema já é meia-noite.
O vizinho está deitado com os filhos. A porta está trancada e ele diz que não pode ajudar, mas no final o vizinho cede. E é aqui que muitos se confundem.
A maioria das pessoas entende esse texto como uma lição sobre persistência na oração, como se Jesus estivesse dizendo algo do tipo: "Peça com força, insista bastante e Deus vai acabar cedendo. " Como se Deus fosse um vizinho mal humorado que atende só porque você incomodou demais. O problema desse tipo de interpretação é que distorce totalmente a mensagem e pior, distorce o caráter de Deus.
Para entender a parábola corretamente, é preciso saber que o termo que nossa tradução chama de importunação, em grego anaideia, não significa teimosia ou insistência, como se pensa comumente. A palavra deve ser entendida aqui como falta de vergonha, ou melhor, como compromisso de não se envergonhar diante dos outros. Em outras palavras, o vizinho não se levanta da cama por causa da insistência do outro, mas porque sabe que negar o pedido traria vergonha a ele e a toda a sua comunidade.
Agora veja, Jesus não está dizendo que Deus é nosso vizinho, só ajuda depois de muita pressão. Pelo contrário, ele está dizendo que Deus é infinitamente melhor. Se até um homem limitado se move por um senso de honra, Deus muito mais se moverá por amor, compaixão e fidelidade.
Jesus está nos encoraj orar não com medo ou desespero, mas com confiança na bondade de um pai que ama dar boas dádivas aos seus filhos, como ele mesmo conclui nos versículos seguintes. Agora chegamos a uma das parábolas mais enigmáticas e desconcertantes de Jesus, a do administrador infiel. Na história, um homem que administrava os bens de um senhor rico é acusado de má gestão.
O patrão o chama e diz que ele será demitido, mas antes precisa prestar contas. Sabendo que não teria mais o cargo, o administrador toma uma atitude inesperada, chama os devedores do seu senhor e reduz os valores das dívidas. E para surpresa de todos, o senhor elogia o administrador pela sua esperteza.
Essa é uma das parábolas que mais geram confusão. Afinal, Jesus está elogiando uma trapaça? Estaria ele nos ensinando a sermos desonestos?
Primeiro, é importante entender como funcionava o sistema econômico da época. Era comum que os administradores cobrassem comissões ocultas sobre as dívidas, uma espécie de juro pessoal disfarçado. Por exemplo, se alguém devia 80 medidas de trigo, o administrador colocava 100 no contrato e ficava com a diferença.
Isso enriquecia o administrador. Na história, quando o administrador soube que seria demitido, ele renunciou sua comissão nas dívidas e fez isso rápido, antes que perdesse a autoridade para agir em nome do patrão. Assim, ele beneficiou os devedores sem tirar nada do que pertencia ao seu senhor.
Por isso, ele foi elogiado. Em outras palavras, esse administrador não foi desonesto por reduzir o total das dívidas. Ele foi sábio.
O que o tornava infiel é que desperdiçava os bens do seu senhor. O ponto de Jesus, portanto, não é que devemos enganar os outros. Jesus não elogia a desonestidade, mas a esperteza, a habilidade de usar os recursos disponíveis hoje pensando no futuro.
O administrador, mesmo sendo filho deste mundo, agiu com astúcia para garantir seu futuro após ser dispensado. E aí vem o contraste. Se até os filhos das trevas podem ser estratégicos com o que tem, porque os filhos da luz, os discípulos de Jesus, não fariam mesmo com as riquezas passageiras deste mundo.
O que Jesus está nos dizendo é: "Usem os bens, as oportunidades e os recursos que vocês têm hoje para investir em algo que dure eternamente. Sejam fiéis com o pouco, porque isso reflete o quanto vocês estão prontos para algo maior. " A terceira parábola é uma das cenas mais dramáticas e intensas que Jesus contou, a do rico e Lázaro.
Jesus conta a história de dois homens com destinos opostos. Um deles é riquíssimo. Vive banhado em luxo, banquetes e roupas finas.
O outro é Lázaro, um mendigo doente, coberto de feridas, que se deita à porta do rico esperando apenas as migalhas que caem da mesa. Os dois morrem. Lázaro é levado pelos anjos ao seio de Abraão, o paraíso.
O rico, por sua vez, acorda em tormentos, pedindo socorro, implorando por uma gota d'água. do inferno. Ele vê Lázaro ao longe e clama que este venha servi-lo.
Mas um grande abismo o separa. A história termina com um alerta. Nem mesmo o morto voltando à vida convenceria aqueles que rejeitam as escrituras.
Agora aqui vai o problema. Muita gente acha que essa história é só uma parábola e por isso ela não deve ser levada a sério em relação ao céu, inferno ou que acontece após a morte. Mas esse é um erro.
Primeiro, mesmo sendo uma parábola, isso não anula a verdade espiritual que Jesus está ensinando. Parábolas servem exatamente para isso, revelar realidades espirituais usando histórias do cotidiano ou ilustrativas. Mas há um detalhe curioso.
Jesus dá nome a um dos personagens, Lázaro. Isso não acontece em nenhuma outra parábola. Por isso, muitos estudiosos acreditam que Jesus pode estar descrevendo um caso real, ou pelo menos uma história com forte base na realidade espiritual.
E qual é a mensagem que Jesus queria passar? Basta olhar o contexto. Poucos versículos antes, Jesus afirma que não se pode servir a Deus e ao dinheiro.
E os fariseus, que eram avarentos, começaram a zombar dele. Em resposta, Jesus conta essa parábola. Ou seja, o alvo dessa narrativa são pessoas religiosas que amam o dinheiro e ignoram os necessitados.
O rico representa exatamente isso, uma fé vazia, hipócrita, que se satisfaz com o luxo e despreza o próximo. A má interpretação, portanto, é tratar essa história apenas como um conto moral ou uma advertência genérica sobre esmolas. Jesus está indo muito além.
Ele está denunciando a falsa religiosidade que ama o dinheiro mais do que a Deus e mostrando que o inferno é um destino real, consciente, irreversível para quem vive assim. Agora entramos em uma parábola que parece simples, até fofa, mas muito mal interpretada. A parábola da ovelha perdida.
Um pastor tem 100 ovelhas, uma se perde. Ele deixa as 99 no deserto e sai para buscá-la. Quando a encontra, coloca-a nos ombros, volta para casa e faz uma festa.
Esse seria o fim? Não. Naquela época, perder uma ovelha era vergonhoso para um pastor.
Significava descuido, falha. e sair sozinho para procurá-la era assumir um risco pessoal, tanto físico quanto social. Mas esse pastor faz isso.
Ele vai para o deserto, encontra a ovelha e a carrega nos ombros, porque o animal geralmente se paralisa de medo e não consegue mais andar. E quando volta, ele convida os vizinhos para celebrar algo impensável após um erro público. Mas Jesus mostra que a alegria de Deus em resgatar um só perdido supera qualquer senso de honra humana.
Agora, o mais intrigante, as 99 ovelhas. Jesus diz que há mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por 99 justos que não necessitam de arrependimento. Mas quem são os 99?
As pessoas salvas que estão na igreja? Não, essa é uma ironia direta aos fariseus e mestres da lei, aqueles que criticavam Jesus por acolher pecadores. As 99 estão seguras, mas também estão no deserto, perdidas em outro sentido.
Elas acham que não precisam de arrependimento e justamente por isso não reconhecem sua condição. Ou seja, a verdadeira perdição pode ser não saber que está perdido. Por fim, chegamos a uma das parábolas mais famosas e, surpreendentemente também uma das mais mal interpretadas, a do filho pródigo.
Devido justamente ao título que costumamos dar a essa parábola, o foco quase sempre recai sobre o filho mais novo. Ele exige sua parte da herança, sai de casa, gasta tudo com uma vida desregrada, cai na miséria e arrependido, volta para o pai que o recebe com muita alegria. A moral geralmente fica assim: Não importa o quanto você se afaste, Deus sempre perdoa, volte para Deus.
Mas a história não termina aí. O outro personagem entra em cena, o filho mais velho. Ele também quebra as normas culturais, se recusa a entrar na festa, deshonra o pai publicamente e reclama de não ter recebido o mesmo tratamento.
E o que o pai faz? novamente, algo inesperado. Ele sai da festa para encontrar o filho mais velho, assim como fez com o filho mais novo.
O pai vai ao encontro de quem está afastado, mesmo que nesse caso o afastamento seja dentro de casa. Com coração duro e autossuficiente, Jesus está confrontando dois tipos de pessoas. Os pecadores públicos, que sabem que erraram, mas ainda podem voltar, e os religiosos arrogantes, que acham que nunca saíram, mas nunca entenderam o coração do pai.
Se mudássemos o título dessa parábola para a parábola dos dois filhos perdidos, tudo ficaria mais fácil. A mensagem final é poderosa. O verdadeiro pecado não é apenas sair da casa do Pai, é rejeitar o seu amor gratuito, seja fugindo para longe ou permanecendo por perto com coração endurecido.
E aqui está um detalhe mais provocador da história. Não sabemos se o filho mais velho entra na festa. Jesus deixa isso em aberto, porque talvez essa seja a pergunta final.
Você, ouvinte da parábola, vai entrar, vai aceitar esse amor escandaloso ou vai continuar do lado de fora tentando mereccê-lo, tentando conquistar a sua salvação? Agora nos comentários, me conta qual dessas parábolas você tinha entendido errado. Qual mais te confrontou hoje?
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A gente se vê no próximo vídeo. Aproveita para assistir também ao vídeo que está aparecendo aí na sua tela. Até a próxima.