Cultura e engajamento nos anos 1950 e 1960 (Aula 7, parte 1)

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Canal USP
Neste vídeo, o professor Marcos Napolitano apresenta a sétima aula (Cultura e engajamento nos anos 1...
Video Transcript:
a gente está é então hoje tendo aula sobre cultura nos anos 50/60 cultura abrahan a quarta república nos anos 50 e 60 nós vamos dar uma ênfase à assim as com as configurações culturais dessas duas décadas com um foco um pouco maior na década de 50 que é menos conhecida inclusive do contexto da história cultural do que os anos 60 e é também é a idéia é articular mas toda vez que o clima político da quarta república com com os movimentos culturais da época não é é vale lembrar que para pensarmos na década de 1950
e 60 eu insisto na necessidade de também pensarmos esse momento dentro de um escopo atemporal um pouco mais amplo não é é é boa parte dos eventos movimentos culturais eventos culturais obras artísticas mais significativas do período elas elas insere numa chave do que eu chamo de um longo modernismo ou seja é é aquilo que a gente viu no curso no passado enfim relativa à década de 20 e parte da década de 30 é tem desdobramentos também nos anos 50 e 60 não é alguns autores chegam a afirmar que o tropicalismo é o último a vanguarda
moderno no brasil então é não só o tropicalismo que ocorre em 68 mas muitos movimentos da década da década de 50 na área cultural tem um diálogo que a gente poderia chamar genericamente do projeto é é do projeto moderno brasileiro né o que é o projeto moderno brasileiro o que esse longo modernismo o primeiro lugar é uma convergência da elite política e da elite cultural né desenvolvendo políticas desenvolvendo formas políticas políticas econômicas políticas culturais não é voltadas para a modernização do país e para a conciliação entre modernismo modernidade e modernização são três palavras que têm
o mesmo radical mas a mesma raiz mas que são têm sentidos históricos diferentes não é o processo de modernização do processo portanto de desenvolvimento de uma sociedade urbana industrial né e em princípio conforme os modelos analíticos democrática não é que sustenta a modernidade que seriam as sensibilidades modernas ea é ea modernismo sem os movimentos estéticos ligados à atualização cultural esses três esses três vetores né do processo de modernização da sociedade que a modernização e se modernismo ea modernidade nem sempre é ocorrem no mesmo no mesmo ritmo no mesmo momento histórico é podemos ter uma sensibilidade
e uma modernidade enquanto sensibilidade moderna sem modernização não podemos ter modernismos e modernização no caso do brasil ele é exemplar nesse sentido nosso modernismo nosso movimento modernista em grande parte antecede um processo integrado de modernização por exemplo industrial não é que só ocorrerá entre os anos 40 e 50 de todo modo ice essa vontade né de setores das elites em enfim é modernizar o país no sentido amplo da palavra ideologicamente esse projeto oscilou entre posições de direita de esquerda isso é muito interessante não é que não se pode dizer que é longo o modernismo brasileiro
foi um movimento mais à esquerda ou mais à direita porque enfim você tem intelectuais modernos que se reivindicam como intelectuais direito e você tem diálogos forte com o modernismo por parte de intelectuais e artistas esquerda caso do nacionalismo no brasil como expressão do modernismo é interessante porque ele ele é formulado à direita nos anos 30 e migra para a esquerda nos anos 50 embora já nos anos 30 têm uma discussão sobre enfim é brasilidade sobre identidade nacional mas o lucro desse conceito ele é formulado por intelectuais conservadores mas ligados à tradição de direita que nós
vimos aí no curso é seu ponto de vista estético cultural esse processo marco desenvolvimento daquilo que a gente chama genericamente nacional popular na cultura brasileira é e por lado também marca o desenvolvimento de vanguardas né cosmopolitas não é mais focadas no na ruptura formal com o passado é interessante que estou propondo aqui é um pouco diferente de como a historiografia pensa se esse processo não é em que há uma tradição nacional popular portanto nacionalista é mais voltada para a identidade nacional e uma tradição de vanguarda por outro lado mais conectada ao modernismo propriamente dito não
é eu estou propondo aqui na verdade é que vencemos essas duas vertentes com parte desse longo modernismo tanto nacional popular mas a agenda nacional popular que também uma agenda moderna um grande parte como essa agenda vanguardistas agenda agenda mais ligada às rupturas formais é uma nova expressão artística então eu enfim uma uma proposta para situar anos 50/60 dentro das do fim do processo cultural brasileiro mais amplo do século 20 e que tem no modernismo né para além do movimento modernista de 22 o dos anos 20 tem o seu o seu o seu epicentro né eu
diria até que é esse processo se esgota nos anos 70 e 60 e 70 use o tropicalismo é a última vanguarda modernista eu prefiro entender que a década de 70 ainda sobre sob regime militar não é também experimenta essa esses desdobramentos do modernismo netão questões como identidade nacional experimentalismo formal é papel do intelectual como arauto da sociedade são são questões típicas do modernismo que ecoam ainda nos anos 70 aí sim depois disso nos anos 80 eu acredito que essa agenda se dilui no próprio processo de modernização e industrialização da cultura que é muito forte a
partir daí mas isso está fora do do escopo da nossa aula né a kibon fechando mais na questão dos anos 50 não é focando no período dos anos 50 especificamente nós temos há uma década muito interessante não é pouco ainda estudado eu diria do ponto de vista da história da cultura mas é uma década aqui ela tem um lugar amigo né na historiografia na memória social é por um lado ela é a década que ainda de marca configura um brasil arcaico provinciano um é ligado às tradições por outra na década que demarca o avanço industrial
sem precedentes não é um processo de urbanização sem precedentes portanto uma abertura para o futuro e é interessante que a 15 grande esforço na cultura brasileira entre intelectuais e artistas e tentar articular essas esses dois movimentos essas duas perspectivas históricas um passado no futuro mesmo na arte moderna não é mesmo na arte que a gente pode alguns vetores da arte moderna que remédio no período foram tentar olhar também para a tradição um tentar incorporar de maneira moderna aspectos que vem da tradição por outro lado há por exemplo um forte movimento foi o cronista que a
gente vai ver daqui a pouquinho mais detalhes e que também procura olhar para a tradição determinada uma determinada perspectiva não é nesse sentido é é muito interessante porque o tempo o tempo arcaico idealizado o tempo das relações pessoais o tempo dá dá dá uma certa nostalgia de uma integração social que na verdade nunca existiu na história mas enfim a essa nostalgia de um de um país não é ainda harmônico que está em processo de de mudança a nostalgia enfim de um certo ritmo lento da vida social não é é ao mesmo tempo a todo esse
essa sensibilidade nova que configura o que há a modernização né no sentido de novas oportunidades econômicas o otimismo diante do futuro enriquecimento material cosmopolitismo e maior liberdade individual então aquilo que pauta a nostalgia de uma sociedade é tradicional repito muito problemática porque não talvez nunca tenha existido de fato e uma sociedade moderna aberta ao futuro é é particularmente vivido na década de 50 no caso brasileiro é e o governo juscelino kubischek de 1986 a 61 na verdade né é o governo que é no plano da memória social representa o encontro dessas duas épocas governo portanto
que o que coloca a questão nacionalismo da identidade e coloca a questão do desenvolvimentismo e do futuro não é é é uma espécie de encontro desses dois tempos históricos realizados um passado harmônico um futuro promissor e é interessante que é em grande parte é assim que se lembra do governo jk até hoje nenhuma espécie de anos dourados muito promissores que não não se realizar plenamente mas por outro lado mudaram para sempre a face da sociedade brasileira posto que é um governo marcado por um avanço industrial sem precedentes e mais que isso um discurso sobre o
avanço industrial muito otimista muito muito orgânico né vale lembrar que o lugar da cultura no governo juscelino kubischek né apesar do seu gosto pessoal pelas artes né e não houve uma política cultural é integrada no governo jk né alguns setores do governo desenvolver formulações formulações intelectuais né é importante sobretudo em relação ao nacionalismo e ao desenvolvimentismo algumas alguns setores do governo também atuaram na vida cultural com o ministério das relações exteriores por exemplo né particularmente né mas é no plano de metas por exemplo uma área que é o corolário da vida cultural que a educação
recebeu pouquíssima atenção só 3,4 por cento os recursos totais então é interessante que todo esse movimento de modernização do país que vai ter amplos reflexos na vida cultural e artística é em grande parte ele se não se sustenta num processo de massificação da educação sobretudo entre as classes populares então o país ainda com uma forte cultura oral a forte presença de comunidades camponesas ou recém migrados para cidades em processo de escolarização formal agressivo mas ao mesmo tempo um andar de cima da sociedade e debates culturais sofisticados que buscam inclusive inspiração nas classes populares eu destacaria
decidisse talvez desse desse período e aí sim a ação governamental importante a expansão do sistema de universidades vamos pensar muito tímida ainda mas é uma universidade na década de 50 se torna efetivamente epicentros da vida cultural sobretudo nas capitais brasileiras não é salvador porto alegre rio são paulo que já tinha obviamente uma vida universitária desde os anos 30 e 40 mas nos anos 50 a universidade é sedimentar o epicentro de uma vida cultural e artística se vocês forem olhar os artistas dos anos 60 não é atuar nos anos 60 jovens artistas muitos deles tinham passado
pela universidade ou estavam nas universidades né então é interessante que a universidade a partir da década de 50 ela tem um papel muito grande nessa dinamização da vida cultural e da participação cultural da juventude é esse papel por exemplo vai existir até o começo dos anos 80 rigor porque depois os espaços de criação cultural vão se dispersar as universidades entre os anos 50 60 e 70 aí tem um papel muito importante na criação e no consumo cultural sobretudo o consumo cultural engajado de arte engajada e elas efetivamente se expandem no período do governo jk aqui
eu queria já entrar em alguns grupos entrando é um pouco mais nas variáveis de ação cultural de ação político cultural fazer um pouco é o foco da aula né quais efetivamente movimentos culturais atuarão nos anos 50 e parte dos 60 é então eu vou listar alguns grupos alguns grupos políticos com forte ação cultural algumas instituições culturais né em primeiro lugar o perceber né o partido comunista brasileiro é o que vai se pautar por duas grandes vertentes de ação cultural ao longo da década de quarenta e cinco primeiro lugar chamado realismo socialista que será a doutrina
estética oficial do partido comunista de resto influenciado pela pelas doutrinas que obviamente emanavam sobretudo do debate soviético é o realismo socialista que era uma formulação que vinha do dos debates nos anos 30 da união soviética ele é transformado em doutrina para os partidos comunistas em 48 não é principalmente pela ação de andrés da nova é que vai ser também conhecido por tanto como cidadão vizinho o redd socialista vai influenciar todos os partidos comunistas filiados à a a moscou neste momento e vai ser pautado por uma arte de fácil comunicação com as massas não é uma
arte muito preocupado em minimizar o real não é em trazer para o mundo das artes qualquer quaisquer que sejam as os conflitos da realidade do real portanto os personagens reais só que obviamente vai fazê lo de maneira quase idealizado né ou quase não maneira idealizado a medida em que por exemplo não é uma série de codificar foi muito precisa de como deve ser o herói quem deve ser o vilão né nas nas obras é qual deve ser o sentido moral das obras sempre calcado na estética realista então por exemplo e como deve se à linguagem
dessas obras para ser compreendidas enfim de maneira mais fácil pelas massas por exemplo é na música né a prerrogativa de por exemplo peças melódicas né sobre a música erudita e peças melódicas de fácil comunicação de preferência incorporando material folclórico as músicas folclóricas enfim das várias comunidades nacionais na literatura uma narrativa direta com pouca complexidade psicológica dos personagens com uma ação sempre exemplar e moral por parte dos personagens que representavam forças históricas em luta é no cinema mesma coisa né sempre o cinema retórico uma busca de mimetização do real falando sobretudo também nos das grandes lutas
populares e interessante que a socialista sempre vai ter a busca do herói exemplar aquele herói que ficar encarna a luta dos oprimidos né e que realiza uma ação heróica né mesmo muitas vezes à custa da própria vida aliás é interessante isso que mesmo quando os personagens principais morriam o sentido era sempre otimista da obra sempre preciso conforme rege socialista passar uma mensagem otimista para as massas exortar se a ação de porrete socialista vai ser muito forte até 1984 um partido comunista é é um livro é um livro que estuda bem esse processo que detalha bem
esse período do partido a escrito pelo dênis de moraes se chama imaginário vigiado e há outros tantos trabalhos né o redd socialista terá uma presença importante no partido até 1984 né depois disso né depois de uma fase de debates internos até por conta da morte de stalin em 9 53 né é no final da década de 50 o partido se abre politicamente e culturalmente né inaugurando um período que genericamente é visto como frentismo como um período de frente mesmo cultural é corolário do franquismo político o partido também procurou ter no final dos anos 50 ou
seja propondo basicamente o que é uma aliança de classes e uma linguagem cultural que desce conta que reforçasse a aliança de classes que rege socialista uma linguagem muito voltada pro proletário o proletariado o fretista cultural procura incorporar não apenas em termos de formas também até de conteúdo o que chamava se genericamente da herança burguesa a herança portanto de outras classes sociais desde que a herança e tenham lá se uma consciência progressista nas massas né então é claro que aí é o fretista cultural obviamente não vai ser aberta qualquer tendência estética né mas vai procurar incorporar
elementos né da própria chamada arte burguesa né a arte da grande arte burguesa por exemplo século 19 fim desde que pudesse ser acoplada a uma mensagem progressista uma mensagem de engajamento e obviamente o fretista cultural nos coloca nos remete a um conceito não é que às vezes aparece com essas palavras às vezes não do chamado nacional popular é ofendido cultural e ao apelar ao tentar desenvolver uma política cultural para várias classes né é faz com que o partido passa a discutir o chamado nacional popular que é o nacional popular é um idioma cultural que procura
articular é elementos estéticos elementos culturais de várias classes sociais e de vários países netão a idéia de que você precisa ter não é um idioma cultural para várias classes que conecte a match cosmopolita que vem da tradição burguesa européia com uma arte popular que vinha das tradições locais isso é desse encontro trabalhado pelo artista que na seria essa linguagem comum a linguagem artística e cultural comum para todas as classes que ora se chama frentismo cultural ora se chama nacional popular dependendo da idade esse conceito está muito ligada à obra de antónio grande né nacional popular
mas o grande na verdade é entra no brasil com força a partir de 1968 só mas antes disso já havia uma discussão sobre nacional popular no brasil netão é preciso quando a gentileza palavras vezes mobiliza o conceito grande este ano não é que a gente tem esse cuidado porque na verdade o conceito ele entrou posteriormente não é o termo nacional popular já vinha de antes né ok claro isso o conjunto de pouco o conceito de povo quer uma categoria importante na produção cultural é pra todos esses grupos é no caso do partido comunista brasileiro era
o conjunto das classes revolucionários conforme essa visão da pista de história vocês viram na aula do professor jean que o partido pensava revolução por etapas e nessa etapa que seria etapa nacional democrática a revolução seria uma obra de várias classes sociais incluindo setores da burguesia nacionalista claro que isso se mostrou muito frágil teoricamente a história por outro lado mas esse era o princípio teórico que ordenava o debate cultural um outro grupo que queria destacar muito importante para a cultura engajada de esquerda inclusive dos anos 60 é o esib instituto superior de estudos brasileiros criado em
1985 embora o cruzeiro tenha passado da história identificado com a esquerda nacionalista na verdade era nenhum substituto muito plural sobretudo no seu começo e que inclusive comportava liberais conservadores mas o ponto comum entre os vários intelectuais que formava reçeber nacionalismo né é a idéia de que a nação precisaria ter consciência do seu papel histórico para se desenvolver para se afirmar diante de outras nações é um foco de zé beer nacionalismo e principalmente no chamado nacional desenvolvimentismo o conceito de pouco eseb era entendido como outra sociedade civil brasileiro sobretudo aquele aquela sociedade civil orientada para o
futuro para o desenvolvimento e essa sociedade civil é que era portadora de uma consciência nacionalista embutida nem estado potencial o próprio nacionalismo que deveria ser estimulado pelos intelectuais pelo processo cultural como um todo então nacionalismo que adormecia na sociedade precisava ser estimulado para que ele se tornar se consciente alguns autores do iseb falando né da afirmação do ser nacional deve ser nacional tinha que ter consciência dos interesses nacionais para atuar na história um foco de seb a discussão recebe a maior parte dos trabalhos intelectuais do iseb era ligada à afirmação do nacionalismo como etapa fundamental
de construção do futuro da história enfim é ligada à principal é o desenvolvimento industrial é um órgão que nasci pra pensar está vinculado à chamada ideologia do desenvolvimento nacional então é púbis hebe afirmação cultural da nação era inseparável da sua formação política vejo que é a via nacionalismo também no partido comunista não é sobretudo à medida que parte como estipulava o anti-imperialismo né mas no caso do zé é um nacionalismo enfim vamos assim mais orgânico pensado de maneira mais orgânica no caso do partido comunista nacionais mais instrumental é visto como luta contra o imperialismo como
preparação da futura revolução é socialista então perceber que recebe são dois em dois grupos nego mas assim que ensejam movimentos culturais muito importantes que vão influenciar muito a arte de esquerda sobretudo nos anos 60 no cpc da une famoso centro popular de cultura da une ele tem essa dupla influência tanto das formulações do partido comunista quanto da do isep dizer é em grande parte um nacionalismo de esquerda está sendo forjado aí nesse nesse debate
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