"A natureza", por Ailton Krenak

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Academia Brasileira de Letras
O ciclo "Pensar" tem como premissa o debate de questões que afetam diretamente nosso cotidiano. No d...
Video Transcript:
[Música] Boa tarde Boa tarde a todas as pessoas presentes também as que nos seguem pelo YouTube hoje temos dando sequência ao ciclo de conferências pensar temos conosco pensar a natureza com o nosso acadêmico aon cren É uma honra pois recebermos aqui na casa e Alega para nós todos e eu vou como é de PR ler um pouco seu currículo depois nós vamos ver um pequeno filme pequeno vídeo Todo mundo conhece o crenac de cor salteado né mas enfim eh faz parte do protocolo a leitura da sua biografia do seu mini currículo aqui para não perdermos
tempo cren é ambientalista filósofo poeta membro da Academia Brasileira de letra nossa academia Dr Honório causa pela Universidade Federal de Minas Gerais e pela Universidade Federal de J de fora como eh uma liderança Histórica no movimento indígena exerceu um papel crucial na conquista dos direitos indígenas na constituinte de 1988 ativista do movimento socioambiental e defensor dos direitos dos povos indígenas participou da fundação da Aliança doss povos da floresta e da União das Nações Indígenas a uni uni em 2005 co-escreveu a proposta da Unesco que criou a reserva da biosfera da Serra do espinhaço em 2017
sua trajetória foi tema do documentário Aílton krenak e o sonho de Pedra do diretor Marco alberg em 2019 escreveu o livro ideias para adiar o fim do mundo e nos anos seguintes as obras ou amanhã não está à venda e a vida não é útil eh eu passo Então antes de passar a palavra pois ao nosso convidado eh peço Aurino que providencia A projeção do filme por favor qu [Música] [Risadas] [Música] [Música] [Música] enquanto fadas correm das fogueiras e Dragões mergulham em Lagos profundos enquanto gente é enlaçada e serpentes cósmicas se transformam em lenda damas
e senhores se vestem de sedas e demandam o trabalho de milhares de mariposas conhecidas como bichos da seda damas e senhores consomem chá café Pão de Açúcar ouro madeira Cacau tabaco e diamante [Música] the ag of exploration is the name Given to the phenomen that occur between the 15 and 17th centri when countless expeditions left maj European pow towards territorial Conquest the search for Spice TR and met con na people to chity and ag Call C Geal and not geic a Metrópole sem feitas de artefatos e se faz confortável em almofadas com motivos tropicais é
de algodão puro tingido de Pau Brasil a rouparia dos Nobres passada a ferro aquecida a carvão pelas mãos de meninas [Música] travas caminhos passam a se chamar companhias e seguem na direção das Vas para descobrir é preciso desconhecer descobrir é uma afirmação da própria ignorância A ignorância é violenta e usa pólvora para se impor e assim cidades douradas comem Minas e matas colonizar é instalar o sistema do mercado muitos seres são levados à combustão que move A Roda da Fortuna como um trem que nunca vai parar chamam de reino coroa domínio sempre foi Supermercado o
que deu errado no no mundo é que o projeto de alguns homens deu certo e eles ficaram ricos dinheiro não pede permissão não Pede licença dinheiro paga e faz tudo mercadoria até memória vira patrimônio à medida que a natureza se extingue um outro mundo passa a ser criado um metamundo feito de representações da natureza e que pode ser consumido a natureza se torna encantada e sobrevive mesmo que no Imaginário é a natureza que está no comando ela é cósmica é filha do Sol a natureza é oroboros para os valores do mundo capitalista terra é propriedade
pedra é riqueza água é recurso natural plantas e animais são somente alimentos para os humanos gente que não comunga dos mesmos valores é selvagem Sim somos todos selvagens ser selvagem é ser filho da selva selvagem é o DNA o código que desenha e en fora a vida atravessando como uma canoa as existências atuais futuras e ancestrais selvagem é o coração que bate independente do comando da Razão selvagem é a simbiose a construção da Vida em colaboração e sua metamorfose contínua fazendo que a vida seja para sempre são selvagens as plantas e as bactérias criadoras da
fórmula que transforma os raios do sol na atmosfera possível desse planeta azul selvagem é o planeta azul que se autorregula e orbita em sincronia com todo o Cosmos o Cosmos que também é selvagem [Música] [Música] somos a Fera e a esfera [Música] [Música] [Aplausos] bem após dessa maravilha passo então a palavra ao aon cren Lembrando que o ciclo esse ciclo de conferências tem a Coordenação Geral de Antônio Carlos sequim por favor então com a honra aon crenac Saúdo a todos todas Boa tarde agradeço de coração essa acolhida maravilhosa que vocês eh nos proporcionam a mim
e ao meu moderador que está aqui me ajudando nesse encontro eh com as diferentes visões que nós temos desse planeta azul e dessa palavra que nos reúne aqui natureza eu agradeço o ciclo de conferências pensar a oportunidade de estar junto com outros pensadores que já falaram de saúde falaram de Economia falaram de literatura falaram de diferentes temas então a cada um de nós que foi eh proporcionado esse privilégio eh nós agradecemos o ciclo de conferências que a BL Eh abre para que a gente possa ter essa fruição que algumas ideias que ficam Encantadas possam fluir
algumas ideias que ficam nas nossas obras nos nossos textos na nossa literatura eh raramente elas encontram situações de Privilégio como essa de uma audiência tão plural né e eu quero agradecer ao nosso querido Coordenador Geral desse ciclo O acadêmico Antônio Carlos sequim e os outros colegas da academia que estão presente aqui e na pessoa do próprio Antônio sequim vamos ao que interessa eu não vim aqui para ficar tomando o tempo de vocês sem contar essa parábola sobre a Fera e a esfera esse ciclo de estudos que nós iniciamos ainda na pandemia onde a a minha
colega Ana Dante me animou a pensar temas para que a gente tivesse encontros como esse aqui desse ciclo e eles foram muito prósperos reuniram muita gente em vários lugares cresceu e hoje ele tem diferentes eh dispositivos de comunicar eh novas ideias Digamos que hoje nós vamos falar de uma nova ideia sobre natureza e essa nova ideia sobre natureza natureza ela ela corre próxima a um evento muito importante da nossa história recente que são as mudanças climáticas Antes de nós os comuns Mortais sermos alertados que a gente estava entrando pelo Cano a NASA eh Manteve durante
um bom período talvez dos anos 60 até o começo dos anos 80 um grupo de cientistas que desenvolveram o conceito ou a teoria teoria de Gaia a teoria de Gaia é um conceito científico que volta-se para uma observação disso que nós chamamos de natureza numa perspectiva ampla não só dessa ideia que produziu uma cultura meio ambiente né Eu sempre contestei a ideia eh do meio ambiente de tanto fazer isso ganhei o apelido de ambientalista então tomem cuidado com as ideias de vocês porque elas podem se voltar contra vocês eu i às escolas aos colégios e
dizia pra professora pra coordenadora pedagógica não insistam com as crianças com essa ideia de Meio Ambiente porque isso separa o corpo da criança do Entorno onde ela está Ela vai começar a olhar o quintal da escola como um lugar estranho ao corpo dela não diga para uma criança não põe a mão no chão que o chão é sujo isso vai produzir uma Abismo cognitivo nesse serzinho que está crescendo e ele vai começar a achar que o corpo dele é um organismo tão estranho quanto um vírus aqui dentro do corpo desse organismo vivo que é a
terra que os povos indígenas sempre chamaram de Mãe Terra eu já fiz um comentário sobre essa expressão eh que nós nós nossos antepassados nos ensinaram e que a gente insiste em falar mãe terra e um comentário sobre como os não indígenas observam essa expressão observam com um pouco de desconfiança tipo Eles vivem fabulando Lá vem os indígenas fabulando eles chamam a terra de mãe os Jesuítas diziam que eles até chamavam o sol de pai ou Deus ou Tupã Vamos aos Jesuítas ora os Jesuítas quando chegaram por aqui eles insistiam com a ideia de que os
indígenas nomeassem um Deus e os indígenas não nomeava Deus nenhum então eles começaram a ficar com um problema muito sério mas como essa gente não tem um Deus vamos inventar um Deus para eles e inventaram Tupã e inventaram outras coisas que nenhum povo indígena que eu conheço considera Deus quer dizer os Jesuítas eles estavam tão chapados de Deus que eles tinham que enfiar um Deus em [Risadas] [Aplausos] alguém [Aplausos] ora Que história é essa né Aí você chega lá na China por exemplo e pergunta pros chineses e aí e o seu Deus e os chineses
eu hein mas e o seu Deus ah que isso então os Jesuítas não deram muito certo lá na Ásia nem no Japão nem na China no Japão porque o Japão tava fechado para esse papo furado do ocidente e quando os Jesuítas chegaram eles deram pau nos Jesuítas expulsaram eles todos os Jesuítas que deram no costado das ilhas japonesas Rido a ilha principal toda aquelas Ilhas quer dizer eles não deram certo na Ásia Então os europeus se voltaram pra África e para cá continente americano onde eles imprimiram o carimbo natureza o carimbo da natureza o carimbo
da natureza na ideologia ou na cosmovisão do mundo branco do mundo ocidental ele é análogo ao carimbo do Deus se você tiver um Você tem o outro na narrativa bíblica abraâmica onde muçulmanos o Islã onde cristãos o cristianismo onde judeus o judaísmo todos filhos de Abraão todos dizem que um Deus criou essa terra e deu para eles e dize para eles esfola rala corta mói domina com essa ideia de domina esse Abraão esse Adão esse abraâmico Adão ele saiu pelo mundo gente fazendo o que Deus mandou vocês não podem culpar aos europeus pelo desastre ecológico
que eles produziram no planeta você vocês teriam que conversar com Deus eles só estão fazendo o que o pai deles mandou o pai deles disse vai lá e quebra tudo eles foram lá e quebraram tudo porque e eles vão depois e falam com o Papa Francisco Papa Francisco a gente quebrou tudo aí o Papa vira para eles e fala a gente vai ter que fazer uma Encíclica a última Encíclica do Papa Francisco ela está dizendo pro seu povo Calma a terra não suporta a nossa o nosso tropu Eu gostei muito do Papa Francisco ter feito
esse Calma a terra não suporta o nosso tropel a nossa Fúria consumo consumo consumo comer comer comer a Fera e a esfera somos nós a Fera e a esfera é uma maneira da gente atravessar esse Abismo cognitivo que nos tornou todos Refém de uma ideia absurda de que o nosso corpo é diferente do corpo de uma formiga de uma árvore de um peixe aí você fala mas Qual peixe de um organismo vivo Nós deixamos de nos sentir organismo vivo e passamos a reivindicar um especismo do humano o especismo do humano a espécie o Sapiens esse
sujeito o Sapiens ele ficou encado em se mesm numa ideia de que ele pode agir sobre o corpo dos outros seres vivos desde a formiga até o elefante da maneira mais arbitrária ele não tem que pedir licença para ninguém porque ele recebeu uma ordem vai lá e quebra tudo então com essa ordem de vai lá e quebra tudo a gente reproduz também sociedades violentas que querem colonizar recolonizar se se houvesse possibilidade eh assim como se imagina a reciclagem eh de materiais reciclar o plástico reciclar o as latas reciclar todo esse material que a gente manipula
nas nossas maneiras de subsistência de organização de consumo de mundo nós íamos imaginar uma reciclagem do planeta quer dizer eh a nossa mentalidade sobre o corpo da terra ela é tão eh dissociada do sentido da vida da produção da vida que ela acredita que a gente pode reciclar o planeta ora gente isso parece um um conto Fantástico em que uma determinada humanidade se sentiu tão à vontade para triturar o planeta em que viviam que eles convenceram-se de que eles podem fazer outro alguns acham que podem ocupar outro a síndrome Colonial ela acha que além de
colonizar e estragar essa terra nós podemos depois e colonizar a Marte e colonizar outro lugar o sucesso da nossa experiência intelectual da nossa capacidade inventiva que nos possibilita produzir Máquinas Incríveis como o poeta Carlos drumon de Andrade o nosso querido drumon ele diz no seu poema o homem e as viagens não é isso o homem e as viagens ou o homem as viagens é maravilhoso como drumon quando os humanos estavam mandando Apolo 11 para tentar botar Estação no espaço ele já teve uma antevisão do desastre ele falou lá vai esse humano esse bicho pequeno na
terra e que desenvolve máquinas inteligentes nós temos uma incrível capacidade de desenvolver máquinas inteligentes H Aquele Tempo drumon já sabia que algum engraçadinho ia ia devolver pro mercado pro nosso prazer a tal da Inteligência Artificial ele já sabia porque essa inteligência artificial que vai ouvir a ordem e vá né cheg me leve a Marte inventa roupa e sável uma roupa insiderável quer dizer uma roupa que não pega fogo porque a gente vai para um lugar que é só fogo né É uma certa eh Fúria e uma disposição da espé do humano de se danar no
espaço ao in vez de se apaixonar pelo espaço ao inv vez de amar o planeta onde ele tem seu habitate o corpo humano não foi feito para habitar Marte a nossa estrutura a nossa fisiologia a nossa anatomia todo o nosso aparelho é Para habitar esse maravilhoso planeta azul com oxigênio com ua com muita luz com coisas maravilhosas que nos produz nos produz assim como produz Samambaias a gente tinha como diz Manuel de Barros a gente deveria ter uma vocação para Samambaias os humanos vaidosos orgulhosos de si vão dizer mas o que que é isso nós
estamos ouvindo alguém dizer que a gente podia ter vocação para Formiga árvore Samambaia ele tá repetindo o erro do poeta Manuel de Barros e ainda trazendo junto com ele O equívoco do drumon esse sujeito só carrega junto com ele pessoas que não acreditam que a espécie Sapiens pode submeter a vida no planeta e instituir globalmente uma ideologia especista que trata a natureza como uma coisa separada da qual nós podemos até prescindir porque nós somos Sapiens esse Sapiens Eu desconfio que ele não tem cura e já fiz uma observação de que o Sapiens deu metástase o
Sapiens e toda essa Fúria ambientalista que diz que o mundo vai acabar ou qualquer coisa do do tipo ele parte de uma cosmovisão instituída eu tô chamando de cosmovisão alguma coisa que nesse caso podia ser chamado também de uma ideologia global uma ideologia planetária porque a despeito do nosso querido geógrafo Milton Santos reclamar outras globalizações As outras globalizações todas foram excluídas só ficou uma a da economia aquela da grana da moeda do dinheiro o dinheiro é o dinheiro dinheiro então nós vivemos num planeta hoje onde o valor mais elevado dos humanos é o dinheiro por
favor se tiver alguém aqui que por alguma razão poética ficar contrariado com essa afirmação levante a sua mão é a grana alguém chega numa família vê um menino de 4 5 anos e pergunta o que ele vai ser quando crescer um sujeito desse deveria ser ser preso Ele deveria ser retirado do ambiente e levado paraa cadeia como ele pode perguntar para alguém que aportou aqui nesse maravilhoso planeta com suas relações cósmicas para trazer pra gente novas ideias de mundo e você pergunta o que ele vai ser quando crescer a educação a entação geral a coisa
da profissão aquilo que o nosso querido mestre que nós celebramos o nosso grande Educador Paulo Freire aquilo que ele chamava de educação bancária é o que tomou conta de tudo assim como Sapiens deu metástase isso que a gente chama de educação também faz muito tempo que se rendeu a essa metástase de reproduzir gente para ser mão de obra e ativar sistemas de produção do mercado quer dizer nós nos constituímos numa ex humanidade a gente perdeu aquilo que podia ser uma ideia de humanidade aquilo que é referido na declaração universal dos direitos humanos a gente já
jogou fora tempo é só um mantra a declaração universal dos direitos humanos é um mantra assim como alguém medita canta um mantra para ver se chove ou se o mundo não acaba Nós também acreditamos na declaração universal dos direitos humanos enquanto a gente assiste os donos da Guerra esmagando continentes inteiros e a gente continua como se a gente fosse se mentecaptos para não esquecer um querido escritor [Risadas] Mineiro hum o grande mentec o grande meteco aqui ele podia ser pensado como uma espécie de Big brother para dar ele a escala Global né ele não pode
ser um mapito regional no evento da globalização nós todos embarcamos naquilo que o copenal Yanomami o meu querido amigo David copenal Yanomami um Pajé Yanomami que tem um um livrão desse tamanho a queda do céu que não é todo mundo que encara eh tem muita gente que consegue ler a lista fônica Mas nem todo mundo lê a queda do céu então o que que a queda do céu diz Ela traz uma cosmovisão de um povo que viveu 2000 anos pelo menos os últimos 2000 anos lá na fronteira com isso que é a Venezuela muito antes
de existir a Venezuela muito antes de toda essa lenda Colonial um povo viveu 2000 anos engendrando uma visão de mundo que é compartilhada em a queda do céu que é maravilhamento é puro maravilhamento a gente podia imaginar mais 200 300 eh narrativas tão ricas tão maravilhosas quanto a cosmovisão Yanomami de outros povos que tiveram a oportunidade de sobreviver ao absurdo que foi a chegada dos europeus aqui no continente americano os os europeus imprimiram no continente americano gente a ideia de natureza é lá no século X lá no século XVII que os filósofos europeus se nutrindo
assim como tiravam ouro diamante tiravam ideias também daqui aliás alguém me disse hoje que essa região do mundo que nós bancamos a riqueza do dos outros a gente banca a experiência dos outros em tudo especificamente esse meu amigo fazia referência à arte a audiovisual a cinema as artes eles diz que nós somos uma espécie de canteiro um celeiro pros outros a gente continua bancando a riqueza alheia né que nós temos uma espécie assim de predisposição para doar tudo que a gente não é capaz de avaliar pros outros fazerem riquezas é uma generosidade para além eh
da Franciscana e laudato si é o que o Papa Francisco invoca né nesse laudato si ele tá lembrando o povo dele os seus cristãos que a gente já transformou a terra eh num deserto e que nós estamos PR a não deixar herança nenhuma pras futuras gerações se a gente conseguir seguir nessa pegada quando for ali pelos anos 40 50 nós vamos estar reduzidos a alguns feudos espalhado pelo planeta enquanto o resto da terra vai est devastada pela nossa Fúria pelo petróleo pela extração de água a crise hídrica planetária a gente não tem mais como brincar
com isso nós podemos aprender com zanom que há 2000 anos atrás sabiam que a terra não é plana há 2000 anos atrás mas a gente ainda tem muita gente que acredita nesse tipo eh [Música] de absurdo porque se você está sentado numa Colina assistindo o por do sol e no outro dia você admite que a Terra é plana você é um [Aplausos] imbecil então na maioria das línguas nativas do continente americano Não Existe a palavra natureza não existe essa palavra é um esforço enorme de tradução tentar criar uma expressão para falar isso que os brancos
chamam de natureza Então como que alguém pode ser ambient como como atravessar esse Abismo cognitivo que nos tornou todos Refém de uma ideia que nos separa do organismo que Supre a gente que nutre a gente e que nos produz eu não preciso insistir que se desidratar o Aílton vai restar só um bagaço eh de cálcio e alguns outros as coisas ali no chão em minutos desidrata qualquer um de nós e a gente é palha então nós somos supridos pela atmosfera pela biosfera de Gaia esse organismo que calcea e que o meu amigo Emanuel coa que
vem lançar livro aqui no Brasil de novo daqui a pouco quer dizer além de tudo nós somos um grande espaço PR os outros lançar livros o Emanuele ele me surpreendeu quando ele chegou aqui esse esse típico eh europeu né ele ele ele tem aquela cultura italiana e ele veio com uma maravilhosa eh referência a metamorfose eu pensei bom esse cara tá falando do cfca não Esse cara está falando do Darwin e ele recuperou a aquilo que Darwin trouxe para nós que durante muito tempo foi chamado de teoria assim como Gaia chamam de teoria tudo que
você chama de teoria é alguma coisa da qual você desconfia ninguém chama alguma coisa que você acredita de teoria você não diz que o seu pé é uma teoria você pisa usa o pé Você não diz que a sua fome é uma teoria não tem uma teoria da fome tem fome e fome mata então a questão é o seguinte quando Darwin anunciou as suas conclusões suas visões as seus experimentos as suas descobertas nesse sentido cabe a palavra o mundo era tão que pegou o lado errado da teoria dele e foi utilizada inclusive de maneira eh
racista né o tal do eugenismo né ele foi um uma uma uma uma lavanca para esse tipo de reacionários produzir todas as as neras que produziram sobre raça e outras coisas do tipo gênero e tudo o mundo ficou mais de 100 anos anos chapado por essas eh contra eh ideias então eu gostei muito quando esse filósofo e professor de uma das Universidades de Paris escreveu e publicou eh metamorfose onde ele diz que uma lagarta aquela máquina de mastigação aquele estômago de comer folha aquela lagarta cheia de folha ela vai fazer uma passagem vai produzir um
casulo e dele vai sair uma borboleta como a maneira de exemplificar que a vida atravessa tudo a vida da borboleta da lagarta a minha a sua a da árvore a do periquito do Papagaio da arara e da Palmeira dali do Jardim Botânico a a vida a nossa vida é a mesma em todos esses organismos diversos a vida de uma formiga a vida que passa no corpo da formiga é a vida que passa em mim não tem nenhum problema com isso mas quando você acredita nessa excepcionalidade da espécie humana que o que aparece ali na verdade
é uma entidade espiritada uma coisa cheia de almas e espíritos você esculhamba Geral com o sentido da vida a vida não tem nada a ver com essa história com essa Fabulosa ou com com esse fabulis que as culturas humanas inventaram sobre si mesmo nós inventamos muita coisa sobre nós mesmo duro é experimentar a vida como ela é ela muda a nossa perspectiva inclusive sobre a ideia de finitude porque se a vida está em tudo Eu definitivamente posso me considerar uma experiência eterna a vida nunca acaba a vida nunca acaba a vida nunca acaba nós essa
esse aparato o casulo acaba a vida passa a vida é borboleta a vida pode ser lagarta de novo a semente a árvore a planta a terra nós somos Terra Então por que que a gente quer Eh imprimir uma ideia transcendental em algo que é tão eh verdadeiro e que nos atravessa de uma maneira tão que é impossível da gente não ser de alguma maneira tocado por essa experiência verdadeira da vida quer dizer a gente prefere uma vida inventada do que a vida de verdade que esse organismo Terra nos proporciona instalado numa galáxia evoluindo num Cosmos
será que as pessoas vão ter Vertigem Se tentar pensar isso eu acho que era milor que dizia que pensar não dói não é isso então Vivo milor que dizia pensar não dói e lembrar o seguinte pensar não dói gente de vez em quando Pinho assim de balança mas pensar não dói esse ciclo pensar é muito bem-vindo porque ele dá uma oportunidade de fazer uma comunicação dessa que em outros contextos podia ser considerado uma heresia ou uma provocação ou uma uma subversão Gostei dessa Mas voltando os subversivos e os inversivel torcer esse planeta a primeira vez
que eu tive conhecimento da ideia eh dos experimentos genéticos já passou dos experimentos da manipulação genética e tudo eu já achava escandaloso fazer isso com as plantas depois quando fizeram com a ovelhinha depois quando saíram fazendo com gente e tudo eu falei desceu a ladeira o Sapiens desceu a ladeira é interessante a gente pensar no Sapiens porque a gente não discrimina ninguém Sapiens somos todos Olha que roubada a a vocação eh serial killer do Sapiens ela se manifestou quando ele aniquilou o neandertal nessa história da evolução dos bichos nós os humanos os humanos não gostam
de se chamar serem chamados de bichos que isso nossa Olha esses engraçadinhos dos humanos essa peste dos humanos que come tudo que mata tudo eles precisam entrar na lista das espécies em extinção nem que seja o último Eu voto a favor o Sapiens tem que entrar na lista de extinção assim sem discriminação tem que ser a extinção da espécie Sapiens não é de meia dúzia de Sapiens um com a orelha o outro sem orelha é todos deu [Aplausos] certo bem eh foi dessa maravilhosa explanação e e conscientização do mundo eu fiquei anotando algumas coisas Nesse
pouco tempo que nos resta mas por favor se eu permitir né quer di desde a a Constituição de 1988 e a luta dos povos indígenas e das forças progressistas do país a gente pode pensar numa mutação intelectual que pode gerar uma nova sociedade a gente pode pensar que aos poucos entramos em outra era axial aproveitando aqui as palavras do ibeiro de Castro ou o a gente cren mal saiu do lugar nessa luta se tivesse mais um minutinho eu ia sugeria que a gente pegasse aquele parágrafo de ideias para diar oo fim do mundo lá no
posfácio dele aliás esse livrinho ele tá ele está traduzido a última tradução dele parece que foi na Coreia e eu fiquei pensando olha os coreanos também Estão interessados nisso os japoneses na Suécia na Europa inteira e os nossos parentes Aimara e keta também Estão interessados nessa conversa e o que é interessante é que um tema que me incomodava e que eu não imaginava da aquii o fim do mundo e que eu não imaginava que pudesse eh interessar outros povos quer dizer além dos Tupiniquim tem muita gente Incomodada com isso o o que foi mencionado aqui
pelo Godofredo que é essa era é o fim do mundo da vida no planeta do sistema solar etc como sabemos é inevitável na frase célebre de levest o mundo começou sem o homem e terminará sem ele Isso é só para vocês não ficarem muito grilados com a ideia do Sapiens desaparecer se acontecer do Sapiens desaparecer vocês não fiquem com problema não isso já tava programado o mundo começou sem os humanos e terminará sem ele não é Pode terminar não é terminará sem ele esse maravilhoso planeta que há 4 bilhões de anos é inteligente tem humor
e nos suporta assistiu a uma experiência dos humanos né o meu colega Eduardo viveiros ele gosta de se referir a esse período que nós os agora como antropoceno no horizonte temporal próximo remete assim em última análise a disjunção ontológica entre imanência e transcendência inaugurada com a chamada era axial essa palavra esquisita era axial Uma disjunção que uma vez estabelecida no seio dos povos axiais traduziu-se externamente em uma guerra de Conquista ou extermínio dos povos imanentes a catequese dos pagãos A Caça às Feiticeiras o colonialismo a globalização quer dizer isso são todas motivações que só nos
afetaram quando esse império da transcendência ao mesmo tempo frágil e agressivo nunca hesitou em recorrer ao etnocídio ao genocídio ao ecocídio para estabelecer sua soberania universal O que é essa referência a uma era axial o conceito polêmico mais útil de era axial é do Carl Jasper depois de depois foi retomado por eh eisenstadt e depois por outros autores eles eles ele gosta de citar as bibliografias eh e muitos outros autores ele se referem a uma suposta mutação intelectual uma mutação intelectual ocorrida em diferentes sociedades ancestrais entre os séculos oo entre o século vi8 e o
século 3 antes de Cristo que gerou o profetismo judaico a filosofia grega o budismo indiano tudo isso aí ele indica essas obras e esses autores pra gente não ficar o tempo inteiro de joelho imaginando que nós somos lesmas [Aplausos] Parabéns pequena certificado certificado da bluma não em princípio Não obrigado pessoal Deus [Música] coração aqui aqui aqui aqui aqui aqui aqui aqui aqui querido não acredito numa coisa dessa beleza hein bem aproveito também para gratidão gratidão gratidão meu moderador obrigado querido eh na próxima terça-feira dia 30 às 16 horas dentro do ciclo pensar teremos pensar a
justiça com o convidado luí Roberto Barroso e na quinta-feira amanhã eh sim depois da manhã quinta-feira às 17:30 com a coordenação do acadêmico domí porena filho teremos a palestra a obra polifônica de João boalo Ribeiro com as conferencistas Rita Oliveira e godé e zabel muito obrigado pela presença de todos e todas obrigado [Aplausos] k
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