Queridos [Música], irmãos, diante do presépio, nós contemplamos uma família; pois, ao decidir se encarnar, Deus mesmo instituiu uma família para si. E isso não é a primeira vez que acontece na história, pois, quando lemos o livro do Gênesis, Deus criou homem e mulher à sua imagem e semelhança. Mas, no capítulo dois, vendo que o homem estava só, fez-lhe uma companheira que fosse digna dele e, depois de criá-la, apresentou-a ele mesmo ao homem.
Em outras palavras, Deus mesmo fundou a instituição familiar ao criar o homem e [Música] mulher, determinando assim que a família fosse a base a partir da qual nós somos gerados, nós crescemos, somos educados para depois nos tornarmos nós mesmos homens e mulheres capazes de fundar suas próprias famílias. O Evangelho é muito sugestivo; ele nos narra esse episódio que conhecemos com a perda e o encontro do menino Jesus no templo em Jerusalém. Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém; eram judeus piedosos para a festa da Páscoa.
Quando ele completou 12 anos, subiram para a festa como de costume. Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, pois o menino Jesus ficou em Jerusalém sem que seus pais o notassem, pensando que ele estivesse na caravana. Caminharam um dia inteiro.
Vejam a cena: é muito sugestiva, tal como descrita por São Lucas. Ele pressupõe que nós já conheçamos a realidade de que, quando os judeus subiam para Jerusalém, iam em caravana, e os homens iam em um grupo separado das mulheres, e as crianças podiam, indiferentemente, ir com um grupo ou com outro. Eles, voltando de Jerusalém, pensavam que o menino Jesus estava num dos dois grupos, com a mãe ou com o pai.
Depois, começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos, e não o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. Três dias depois, o encontraram no templo. Queridos irmãos, essa cena tem muito a nos dizer, porque, assim como nesta cena, nós temos não apenas evocada a história, por assim dizer, da Sagrada Família, mas também o mistério da Paixão do Senhor.
O menino Jesus fica perdido três dias no templo. Não é à toa, na pena de São Lucas; isso significa uma prefiguração da morte de Cristo, que ficará três dias no sepulcro para depois ressuscitar. Nós temos, portanto, aqui uma espécie de arquétipo que pode nos ajudar a meditar sobre a nossa própria família.
Olhando para a família moderna, nós podemos nos fazer essa pergunta: onde foi que nos perdemos? Onde foi que a família moderna perdeu Jesus? Como é que isso aconteceu?
Por que tantos divórcios? Por que tantos adultérios? Por que tanta infidelidade à lei de Deus?
Por que tantos filhos que se pervertem? O que está acontecendo? Onde foi que a família perdeu Jesus?
E, assim como nessa cena, eles levam um dia para perder, mas três para encontrar. E eles precisam refazer o caminho; precisam voltar atrás. Nós também temos que fazer a mesma coisa.
Nós temos que refazer o caminho e ver onde nós nos perdemos. Em termos, digamos assim, macro, nós sabemos como isso tudo começou: o industrial desarraigo, as pessoas do seu lugar natural, e criou uma sociedade artificial edificada sobre as empresas. Esse tipo de sociedade é doente, tem relações familiares muito frágeis.
Pai trabalha nisso, a mãe naquilo; os filhos ficam um pouco ao léu. Os problemas vão aparecendo. Essa família doente é tomada [Música] como a família ideal, exemplar, a fraca família nuclear.
Depois, surgem as correntes marxistas e neomarxistas que vêm com o seu programa de destruição da família, muito bem construído, muito bem determinado; e, por fim, instituições internacionais que militam para lacear a sociedade e implodir o modelo de família natural. Hoje mesmo, antes de celebrar, me mandaram um site que eu nem sabia que existia, com a folha de pagamento da Open Society, a fundação do George Soros: 260 ONGs pagas pela Open Society. Nós estamos falando só de uma fundação internacional, e no topo, fundações que recebem centenas de milhões de reais.
Nós não estamos falando de pouca coisa. O programa dessa fundação. .
. eu estou falando só de uma, não estou falando da Ford Foundation, nem da Gates [Música] Bill Gates Foundation, lá com a mulher dele, falando de nada, só de uma. O programa é claro: qual que é o programa?
Cear a estrutura da sociedade de tal modo que a família se torne uma figura indeterminada. Qualquer coisa pode ser considerada família; qualquer agregação pode ser considerada família. Porque se vê a família tradicional como uma estrutura fechada, e o que se quer é uma sociedade aberta.
Toda a chamada cultura W milita por isso. E o que acontece? Nós, cristãos, não podemos continuar andando para a frente como se nada tivesse acontecido.
Quanto mais você andar, mais você vai se perder de Cristo; mais você vai numa direção oposta a onde ele está. É preciso que nós estudemos, que nós refaçamos o caminho para voltarmos a Jerusalém. O menino Jesus foi encontrado no templo, cuidando das coisas do Pai [Música] eterno.
E nós também vamos reencontrar Cristo no templo, na palavra de Deus, na Igreja, nos ensinamentos dos Apóstolos, naquilo que nós aprendemos, no nosso catecismo. Nós temos que entender uma coisa: não dá para ser cristão e woke. Não existe isso.
Um cristão woke é uma nota de R$ 3. Não, não, não, não, não, não tem consistência. Não dá.
Quando nós abrimos a palavra de Deus, Deus honra os pais, o Pai nos filhos, confirma sobre eles a autoridade da mãe. Quem honra o seu pai alcança o perdão dos pecados; quem respeita a sua mãe, etc. , etc.
Depois, mais uma vez, São Paulo aos Colossenses: mulheres, respeitai os seus maridos; maridos, amai as vossas mulheres; não sejais grosseiros com elas. Filhos, obedecei a vossos pais. Não dá para ser woke, porque existem uns dez mandamentos, porque existe a Escritura, porque, além disso, existe a natureza [Música] humana.
Isso. Não é ser católico ultra conservador, como gostam de dizer os jornais; isso é simplesmente ser cristão, simplesmente levar a sério a palavra de Deus. Ora, como é que nós podemos refazer o caminho e voltar para Jerusalém?
Como é que nós podemos encontrar o menino Jesus? É muito interessante que os doutores da Lei ficaram maravilhados com a inteligência e as respostas do Menino Deus. Jesus responde aos seus pais que estava cuidando das coisas do seu Pai, na casa do seu Pai.
Maria guarda essas palavras no coração, como que meditando perenemente os mistérios da Santíssima Trindade. E o texto se conclui dizendo que Jesus crescia em sabedoria, idade e graça, diante de Deus e diante dos homens. Se existe um modo de ter uma família bem fundamentada, bem fundada, é crescer nas virtudes cristãs.
Por que é que um casamento não dá certo? Falta de virtude. Por que que os pais não conseguem educar direito os seus filhos?
Como eles não têm virtude, não conseguem educar os filhos para a virtude. É tão simples como isso. Ou seja, não dá para ficar casado com alguém se você não tem, por exemplo, paciência.
Se você não tem capacidade de suportar as dificuldades e as fraquezas da natureza, homem e mulher são diferentes. Por mais que se queira dizer, hoje em dia, que isso é uma construção social, basta você ser pai e mãe. Você vê que tem um filho menino e uma filha menina, são completamente diferentes, têm jeitos de ser diferentes.
A natureza humana é assim. Ora, portanto, quando você casa, você está lidando com alguém que não é idêntico a você. Então, você precisa ter virtude suficiente para bancar o relacionamento.
Então, por exemplo, quando a sua esposa começar a surtar e querer falar, e querer dizer, e ficar nervosa, e ficar cheia de sentimentos convulsivos, você, que é marido, tem que ter paciência para escutá-la, acompanhá-la, compreendê-la. Se você for um bobão, um moleque que quer ficar jogando videogame, que ainda se comporta como adolescente e não assumiu as responsabilidades próprias de um marido, você não vai conseguir fazer isso; você vai surtar junto com ela. É o que vai acontecer.
A mesma coisa se aplica à mulher. A mulher tem uma função no lar; ela é, como que, a espinha dorsal, ela precisa organizar. Veja, o homem, por natureza, é meio desorganizado.
Aquilo que o homem chama de "guardar", a mulher chama de "esconder". É sempre assim: "Onde é que você botou aquilo? " Por quê?
Porque para um homem normal, ele tende a transformar o lugar em que está em uma caverna, onde está tudo ali à vista; ele deixa tudo para fora. Então, vem a mulher e guarda para arrumar. Agora, quando a mulher não assume o seu papel, o que acontece?
Aquilo vira uma caverna mesmo, aquilo vira um monte de sujeira acumulada. O que eu quero dizer com isso é que a mulher também tem as suas responsabilidades. Hoje em dia, a sociedade está construída de tal modo que a mulher não é educada para ser esposa e mãe; ela é educada para ser uma funcionária, para ser uma empregada de uma empresa.
Então, quando casa, você tem que lidar com aquela realidade que é difícil, porque você tem que administrar tudo ao mesmo tempo: lavar louça, lavar roupa, limpar a casa, fazer comida, fazer compra, cuidar dos filhos, etc. Não consegue! A mente dela não foi preparada para aquilo, e aí a situação fica complicada.
Por isso, os moços cristãos precisam aprender a ser um pouco mais fortes. Não podem ser autopiedosos; têm que dar exemplo de virilidade e maturidade. Precisam aprender a ser homens; precisam desenvolver as artes necessárias para a masculinidade.
Têm que aprender a trocar uma lâmpada, precisam aprender a fazer uma instalação elétrica, têm que aprender a fazer as coisas básicas que o homem tem que saber fazer no seu lar. E a mulher, a mesma coisa: ela precisa aprender com as mulheres mais experientes. Ela tem que aprender com as mães, com as avós.
Precisa, muitas vezes, que um casamento feliz é um casamento que é bem nutrido, quer dizer, que todo mundo ali tem aquela comidinha gostosa, aquele temperinho que a mulher sabe fazer. São coisas simples, são coisas até básicas, mas demandam virtude. Demandam virtude.
Onde é que nós conseguimos virtude? Nós conseguimos virtude pedindo ao Senhor. Veja, Aristóteles achava que era impossível um homem não virtuoso se tornar virtuoso.
São Tomás de Aquino demonstrou que é possível através da educação. Se você tem uma família estruturada, ali mesmo as virtudes são ensinadas; você aprende a não mentir, você aprende a partilhar, você aprende a contrariar o seu próprio gosto para poder ajudar um outro membro da família e assim por diante. Mas esse nível de virtude natural para nós é muito raso.
Nós temos que encontrar Jesus e, em Jesus, nós temos que encontrar a Santíssima Trindade. Notem que, quando Jesus diz "Não sabeis que deve estar na casa do meu Pai", o texto diz que sua mãe conservava no coração todas essas coisas. Em Jesus, ela contemplou a Santíssima Trindade.
Ou seja, sem a oração, sem a contemplação, nós não conseguimos adquirir virtude nesse nível alto de que nos fala o evangelho. Tem que rezar, tem que pedir, tem que se dobrar aos pés de Cristo, tem que achar Jesus no templo e, em cada comunhão, em cada momento de oração, dizer: "Jesus, me ajuda! Eu preciso ser paciente, eu preciso ser tolerante, eu preciso amar o meu cônjuge, eu preciso entendê-lo, eu preciso compreendê-lo, eu tenho que ser misericordioso, me ajuda a dar virtude para os meus filhos, ajuda os meus filhos, ilumina-os por dentro.
" Eu não consigo mexer no coração deles, só o Senhor consegue. Ajuda que eles sejam virtuosos cada dia mais, aprendam a tua palavra. É preciso fazer isso.
Preciso rezar, e a oração mesma vai cultivar um ambiente sobrenatural no lar, ambiente que é incompatível com a sujeira que rola pela televisão e pela internet. Um lar cristão precisa ser um lar limpo, ordenado, um lar que realmente segue o padrão da Sagrada Escritura. Queridos irmãos, é preciso que nós nos examinemos em cada caso concreto: onde foi que eu perdi Jesus?
Onde foi que a minha família perdeu Jesus? Temos que refazer o caminho, temos que voltar atrás, ter a humildade de voltar, a humildade do regresso. Ah, mas isso é um saudosismo, um saudosismo familiar.
Às vezes, de fato, os discursos sobre a família são muito, muito assim etéreos, teóricos e um pouco, um pouco distantes. Não se trata de voltar atrás do ponto de vista de regredir ao campo, porque isso para nós é impossível, mas voltar para o lugar onde eu vou encontrar Cristo. Em outras palavras, voltar a esse padrão maravilhoso que nos oferece a Sagrada Escritura, resplandecente na Sagrada Família, e que para nós é um modelo de todas as virtudes cristãs, fazendo com que o nosso lar seja também ele um reflexo da paz, da harmonia, da bênção que existe nesse lar.
Que Jesus nos abençoe e que nos conduza àquele caminho onde nós o encontraremos de novo e saberemos fundar a nossa família sobre a rocha.