EU TENHO 25 ANOS E SOU ALCOÓLATRA | Histórias de ter.a.pia #199

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ter.a.pia
Aos 20 anos a Danielle decidiu parar de beber. Foi ainda jovem que ela entendeu que sua relação com ...
Video Transcript:
Tenho 25 anos e eu sou alcoólatra. Existem pessoas com 20 e poucos anos que são alcoólatras. Não é só o seu tio de 40 e poucos anos que pode parar de beber.
Eu saí da minha cidade bem cedo. Eu saí com 14 anos para poder estudar numa outra cidade. E no primeiro mês que eu  estava morando nessa cidade eu perdi meu pai num acidente de trânsito.
Ele estava numa moto. . .
e faleceu. E ali eu lidei com o luto muito cedo, né. Aos 14 anos.
Aí, ele foi uma das pessoas  que mais confiou em mim. Confiou nos meus estudos, que me incentivou a sair da  minha cidade pra estudar. Então, perder ele parecia que eu perdia o meu incentivo para continuar estudando.
Eu comecei a ter contato com o álcool em festas. Festas normais, de estudantes e tal. Eu não sei até onde isso foi  um método pra me enturmar.
Ou se foi pra lidar com a perda do meu pai. Mas eu comecei ali. Mas chegava um ponto que eu percebia que eu não estava só bebendo nessas festas.
Eu estava bebendo em casa, eu era menor de idade, né? Então, eu estava escondendo  bebidas nos gaveteiros, eu acordava e já bebia. Eu entrei numa depressão, muito forte.
Era o álcool que me tirava da minha realidade. Tive uma tentativa de autoextermínio. (suspiro) E nessa tentativa de autoextermínio o álcool estava ali do meu lado também.
E ali eu percebi que eu não tinha muitos momentos felizes com o álcool. E então, quando eu estava ali com uma garrafa do meu lado, tentando o autoextermínio, eu tentei lembrar quando foi a última vez que eu estive feliz. E quando foi a última vez que eu não estava acompanhada pelo álcool.
O álcool estava comigo em  todos os momentos de tristeza. Eu estava numa festa e eu estava com uma lata de cerveja na mão. E ali eu tive um momento tão bom e tão feliz.
Tinha muito tempo que eu não me sentia feliz daquele jeito. E aí eu olhei pra lata de cerveja e fiquei tipo assim: "Que você tá fazendo aqui? Você sempre tá comigo em momentos tão tristes porque você tá comigo nesse momento feliz?
Eu não quero mais. Eu não quero mais beber". Então, eu procurei ajuda, sim.
De pessoas que já passaram por isso. Eu procurei o Alcoólicos Anônimos e eu entendi que não era só um momento de fraqueza. Eu tenho 25 anos e eu sou alcoólatra.
Eu escrevi que eu queria parar de beber porque o álcool quem dominava minha vida. E eu não queria mais isso. Eu queria que eu fosse a dona da minha vida.
E não a bebida. Eu não deixei de ir em festas, eu não deixei de me divertir. Eu só deixei de beber.
Muita gente perguntava, né. "Mas nem um copinho? Nem uma cervejinha?
" Não é só uma. A gente sempre evita o primeiro gole porque a gente sabe que não. .
. A gente não tem controle do que vai vir depois do primeiro gole. Eu não preciso ficar sóbria  por 30 anos ou por 50 anos.
Eu preciso sóbria por 24 horas a cada 24 horas. Eu não sentia essa compreensão das pessoas, que eu precisava não beber. Que era uma questão de saúde.
Se eu estava melhorando da depressão, se eu estava melhorando com os medicamentos foi porque eu parei de beber e eu não podia voltar a beber. Quando eu larguei, eu pensei que nunca mais eu ia me divertir numa festa, que eu nunca mais ia ser feliz. E aí, eu tinha que procurar outras coisas pra me livrar da dor que eu senti do luto, da dor que eu senti.
. . pelo diagnóstico de depressão, a dor do autoextermínio.
E aí, eu comecei a lembrar do que eu gostava de fazer. Então, ah. .
. eu gostava muito de jogar. E eu não tinha tempo pra jogar porque eu estava sempre de ressaca.
Então, eu voltei a jogar. Ah, eu gosto de pintar. .
. eu voltei a pintar. E uma coisa que foi muito divertida, que eu acho divertido até hoje, é saber que eu posso aproveitar uma festa.
Então, toda festa que eu vou, eu já coloco essa missão na cabeça de que eu vou aproveitar. E como eu vou aproveitar? Só vou descobrir lá.
Quando eu tirei o álcool da minha vida eu tive uma perspectiva muito nova. Porque a gente costuma beber pra esquecer a realidade. Então, eu tinha a missão de lembrar da realidade.
Então, eu sempre fazia esse exercício de eu estou ciente, no meu controle e como eu posso aproveitar isso de uma forma que eu nunca aproveitei. Como que é a vida adulta sem álcool, como é um festival de sem álcool. Como é que é.
. . sair com os amigos sem álcool.
Então, foi. . .
foi até divertido. Consegui entender o que. .
. o que os sentimentos significam. O que realmente significa felicidade, o que realmente é uma tristeza, o que realmente é uma angústia.
E não só uma alteração mental que me faz interpretar tudo da mesma forma. E eu acho importante eu falar que eu sou alcoólatra porque talvez eu fale isso pra uma pessoa que tem um amigo que tem problema com álcool. Se eu conseguir chegar pra uma pessoa e falar: "Olha, eu sou alcoólatra, foi assim que eu descobri.
Esse foi o meu processo, não foi fácil. . .
" A pessoa pode ir pra casa e pode pensar: "Nossa, eu tenho um amigo que ele parece que tá sofrendo com isso. Eu vou falar pra ele procurar ajuda. Eu vou dar essa ajuda.
Eu vou parar de oferecer bebida. Eu vou chamar para outros contextos de festa". Porque talvez tudo que a gente precisava, tudo que eu precisava com 18 anos era alguém me falar: "Olha, eu acho que você tem um problema com álcool.
Vamos procurar ajuda? Vamos parar? Eu conheço alguém, conheço um local, conheço um psicólogo".
Eu me sinto corajosa. É muito difícil me perdoar por tudo que eu fiz enquanto eu estava bêbada. Enquanto eu estava.
. . É muito difícil me perdoar.
Eu sei que eu prejudiquei alguém, não foi só eu. O álcool não só me feriu. Eu prejudiquei minha mãe, eu prejudiquei alguns amigos.
Então, eu me sinto corajosa de ter aceitado tudo que eu fiz. Foi um exercício muito bom eu pedir perdão pras pessoas. Mas o mais difícil foi eu pedir perdão pra mim.
Na verdade, eu acho que até hoje eu não consigo me perdoar. Eu tenho muito orgulho de ter parado. Eu sou muito feliz sendo uma alcoólatra que está num momento em que não está bebendo.
Se você se reconhece na minha história ou se você reconhece um amigo na minha história. Procura ajuda. Tenha coragem.
Não se engane, sabe? Não ache que é só um momento e que quando esse momento passar você vai largar o álcool. Talvez esse momento vai passar só quando você largar o álcool.
Então, dê o primeiro passo pra sua saúde, pro seu bem-estar. Porque, às vezes, tudo que a gente precisa é da realidade. De largar o que te faz mal.
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