Autismo Adulto - 50 Sinais Pouco Óbvios de Autismo em Mulheres e Homens

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Lygia Pereira - Autismo Feminino
Autismo Adulto - 50 sinais não tão óbvios de autismo em mulheres e homens Existem alguns sinais autí...
Video Transcript:
Bom, se você está aqui comigo neste vídeo, eu imagino que você seja um profissional em busca de aprimoramento ou familiar que busca compreender melhor uma pessoa amada. E também é possível que você esteja aqui porque começou a observar os traços do autismo, os traços espectrais, em você mesmo. Seja muito bem-vinda, muito bem-vindo!
Eu já falei em outra ocasião aqui sobre os sinais pouco óbvios do autismo em mulheres; o link eu vou deixar aqui para vocês nos cards. E agora a ideia é listar 50 características gerais apresentadas tanto por homens quanto por mulheres, pessoas não binárias também, ok? E essa listinha não tem peso de um instrumento diagnóstico, obviamente, mas eu imagino que possa facilitar as suas investigações.
Além disso, é importante dizer que a pessoa autista não é um ser humano de outro mundo. O desenvolvimento da pessoa autista não é completamente diferente do desenvolvimento de uma criança neurotípica. Então, sim, algumas pessoas neurotípicas podem se identificar com as características espectrais, e está tudo bem.
Mas se não houver uma dificuldade tão grande nas interações sociais ou comportamentos restritivos e repetitivos — cortes fortes o suficiente para causar prejuízos à vida — então, aparentemente, não há motivo para se pensar em transtorno. E por que eu tive a ideia de fazer essa lista um pouco maior? Bem, porque no próprio DSM-5 nós já temos orientação para ampliar o nosso olhar.
A parte inicial do texto fala sobre os cinco critérios oficiais e, inseridos, autores do DSM mesmo trazem alguns exemplos para facilitar a identificação dos casos menos típicos, menos clássicos. E isso nos ajuda a ter um olhar além do óbvio, que é o nosso objetivo, sobretudo quando se trata de dar um suporte. A nossa intenção nunca vai ser patologizar, claro, mas esse olhar além do alcance pode promover um acolhimento muito melhor aos nossos clientes.
Então, sim, é importante discutir aqui essas possibilidades. Para este vídeo, eu vou usar como referência o DSM-5 da SM5TR, agora, e os dados que eu coletei durante a minha própria prática e também o que eu aprendi com os meus professores, principalmente do Netnox, que são ótimos sites. Ok?
E eu sei que fechar o diagnóstico de autismo é um grande desafio, mesmo para profissionais; clientes às vezes precisam de uma segunda opinião ou de uma equipe para ajudá-los, e a gente trabalha em conjunto. Então, nós estamos aqui também para trocar experiências e para desvendar um pouco mais as cores do espectro humano. Dito isso, aproveite para curtir o vídeo, inscreva-se no canal para que a gente continue os nossos estudos aqui juntos.
E agora, vamos aos sinais espectrais que podem passar abaixo do nosso radar se nós não estivermos atentos. O primeiro sinal é ter dificuldade para pedir uma informação em uma loja ou para fazer um pedido em um restaurante. Para iniciar uma conversa com o garçom, por exemplo, a pessoa pode ser muito direta e parecer mal-educada, ou talvez ela nem consiga formular a sua pergunta e, aí, ela pode ficar parada, sem saber o que dizer.
O segundo sinal é preferir fazer as suas tarefas, as suas atividades, sempre sozinho ou sozinha. As pessoas autistas costumam ser mais introspectivas e elas podem fugir das interações sociais. Mas eu preciso lembrar que todos esses sinais precisam estar presentes desde a infância.
Então, se você descobriu depois da pandemia que ficar em casa é ótimo, isso não significa que você tenha se tornado uma pessoa autista. O terceiro sinal é fazer as coisas sempre do mesmo jeito. Então, talvez você já tenha aquele seu planner estabelecido há 20 anos e não veja a necessidade nenhuma de fazer alterações.
Pelo contrário, quanto mais estável, melhor; quanto menos mudanças, melhor. O quarto sinal é justamente ficar muito angustiada ou angustiado com os imprevistos e as mudanças de rota, de planos, de rotina. A pessoa autista, mesmo adulta e mesmo consciente de que algumas alterações são importantes, pode ter dificuldade para lidar com isso, administrar essas mudanças na sua própria mente, porque a tendência é de que o autismo venha com uma baixa flexibilidade mental.
Ou seja, as pessoas autistas tendem a ter pouco "jogo de cintura", digamos assim. Então, mesmo consciente, ela pode ter um pouquinho de dificuldade para lidar com essas alterações. E por falar em "jogo de cintura", o quinto sinal é a dispraxia, que é a dificuldade de coordenar os movimentos e também pode vir junto com o autismo.
Então, a pessoa pode ter dificuldade para dançar, ela pode não ter uma marcha, uma caminhada natural, pode sempre estar roçando os cotovelos, as pernas, hoje, tanto batendo nos móveis. Então, esse é um sinal que chama nossa atenção para a neurodivergência. O sexto sinal é ter um guarda-roupa do tipo cápsula, quer dizer, a pessoa sempre veste as mesmas cores e os mesmos modelos e não se sente à vontade para variar.
Alguns neurotípicos, inteligentemente, adotam também esse guarda-roupa cápsula, mas isso às vezes é natural para a pessoa autista. O sétimo sinal é ficar tão envolvido ou envolvida em uma atividade que nem vê o tempo passar. Os autistas tendem a ter hiperfoco, e isso realmente vai deixá-los muito compenetrados, a ponto de não perceberem que o tempo passa, que as pessoas passam perto deles e, às vezes, eles nem se lembram de que precisam tomar água ou se alimentar.
Por falar em hiperfoco, o oitavo sinal é o gosto muito intenso por atividades ou temas muito específicos. É comum que todo ser humano tenha os seus interesses especiais, mas o hiperfoco é algo diferente; é uma vontade, uma necessidade inegociável, imperativa, e exige uma dedicação muito intensa, sempre vai aparecer também nas conversas dessa pessoa neurodivergente. O nono sinal é a hipersensibilidade auditiva.
Nós temos um vídeo aqui falando só sobre a misofonia, que é o pavor que as pessoas têm. Determinados barulhos e a pessoa autista pode realmente ficar muito incomodada com alguns estilos sonoros, alguns ruídos, mas ela também pode aproveitar essa sensibilidade como um superpoder. Muitos autistas, aliás, são excelentes musicistas, justamente porque eles percebem as sutilezas da música e os erros também, né, com muita facilidade.
O décimo sinal é não ter muita expressão facial. Às vezes, os autistas nos dizem que são julgados como pessoas muito sérias, bravas, sisudas, porque não riem muito, porque não se comunicam com o olhar, mas não fazer caretas também tem os seus benefícios, e um deles é manter o rosto esticadinho por mais tempo. Então, você pode observar que, às vezes, a pessoa não manifesta muito seus sentimentos através das expressões faciais.
O décimo primeiro sinal é não usar muita gesticulação. Então, assim como a expressão facial pode ser mais discreta, talvez a pessoa autista fale sem mexer muito as mãos. A cabeça pode ficar mais paradinha, os ombros às vezes não se movimentam quando ela não está sabendo das coisas ou contém Disney, por exemplo.
E uma pessoa neurotípica tende a conversar usando gestos. Se ela citar o que está no alto, ela vai levar as mãos também, e isso vai deixando a comunicação mais efetiva. Mas, no caso da pessoa autista, esse recurso pode falhar.
Lembrando que quem aprende a camuflar, às vezes, assimila alguns gestos, aprende alguns gestos com as pessoas que ela conhece e vai usando durante as suas interações. Mas, depois de um tempo, a pessoa se cansa e esses gestos de comunicação não verbal tendem a ficar menos ricos. O 12º sinal é ter sempre o mesmo comportamento, a indiferença, em diferentes ambientes.
A pessoa autista, talvez muito formalmente, tanto para ir à igreja quanto para ir a um churrasco, se ela aceitar o convite para o churrasco, claro, né? Mas talvez ela esteja sempre com a camisa abotoada até o pescoço. Eu sigo também alguns YouTubers que nem falam sobre autismo, mas eu vejo que eles são autistas porque eles usam sempre belíssimos penteados e o mesmo estilo de roupas e falam sempre com o mesmo tom.
O nosso olhar vai ficando mais treinado, né, com o tempo. E, por falar em tom, a falta de prosódia e, às vezes, uma fala muito monotonal também são características do autismo. Quando esse sinal é mais forte, logo os pais e a escola vão notar, né, vão perceber e encaminhar essa criança a um profissional.
Mas, se a pessoa for muito caladinha ou se ela aprender a imitar os colegas, esse sinal simplesmente não vai aparecer em todas as ocasiões. E, aliás, a gente vai brincando aqui, né, um ponto, um traço no outro. Então, no caso da camuflagem, é um sinal muito prevalente, sobretudo entre as mulheres, e a menina costuma aprender muito cedo a esconder os seus traços autísticos para não ter que lidar com críticas, com julgamento, com os rótulos.
Só que, embora a camuflagem facilite de verdade a socialização, infelizmente, ela acaba atrasando o diagnóstico e, claro, vai deixar a autista sem o suporte necessário. E, além disso, traz uma exaustão à menina que, às vezes, nem tem a consciência de que ela camufla. Isso nos leva ao décimo quinto sinal: além da exaustão, a camuflagem pode deixar a pessoa autista mais distante da sua real essência, do seu interior, porque quanto mais você usa essas máscaras sociais, menos chance você tem de lapidar a sua real identidade.
Então, as crises existenciais são muito prevalentes entre as pessoas autistas que usam muitos recursos da camuflagem. O décimo sexto sinal é a agorafobia, que é o medo de virar motivo de chacota, de passar vergonha. Porque você até sabe camuflar muito bem os seus traços autísticos, mas, de vez em quando, essa máscara cai.
Aí, você usa uma fala mais monótona ou está mais cansado, mais calado, não consegue encontrar os gestos perfeitos para contar uma história, ou você entra num eterno monólogo sobre o seu hiperfoco e não percebe que as horas estão passando ou que as pessoas estão bocejando ou que todo mundo foi embora. Enfim, a gente luta, a família significa ter medo de ser ridicularizado, e esse medo pode surgir por causa desses constrangimentos que acontecem durante a nossa vida, né? Quando a gente comete gafes.
Se a pessoa estiver com a autoestima elevada, isso não afeta, mas, às vezes, essas falhas frequentes, esses equívocos sociais frequentes, vão deixar a pessoa traumatizada. Outro medo frequente, principalmente das mulheres autistas, é o medo de não ser boa o suficiente, o que nós chamamos de síndrome do impostor ou síndrome da impostora. Muitas autistas queixam-se por serem tratadas como crianças no trabalho ou na universidade, por exemplo.
Elas podem ser extremamente competentes no que fazem, mas, pelo modo de falar, ou então pelo modo de se vestir, ou por não serem tão competitivas como os colegas, elas podem não ser levadas a sério. E isso tende a deixá-las muito inseguras, a ponto de elas questionarem a sua própria inteligência, sua própria competência. Mas, sim, os autistas podem de fato parecer mais infantis e, até por vontade, muitos deles gostam desse lado mais coelhinho, mais divertido.
E não é raro que eles amem, por exemplo, colecionar o quarto todo com unicórnios. Às vezes, os gostos mais “infantis” também aparecem no estilo de se vestir ou nos hábitos alimentares. Isso pode ser um problema porque uma comida menos nutritiva, mas.
. . a questão é que, sem perceber o impacto social desses elementos, a pessoa autista pode acabar decorando seu escritório com objetos muito informais ou se vestindo muito informalmente para ir ao trabalho.
Isso pode chamar a atenção dos outros, e, se for uma empresa mais tecnológica, geralmente isso não tem problema, mas nem sempre é o caso. Nós sabemos que um grande problema para os autistas é o desemprego, subemprego. O 19º sinal é pensar que você é muito.
. . Gentil, mas ter feedbacks negativos isso muito frequentemente.
Por exemplo, você acha que a sua namorada vai amar ouvir um elogio espectral, e ela acha que aquele comentário foi muito literalmente direto ou, às vezes, grosseiro. Então, fique atento. O vigésimo sinal é ficar incomodado quando você está em um ambiente em que as pessoas falam ao mesmo tempo, e aí você precisa escolher para quem você vai olhar, para quem você vai dar atenção, porque fica impossível acompanhar essa conversa toda, né?
Às vezes, na família italiana, todo mundo conversa junto, todo mundo ri junto, e você fica boiando. Ou seja, você pode ficar tão confusa ou tão confuso com esse tipo de ambiente que talvez você vá embora ou talvez fique passivo ali, mas exausto, porque não consegue tomar uma atitude. O vigésimo primeiro sinal é a sensibilidade à luz artificial.
Alguns alunos me dizem que ficam tontos quando estão no shopping ou no mercado, então eles precisam evitar ao máximo esse tipo de ambiente, ou precisam usar óculos com lentes coloridas ou lentes especiais, né? Que filtram esse tipo de luz para amenizar o desconforto que elas causam. O vigésimo segundo sinal é a sensibilidade aos cheiros, aromas, perfumes.
Algumas pessoas autistas têm olfatos extremamente apurados e elas podem usar isso a seu favor. Mais uma vez, por exemplo, para trabalhar no controle de qualidade de vários tipos de indústrias ou para serem perfumistas. Mas a questão é que, se o cheiro do ambiente pesa, se está muito forte, eles vão ser os primeiros a perceber e vão ficar muito incomodados.
E é por isso que algumas pessoas autistas sempre levam na bolsa um vidrinho de óleos essenciais ou um lencinho com alecrim, por exemplo, e assim conseguem sobreviver, né, passar por essa experiência. Às vezes, de viajar no metrô lotado, já estar em um ambiente um pouco mais poluído, a máscara ajuda às vezes, né? Outro sinal é o perfeccionismo.
O perfeccionismo tem dois motivos básicos: o primeiro é o próprio autismo, porque os traços da inflexibilidade mental podem deixar a pessoa um pouco mais metódica, e o segundo motivo é a camuflagem. Então, como forma de compensar os seus traços atípicos, a pessoa pode querer ficar muito certinha, fazer tudo corretamente. Se a menina erra alguma coisa no caderno, em vez de passar um corretivo, ela arranca a página toda do caderno.
Isso, às vezes, parece agressividade; as pessoas estranham, mas quando a gente vai investigar, está ligado a esse perfeccionismo, ter medo de errar, querer ser sempre certinho, agradável. O vigésimo quarto sinal é a alexitimia, que é uma dificuldade para expressar os próprios sentimentos. E nós temos um vídeo aqui no canal também só sobre esse assunto, vou deixar o link para vocês.
Mas a alexitimia também tem a ver com uma dificuldade que a pessoa tem para perceber o que acontece dentro dela mesma, dentro do seu corpo. Isso se chama interocepção. Então, a pessoa autista pode ter dificuldade com a interocepção e daí pode não reconhecer os sinais de fome, de sede, de cansaço, e isso faz com que ela não se cuide bem.
Então, olha só como tem um efeito cascata. A gente precisa avaliar direitinho, né? Observar o que é, e muitas vezes a gente observa que a pessoa tem vocabulário rico, mas quando se trata dela mesma, ela tem dificuldade de expressar, de articular as palavras.
O vigésimo quinto sinal é a automatização. Infelizmente, então, às vezes, justamente por causa da alexitimia, os autistas dizem que ou se machucam, como forma de sentir alguma coisa que eles saibam verbalizar, aqueles que reconheçam, né? Que saibam nomear.
E, na verdade, esse comportamento é mais frequente entre as meninas e as mulheres, e é um comportamento mais complexo do que a gente imagina. Mas acontece. Outro sinal é não ter engatinhado.
Então, por causa da sensibilidade tátil, algumas crianças autistas, às vezes, não se arrastam, não engatinham, elas nem querem ficar no chão, e isso acontece porque elas encontram uma forma de evitar esse contato com a superfície. Mas algo que parece uma evolução, né? Infelizmente pode ter algumas repercussões negativas quanto ao desenvolvimento motor.
Mas fica como um alerta. Ser muito literal e, às vezes, deixar as pessoas sem graça também pode ser um sinal não tão óbvio de autismo. Uma mãe me contou que a filha não perdia oportunidade de dizer aos coleguinhas que o Papai Noel e o coelhinho da Páscoa não existiam, e que a roupa de fada, que ela tanto amava e que as amigas imaginavam que realmente as tornassem mágicas, era tudo invenção, era tudo fantasia, e acabava com a brincadeira de todo mundo.
E, por falar em literalidade, a falta de romantismo é um sinal bastante prevalente entre as pessoas autistas. Não que eles não amem. Aliás, a pessoa autista pode ser uma excelente companhia, às vezes gosta de agradar, mas nem sempre eles vão demonstrar esse afeto como as pessoas típicas.
Então, às vezes, não têm uma forma programada de demonstrar esse afeto, não é como no senso comum. E elas, inclusive, podem achar ridículo esse comportamento de massa, né? Então, agora, no Dia dos Namorados, a cidade inteira enfrentando trânsito, o shopping lotado para comemorar um dia especial, isso geralmente não entra na cabeça dos autistas, não faz parte do repertório deles.
A vigésima nona característica é gostar de manter os objetos da casa sempre muito bem alinhados. Então, aquela tendência a alinhar os objetos pode persistir na vida adulta e talvez ninguém perceba que essa mania, né, de deixar tudo organizadinho, tudo bonitinho na cozinha, no armário de casa, talvez as pessoas não percebam que esse seja um sinal de autismo e, às vezes, até confundem com outros diagnósticos. O trigésimo sinal é ter rotinas muito rigorosas.
Nós já sabemos que os autistas podem apresentar comportamentos, hábitos e interesses repetitivos e restritivos, e a falta de flexibilidade mental, às vezes, aparece como uma forma bem. . .
Aceita socialmente, às vezes até valorizada, como quando a pessoa tem um rigor com a alimentação, quando ela gosta sempre de fazer atividade física no mesmo horário, né? Metódica com isso. Ou tem um rigor em relação ao seu trabalho, mas, às vezes, a gente percebe que tem um exagero e vai para o lado da ortorexia, né?
Da vigorexia, às vezes, né? Ou então a pessoa entra; se torna um pouco, e mais um sinal de autismo leve é ter problemas gastrointestinais e, às vezes, sensibilidade também a muitos alimentos. Às vezes, esse rigor em relação à dieta vem justamente por causa da sensibilidade alimentar, e muitos autistas não toleram comer carne, às vezes não tomam leite, não comem pão porque eles não digerem bem alguns componentes desses alimentos.
E como perceber? Como saber se você tem sensibilidade digestiva? Bom, sintomas mais característicos são gases, diarreia, a barriga estufada; tudo isso pode indicar que a sua flora não gostou da sua última refeição e que sua alimentação não está compatível com a sua sensibilidade.
Mas, em alguns casos, os sintomas são tardios. E aí a pessoa vai sentir uma dorzinha de cabeça depois de alguns dias ou vai ter mais espinhas depois de uma semana que comeu amendoim, por exemplo. Então, precisa se observar.
Mesmo o trigésimo segundo sinal é ter rituais; pode ser para o banho, para se alimentar, para dormir. E é ótimo, claro, ter a sua rotina, ter o seu jeito de ser, né? Os seus hábitos, e isso é importante e até otimiza o nosso tempo.
Mas se a pessoa não consegue pular algumas etapas, nem quando ela está sem tempo, às vezes está com pressa, mas ela precisa cumprir todo aquele cronograma, isso às vezes vai deixar a família impaciente. E, às vezes, a própria pessoa se atrasa muito e ela odeia se atrasar, mas às vezes não consegue pular algumas etapas. Então, isso pode trazer prejuízos à pessoa e aos outros também.
Outro sinal é apresentar um nível de ansiedade desproporcional aos eventos. Eu tenho algumas alunas autistas que são professoras e elas dão aula para uma plateia gigantesca sem nenhuma ansiedade, mas quando elas têm que jogar uma conversa fora ou bater um papo no elevador, ou elas estão na reunião da escolinha dos filhos e têm que conversar com outros pais, aí elas têm palpitação, tá cardíaca, transpiram até na alma. E isso é um sinal de que às vezes elas não dominam sempre.
Uma ansiedade muito forte diante de desafios aparentemente muito pequenos. Outro sinal é a desregulação emocional; é bastante comum que pessoas autistas tenham dificuldades para gerenciar as suas próprias emoções e essa falta de inibição dos impulsos, né? Primitivos, às vezes aparece como choro, como gritos; crianças no banco do carro, depois de ter se esgotado com as interações da escola, têm ataques de fúria.
E o curioso é que a pessoa pode parecer muito racional em algumas ocasiões, mas quando o estresse passa dos limites dela, aí as reações mais infantilizadas podem aparecer. Ela pode regredir, o que nos leva ao trigésimo quinto sinal, que é conseguir se expressar melhor através das artes. Então, se a pessoa autista já sabe que tem essa dificuldade para lidar com o estresse e com a ansiedade, talvez ela use essa energia potente para fazer algo criativo, para fazer arte.
E quando ela descobre esse poder da sublimação, aí nós podemos ver surgir belíssimos poemas, livros, músicas, produtos artesanais. Eu ouvi a história de uma autista que crochê e ela escolhe essa energia que extravasa, né? As emoções em quilômetros de colchas coloridas.
Então, associa o hiperfoco a esse recurso para se manter mais tranquila. O trigésimo sexto sinal é a ingenuidade; então, mesmo os adultos autistas podem ser muito ingênuos e podem não perceber os sinais de risco social. Inclusive, um estudo mostra que mais de 90% das autistas já sofreram algum tipo de abuso sexual.
Isso acontece porque talvez a moça não entenda que, quando o rapaz a convida para assistir a um filme na casa dele, talvez ele esteja com segundas ou terceiras intenções. E aí, aceitando o convite, ela se coloca em risco, né? A trigésima sétima característica é a falta de reciprocidade com os amigos.
Os autistas, às vezes, não valorizam as festas de aniversário, parece não valorizar, né? Ou mesmo que elas tenham um presente, eles às vezes me contam que não sabem como demonstrar isso. Não sabem se devem abrir na frente da pessoa essa caixa ou essa cola ou se eles devem abrir em casa e depois mandar uma mensagem.
Enfim, sem saber, eles não fazem nada e pode parecer que eles são menos fofos ou menos amigos do que os outros esperam. E isso nos leva a uma estratégia muito esperta de proteção. Olha só: para que os amigos não percebam as suas dificuldades, os autistas podem variar bastante os grupos de interações.
Então, tem estudos, inclusive, mostrando que as meninas são como borboletinhas assim, no recreio; elas circulam em vários grupinhos, mas não ficam em um só. E aí, elas vão circulando entre as panelinhas justamente para não serem notadas, não serem percebidas, para que as pessoas não percebam os sinais autísticos. É claro que nós sabemos que, às vezes, esse comportamento não é intencional, mas ocorre frequentemente entre as meninas autistas.
A dificuldade para manter uma conversa também pode aparecer como um sinal de autismo leve; um sinal, às vezes, não tão óbvio. E, mais uma vez, a pessoa pode ser muito articulada, ter um repertório verbal muito amplo, às vezes é PhD em Filosofia, mas talvez ela ache difícil ter conversas informais em que ela precisa ler muitos sinais sociais e expressões faciais dos outros, ou que ela tenha que compartilhar o tempo da fala e da escuta, fazer esse bate-bola. E se o palco é dela, isso já não tem problema, né?
Esse problema simplesmente some e aí ela vai falar lá sozinha sobre o seu hiperfoco. Interrupções. E aí, esse sinal talvez não apareça: o 4G no sinal é a lentidão para formular ou para expressar os seus pensamentos, e isso aparece nas conversas também.
Costumam ser muito responsáveis com as suas respostas, com as suas palavras. Às vezes, ele tem um cuidado muito grande, ficam muito atentos ao significado das palavras, né? Então, se você perguntar a uma pessoa autista como ela está, ela pode ficar em silêncio, raciocinando, elaborando, pensando sobre como foi o dia dela antes que ela conclua: assim, ela está bem ou se teve algum problema.
E antes de decidir a melhor maneira de compartilhar essa informação com você, compartilhar o que ela está sentindo. Além disso, os autistas, como nós já conversamos antes, podem ter alexia. Então, as conversas sobre questões mais subjetivas, sobre as emoções, podem ser terríveis para eles, podem ser muito difíceis, porque faltam palavras para dizer o que a própria pessoa está sentindo.
Então, essas perguntas são muito assustadoras para eles. Se a conversa é com alguém que está fisicamente muito próximo, e isso fica ainda pior, porque a pessoa autista pode sentir um enorme desconforto. Às vezes, ela se sente pressionada, principalmente quando precisa fazer contato visual, e uma estratégia bastante comum, aliás, é olhar para a boca, olhar para o centro da testa da pessoa ou então olhar através da pessoa.
O quadragésimo segundo sinal é fazer barulhos involuntários. Os autistas geralmente têm aversão aos barulhos orgânicos dos outros, mas olha só, é com que eles mesmos não percebam que estão sempre coçando a garganta ou estalando os dedos com muita frequência. Então fica a dica: a dificuldade para compreender a ironia e o sarcasmo também pode aparecer.
Em geral, se a pessoa está no grau onde o suporte, ela vai nos dizer que entende piadas e metáforas, pode ser proficiente no idioma; mas, na verdade, mesmo que ela entenda essas figuras de linguagem, ela pode gastar um tempo enorme no Fantástico Mundo de Bob, imaginando por que o namorado disse que ela tem coração de pedra. E aí, ela fica imaginando alguma cena assim durante a conversa e perde algumas informações. Outro sinal é limitar a sua rotina a poucas atividades, e isso acontece por vários motivos.
Às vezes até por gosto, e nesse caso não há problema, mas muitas vezes é por medo de ser julgado ou julgada, e também pode ser para evitar uma espécie de ressaca social, evitar a exaustão. E a questão é que a pessoa pode ter prejuízos profissionais porque ela não consegue administrar as suas prioridades. A dificuldade para identificar o que os outros pensam também pode ser um outro sinal, não tão óbvio, e pode levar a pessoa à exaustão, principalmente depois de eventos sociais.
Isso pode acabar deixando a pessoa mais reclusa, então, às vezes, a família só percebe que ela está mais isolada, mas não percebe os motivos. Alguns autistas também contam que não sabem o que fazer quando os amigos ou os familiares os elogiam, por exemplo, e a dificuldade para saber o que fazer diante das demonstrações de afeto dos outros é mais um sinal de autismo. As mães autistas também contam que têm dificuldade para saber o que fazer quando o filho está estressado ou ele está triste, chegou da escola angustiado, porque elas às vezes não sabem administrar nem as suas próprias emoções.
Então, às vezes, elas ficam paralisadas diante do filho ou tentam resolver o problema dele de forma muito pragmática, e aí isso, às vezes, dá a impressão de frieza. Um sinal físico não tão óbvio de autismo pode ser a sensibilidade ao frio ou à fome. Alguns autistas amam esportes de inverno e não ligam para água fria, e muitos também são magrinhos e enfrentam longos dias juntos sem problemas.
Às vezes, eles até se esquecem de comer porque não percebem sinais de fome. Pode estar ligado à alexia, mas também pode ser uma baixa sensibilidade, mesmo. O penúltimo sinal de hoje é ter habilidades secretas.
Eu digo aos meus alunos que eles são caixinhas de surpresas. Às vezes, a pessoa quietinha, discreta, e quando eu faço perguntas mais específicas é que eu vou saber que ela tem hiperfocos interessantíssimos e que já cultivou talentos maravilhosos, tem competências muito requintadas. Mas se ninguém perguntar, é provável que a pessoa autista não venha a exibir.
E finalmente, o quinquagésimo sinal, não tão óbvio de autismo, é amar a natureza e ter um refúgio silencioso fora do ambiente urbano. Então, se você olhar o Instagram, o TikTok da pessoa autista, provavelmente o feed vai estar repleto de gatos, folhas, florestas, insetos, fotos de detalhes da natureza. Raramente você vai encontrar uma selfie por morar em alguns lugares mais afastados, né?
Desses centros urbanos, lugares mais silenciosos em que eles estejam mais próximos mesmo da natureza, da praia ou de uma floresta, e na companhia de gatos, cachorros ou de animais um pouco mais exóticos. Foram 50 sinais um pouco mais discretos, ou nem tanto, das pessoas autistas. E lembrando que esses sinais não são exclusivos do autismo, então, pode ser que, se você é uma pessoa neurotípica, você se identifique com alguns deles, e está tudo bem.
Agora, eu quero saber quantos desses sinais você apresenta. Então, conte aqui embaixo como ficou a sua pontuação e, claro, curta o vídeo, compartilhe com seus amigos, porque assim nós vamos aumentando a nossa rede de conscientização. Então, um grande abraço e até breve!
Tchau tchau!
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