A história da imigração Sírio-Libanesa ao Brasil

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Paulo Rezzutti
Antônio Houaiss, Juca Kfouri, Michel Temer, Fernando Haddad, Romeu Tuma, Antônio Abujamra, Daniela A...
Video Transcript:
Oi pessoal tudo bem bem-vindo a mais um vídeo aqui no meu canal vocês já devem ter ouvido falar no Antônio roa no Juca kifu no Michel Temer no Fernanda hadad no Romeu tuma no Antonia bjan e na Daniela arbex você sabe o que que todos eles TM em comum todos eles TM origem Sírio ou libanesa esses dois países árabes são a terra dos antepassados de vários milhões de brasileiros que vem se destacando nas artes na política e também no empreendedorismo hoje eu vou contar para vocês a respeito da história da imigração Siro libanesa no Brasil
mas antes disso aquele na vizinho de praa dá uma olhadinha se você tá inscrito no canal se você não tá inscrito se inscreve dá uma olhadinha também se tem o Sininho tá ativado também se não tiver ativado ativa aí para ajudar o canal você pode mandar um pix para nós para esse endereço que tá aparecendo na atá de vocês também vocês podem entrar pro clube do canal ou simplesmente dando like dislike nesse e outros vídeos e deixando o seu comentário aqui embaixo tá legal então vamos ao vídeo de hoje durante o final do século XIX
início do século XX quando ocorreu o maior fluxo migratório de sírios libaneses para o Brasil a região onde eles viviam estava sob o domínio do império turco-otomano esse Império teve origem no século X quando tribos turcas se fixaram na anatólia que hoje é parte da Turquia essas tribos ajudaram a difundir a religião muçulmana nas terras dessa região que até então estavam sob o domínio do Império Bizantino a queda de Constantinopla em 1453 que eu conto nesse outro vídeo fortaleceu o domínio dos otomanos eles então passaram a conquistar todos os territórios bizantinos como a Síria que
foi invadida em 1500 16 e passou a ser dominada pelos turcos por quatro séculos na época o Líbano a Palestina E a Jordânia Eram todos considerados parte da Síria há registros de pessoas originárias do Oriente Médio vindas para o Brasil desde os tempos coloniais e Mesmo durante o império de vez em quando alguém da Síria ou do Líbano se instalava por aqui mas a imigração sírio-libanesa começou mesmo a partir de 1876 quando o imperador Dom Pedro I realizou sua segunda viagem ao exterior O Dom Pedro gostava muito de assuntos relacionados ao Oriente Médio e chegou
a participar de um congresso de orientalistas na Rússia durante essa viagem da Rússia ele partiu para Constantinopla atual Istambul dali pegou um barco para Beirute capital do Líbano aonde chegou em 14 de novembro de 876 Dom Pedro também visitou Damasco na Síria antes de seguir viagem para a Palestina e ficou muito impressionado pela história e cultura da região só que a viagem causou algo ainda mais importante por dois motivos primeiro a presença de Dom Pedro virou Manchete em todos os jornais tanto na Síria quanto do Líbano por causa disso O Brasil um país exótico e
até então muito distante para eles acabou se tornando mais familiar encorajando assim a imigração e aí se juntou então a fome com a vontade de comer embora sejam regiões com uma civilização muito antiga onde surgiu por exemplo o primeiro ancestral do nosso alfabeto a Síria e o Líbano na época estavam sofrendo uma decadência Econômica muito intensa agravada pelos impostos altos e pelo solo pobre e pouco produtivo para agricultura assim emigrar para outros países acabava sendo a melhor chance de melhorar de vida inclusive pra família que ficava para trás já que as pessoas que iam embora
nunca deixavam de ajudar financeiramente os parentes que haviam ficado por outro lado o Brasil estava em pleno crescimento econômico e precisava muito de imigrantes isso encorajou a imigração Síria e libanesa para cá nesse período como eu falei lá no começo do vídeo tanto o Líbano quanto a Síria eram parte do império otomano atual Turquia Então esses primeiros Imigrantes chegavam aqui com o passaporte desse país e como não dava para diferenciar pelos documentos Quem era turco e quem era árabe todos acabavam sendo chamados de turcos é por isso que no Brasil turco virou sinônimo de árabe
embora sejam povos de origem em línguas e costumes diferentes essa dominação turca acabou sendo outro motivo para encorajar as pessoas a vir para o Brasil especialmente no Líbano isso porque a religião oficial do império otomano era o Islamismo mas mais da metade da população libanesa era Cristã principalmente da denominação Maronita que é o igreja independente subordinada à igreja católica esses cristãos maronitas eram tratados pior que os muçulmanos por exemplo pagavam mais impostos e tinham menos oportunidades econômicas Dom Pedro I soube dessa questão religiosa durante a sua visita à região e deixou isso registrado no seu
diário ele escreveu assim enterraram perto os ossos dos cristãos assassinados em 180 60 fala em 4 A 600 pessoas e ainda agora passam alguns à noite assustados e temem que a vitória do sérvio sobre Os turcos seja motivo para outra Matança até querem emigrar para o Brasil segundo ouvi no começo a imigração aconteceu muito aos poucos tanto que até 1891 só 156 sírios Libaneses tinham entrado no Brasil nessa época o principal destino deles eram os Estados Unidos que tinham regras muito mais estritas para a entrada de estrangeiros com isso elas acabavam escolhendo uma alternativa como
o Brasil ou a Argentina na verdade muitos agentes se aproveitavam disso para enganar os que queriam emigrar eles anunciavam que estavam levando pessoas para a América e deixavam que elas acreditassem que é era para os Estados Unidos quando chegavam a Santos ou a Buenos Aires elas descobriam que na verdade era América sim mas a do sul bem longe do lugar para onde eles achavam que estavam indo conforme os primeiros sírios e Libaneses se instalavam aqui e começavam a mandar notícias e dinheiro para família esse caminho de imigração foi se tornando cada vez mais frequente de
156 em 1891 o número de migrantes dessa origem tinha subido para 5400 em 19 50.000 pessoas em 1920 a maioria dessas pessoas vinham de áreas rurais mas eles não iam trabalhar em fazendas eles iam para as cidades e se dedicavam a uma área em especial o comércio e não qualquer comércio A grande maioria virava mascate a tal ponto que em muitos lugares do Brasil Os turcos entre aspas acabavam se tornando sinônimo dessa profissão e o que era o mascat mascat era um mercador que ia vender seus produtos de casa em casa de uma cidade para
outra eles também eram conhecidos como caixeiros Viajantes porque levavam tudo numa caixa cheia de gavetinhas que era carregada nas costas e quando cheia podia chegar a pesar 80 kg dentro dessa caixa o mascate podia levar todo tipo de coisa para vender agulhas linhas botões tecidos sabonetes perfumes facas pentes grampos de cabelo tudo que você pode imaginar para quem morava longe dos grandes centros urbanos esses vendedores eram muitas vezes a única possibilidade de conseguir produtos que não estavam disponíveis no comércio local até porque muitas localidades não tinham nenhum comércio permanente os árabes não eram os pioneiros
nem os únicos a fazer esse tipo de trabalho a existência dos Mascates data do tempo da colônia e havia judeus italianos e portugueses trabalhando dessa forma também a grande diferença é que a maior parte da comunidade árabe estava envolvida de alguma forma seja trabalhando como mascate seja fornecendo para eles isso porque como eu já disse os sírios Libaneses mantinham comunicação frequente com os familiares que ficavam no seu país então quando uma pessoa decidia emigrar para o Brasil geralmente já tinha o contato de um parente ou amigo ou então pelo menos conhecia as histórias de gente
da mesma Aldeia que tinha vindo para cá e como os pioneiros trabalhavam com esse tipo de comércio Quem estava chegando tendia a ir na mesma direção se alguém chegasse por exemplo ao porto de Santos Sem conhecer ninguém podia se hospedar no hotel Bel Vista propriedade de dois árabes chamados salamá e zaitun que os brasileiros chamavam carinhosamente de salame e azeitona os dois conheciam todo o mundo e podiam indicar pessoas com quem falar para começar nos negócios assim mesmo quem chegava sem nem falar a língua do novo país muito menos conhecer os trajetos e os fregueses
ganhava um ponto de partida para começar a trabalhar a ajuda vinha de outros Círios Libaneses já estabelecidos como Comerciantes Atacadistas em grandes cidades Como o Rio de Janeiro e São Paulo o exemplo em São Paulo pelo menos é a família Jafé originária das montanhas do Líbano eles tiveram uma trajetória bem típica para esses Imigrantes nem de longe tão pobres quanto a maioria dos cheg Av aqui o primeiro da família a vir para o Brasil foi Benjamim Jafé em 1887 e chegou com carregamento de produtos comprados na escala que ele fez na França de tecidos perfumes
e camisas e aqui ele começou a vender esses produtos como mascate em 3 anos Benjamin tinha ganho dinheiro suficiente para abrir uma lojinha na Rua 25 de Março em São Paulo e mandou recado aos quatro irmãos para eles virem também o irmão mais velho naija fé trabalhava como professor no Líbano Mas acabou assumindo o papel de líder dos negócios da família e também da comunidade libanesa em São Paulo ele transferiu a loja para um imóvel muito maior numa rua próxima a Florenço de Abreu e ali ele recebi os Mascates para fornecer os produtos de que
eles precisavam o prédio tinha até mesmo alojamento para para receber os Viajantes de fora da cidade e também tinha uma coisa muito curiosa um salão para armazenar os produtos que eles recebiam como pagamento é que na maioria das cidades do interior muitas vezes as pessoas que compravam do mascate não tinham dinheiro vivo então eles pagavam com o que tivesse disponível que podia ser café fumo Milho ou outra coisa Qualquer que pudesse ser vendida depois o mascate então ele repass Ava esses produtos para o Atacadista em troca do que precisava os Atacadistas eles também ajudavam com
outra característica desse tipo de comércio era comum o mascat vender a crédito ou seja ele dava o produto agora e só recebi dinheiro na próxima visita Só que essa visita podia demorar meses ou até o ano dependendo da Rota da viagem e o caixeiro viajante precisava desse valor para refazer o seu estoque ele só conseguia fazer isso porque também tinha crédito junto ao atacadista e esse crédito era inteiramente baseado em relações de confiança porque os imigrantes chegavam aqui sem propriedade alguma sem conta em banco e sem referências de trabalho antes de fazer a primeira venda
os Comerciantes sírios libaneses conversavam longamente com o novo mascate e buscavam saber de onde eles vinham a qual família pertenciam e como elas se relacionavam com as famílias que os Comerciantes conheciam nessas regiões isso porque o Síria e o Líbano são países relativamente pequenos com famílias muito grandes que se entrelaçavam então todo mundo conhecia alguém que conhece alguém que é um primo de terceiro grau da pessoa e numa Cultura como essa pouca gente vai querer manchar o nome da sua Sua família sendo desonesto assim muito dos negócios aconteciam de maneira completamente informal o que tornava
a contabilidade dos negócios uma loucura isso quando existia alguma contabilidade e também fazer com que os sírios Libaneses desconfiassem dos bancos quando precisavam enviar valores de volta para a terra natal eles normalmente faziam isso por intermédio de outros membros da comunidade que mantinham negócios no oriente médio e que cobravam só uma pequena taxa para fazer essas remessas e de onde vinham esses produtos que eles revendiam no começo atacadas como o Namia Jafé iam todos os meses para o Rio de Janeiro comprar os produtos para isso eles tinham que lidar com fabricantes que muitas vezes desconfiavam
dos turcos dos chamados turcos que não eram turcos como a gente já sabe para se ter uma ideia essas fábricas chegaram a boicotar a loja dos Jafé então ele resolveu começar a importar de países como Inglaterra França e Alemanha em 1906 a família fundou no bairro do Ipiranga em São Paulo a tecelagem em Ipiranga que chegou a ser uma das maiores tecelagens do Brasil os ja fés mais tarde se mudaram para palacetes que eles construíram nesse bairro Alguns ainda nós conseguimos ver estão de pé Alguns são até usados para festas esse empreendedorismo acabou se tornando
uma marca registrada da comunidade árabe no Brasil muitos Mascates reuniam suas economias e mais tarde abria uma pequena fábrica de rendas ou de fitas ou uma lojinha de varejo geralmente nas mesmas regiões ou de já havia outros membros da comunidade onde eles já estavam atuando então assim em volta da 25 de Março Florêncio de Abreu em São Paulo era mais fácil ouvir árabe do que português na década exemplo de 1920 já no Rio de Janeiro eles se concentravam numa região próxima ao campo de Santana Especialmente na Rua da Alfândega os paulistanos e cariocas já devem
ter identificado que regiões são essas hoje elas estão entre as maiores áreas de comércio popular dessas cidades e provavelmente do Brasil ambas começaram como lugares onde as pessoas iam comprar tecido por atacado Armarinho e dezas em geral nessas lojas criadas pelos árabes e aos poucos se estenderam pra venda de todo tipo de quinquilharia de miçanga e parafuso a fantasia de carnaval e eletrônicos no Rio de Janeiro os Comerciantes dessa região se reuniram em 1962 numa Associação chamada sociedade de amigos das adjacências da Rua da Alfândega Daí vem o nome pelo qual é popularmente conheo ido
o Saara o Saara hoje é considerado o maior shopping a céu aberto do mundo com mais de 12200 lojas os sírios e Libaneses trouxeram mais duas influências que se tornaram parte integrante do modo de vida do brasileiro o hábito de peixe enchar difundido pelos Mascates e a comida hoje não existe uma lanchonete que não sirva kibes e esfirras e você pode agradecer ao Libanês chamado naser chatila por isso conta-se que um dia chatila saiu percorrendo as ruas de São Paulo e não com botões e fitas mas com kibs e esfirras ele foi entrando em todos
os bares e padarias e oferecendo aqueles salgados de aparência esquisita bem diferente do que se comia na época e é claro que todo mundo foi dizendo não para ele mas chatila como bom comerciante já estava preparado para isso e insistia para que eles ficassem um pouquinho como experiência que no outro dia ele passava de novo se o comerciante vendesse ele vinha pegar o dinheiro se não vendesse ele levava todo o produto embora o resultado foi que vendeu o kib e a esfirra foram um sucesso e hoje fazem parte do hábito alimentar dos brasileiros com a
independência do Líbano e da Síria nos anos 1940 a imigração C libanesa para o Brasil praticamente diminuiu muito quase acabou ela só voltou a crescer muito mais tarde quando chegaram aqui ondas de refugiados de guerras civis nesses dois países o Líbano a partir de 75 e da Síria a partir de 2011 a diferença principal é que a leva de imigrantes do final do século XIX e início do século XX era de maioria cristã e os atuais são refugiados em geral muçulmanos fugindo dos conflitos segundo o Itamarati existem cerca de 10 milhões de brasileiros descendentes dessas
duas nacionalidades quase metade delas no Estado de São Paulo a população de origem libanesa por exemplo é maior que a população inteira do Líbano atualmente uma característica dessas comunidades é investir muito na educação dos filhos segundo um estudo norte-americano a porção de sírios Libaneses com teses de doutorado é uma das mais altas do país há muita gente conhecida entre esses Libaneses brasileiros e sírios brasileiros por exemplo nas artes atores como Armando bogos e Antonio tabet músicos como Fagner e Almir saer escritores como Raduan Nassar são todos de ascendência libanesa ou Síria há também jornalistas como
Juka kfuri empresários como o Saad filólogo como antnio roais e médicos como David wip Mas onde os sírios Libaneses se destacaram de maneira desproporcional foi na política em 2015 88% dos parlamentares brasileiros tinham ascendência libanesa embora essa comunidade fosse menos de 1% da população no ano seguinte subiu ao poder o primeiro presidente da república descendente de Libaneses Michel Temer muitos nomes familiares da política são de ascendência árabe como Paulo malufi Guilherme boulos táo jensa Anthony garotinho e pelo menos três ministros do atual governo Lula descendem dessa comunidade todos na área econômica Fernando Haddad Simone tebet
e Geraldo alkm a comunidade silo libanesa Deixou sua marca no Brasil também na filantropia por exemplo um dos hospitais de de referência no Brasil é o hospital Círio Libanês a ideia da construção surgiu em 1921 e partiu de um grupo de amigas imigrantes sírias e libanesas capitaneadas por Adma Jafé que buscava uma forma de retribuir o acolhimento que a cidade de São Paulo deu às suas famílias Devido a muitos contratempos o hospital só foi inaugurado 44 anos depois em 1965 os zfz também contribu iram com doações de obras de arte para a criação do MASP
e com a construção do prédio do Instituto de Física da USP a comunidade também foi a responsável pela criação de diversos clubes como o Monte Líbano e o Clube Sírio bom pessoal essa a história que eu queria contar para vocês da do começo né do que foi essa imigração Síria libanesa pro Brasil e tudo que contribuiu pra Construção da nossa sociedade como hoje a gente conhece a gente já fez aqui sobre os judeus sobre os alemães agora seos Libaneses deixa aí um comentário Qual o próximo que vocês querem ver sobre imigração aqui no Brasil um
abraço até mais
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