Você sabia que o planeta produz mais de 350 milhões de toneladas de carne por ano? Nesse cenário, o salame representa um mercado avaliado em 15 bilhões de dólares. Na União Europeia, onde a tradição de carnes curadas é forte, são fabricadas cerca de 21 milhões de toneladas de produtos processados anualmente.
Entre eles está o salame. Mas você sabe como esse produto é feito? Prepare-se para acompanhar passo a passo como a seleção de carnes, a mistura de temperos, a fermentação e a cura se unem a tecnologia para formar um dos mais deliciosos embutidos suino.
O salame é um dos embutidos mais antigos da Europa, com origens que remontam ao período romano. Os registros históricos indicam que já na antiguidade carnes temperadas e curadas em tripas de animais eram comuns. tanto para conservar alimentos quanto para proporcionar novas texturas e sabores.
Na Idade Média, comunidades italianas das regiões da Lombardia e do Piemonte passaram a aperfeiçoar técnicas de cura e secagem, criando receitas que ao longo dos séculos deram origem a diferentes tipos de salame. Com a industrialização no século XIX, surgiram máquinas de moagem, enchimento e câmaras de cura que permitiram ampliar a produção, tornando o salame um alimento popular além das fronteiras italianas. O primeiro passo é a escolha da carne e da gordura, que impacta diretamente na textura e no sabor.
Na maioria das fábricas, utiliza-se carne suína, principalmente proveniente de cortes magros, como o pernil, combinada com gordura de barriga ou toucinho. Em alguns casos, acrescenta-se carne bovina para ajustar a consistência. Além desses ingredientes principais, adicionam-se sal, especiarias, como pimenta do reino em grão moído, alho em pó e sementes de erva doce, e agentes de cura compostos químicos que impedem o crescimento de bactérias indesejadas e contribuem para a coloração avermelhada.
Para garantir homogeneidade. Todas as carnes e gorduras chegam à fábrica embaladas a vácuo e armazenadas em câmaras frigoríficas entre 4 e 6ºC. Ao chegar à fábrica, os lotes de carne e gordura passam por inspeção visual e análise de temperatura.
Técnicos verificam a integridade das embalagens, a cor da carne e o odor, garantindo que não haja sinais de deterioração. Após a inspeção, a carne e a gordura são cortadas em cubos menores para facilitar a passagem por moedores industriais. A moagem ocorre em duas fases.
Primeiro, peixe grossa, utilizando discos com furos maiores para reduzir as peças a fragmentos. Depois, peixe fina com discos de furos menores que transformam o material em uma massa homogênea. Essa dupla moagem garante a textura característica do salame, com pequenos grânulos de gordura aparentes e consistência firme.
Na sequência, a massa resultante é conduzida para misturadores contínuos ou batelões de grande porte, onde se adicionam o sal e os condimentos. Nessa fase pode haver inclusão de cultura de bactérias lácticas, microrganismos que durante a fermentação produzem ácido e contribuem para o sabor levemente ácido do salame. A mistura dura entre 10 e 15 minutos, tempo suficiente para que todos os ingredientes se distribuam de forma uniforme.
Ao final, um técnico retira uma amostra para checar o teor de sal e a homogeneidade do tempero, ajustando a receita quando necessário. Para desenvolver liga e melhorar a textura, a massa temperada permanece em repouso por um período de 2 a 4 horas em câmaras frias, a cerca de 4ºC. Esse descanso permite que as proteínas da carne absorvam melhor o sal e formem uma rede estável, evitando que o embutido se desfaça após a cura.
Além disso, esse intervalo reduz a formação de grumos e facilita o enchimento no passo seguinte. Com a massa pronta, inicia-se o enchimento. A massa é bombeada para dentro de tripas artificiais ou naturais chamadas de invólucros.
Máquinas automáticas regulam a pressão para evitar o surgimento de bolhas de ar no interior, o que poderia causar pontos de umidade e comprometer a conservação. O diâmetro do salame varia conforme o modelo, mas costuma ficar entre 3 e 5 cm para os tipos mais comuns. Depois do enchimento, operadores fecham as extremidades com clipes metálicos ou fios, formando gomos que seguem para as câmaras de fermentação.
Logo após o enchimento, os gomos de salame são cuidadosamente pendurados em suportes dentro de câmaras climatizadas. A fermentação dura geralmente entre 2 e 3 dias, com temperatura que sobe gradualmente de 20 para 24ºC e umidade relativa próxima de 90%. Nessa fase, as bactérias lácticas consomem a glicose adicionada à massa, gerando ácido láctico e reduzindo o pH, o que assegura sabor e segurança microbiológica.
A circulação de área é suave, garantindo uniformidade e evitando o ressecamento precoce da superfície. Concluída a fermentação, inicia-se a secagem em câmaras específicas, onde a temperatura cai para 15ºC e a umidade é reduzida lentamente até cerca de 70%. Esse processo pode se estender por um período que varia de 15 a 45 dias, dependendo do tamanho do salame e do grau de cura desejado.
Durante esse tempo, a perda de água é gradual, concentrando os sabores e firmando a textura. O colaborador de qualidade faz inspeções regulares, medindo a perda de peso, que costuma ficar entre 20 e 30% do peso inicial, e monitorando a atividade de água para garantir que o produto atenda os padrões de segurança e qualidade. Antes de avançar para o fatiamento ou embalagem em peças inteiras, cada lote passa por um rigoroso controle de qualidade.
Técnicos fazem testes de microbiologia para verificar a ausência de bactérias patogênicas. Analisam a textura através de corte e avaliação sensorial e conferem o teor gordura e sal. Equipamentos de visão artificial podem ser usados para identificar imperfeições na superfície, como bolores indesejados.
Somente quando todos os parâmetros são aprovados, o salame segue para a etapa seguinte. Para salgs fatiados, as peças inteiras são cortadas em fatias uniformes por máquinas automáticas, com espessura que varia de 2 a 5 mm. As fatias são então depositadas em bandejas de polietileno seladas em atmosfera modificada, mistura de gases que retarda a oxidação e o desenvolvimento de microrganismos e embaladas em filmes plásticos.
No caso de salame vendido em peças inteiras, ele é envolvido em filme retrátil ou embalado a vácuo, garantindo vida de prateleira prolongada. Todas as embalagens recebem rótulos com informações de lote, data de fabricação, prazo de validade e instruções de conservação. Depois de embalado, o salame segue para câmaras frias, onde permanece entre 4 e 8ºC até o momento do envio.
A logística envolve paletização, transporte em caminhões climatizados e distribuição para centros de distribuição ou diretamente para supermercados e açogues. Graças ao baixo teor de água e ao uso de agentes de cura, o salame pode permanecer estável por várias semanas, dependendo do tipo de embalagem e das condições de armazenamento, sem perder sabor nem qualidade. E esse foi o vídeo de hoje.
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