Fala, pessoal! Tudo bom? Estamos ao vivo e nós vamos falar hoje sobre liberdade, igualdade e fraternidade. Por que esses ideais fracassaram e por que as pessoas ainda insistem neles? Esse é o nosso tema de hoje. Na verdade, não é só porque eles fracassaram, mas sim porque eles fracassam como ideais, que são coisas diferentes. Antes de nós entrarmos no assunto, temos alguns avisos. Então, primeiro, podem colocar o like! Ajudem a quebrar a barreira do algoritmo. Então, pode virar o dedo no like para ajudar a quebrar essa barreira algorítmica. Nessas eras atuais das redes sociais, estão
abertas as inscrições para o Filosofia do Zero. Vocês podem entrar em GuilhermeFreire.net; ele tem o link. Vocês podem entrar em filosofiado0.1.br. A comunidade Filosofia do Zero tem mais de 20 aulas e todo um trajeto para quem quiser estudar filosofia e se aprofundar nos temas. Está sensacional! A comunidade conta com milhares de alunos e tem um grupo exclusivo que está bombando. Basicamente, as pessoas estão fazendo resumos, alencando livros... É impressionante o que já está acontecendo na comunidade Filosofia do Zero, né? E ali realmente pegamos na mão da pessoa e a vamos levando por um trajeto para
começar a ler os grandes clássicos da filosofia. Aproveitem e entrem também nos grupos do WhatsApp e do Telegram, ali no GuilhermeFreire.net. Isso é muito importante nessa era do cancelamento, que vocês estejam lá também, né? Então, vamos lá! Vamos livrar como uma pergunta para todo mundo: qual foi a visão que passaram para vocês na escola sobre a Revolução Francesa? Vamos ver aqui o que vocês ouviram, o que disseram na escola sobre a Revolução Francesa. Então, podem mandar aí no chat: o que foi que falaram sobre a Revolução Francesa? Qual foi a visão que tentaram apresentar? Uma
coisa quase divina, libertou o mundo, foi uma maravilha, algo muito bom? Uma grande conquista, um avanço social, mudou o mundo e a história? Salvação do mundo, marco da liberdade, dos direitos iguais, queda do absolutismo... Quase criou o mundo moderno! Eu dormia nas aulas. O amor venceu, os bonzinhos salvaram o mundo! Foi um marco na história, algo maravilhoso, a salvação da humanidade e tal: fim das trevas! Viva a Revolução! A vitória dos mais pobres, o fim do obscurantismo, grande libertação dos franceses e da opressão da aristocracia e do clero. Os intelectuais salvaram o mundo da igreja.
Então, de maneira muito resumida, a partir dali para frente surgiu a segurança jurídica. Revoluções são ótimas, opressão viva, né? Então, esse é o modo como foi abordado. E vamos lá! Por que esse modo é assim, antes de entrar no nosso tema principal? Muito brevemente, porque essa visão é verdadeiramente infantil. Ela é claramente ideológica, ela é claramente motivada por uma pauta ideológica. É evidente, assim, que não tem um respaldo na realidade. Ah, como assim, Guilherme? Também é sua opinião? Bom, mas vamos entender uma coisa: a Revolução matou uma parte da população francesa gigante. Ela matou dezenas
de milhares de pessoas. Eles bombardearam pessoas da própria população civil e camponeses, como na revolta da minha ideia. Eles, Guilherme, faziam filas para a guilhotina! Crianças, herdeiros dos tronos, de nobreza, dos títulos, foram vítimas. A revolução matou o maior cientista da época, em nome da ciência, que era Lavoisier. A revolução matou os próprios líderes da revolução! Imediatamente após a revolução, começou uma sequência de ditaduras na França que praticamente não foram interrompidas. O Diretório era um governo absolutamente sanguinário. Robespierre, que foi um dos líderes da revolução, foi morto pela revolução. Aliás, quase todo mundo que fez
a revolução foi morto pela revolução. Chegou uma hora que a matança era tão grande que as pessoas começaram a apoiar tanto o governo Napoleão porque ninguém mais aguentava ficar se matando, né? O banho de sangue! A guilhotina foi desenvolvida e passada basicamente porque as pessoas queriam matar em uma velocidade muito alta. Vários intelectuais do período foram mortos. E quando falam em libertar as pessoas desses aristocratas, várias das pessoas que, na verdade, promoveram e patrocinaram a revolução eram membros dessa mesma aristocracia decadente. Na verdade, ter uma aristocracia independente é até um absurdo, né? Porque o termo
correto para aristocracia decadente não era aristocracia, mas sim oligarquia. Essa ex-aristocracia francesa, esse pessoal em perucas, muitas vezes foram, na verdade, quem patrocinou a revolução. Vários deles... A revolução, sem dúvida, contou com grande parte de comerciantes, de pessoas da burguesia e da elite, e ex-pessoas da nobreza que prontamente renunciaram seus títulos de nobreza. Algumas das pessoas eram, inclusive, ex-padres. Então, na verdade, existe uma hipocrisia muito grande na ideia de que a Revolução Francesa foi uma revolução popular, é uma palhaçada. Isso é algo que ninguém pode cair nessa história; é uma besteira imensa. A Revolução Francesa
tinha o genótipo, os financiadores, tinha aristocratas liberais financiando, tinha ex-aristocratas, tinha um monte de aproveitadores, tinha padres corrompidos financeiramente. Inclusive, a perseguição dos padres... Uma grande parte. Se você pegar a opinião de muitas pessoas da época, porque eles matavam em massa, era uma paranoia imensa. Porque todo mundo que era contra a revolução, em qualquer nível, já era acusado de ser um traidor do povo, de ser um reacionário, de ser uma pessoa que queria regredir socialmente. Então, eles matavam todo mundo que atrapalhava minimamente o novo projeto de poder. É muito louco porque o que acontece ali,
na verdade, é a desestabilização total da cultura feita por uma pequena elite, uma elite ligada à maçonaria, uma elite sem dúvida ligada ao sistema bancário. Por exemplo, em inglês, que alguns botaram dinheiro lá... Enfim, você vai vendo, basicamente, um processo em andamento. Que ninguém foi liberto, ninguém se tornou mais livre. O Estado francês cresceu tremendamente, aumentou um monte. Primeiro, as estruturas básicas burocráticas continuaram, como mostra muito bem o Vilino naquele livro dele sobre o Antigo Regime. Mas não só isso: elas aumentaram, né? Então, a quantidade de estruturas cresceu. O Estado só cresceu. Se você pegar
o Estado da época de Luís XIV, que é o tal do Rei Sol, que é o rei do absolutismo, já foi uma pessoa que, em grande parte, de Luís XIV, apesar da sua grandeza no campo militar e várias promoções, foi um grande patrono de projetos incríveis na cultura, que é uma coisa que muita gente não sabe. Foi um promotor cultural excepcional e um rei muito bem sucedido em alguns aspectos do governo, na economia, em guerras e tal. Mas Luís XIV pegou muito da nobreza e corrompeu-a em Versalhes. Os caras ficavam dançando em bailinhos ao invés
de cumprir suas funções, estarem vinculados à sua terra, como foi na tradição francesa, e isso preparou muito o caminho da Revolução. Luís XVI, que foi o rei da Revolução, se via, na verdade, como um liberal, que estava abrindo os Estados Gerais para trazer os novos ventos da mudança. Então, na verdade, o próprio rei já era encantado pelas ideias liberais. Na época de Luís XIV, o Rei Sol, o Estado era muito menor do que depois da Revolução. Então, é absolutamente toda essa ideia de que a Revolução Francesa foi a libertação do homem um banho de sangue
para começar uma ditadura sanguinária, que mata as próprias pessoas, que já fizeram, que mata cientistas e que mata intelectuais em nome de ideais abstratos. O nome disso não é libertação do homem; o nome disso é a destruição do homem. Como bem falava José de Maistre, que é um intelectual ali do período e um crítico da Revolução Francesa, ele disse que o homem é o lobo do homem, né? Que o melhor predador de um animal sempre é o próprio animal. Se você quiser caçar um leão, um dos melhores animais para caçar o leão é o próprio
leão. E, como comentaram sobre a Revolução, o melhor predador do homem é o homem. E é isso que a Revolução Francesa demonstrou: na verdade, realmente a capacidade do homem de matar os outros. O fato de professores e escolas universitárias tratarem isso dessa maneira infantil, né? Que a libertação do homem, viva, viva, é tão absurda, tão insana, que já nos deve fazer refletir sobre tudo que está acontecendo. E é por isso que a gente vai abordar esses princípios, porque há um forte grau de insanidade nisso. As pessoas passam pano para atrocidades tremendas e elas fingem que
não estão enxergando. Então, é muito louco tudo isso. É muito louco, não dá para ler a história da Revolução sem ter uma noção de que é uma sequência de atrocidades, né? Não tem como. E aqui é muito relevante esse ponto. A Maçonaria, sem dúvidas, esteve bastante envolvida na Revolução Francesa. E querer fingir que esse não é o caso é tolice; não está mais do que comprovado. Tem 600 mil coisas mostrando isso. Agora, aí vem a questão, né? Por que que as pessoas aceitam isso? Em grande parte, elas aceitam por ideais abstratos que nada têm a
ver com a concretude. Porque, se fosse assim, a Revolução objetivamente melhorou a qualidade de vida das pessoas. Não aconteceu isso; não tem esse indicativo. A Revolução objetivamente fez as pessoas mais livres em algum nível também? Não aconteceu; não tem esse indicativo. A Revolução, então, como não tem nenhum indicativo concreto, a ciência disparou com a Revolução? Também não tem esse indicativo. Inclusive, novamente, mesmo no século seguinte, vários dos maiores cientistas franceses, que lidavam com a energia e várias outras coisas, eram, na verdade, bem católicos e nem queriam saber da Revolução. Então, a verdade é que, na
ausência de um dado objetivo disso, né? O que que nós percebemos? Que as pessoas, em grande parte, amam ou apoiam a Revolução em nome de ideais abstratos que nada têm a ver com a concretude, com a realidade da natureza humana. E três dos ideais são os que a gente selecionou hoje: que são liberdade, igualdade e fraternidade. Muita gente morreu, de fato, foi de sangue, mas olha, é importante, né? Afinal, as pessoas agora são livres, iguais e fraternas. E no mundo anterior elas eram presas, elas eram servas, elas eram desiguais e elas eram desunidas. Então, essa
seria a coisa, e agora elas não são assim. Então, você tem uma generalização desses pontos e aqui que eu gostaria de falar: por que que esses ideais são fracassos? Porque não tem como. O que eu tô argumentando não é que liberdade, igualdade e fraternidade são belos ideais que foram corrompidos pela Revolução; esse não é o melhor argumento. O que eu vou argumentar é que também não é a ideia de que liberdade, igualdade e fraternidade poderiam ser melhor interpretados do que foram; o que eu vou argumentar é que é pior: que liberdade e igualdade e fraternidade
não servem como ideais políticos, eles carecem de uma substância adequada para serem ideais políticos. O ideal está errado, em especial do modo como foram interpretados nesse mundo pós-Iluminista. Então, a gente vai abordar um por um e eu pretendo, a minha ideia, que fique claro mais ou menos por que não tinha como funcionar. Por que que você não pode pegar a liberdade, igualdade e fraternidade e achar que esses três efetivamente vão servir para trazer esse reino do Paraíso na Terra de imediato? Já digo para vocês o óbvio: não existe Paraíso na Terra. Guilherme então não tem
um regime que vai resolver os problemas da humanidade. Não, não existe a ideia do Paraíso terreno; ela já é insana por natureza. Porque o homem é, ele tem aquela condição que nós chamamos de pecado original: o homem já tem a propensão ao mal. Não existe nenhuma hipótese de você corrigir por completo, neste mundo, a maldade humana; isso não é uma possibilidade. O fato de as pessoas acharem que isso é possível já decorre de uma visão antropológica equivocada. Tal como uma de Rousseau, que foi um dos intelectuais que esperavam a Revolução Francesa, nega a realidade do
pecado original e fala que o único problema dos homens é que é um olho: prova mais que o grande problema dos homens começa a partir da propriedade privada, porque ali se introduz uma vontade egoísta nas pessoas. Ele contrapõe ao Selvagem, que solto teria essa liberdade natural e isso absolutamente não é real. Os homens, já pequenos, têm uma propensão para fazer a maldade. Apesar de uma série, que não sei se nas crianças, basicamente a ideia de que um estado, de que um conjunto de iluminados, como fala Rousseau, pode criar uma grande vontade altruísta nas pessoas é
tolice. E mesmo que você fale que não tem propriedade privada, que você nega a propriedade privada, as pessoas não passam a ser imediatamente tremendamente altruístas; a coisa não funciona assim. Então, basicamente, ele está totalmente equivocado sobre isso. Mas é muito perigoso fingir que as pessoas não têm uma propensão ao mal. Veja, se é uma capacidade do bem, sem dúvida: são a natureza humana, boa, capaz do bem, mas também têm uma capacidade muito grande para o mal, tendo um desalinhamento nessa natureza. Então, a pessoa, sim, teve vários filhos, deu todos eles para adoção e depois tentou
ocultar esse fato; isso é um fato. Apontado, inclusive, por Voltaire, que sou eu, que foi uma figura muito importante para a educação. Deu filhos para adoção e depois escreveu um livro de educação, aliás, que é considerado uma péssima pessoa. Isso não é um argumento de homem; isso é simplesmente uma constatação histórica, por todos, inclusive por intelectuais iluministas que conheceram ele, figuras como David Hume ou Voltaire, outros revolucionários da época simplesmente dizem que Rousseau era, nas palavras deles, de terror. E, novamente, todos revolucionários, em que ele era visto como Satan, absolutamente hipócrita e uma pessoa cheia
de afetação. Mas enfim, essa é uma outra vida do Rousseau, um outro tópico. Então, não tem Paraíso na Terra; não quer dizer que você não pode ter uma ordem política, mais sã, né? Uma ordem política pode ser infinitamente mais certa do que a que nós temos, mas para isso, na Terra, é uma... envolveria uma espécie de perfeição das pessoas na Terra que ainda é atingível. Então essa seria a primeira questão. Ah, mas não é porque o ideal é difícil que não vale a pena ser lutado. Vejam, não é uma marca de pessoas inteligentes lutar por
coisas impossíveis; é uma marca de pessoas corajosas e inteligentes lutar por coisas realmente quase impossíveis ou muito difíceis, mas não é uma marca de pessoas inteligentes efetivamente para o impossível. Então, são duas coisas distintas. Então, vamos lá. Por que que então liberdade, igualdade e fraternidade são tão podres? Peço novamente que vocês coloquem aí, apertem o like para a gente quebrar o seu algoritmo. Teve gente que até perguntou assim: "Ah, esse conteúdo é bom para você?" Então pode colocar o like. Vamos quebrar um negócio aqui; esse conteúdo eu acho que é importante para as pessoas. Então,
como que a visão de muitas pessoas para e pensa assim: "Não, beleza, Guilherme, a revolução se afastou dos ideais, mas a verdadeira... o verdadeiro ideal da liberdade, da igualdade não foi tentado.” Esse é sempre o negócio, né? O verdadeiro negócio não foi tentado. É uma pena que esse negócio foi desvirtuado, porque o ideal é belo. Mas vamos agora entender bem o negócio antes de tudo. Liberdade. O que quer dizer liberdade, Guilherme? Claro, liberdade é um ótimo ideal político. Imagina: liberdade! Quem não quer liberdade? Quem não quer uma... quem não quer liberdade, né? Quem que não
vai querer isso? Bom, aí vem um pequeno problema: se você fizer qualquer coisa que der na sua telha, se você fizer o que você quiser, porque eu quero ser livre, eu quero que o estado não diga o que eu devo ou não fazer. Tá bom, então beleza: o estado vai dizer o que você deve ou não fazer, mas tem um detalhe curioso. Esqueça o estado, esqueça papai, esqueça mamãe, esqueça a igreja, esqueça todas as instituições fora: pense só em você. É um segundo. Se você agora começar a fazer tudo que der na sua telha, você
vai acabar com a sua liberdade. Se você começar a seguir qualquer ação sua, você vai destruir a sua liberdade. O que eu quero dizer com isso é que, se você começar a consumir, a encher a cara de maneira desordenada, você vai perder sua liberdade. Logo, logo, você já não vai mais encharcar por vontade própria, mas vai ser escravo dos seus vícios. Se você começar a consumir pornografia, rapidamente vai perder a sua liberdade; consumir ou não. Se você começar a comer de maneira desordenada, rapidamente, você vai fazer isso por compulsão e já não vai mais fazer
isso por vontade sua. Se você se entregar à preguiça, já você não vai ter força de vontade para voltar a fazer as coisas. Se você começar a ser produtivo, em geral, e gastar dinheiro de maneira desordenada, rapidamente você não vai ter nem mais vontade; você não vai mais... Conseguir parar de fazer, se você começa a se entregar for lá no cassino. Começar enlouqueceu lá no cassino, já já você não vai ter mais a capacidade de parar. O jeito mais certeiro, e mais imediato, e mais claro de você perder completamente a sua liberdade é você achar
que qualquer ato é o canto da liberdade. Esse é o jeito mais certeiro de você perder. Você acha que qualquer ação te deixa livre. E aí você vai começar a perceber que a verdadeira liberdade só existe na virtude; que, quando você vai lá e trabalha e recebe um dinheiro pelo seu trabalho, você ganha uma liberdade naquele momento. Que, quando você fica mais forte, quando você faz exercício, você ganha uma liberdade maior; você consegue fazer novas coisas. Que, quando você aprende o autocontrole, você tem a liberdade para controlar melhor a sua vida porque você é senhor
das suas paixões. Essa é a boa e velha noção aristotélica. É por isso que Aristóteles nunca escreveu em um livro dele sobre uma hora ideal da política liberdade. Porque a verdadeira liberdade vem da virtude, da maturidade. E o problema de você colocar a liberdade como um ideal, sem equacionar o problema da virtude, da lei natural — e da lei natural não só como entendida pelos iluministas, mas no sentido mais amplo — é que não vai ficar claro o que é a liberdade para o vício que aprisiona as pessoas, e o que é a liberdade real
da ação humana para coisas boas. Eu podia ouvir um vídeo em inglês, ainda numa rua lá na Inglaterra, que todos os negócios e foco aqui só têm lugar para aposta para o pobre. O cara, o inglês, em uma rua mais pobre na Inglaterra, falava que só tem casa de aposta, só tem lugar para pegar o nosso dinheiro. Ele falou: "Cara, que que isso? Ah, não, mas eu sou livre. Eu sou livre para entrar em qualquer loja que eu quiser. Viva a liberdade de escolha!" Mas que liberdade de escolha? Tem trinta marcas de lugares que são
feitos para arrancar o seu dinheiro, para você empobrecer. Isso não é liberdade; isso é a ausência da liberdade. É por isso que a liberdade real não pode ser separada da virtude. E é por isso que todo mundo que fala "Não, antes de tudo viva a liberdade, eu sou liberal, vivo liberalismo, vivo a liberdade!" — qual liberdade é essa? Porque se você quer a liberdade para cometer vícios, se esse é o seu ponto, "Ah, eu só quero que o Estado não mande em mim", não, perfeito; também não acho que o Estado tem que ficar controlando os
detalhes da vida das pessoas, não acho isso agradável. Mas o problema é o seguinte: O que, abstraindo o Estado e esquecendo o Estado, você toma como liberdade na sua própria vida? Porque você pode acabar com a sua liberdade. "A igreja quer toliar minha liberdade." Beleza, meu camarada, você é muito capaz; você é infinitamente mais capacitado para toliar sua própria liberdade do que a igreja. Sua liberdade basta você começar a fazer tudo que você quer. Se alguém te fala para começar a controlar os seus vícios, começa a viver a virtude, a pessoa não está tão linda
assim. Eu estou começando a te dar uma capacidade de viver em paz. Se uma sociedade vai lá e reprime o crime, ela não está acabando com a liberdade; ela está permitindo que você viva uma vida livre. Se o crime come solto na sociedade, não tem como ninguém ser livre na sociedade; todo mundo é meio que aprisionado o tempo todo. Aliás, isso é um fenômeno do mundo moderno: a incapacidade, por vezes, de lidar com o fenômeno do crime. "Não, mas é que as pessoas são livres!" É que aí a gente vai estar toliando a liberdade das
pessoas. "Não, não!" Ah, não, Guilherme, mas tem uma solução no liberalismo clássico para isso: é que a sua liberdade começa onde acaba a do outro. Mas veja que, sem fazer mal a ninguém — exceto a você mesmo — você pode acabar com você mesmo. Então, olha só: sem dúvida, você precisa tratar as pessoas de uma maneira adequada e não interferir na vida delas, mas se você se afunda na pornografia, no vício, na droga, sei lá o que, você acaba com você mesmo. E o fato de você acabar com você mesmo não é uma coisa boa;
é uma coisa péssima, porque milhares de pessoas na sociedade estão acabando com elas mesmas. Sem fazer mal a ninguém, estão acabando com a sociedade, porque tem pessoas em volta delas que dependem delas, porque elas deveriam ser pessoas produtivas. Porque, na verdade, a escolha autônoma de milhares de indivíduos por se auto destruir, por querer acabar consigo mesmas, não é uma escolha boa para a sociedade. Sim, então mesmo que você fale: "Não, mas é que eu tenho liberdade na medida em que eu não interferir na do outro", na verdade, o próprio uso da liberdade é aplicado só
à própria pessoa; ações que impactam só ela mesma, mal utilizado, também já é destrutivo para a sociedade. E nós estamos vendo isso tremendamente na cidade atual. Já citei vários hábitos que são escolhas das pessoas que, na teoria, não impactam ninguém fora da vida delas e estão acabando com a sociedade. Então, não é real: simplesmente não é real que essa liberdade pode existir sem a virtude ou sem a maturidade. Não tem como. Por isso que liberar não é um princípio, não é... simplesmente não tem como ser. "Ah, não, mas agora a gente é muito mais livre
do que..." Garante o que você quer dizer com isso? Então, o engraçado, né, é o que você quer dizer com isso aí. Não é que, na época do Luís XIV, o Rei poderia fazer um monte de coisa segundo a sua vontade? E se acha que o mundo moderno não tem elites que podem fazer o que elas quiserem, de acordo com a vontade delas, o mundo moderno está cheio de elites que podem fazer o que elas quiserem, segundo a vontade delas, e que passam por cima da população. Cara, tá aí o cara! Como que é o
nome do country? Aí, o cara que viralizou, acho que é "Oliver" ou alguma coisa assim, o cara cantando sobre as elites, falando que os caras estão passando por cima de todo mundo. Ritch, menor! Homens ricos aí para o Norte. É fato! O mundo moderno tem um milhão de elites que têm um poder que faria o Luís XIV parecer uma garotinha que não tem poder algum, perto de várias figuras que tem no mundo contemporâneo. Vocês estão brincando! É que as pessoas fingem que não enxergam. Então, nós temos, sem dúvida, uma elite com poder restrito e que
ninguém liga, todo mundo finge que nada acontece com ela, entendeu? Então, isso é uma... é uma... e o cara, na música, foi absolutamente profético. Tá com, sei lá, acho que 30 milhões de visualizações na música dele, e é isso que o cara tá cantando: a realidade. O cara tá falando da realidade da indústria mineral no sul do estado do Paraná. Aqui rezamos todos os dias, antes de iniciar o trabalho, e estamos com o pé no chão. Somos a maioria. Um grande abraço aí, pessoal do Pará! Um abraço para todos aí da indústria mineral. Parabéns pelo
trabalho! Continuem trabalhando firme. Então, as pessoas, basicamente, não estão enxergando a realidade sobre isso. Então, toda vez que eu vejo alguém falar "ah, vivo o grito da liberdade", eu já vejo que elas estão falando que não tem nada a ver. O Eric, o Victor Franklin, falava que, do lado da Estátua da Liberdade, tinha que ter uma estátua da responsabilidade. Não tem essa história de liberdade, liberdade sem dever, sem responsabilidades, não faz o menor sentido. Isso é delirante. Então, primeiro, problema ideal. Segundo, o ideal, que aliás, na música, o cara fala que ele quer controlar sua
vida, saber tudo que você pensa, saber tudo que você faz. Quem não sabe que o mundo moderno tem grandes mecanismos de controle social? Isso é óbvio. Segundo ponto: igualdade. Não, agora é a igualdade. "Todos são iguais, Guilherme!" Mas agora não é possível que você vai dizer que igualdade não é um grande princípio. Que nós não somos todos iguais? Gente, vamos lá! Igualdade é um valor manifestamente falso. Você pode falar de uma igualdade perante a lei, absolutamente compreensível. Você pode falar de uma igualdade de honra no tratamento das pessoas. Você pode falar de uma igualdade na
dignidade da pessoa humana. Agora, a ideia de que as pessoas são iguais é delirante. As pessoas não são iguais, ponto. Elas são absolutamente diferentes. Elas são diferentes em todos os aspectos. Você pega duas pessoas, elas já não são iguais. Elas já raramente são iguais. É óbvio que as pessoas têm capacidades diferentes de trabalhar, que as pessoas têm capacidades diferentes intelectuais, que as pessoas têm capacidades diferentes de... que elas sempre pensam em formas maiores ou menores. Algumas pessoas são mais responsáveis, outras são menos. As pessoas são completamente diferentes. Elas têm costumes diferentes. Tem pessoas que são
mais dadas à violência, tem pessoas que são menos dadas à violência. Tem pessoas que têm uma inteligência maior, das pessoas que não têm. As pessoas são completamente diferentes! Gêmeos são diferentes. Mandaram aí no chat, né? Gêmeos são diferentes, e é verdade! Gêmeos são diferentes. A ideia de querer equalizar as pessoas vai inevitavelmente criar alguma tirania insana. Não tem como ser de outro modo, porque se as pessoas são diferentes, a ideia de "não vamos, vamos tornar elas iguais, vamos igualizar, agora vamos tornar todo mundo um bloco", isso nunca vai acontecer. Mas nunca vai acontecer! Não existe
igualdade. O mundo moderno está muito insano porque ele adora palavras como diversidade e igualdade, só que provamos o seguinte: 100% de diversidade quer dizer que ninguém tem nada em comum, e 100% de igualdade quer dizer que nem tem mais de um indivíduo. Ou seja, sempre sendo de igualdade, é impossível porque não tem como todas as pessoas precisam ser iguais. E 100% de diversidade é impossível, porque daí significa que todos os homens são diferentes. É muito mais sensato e muito mais óbvio imaginar que os homens têm coisas em comum e coisas diferentes, e que, na verdade,
os homens deveriam entender valores elevados que possam ser de ponte entre eles, para que eles possam construir uma sociedade, sem dúvida, com hierarquias sãs, e que possam ser guiados para o bem, para o bem comum. Se os homens não entendem, se eles acham que tudo entre eles é igual, eles não vão construir pontes entre eles. E se os homens acharem que tudo entre eles é absolutamente infinitamente diverso, eles também não vão construir pontos. Simples assim! Sempre sendo diversidade e ausência total de qualquer tipo de igualdade. E 100% de igualdade, ausência total de qualquer tipo, não
faz sentido. São termos que não se aplicam. São termos até de matemática que não se aplicam à natureza humana de uma maneira sem ambiguidades muito loucas. Todos foram livres, não há como ser iguais. Os princípios não só eles são contraditórios, percebemos, eles são contraditórios entre si. Você acredita que, se não fosse o grande movimento evangelista do século XVIII, com homens como John Wesley e Whitefield, teria acontecido na Inglaterra exatamente o que aconteceu na Revolução Francesa? Cara, não aconteceu exatamente isso! Aconteceu na Revolução. Francesa, mas aconteceu uma revolução antes na Inglaterra que preparou o caminho, porque
se não fosse a Revolução Gloriosa, não teria acontecido a Revolução Francesa da maneira como aconteceu. Isso é simples de constatar, porque o próprio Walter foi educado nas ideias políticas inglesas. Então, na verdade, na Inglaterra, ter uma revolução é anterior, muito menos violenta, mas que permitiu essas revoluções seguintes que aconteceram ao redor do globo. Assim, simplesmente aconteceu de outra forma na Inglaterra, mas, sem dúvida, sem o Iluminismo britânico, não teria acontecido o francês. Então, na verdade, o que acontece é que a Inglaterra não passou por uma Revolução Francesa, mas ajudou a criar a Revolução Francesa. Essa
hipocrisia está muito bem apontada no livro do Charles Dickens, "O Conto de Duas Cidades". Né? Então, a grande questão a seguir: a igualdade é impossível. Não, mas vamos forçar a igualdade. Beleza. O que você vai fazer para forçar a igualdade e acabar com a liberdade de todo mundo? Só tem esse jeito: você vai forçar todo mundo numa servidão, arrancando aqueles que têm mais talento para as coisas e forçando aqueles que têm menos capacidade de uma coisa a uma posição que é inadequada para eles. E agora todo mundo é igual, o que nunca acontece na realidade.
Se você, na verdade, tenta forçar todo mundo, o responsável por esse é um fato que ninguém fala nessas histórias. O responsável por implantar a igualdade sempre vai ser mais igual do que os outros, para usar a palavra lá do George Orwell. Então, sempre aquele que forçar a implantar a igualdade vai ser mais igual que todos os outros; ele vai estar numa hierarquia acima dos outros. Então, na medida em que você vai impor a igualdade, você vai criar uma nova elite, muito pior que a anterior, que vai dizer quem é igual e quem não é. Então,
não existe isso; absolutamente não existe igualdade. É um princípio que não faz o menor sentido quando aplicado à vida humana. Essa é uma brincadeira do George Orwell: "mais igual do que os outros". É uma piada com a ideia de igualdade, né? Todos são iguais, mas alguns são mais iguais do que os outros. É uma frase que mostra a hipocrisia dessa história de "todos somos iguais", mas, na verdade, nós somos uma elite que dita a regra do jogo. Então, novamente, não estou falando aqui de igualdade perante a lei. Qualquer coisa; nós estamos falando de uma impossibilidade
metafísica, que é a capacidade de aplicar no mundo real acabar com as distinções entre os homens. Então, é tolice. Absolutamente não faz sentido no mundo, né? Então, esse é um problema que estamos falando. Estamos falando de ideais que não existem; eles não têm nenhuma forma de aplicação concreta. Vou dar um exemplo para vocês, não agora, mas todo mundo vai ser igual. Vamos pegar uma fábrica: você não vai ser igual. Como vai ser? Porque tem empregos que são mais desejáveis, tem outros que são menos. Tem um cara que é supervisor na fábrica. Se você chamar isso
de socialismo, chamar isso de Revolução Francesa, chamar isso de "ninguém terá nada e sei lá será feliz", seja mais de futuro, você pode dar o nome que quiser. O fato é que, na fábrica, tem um cara que tem um emprego mais cobiçado do que os outros. Se alguém vai ter que ter isso, vai ter que ser distribuído. E se você falar que é tudo público, que a fábrica é pública, o cara continua tendo um emprego melhor que o outro. Acabou. Ah, não, mas é que é distribuído não de acordo com o capital, mas de acordo
com a aptidão das pessoas. E quem vai dizer isso? Não, as pessoas. Quem vai dizer? O cara que já tem uma posição melhor na cidade do que o outro. O sonho da igualdade é um delírio. Ele, na verdade, está dando poder para pessoas em nome da igualdade. Homens livres não são iguais; homens iguais não são livres. É absolutamente contraditório. E vejam, novamente, a liberdade depende da virtude, e a virtude cria desigualdade por definição, porque algumas pessoas são mais virtuosas que outras, algumas pessoas são mais corajosas do que outras. E por que eu deveria recompensar o
cara que é covarde igual ao cara que é corajoso? Não faz sentido. Eu não deveria recompensar assim. Se uma pessoa é um professor, mas sabe que o outro deve valorizar mais o trabalho para ficar mais sábio, você é uma pessoa mais corajosa para defender, sei lá, o meu país. Eu deveria recompensar essa pessoa que é mais corajosa. Se uma pessoa me ajuda mais, a pessoa que me ajudou mais, não uma pessoa que não me ajudou. Não faz o menor sentido. A distribuição de recompensas em sociedade depende basicamente do mérito das pessoas. E esse "ah, mas
quem é você para julgar o mérito?" Veja, existem vários fatores objetivos na vida que vão basicamente tornando as pessoas desiguais em relação às coisas. Por isso, a virtude gera desigualdade. Mas a virtude também é o único caminho para gerar a liberdade. Isso não quer dizer que as pessoas deveriam, então, a todas as hierarquias da sociedade, são por tabelas justas, mas é impossível uma cidade sem hierarquia. Não faz menor sentido; é inimaginável, é delirante. A liberdade foi corrompida, distorcida, pois a ver a liberdade nega que os vícios, os demônios e suas ideias, escolhem seguir a Deus
e aprimorar nossas virtudes. A verdadeira liberdade é a liberdade de buscar o bem, é a liberdade de viver a virtude, é a liberdade de buscar uma vida madura, uma vida plena. Essa é a verdade. A desigualdade não é algo ruim, é apenas um fato. A desigualdade não é algo bom. Assim, a igualdade não é algo bom. Desejada, ele simplesmente é uma impossibilidade em sentido absoluto. Em sentido absoluto, ela é uma impossibilidade e, mesmo que você falhe, não há uma igualdade perante a lei. Mas, na prática, também não é assim, né? Porque as pessoas distribuem benefícios
legais de maneira desigual. Então, também não é assim que é feito. Mesmo que você fale "bom, é igualdade perante a lei", o fato é que uma galera diferente ali é só restrita ao mundo jurídico. Ela não vai, ela não vai. Então, a implicação para o mundo real necessariamente é que você finge que é assim; não vai alterar, né? Você pode pegar uma pessoa e tem uma cena do livro "O Pântano de Escarlate", da Baronesa D´Oxy, que um cara fala: um cara chega e diz "Ah, desculpa o meu atraso aqui". Na sua sociedade, é um personagem
lá, né? O cara chega num baile da Revolução Francesa e ele fala "desculpa meu atraso, porque na sua sociedade todo mundo é tão igual que ninguém quer dirigir as carruagens". E aí o cara responde: "É que nós preferimos..." Aí o cara fala: "Devia matar em vez de seus reis, você ia matar os seus cocheiros." E aí o cara da Revolução responde: "Não. Nós preferimos matar os nobres do que os cocheiros, porque os nobres são quem impede as pessoas de crescer na sociedade." Aí o outro cara responde: "Bom, então o problema disso é o seguinte: agora
os seus cocheiros viraram reis e as pessoas que viraram cocheiros são aquelas que não sabiam dirigir a cavalo." Então, você agora tem pessoas que não sabem governar, pessoas que não sabem andar a cavalo, pilotando as carruagens. No mínimo, faz pensar. Entendeu essa cena do livro? No mínimo, faz a pessoa pensar, porque o problema é esse. Você quer forçar uma coisa que não vai acontecer na sociedade nunca. Eu não tô falando que o mundo da Revolução Francesa era perfeito. Tá longe disso! Ainda mais esse mundo de Luís 16, que já não chegava aos pés da glória
de um Luís Nono, por exemplo, antepassado dele. Nem próximo! Então não é que era perfeito, mas entendam: é como, na medida em que o homem ama esses ideais abstratos, ele começa a fazer coisas insanas. E aí vamos para o último, que é Fraternidade. Fraternidade é a grande desculpa. Alguém falou assim: "Ah, igualdade perante a Deus". Não tem igualdade perante a Deus, porque Deus absolutamentete faz distinção entre as pessoas no céu. Esse é um ensinamento cristão: as pessoas não têm a mesma felicidade no céu. As pessoas não são iguais perante Deus e as pessoas não são
iguais nem no inferno, porque no inferno o seu nível de rejeição a Deus vai dizer o quanto você vai ser infeliz. No inferno, que inclusive é você que se coloca desse modo na Terra, de acordo com as pessoas que são... Há pessoas que são visivelmente mais capazes de receber a graça divina do que outras. É evidente que São Tomás de Aquino é melhor do que eu. É evidente que São Bernardo é melhor do que eu e assim por diante. E a mesma coisa no céu, porque as pessoas vão receber graças de acordo com a capacidade
delas de receber a graça divina. Deus pode até oferecer o máximo de graça que cada um consegue receber, mas o fato é que as pessoas conseguem receber graças de maneiras distintas. Então, no céu, as pessoas não são iguais. As pessoas não são iguais no inferno, na terra, no purgatório e no céu. A Divina Comédia é uma aula disso. Então, basicamente, não são iguais. Os apóstolos são diferentes daqueles que não são apóstolos, e assim vai. As missões, as pessoas, são diferentes. Existe uma hierarquia entre os anjos. Caim e Abel, aliás, por que que tem homicídio de
Caim e Abel? Olha como é... É inveja! Existe uma inveja, tanto em Saul e Jacó quanto em Abel. Existe uma inveja gigante naquele momento, né? Esse problema é gigante, porque um recebe uma coisa que o outro não recebeu. Poderia falar da relação da Liberdade, que no inferno de Dante os homens escolhem seu inferno. Em certa medida, sim, os homens escolhem ir para o inferno, porque eles rejeitam Deus, que é a fonte da alegria, a fonte da felicidade, a fonte do bem, da verdade. E agora a alma deles, imortal, fica cristalizada no estado de perpétua infelicidade,
sem deixar essa bondade entrar dentro da alma. E, na medida em que os homens entram nessa decadência, eles vão sofrendo as suas penas de acordo com o sofrimento da sua alma. Por isso que, na Divina Comédia, os homens têm que passar pelos terraços do purgatório, aprender entrega e as virtudes para ir em direção ao céu. E ali aparece a Beatriz, que é a musa de Dante, como um símbolo da beleza da graça. E, aí, por fim, você tem, em última instância, a visão beatífica, que é a própria contemplação de Deus. Então, é muito louco isso,
porque o que acontece é que nem no céu você tem igualdade, o que não faria sentido também, imagina na Terra. Então, vamos para o último preceito, que é o próprio preceito. Então, só o nosso aviso, antes de entrar no último: entra lá no Filosofia do Zero! Corra lá para o Filosofia do Zero. Quem quiser compreender melhor esses conceitos precisa ir lá na Filosofia dos Apps, estudar, conhecer as coisas, aprender sobre a filosofia. Eu recentemente fiz uma aula completa sobre Rousseau que aborda muito essa questão da Revolução Francesa. Falei sobre a vida do Rousseau, de escrever
ali nos detalhes da vida dele. Então, corram lá para a Filosofia do Zero, filosofia do zero ponto BR, Guilherme Freire ponto net. Entra lá e quem não se inscreveu no canal, inscreva-se agora! Ative! O sininho das notificações também é bem importante. Mas vamos para o último caso, né? Fraternidade. Ah, mas Guilherme, tá bom, vai, eu até entendo que a liberdade foi deturpada, que igualdade e fraternidade são quatro entre si, mas fraternidade não tem como falar que não é uma coisa boa. E aí vem um problema desse termo "fraternidade". Qual que é o termo antigo? Cristão
é caridade. E aqui a gente muda o termo. Fraternidade implica ser irmão. Então, porque sermão? A ideia é que a relação do pai com o filho é uma relação hierárquica, mas a relação do irmão com irmão é uma relação que teria uma igualdade maior. Mas vamos refletir um pouco sobre isso daí. Frater, né? Frater é irmão. Mas olha só, alguém falou japonês? Estou japonês! Você chama o seu irmão mais novo por um nome e chama um sermão mais velho para o outro. Se você pegar na história da Bíblia, o filho pródigo sofre a inveja do
irmão mais velho que olha para ele e não compreende porque ele é acolhido na casa do pai. Se você olhar a história de Caim e Abel, é uma traição entre irmãos. Então, entre irmãos, você percebe o seguinte: você percebe que tem, primeiro, uma hierarquia entre os mais velhos e mais novos; os mais velhos, inclusive, influenciam os mais novos. Você percebe entre irmãos que a ordem dos irmãos depende tremendamente da figura do pai, que é, na verdade, a figura de autoridade. Que é todo o ódio da Revolução Francesa, porque a base da Revolução Francesa é o
ódio desse movimento revolucionário, é o ódio contra Deus, depois ódio contra o Papa, depois ódio contra o rei e, por fim, ódio contra o pai de família. É a sequência visível no ocidente, dá para ver claramente, porque afinal, quem é o Papa se não o monarca da igreja? Afinal, quem é o rei senão o monarca dessa terra? Afinal, quem é o pai de família senão o mini-monarca dentro da casa dele? Então, quando você tira a figura do pai de família, acaba a ordem entre os irmãos e começa exatamente a briga entre eles, porque quem mede
o conflito entre aqueles que são iguais é a autoridade superior, portanto a figura do pai. Portanto, só tem o frater, só tem um irmão na medida em que tem um pai. Por óbvio, isso é intuitivo. Se você matou o seu próprio pai, qual fraternidade sobra? Porque agora eu já não tenho mais um critério para saber quem é meu irmão. Então, o irmão é, eu já não tinha mais quem é o mais velho e quem é o mais novo, e eu já não tenho mais o pai para intermediar entre nós. Então, o que acontece aqui? A
fraternidade está sendo usada como um substituto contra a caridade, porque a caridade... porque é muito, veja, é muito mais fácil você amar de maneira abstrata do que você amar de maneira concreta. Se você pegar, por exemplo, uma pessoa assim: fala assim, eu amo as crianças da... eu amo todas as crianças que sofrem na África, é infinitamente mais fácil uma pessoa amar as crianças da África do que amar o menino pobre que está correndo na rua na frente dela. Porque no caso do amor abstrato para as crianças da África, isso não envolve nenhum grau de envolvimento
real da pessoa, não envolve nenhum sacrifício, não envolve nada. Mas o cara vai doar um dinheiro para uma fundação que vai indiretamente mandar o dinheiro para lá. Amar a pessoa que está do seu lado, amar ajudar a pessoa sinceramente que está ali na sua frente, é muito mais difícil, porque você está se envolvendo, porque você precisa ter o mínimo de coragem para interagir com pessoas na sua frente e, para efetivamente ajudar as pessoas, para fazer algo de bom para elas, você precisa ter algum grau de força interior. Por isso que essa afetação da fraternidade –
"Eu amo o mundo" – essa filantropia toda, a caridade, precisa ser substituída pela filantropia. E qual que é o problema da filantropia? Você doar dinheiro para uma fundação, para postar na rede social, para falar o negócio, para ser público, para ser uma coisa que você... que agora está cheio disso em ritos, né? Da elite das celebridades, que o cara fica parecendo: "Ah, não! Agora eu ajudo tantas caridades." Não, legal, não é que algumas dessas efetivamente... algumas são muito ruins, mas algumas dessas efetivamente fazem um bom trabalho. Não é totalmente desprezível, mas o ponto é que
muitas pessoas usam a filantropia para esconder a própria falta de caridade. Isso é evidente. Então, na verdade o que acontece na visão cristã? Você precisa efetivamente amar os outros, significar por eles, fazer um bem despretensioso em relação aos outros e, efetivamente, viver uma vida de viver tudo para receber esse dom da caridade. Então, veja, novamente, isso aqui não é algo contra a ideia de ajudar pessoas. Existem fundações que podem ajudar as pessoas, não é o problema. O problema é que muitas pessoas usam essa caridade, na verdade, para promover a própria imagem e não é efetivamente
para poder viver a realidade. Tanto é assim que várias formações dessas já foram descobertas, que muitas na prática não ajudavam aqueles que pretendiam ajudar. Então, você tem uma disparidade muito grande quando elas falam de fraternidade, porque não tem fraternidade sem paternidade e não tem fraternidade sem amor ao próximo no nível mais profundo. Em outras palavras, o que o mundo moderno chama de fraternidade é uma sátira da verdadeira fraternidade. E qual é o efeito prático imediato disso? Todo mundo se mata: filas de execução de crianças, filas de nobres sendo mortos, derramamento de sangue, um banho de
sangue no caso da Revolução. Francesa, como nunca antes visto, o século 20 é o século que mais matou pessoas em nome da Fraternidade Universal. A gente não tem nenhum século que mais falou de direitos e do sei lá o que e que mais matou gente do que o século 20. Então, fundamentalmente, as pessoas afetam uma bondade que elas não têm. Problema, você vê que as pessoas: "Ah, não, é tal coisa que aconteceu, né? Então, guerra, mas faz parte, né? Faz parte importante, né?" Aquela história do Stalin: "A morte de uma pessoa é uma tragédia, a
morte de dezenas de milhares é uma estatística." É o que o mundo moderno, comum, como valor, está certíssimo em relação aos valores do mundo moderno. Então, a liberdade é um conceito superestimado pela direita. Total, total! Não fazem a menor ideia! A galera que fala "antes de tudo, liberdade" não faz a menor ideia do que está falando. Fazem a menor ideia de tomar liberdade como maior princípio. É delírio absoluto! "Truco 12" novamente! Se a liberdade envolve a virtude e se a liberdade tem uma sinergia, beleza, é uma outra coisa, mas se a liberdade social da virtude
é delírio, então a fraternidade, como no mundo moderno, grita, né? Tem várias sites, tem um conto da Flanel Connor que é bem interessante, uma psicóloga que ele adota, é um menino que é um delinquente juvenil e ele tem um filho dele. E daí o filho dele, absolutamente abandonado, ele fala: "Cara, ele tá pouco se lixando para o filho dele, mas ele tá cuidando dele enquanto juvenil porque ele fala: 'Agora você vai fazer uma pessoa muito humana, tal, um cara muito à frente da minha vida.'" E aí, o menino, o filho dele, começa a comer bolo
de chocolate com ketchup, uma coisa bizarra, e bem assim, Estados Unidos profundo. E aí tá lá o menino comendo uma coisa meio grotesca, assim, bolo de chocolate com ketchup, e o menino delinquente lá: "E o Nossa, que bom! Olha como eu sou bom, eu ajudo esse menino!" E o menino delinquente, uma hora, ele fala: "Cara, te odeio! Você fica afetando uma caridade que não existe! Você está querendo parecer melhor que os outros!" Com isso, então assim, o cara termina destruindo o filho dele e termina odiado pelo outro menino, que era dele enquanto juvenil, porque ele
é incapaz de amar de verdade as pessoas. Porque ele negligenciou o filho dele para afetar uma virtude que ele não tinha. Toda vez que eu leio A fraternidade dessa tal da Revolução Francesa, esse é exatamente o ponto que vem na minha cabeça. É exatamente isso que vem na minha cabeça, é a substituição da caridade autêntica por essas versões satíricas dela. "Que bom que eu ajudei o menino que praticava crimes, mas o seu filho? Ah, não, meu filho é um caso complicado." Mas cadê? Por que você não cuida da sua família, não? Rodou muito ocupado fazendo
bem para a humanidade. Fala: "Cara, alguma coisa está muito desordenada nesse mundo moderno quando esse é o princípio." Então, olha só, vamos lá, né? Nós temos aqui os três princípios, recapitulando, já indo para o final da nossa live: liberdade, igualdade, fraternidade. Liberdade é o caminho certeiro para a escravidão das paixões se ela não for, se não tiver uma sinergia perfeita de liberdade de virtude. Igualdade, uma impossibilidade metafísica que você tiver falando, novamente, pode falar de uma certa igualdade perante a lei. Mas falar de uma igualdade metafísica entre os homens é totalmente ridículo, não faz o
menor sentido. Em último lugar, fraternidade é um substituto das coisas. Então, vejam, gente, que acho que é importante não é que esses ideais eram ótimos ideais que foram mal aplicados, é que o ideal já estava errado. Ele já não tinha como dar certo, ele já era contraditório. Não tem como funcionar. Não é que deturpar a Revolução Francesa, não é que desviar do caminho. A Revolução Francesa é exatamente o caminho que era para seguir e esse caminho é ruim. Acabou! E enquanto as pessoas quiserem fazer "viva a liberdade como o maior princípio", "viva a igualdade", "viva
a fraternidade como princípios", isso não vai rolar. Do "viva a liberdade" vai haver a tirania. Do "viva a igualdade" vai vir uma elite absolutamente tirânica para controlar essa tirania e duvido. A fraternidade vai vir genocídios, é isso que vem com o mundo moderno. Aliás, o século 20 é o século dos genocídios. O mundo anterior à Revolução Francesa sequer era capaz de acordar de genocídio e matanças. E olha que eles se esforçavam! E olha que os Genghis Khans da vida, sei lá o que, se esforçavam! Eles não conseguiam matar a proporção que o mundo moderno faz.
O mundo moderno industrializou a matança do homem e foi exatamente depois desses valores abstratos. Então é entender: as pessoas precisam se voltar para ideais mais profundos, para ideais que sejam eternos, para ideias que não sejam perecíveis, maiores do que simplesmente essas abstrações em termos da cultura atual. Igualdade não é tão comum a falar da direita atual, eu acho que ele é. Igualdade não é tão comum hoje, mas a liberdade é absolutamente promovida. Falam assim: "A liberdade, liberdade!" Mas ninguém explica o que é essa liberdade. Que adianta, né? Igualdade, outra coisa. Tá em todo lugar agora:
"Todos são iguais, todos são iguais, todos são iguais!" Mas sempre tem alguém. Gente, toda vez que ouvir alguém falando para você "Viva igualdade, viva não sei o que", já pergunta: "Quem que tá lucrando com isso? Quem que tá ganhando poder em cima disso?" Ai, que bom! Agora tem mais diversidade, ótimo! Quem tá ganhando poder e dinheiro em cima desse negócio? Então a pergunta é bastante sensata. "Que bom! Tornaram o meu ambiente de trabalho mais diverso! Ótimo! Quem que você acha que tá?” Lucrando com esse negócio, você começa a entender; você faz o fio, o fio
condutor. Você começa a perceber que é uma maneira mais correta e adequada. Poderia falar sobre a relação entre liberdade e destino, mas principalmente sobre a tragédia de Édipo. Refiro-me ao destino, no sentido grego. Nossa, isso seria muito longo para abordar agora. A pergunta é muito boa; ela é excepcional. O que eu diria para você é o seguinte: os gregos têm uma visão um pouco mais determinista da liberdade, mais trágica. Eles acreditam efetivamente que você pode cair em uma espiral de coisas que vão te destruir, sem o motivo necessariamente aparente. Eles não pensam exatamente nessa mesma
ideia como vulgarmente as pessoas falam sobre karma, né? Não é bem assim que eles pensam. Eles pensam que existem linhas. Agora, existe uma complexa relação na Grécia entre essa roda do destino, essa queda do destino, e você viu lá os deuses. De certo modo, a piedade aos deuses quebra, em algum nível, essa tragédia. Então, os gregos estão sempre na tensão entre uma tragédia direta, de manutenção, entre a destruição do homem sem uma finalidade aparente e, apesar dos deuses, o problema é que os gregos antigos também acreditavam que os deuses estavam em conflito entre si, e
esses conflitos entre os deuses encaixam muitas coisas. Muitas coisas que acontecem devido a isso. A própria lida tem esse tema como um sistema central. Mas, enfim, novamente, é complexo, e isso envolve toda uma abordagem. E a Santa Inquisição? Tem um vídeo aqui no canal sobre isso. Um detalhe curioso é que toda a história da Inquisição matou menos do que a Revolução Francesa na primeira semana. É um dado aí para você digerir: a Inquisição, em toda a sua história, matou menos do que a Revolução Francesa em uma semana. No entanto, você pega a escola e a
Revolução Francesa é exaltada como o máximo, enquanto a Inquisição é tratada como a pior atrocidade da humanidade. Não obstante, a Inquisição matou infinitamente menos do que a Revolução Francesa; séculos de história, a Revolução, em uma semana, matou muito mais. Agora, isso simplesmente não é contado na escola porque não importa, entendeu? É tudo seletivo, né? É uma vergonha como me moderam seletivo nessas coisas. Eu falo isso como um homem moderno, não. O problema é moderno aqui. O que eu quero dizer ao longo dessa live? As pessoas que adotaram esse legado da Revolução Francesa já têm uma
definição, sem dúvida alguma. As pessoas que adotaram esse ideal compartilham disso. Falando do filme "Diálogo das Carmelitas" ou da peça, né? Tem um livro que ilustra perfeitamente o que estamos falando aqui; é belíssimo. Todas as histórias têm a peça "O Diabo das Carmelitas," do Jorge Bernanos. Tem "A Última a Cada Falso," que é o livro da abertura, de Vã. É forte e tem um filme feito nos anos 60 na França sobre essa história. Recomendo os três vivamente. Quem quiser uma fonte sobre a Inquisição, tem aquele livro "Em Que São Tribunal da Misericórdia." Agora, eu recomendo
sempre fortemente quem quiser entender o contexto da França na época. Sempre é muito bom. Você dá para vocês dois historiadores, que são o Christopher Dolce e o Daniel Hops, que escreveram muito bem sobre o período. Acho que é um ponto bem interessante. Quem quiser uma fonte mais pesada e mais dura, tem sempre aquele livro — esse já está com o aviso de brabo — mas tem aquele livro que foi editado em português: "A Conjuração Cristã," do Monsenhor Delacy, que é mais palmeirense. Tá bom, gente, é isso! Um grande abraço para vocês. Amanhã teremos vídeo aqui
no canal. Quinta-feira, estamos de volta com mais uma live. As lives agora no canal serão terça e quinta, e quarta-feira nós teremos vídeo. Tá bom? Então, terça, quarta, quinta; todo conteúdo novo para vocês. Sobre o filme "Gladiador," seria ótimo; acho que seria legal. O problema é que se eu for analisar, muita gente ia ficar irritada, porque eu me irrito com o filme "Gladiador." É o seguinte: o filme é muito divertido; é um baita filme, tá muito legal, cena de ação. Historicamente, ele tem muitos problemas. Daí, o problema é que eu vou virar o chato que
fica apontando erros do Império Romano no filme. Inveja aproveitar o filme é um problema, mas se for para fazer análise, vou ter que fazer isso. Tá bom, um abraço a todos vocês! Só uma coisa: perguntaram sobre "Filosofia do Zero." Não é um acesso vitalício; ele é uma assinatura, então entra lá na assinatura e manda bala. Tá bom? Filosofia do Zero: .1.br ou guilhermefredo.net, ali tem o link. Não deixe de se inscrever no canal. Ative o sininho das notificações, botem o like no vídeo para ajudar com a divulgação do vídeo. Um abraço aí para todos!