PSICOLOGIA TOMISTA | Conversa Paralela com Sidney Silveira e Rafael de Abreu

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Brasil Paralelo
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Video Transcript:
E aí, pessoal, tudo bem? Aqui é o Artur Morrison falando. Olá, pessoal! E aqui é a Lara Brenner. E hoje a gente tem um recado muito importante para vocês. Como vocês sabem, o Rio Grande do Sul vive, no atual momento, a maior catástrofe da história do nosso país. São centenas de milhares de famílias desabrigadas, ilhadas, sem acesso à comida, nem eletricidade, sem acesso à água mineral. Isso fora a quantidade de mortes que, infelizmente, aumenta a cada dia, a cada hora que se passa. E é por isso que nós, aqui da Brasil Paralelo, queremos prestar
a nossa solidariedade e indicar alguns perfis de confiança que estão lá na linha de frente, seja ajudando a resgatar essas pessoas ou comprando mantimentos para ajudar essas famílias. Cada um de vocês sabe a quantidade que dispõe, a quantidade que pode doar para as pessoas que estão na linha de frente nesta luta lá no Sul. Aqui na tela vão aparecer vários destinos possíveis para que você possa fazer a sua doação. Lando, pessoal, os perfis que a gente está disponibilizando aqui na descrição deste vídeo são perfis que a gente confia, que a gente recomenda. Nada impede de
você doar para uma ONG, uma instituição, os perfis que vocês confiam mais. Tá bom? O importante é a gente não ficar parado. Recado dado, pessoal! Fiquem agora com o Conversa Paralela. Espero que vocês gostem do programa. [Música] Começa mais um Conversa Paralela, o seu podcast da Brasil Paralelo, elegante como sempre. Eu sou Artur Morrison. Boa noite! Digo isso para você, L. Hoje estamos demais! Estamos demais porque o nosso assunto é elegante, ele é fino. Não só o nosso assunto, como principalmente os nossos convidados aqui hoje, com duas personalidades ilustres, para falarmos sobre o quê, Artur?
Para falar sobre psicologia tomista. O que será isso? Eu nunca ouvi falar disso! A psicologia tomista parece que esse negócio tem trazido bons frutos aqui pro Brasil. Qual a diferença disso para a psicologia que a gente conhece no cotidiano, né? Freudiana, sei lá, junguiana, né? Por que que a gente vai falar? Será que a gente vai descobrir aqui nesse podcast? Pois é, fica aí o questionamento. Para isso, vamos falar com quem? Com ninguém menos que o grande professor Sidney Silveira, que é estudioso da filosofia escolástica e difusor da psicologia tomista. E aqui, contando para vocês
os bastidores: quando nós estávamos escrevendo aqui, o Rafael, que está aqui do lado, que inclusive foi aluno, já já apresento o Rafael, do professor Sidney, falou: "Lara, deixa eu te falar, ele trouxe a psicologia tomista pro Brasil". E, como uma pessoa fiel ao nosso convidado aqui, estou trazendo essa informação para vocês também. Professor Sidney Silveira, seja muito bem-vindo! Bom, antes de tudo, muitíssimo obrigado pelo convite à Brasil Paralelo. Obrigado a vocês do programa, que é um programa excepcional. Para mim, é uma alegria imensa estar aqui e falar sobre a psicologia tomista, essa coisa aparentemente difusa,
né, misteriosa. É uma grande alegria, até porque já chegamos num momento, embora essa difusão do pensamento Santo Tomás seja relativamente recente, no caso da psicologia já podemos dizer que passos decisivos foram dados. E hoje, nós temos já uma bibliografia crescente. Psicólogos das mais diferentes linhas, do Brasil inteiro, começam a procurar isso que chamamos de psicologia tomista. Depois eu vou defini-la. E espantados, é como nós não aprendemos isso na faculdade! Como um autor que viveu há 700 anos, há mais de 700 anos atrás, como é que é? É recente? É atual, porque a eternidade é sempre
nova, né? Santo Tomás de Aquino é a principal figura desta psicologia, mas há toda uma corrente de pensadores que, ao longo de séculos, o seguiram e agora, na contemporaneidade, aplicam os princípios de seu estudo sobre a alma humana, não apenas na psicoterapia, mas sobretudo nas definições gerais de problemas que são intemporais, problemas do nosso tempo. E há problemas que transcendem o nosso tempo, são dilemas humanos. Então, os psicólogos compram hoje, há mais de 11 livros já publicados e na fila, há vários para este ano saírem, autores como o professor Marcinha Tavaria, decano da Faculdade de
Psicologia Abat Oliva, de Barcelona, há muitos anos; um gênio nesta área. A professora já falecida Magna Arnold, uma psicóloga checa que se radicou no Canadá, depois nos Estados Unidos, é a mãe da psicologia das emoções. E muitos não sabem que aquilo que ela chama de emoções, né, Rafael, é o que Santo Tomás de Aquino chama de paixões, né? Depois vamos poder falar aqui de paixões. Vamos mostrar um monte de livros aqui, vamos falar. Tem alguns livros, né? Rudolf Allers é um outro grande autor que está sendo resgatado e editado. Então, é uma alegria ser um
tijolinho deste muro de livros que estão sendo montados e de aulas. E esse é só um primeiro passo, que acredito que promete muitos outros. Sem dúvida! Não foi à toa que o nosso segundo convidado se apaixonou por isso, que é Rafael de Abreu, formado em psicologia, pós-graduado em psicologia clínica, mestrando em estudos humanísticos e sociais. Bem-vindo, Rafael! Muito obrigado! Muito obrigado pelo convite, é uma alegria estar aqui. Principalmente ao lado do professor Sidney, que, né, eu fui aluno; serei sempre aluno dele. Essa é a verdade. E quando vocês falaram aqui sobre essa questão do "é
antigo, é novo", né? Porque quando a gente fala de psicologia tomista parece algo novo, mas aí, quando a gente pensa na história, é algo antigo. Isso me lembra, né, Santo Agostinho, nas Confissões, quando vai falar de Deus, né? Quando ele fala "tão antigo e tão novo". A psicologia tomista vai ter esse mesmo movimento, né? Que é uma novidade, mas quando a gente para para olhar, isso já existe, isso já participou na cabeça das... Ações das transformações das pessoas ao longo dos séculos, né? Então, é um tesouro que por muito tempo ficou escondido. Pensando aqui exclusivamente
em psicologia, né? Sim, e que quando os psicólogos encontram, e eu sou testemunha disso porque isso aconteceu na minha vida lá no quinto período, realmente veio como uma luz de esperança. Assim, falei: "Eu posso voltar a acreditar na psicologia." Olha, vamos falar inclusive sobre isso, porque é que ela foi motivo de descrédito da sua parte, inclusive, né? Vou até anotar para não esquecer que partamos da mesma página, né? E pro pessoal de casa conseguir entender também isso de forma clara, palatável, até porque a gente também, né, somos leigos aqui no assunto, não conhecemos a respeito
de psicologia atomista. Como é que surgiu isso? Pô, um cara que tá a 700 anos da gente e agora é algo recente. Da onde surgiu isso, professor? O que é a psicologia tomista? Olha, a psicologia, antes, é, acima de tudo, na definição que está implicada nos seus termos, é o estudo da alma humana. Hoje, infelizmente, às vezes o jovem que entra numa faculdade de psicologia chega no quinto ou sexto período e não passou por nenhuma definição do que seja a alma. Ele tá estudando algo que, na cabeça dele, é difuso. Então, estuda-se uma corrente; pode
ser lacaniana, freudiana, pode ser a logoterapia do Victor Frankl ou outras correntes que estão em voga. Mas, em geral, o aluno começa já pulando uma etapa enorme de estudos extraordinários sobre a alma humana que começam lá atrás na Grécia. Né? Platão falou sobre a alma; Aristóteles foi o primeiro a escrever uma obra, né? O "Peri" sobre a alma, em que ele traz conceitos atuais. Então, esta formação é muito deficitária na psicologia. É porque, em tese, o psicólogo vai tratar de almas. Ele precisa entender os meandros da alma humana em seus sentidos gerais, mas também as
coisas que acontecem conosco, com cada um de nós na nossa trajetória existencial, que é sempre dificultosa. Cada um de nós é um náufrago, né, perenemente lutando para chegar na praia. A nossa vida não é um mar de rosas. Então, a psicologia tomista resgata tudo o que da Antiga Grécia se disse de importante, ora corrigindo pontualmente uma coisa ou outra, mas em Santo Tomás, já que é este autor da Idade Média, ela alcança uma espécie de cume. Santo Tomás é um cume entre vales, por assim dizer, quando contemplamos a sua obra. Então, quando hoje pensamos no
que seja uma emoção, Santo Tomás resolve o problema. Quando pensamos no que é a personalidade, Santo Tomás resolve o problema de maneira brilhante. Quando pensamos no que é um vício, no que é uma virtude, ele resolve. Então, tudo que diz respeito à alma humana está tratado nesta psicologia que recebe o nome de tomista, com pleno direito e de maneira profunda, abrangente. Tanto é que o resultado é um susto que estudantes e psicólogos clínicos — eu tenho depoimento de gente do Brasil inteiro, né? Rafael, experientes pessoas que tratam outras pessoas na clínica e que dizem: "Olha,
depois de seis meses aqui, mudou a minha clínica completamente para melhor". Melhor? Para muito melhor. Então, é empírico isso, você consegue perceber. Percebe-se, mas assim, em pouco tempo. Então, nós, em geral, na nossa, no nosso dia a dia, muitas vezes nós nos afogamos na nossa própria superfície. Conhecemos de nós apenas aspectos do nosso ser. Então, esta corrente de psicologia tem — e podemos dizer isso sem pruridos — porque vivemos numa época em que é politicamente incorreto você dizer que uma coisa é melhor do que a outra, um filósofo é melhor do que outro. Desde como
ele é melhor do que outro, porque ele resolve problemas com que o outro lidou e não deu resposta satisfatória. Então, há superior e inferior em tudo. A realidade é cheia de gradações e a primeira maneira de uma pessoa ficar bem de saúde mental é ter os seus pezinhos nisto que chamamos de realidade. O mundo não é uma abstração absoluta de mentes, o mundo existe e nós estamos contingenciados, até no plano físico. Então, qualquer pergunta que seja feita aqui para nós, quando nós fossemos olhar para Santo Tomás, vamos ter essa experiência empírica. Aqui no programa, vamos
ver: "Caramba, isso estava resolvido já há muito tempo". Né? Há muito tempo e as pessoas não sabiam. Mas qual que é a diferença então dessa psicologia para as demais, né, professor? Então, só antes de entrar nessa pergunta, o que o professor S falou — não sei se a gente vai captar, mas tenho certeza que os psicólogos que estiverem assistindo vão entender uma coisa: quando a gente entra na faculdade, a gente acha que a psicologia nasceu nos laboratórios de Wundt, ou seja, então, uma psicologia que é nova, que é toda do século XIX, ou seja, 300
anos aí, né? Vamos botar mais ou menos esse tempo. Quando a gente se debruça a estudar psicologia atomista, é só se debruçar. Ok, a gente ganha um presente: mais de 2.000 anos de psicologia. Imagina! Olha um presente! Olha, o meu trabalho é lidar com pessoas, com almas que me procuram de formas, com angústias, tristezas, etc. E aí eu descubro que tem mais de 2.000 anos de autores que pensaram nisso. Claro, nem todos sistematizaram de forma moderna, mas falaram de psicologia. Ou seja, desde Aristóteles, 500 anos antes de Cristo, os padres do deserto falaram de psicologia
aplicada, prática. Aí você entra nas escolásticas, com o próprio Santo Tomás e tantos outros tomistas da época. Ou seja, um profissional de psicologia, um estudante de psicologia, deveria dar graças a Deus quando ele abre esse leque porque ele vai começar a ter um caminho de autores basilares para... Que ele possa até mesmo compreender melhor essa tal psicologia contemporânea e, quando respondendo à sua pergunta, vou dar um exemplo da minha monografia. Quando eu entrei na faculdade, eu cheguei no quinto período e queria desistir, porque eu não acreditava naquela psicologia. Para mim, eu não conseguia enxergar o
homem através das teorias A, B e C. E aí, um belo dia, angustiado na internet, eu achei o blog desse cara aqui. Olha só que bacana, eu teve os dois juntos e aí eu falei: “Vou procurar este cara no Facebook” e achei. Foi em que ano? Foi em 2012. Olha só! E aí, achei o professor C no Facebook e escrevi uma mensagem assim, achando que ele nunca ia ler, né? “Professor, sou o Rafael.” Num acaso, ele leu. Assim, não, não só leu, não foi assim, né? Lido por... né? Foi ele leu e falou: "Não, eu
falei, muito bom saber a tua história." Eu tenho essa mensagem até hoje. É muito bom ler a sua história e tal, tal. Vamos nos encontrar aqui, se você estiver morando no Rio, porque na época eu morava no Rio. Vamos tomar um café! Caramba! E aí, era um café que atrasou, virou um almoço e começou meio-dia, terminou às oito da noite, né? Ou seja, ali estava claro para mim que eu não iria mais parar na psicologia. Mas avançando, quando eu cheguei no décimo período, eu tinha que fazer uma monografia e eu não tinha outro assunto para
falar, a não ser psicologia atomista, que você, obviamente, não viu na faculdade. Não, obviamente que não! Eita, agora entramos num lugar espinhoso! Agora eu quero saber onde chegou isso. Aí, não, não vi isso dentro da faculdade. Antes do décimo período, no oitavo, tinha uma matéria que era uma espécie de pré-monografia. E aí eu já queria falar de Santo Tomás, só que eu sabia que minha faculdade, que ali em 2013... 12? É, 13, né? Desculpa, eu estudei nas Faculdades Integradas Maria, em Niterói, no Rio de Janeiro. Aham! Tinha a dinâmica ideológica, mas não era tão absurda,
até porque politicamente o Brasil ainda estava meio que adormecido. Então não tinha tanto aqueles conflitos, né, como piorou muito de uns anos para cá. Exatamente! E aí, nesse projeto de monografia, eu resolvi falar sobre a liberdade em Santo Tomás e em Sartre. Por quê? Porque Sartre era um autor lá de dentro da academia que as pessoas falavam, só que Sartre era um ateu, declaradamente ateu. Então, estava fazendo uma pré-monografia nesse assunto: Santo Tomás e Sartre. O interessante disso é que a professora colocou uma roda com 40 alunos e pediu para cada aluno falar em voz
alta o tema. E eu falei: “Cara, vou ter que falar esse tema que ninguém vai captar, né?” E tudo bem, mas não queria passar por isso. Eu era um cara discreto, ainda sou, né? E aí, ela falou: “Rafael, você vai falar sobre o quê?” Eu falei: “Vou falar sobre psicologia tomista.” Ela olhou para mim e falou: “Quê?” Falei: “Psicologia atomista.” Aí ela falou: “Isso existe?” A professora! Aí eu falei: “Existe!” Aí ela passou, foi pro outro e aí acabou aquela aula. Vale lembrar que essa professora eu não tinha intimidade com ela, não era uma professora
com a qual eu conversava assim. E, ao terminar a aula, olhou para mim e falou: “Rafael, vem aqui até minha mesa.” Eu falei: “Ah, meu Deus, né? O que é, né?” Eu acho que vou ficar até hoje no oitavo período, né? “A LCA vai me passar”, né? E aí, ela falou assim: “Olha, você não vai ter bibliografia, mas...” Ela falou com aquele tom assim de sabedoria infusa. É, nos cinco minutos ali, parece que ela vasculhou, aprendeu tudo, porque exatamente cinco minutos atrás ela perguntou para mim se existia. Sim! E aí, eu olhei para ela, eu
tinha uma certa prudência, não ia encarar aquela professora de frente, porque ela tinha o poder da nota ali. Aí eu olhei para ela e falei: “É só isso?” Ela só falou: “Então tá bom.” Só que eu vi as coisas muito tranquilas, porque eu já tinha duas folhas de bibliografia, né? Tanto com o professor Sisne, um sacerdote também que foi muito importante nesse caminho e tudo mais, mas como é que funciona isso? Só pra galera entender, assim, você não vai ter bibliografia. Ela não ia te passar nada para você, ela não veio com caridade. Ela veio
meio que assim: “Para com isso! Tipo, para com essa ideia: ‘para com isso’! Existe, existe!” Ela poderia chegar e falar: “Não sei o que que se trata isso! Ninguém escreveu sobre isso.” Ela poderia chegar e falar: “Olha, eu não conheço, você tem bibliografia? Eu quero que seu trabalho...” Olha, outra história, né? Outra história poderia me acolher e tudo mais. Beleza, só que eu já tinha uma bibliografia. E aí, beleza, eu apresentei o trabalho. Eu tô contando toda essa história para responder à tua pergunta que vai dizer a diferença, né, sobre a psicologia tomista e a
psicologia contemporânea como um todo. Quando eu fui pro décimo período, aí era para valer, né? Era monografia. Eu tinha que achar o orientador. Falei: “Vou ver com a faculdade se eu posso ter um orientador externo.” Nessa época, eu já tava encontrando o professor Sisne uma vez na semana. Eu ia pra casa dele, eu ia num restaurante ao lado da casa dele. A gente sentava lá, eu pegava um gravador, e ele começava a falar. Era isso! Aí chegava em casa, ouvia, anotava. Um dia, caiu o teto do restaurante, aí eu falei: “Olha, só caiu nessa parte,
vamos ao outro lado!” Exatamente isso! Exatamente isso! A família dele já não entendendo nada: “Ele fica tantas horas nesse restaurante!” E nem era na hora do almoço! A gente... os caras não entendem nada! Gente tentava lá porque eu tinha tempo também. Eu nunca perco uma oportunidade de não fazer nada, não fazer nada proficiente. Só que ele não podia porque ele não tem mestrado. Então, eu tinha que achar um professor dentro da academia que acolhesse a minha ideia. Aí, eu costumo falar que são alguns milagres acadêmicos que vão acontecendo, porque eu cheguei até um professor que
era, eh, um heideggeriano, tinha lá seu estudo de Filosofia. E aí eu perguntei para ele: "Falei, ah, professor, eu quero fazer uma monografia e eu quero saber se você pode ser meu orientador." Aí ele perguntou qual o tema. Aí eu falei: "Psicologia tomista." Aí ele olhou para mim e disse: "Top!" Não me explique por que esse homem aceitou; ficou curioso. Ele perguntou para mim se eu era católico ou protestante. Fui: "Eu sou católico." Tinha um livro na época na mochila e ele adorou! Assim, parece que ele tinha esse interesse de conhecimento, né? Isso foi bacana.
Não que ele concordasse, mas ele estava – é um aluno que tem interesse em condições de concordar. Mas assim, a academia deveria ser toda assim, né, em tese. E aí, beleza! A minha monografia foi psicologia tomista: uma apresentação. Ok, essa foi minha monografia. Eu tinha que escolher a banca; são vários problemas, né? Um é você achar o orientador, depois tem que achar duas pessoas para avaliar. Isso dá vontade de existir já desde o início, desde a professora da bibliografia. Putz, pois é! E aí eu coloquei uma professora rogeriana, que a gente tinha uma certa intimidade,
gostava muito dela; e eu coloquei um outro professor que era, assim, um cover do Freud. Visualmente, ele parecia o Freud; ele era anti-Igreja. Ele fazia aquelas piadas, sabe? A turma adorava ele porque ele falava mal da Igreja, aquelas coisas, né? Uma das pérolas desse professor dentro da aula era que ele colocou que a culpa da pedofilia era o celibato, que é uma coisa que não tem nenhum sentido! E é um psicólogo, né? Ou seja, todos os pedófilos são celibatários? Então, faz sentido na cabeça dele. E mesmo eu cheguei até ele: "Professor, mas, né, estatisticamente, o
número de sacerdotes é menor." "Não, mas eles fizeram um juramento." Falei: "Então, me mostra onde está o juramento." Que não faz sentido também ter um juramento dessa natureza! Mas enfim, aí eu coloquei ele por quê? Porque eu sabia que ele ia me criticar, e eu queria uma certa crítica mesmo. Uhum. Beleza! Chegou o dia… pela treta, né? Mais ou menos, mais ou menos, mais ou menos. Santo Tomás certamente diria alguma coisa interessante sobre isso também, né? Mas e aí, e aí beleza! Eu apresentei a monografia. Eu não lembro o que o meu orientador falou porque
eu estava tanto na expectativa da cópia do Freud lá que… mas a minha professora rogeriana, como uma boa relativista, disse uma frase extremamente relativista. Foi honesta no relativismo dela, que ela falou o seguinte: "Se a verdade é relativa, o que o Rafael tá falando também é verdade." Ela foi bastante honesta dentro do relativismo dela. Beleza, chegou esse professor. E aí que eu vou responder a tua pergunta: ele chegou para mim e falou assim: "Rafael, isso que você está apresentando na sua monografia… verdade. Pode anotar aí: verdade, metafísica, virtude. Bem, a psicologia é o que é
hoje." Ele não me falou o que é hoje, o que que ela é, porque se afastou disso tudo que você está falando. Ou seja, ele me deu uma resposta do que é a diferença entre essa psicologia tomista e a freudiana, que seja psicologia moderna em certo grau, né? Porque se afastou da Verdade, porque se afastou desses pontos, das virtudes, da de que existe uma excelência, que existe uma natureza humana aberta ao bem, à verdade, à beleza. "A psicologia é o que é hoje porque se afastou disso." Então, não quero ser dessa psicologia! Não! E olha
que eu ainda tirei 10 nessa monografia! Ele ainda me deu 10! Mas olha que frase... para mim essa é a frase mais importante da minha história acadêmica, porque é um cara que não estava do meu lado. Confissão! É isso! Caramba, até perdi o que eu ia falar aqui; estou pensando: "Meu Deus, mas o que que salva, então?" Aliás, só já pensando o que está passando na cabeça das pessoas em casa: "Professor Sidney, o Rafa é católico. Se ele não fosse, ainda assim a psicologia tomista poderia interessar para ele." E pensando agora, porque eu sou super
adepta à terapia... para alguém que queira procurar um terapeuta, um psicólogo, essa pessoa necessariamente precisa ser católica? Já que estamos falando de um santo em absoluto, né? A psicologia tomista cura almas, sejam estas quais forem, e sejam quais forem as suas crenças com relação à transcendência, inclusive almas ateias. Então, não põe uma religião! A psicologia tomista não é uma religião! Apesar de sua grande referência ser um doutor, eh, um doutor católico escolástico, doctor communis, o doutor de todos os doutores, o mais santo dos sábios e o mais sábio dos santos. Porém, o que ela trata
do ponto de vista clínico e das definições relativas à vida humana, ela trata no plano, antes e acima de tudo, da natureza. Então, questões atuais... vou dar um exemplo aqui para tornar a coisa um pouco mais visualmente tangível, né? Eh, culpa! A culpa é um conceito que foi demonizado no século XX, né? Todo mundo diz: "Artistas de TV, não tenho culpa de nada, não me arrependo de nada, vivo. Não se culpe, não se culpe." E o que é de uma estupidez cavalar é porque a culpa, desde sempre, foi nada mais nada menos do que a
consciência objetiva da transgressão de uma norma. A transgressão gera consequências para a pessoa. Então, a culpa, antes e acima de tudo, ela se dá no perímetro da ética ou da moral; podemos usar os dois nomes. Ora, quando eu me culpo de algo de maneira realista, isto significa que algo estava sob a minha responsabilidade de ação e de alguma maneira eu ou não agi de acordo com o definido ou agi contrariamente. E aqui entra uma das coisas — não sei se o Rafael concorda — mais decisivas na diferença entre a psicologia tomista e todas as demais.
Na tomista, o intelecto está no centro da personalidade; outras psicologias desenvolvem suas teses como se nós não fôssemos dotados de inteligência. Já foi feita uma busca em arquivos digitais de toda a obra de... e o conceito de mente é praticamente ausente. Então, a psicanálise é uma corrente da Psicologia no século 20 para a qual a mente não tem papel nenhum, não joga papel nenhum. Nós somos entes, digamos assim, que estão submetidos a pulsões inconscientes. Não há valores objetivos. Na verdade, acaba-se por achar que a realidade é uma projeção do eu que sente, que pensa, que
se relaciona. O próprio ego, para Freud, é um escravo do ID, do superego — ou seja, da opinião vigente e também de uma instância inconsciente. Então, é uma coisa decisiva dizer para uma pessoa que ela precisa, que ela tem capacidade, de, por meio da sua inteligência, adquirir critérios objetivos de ação aqui e agora e, a partir deles, ter uma baliza segura para tudo. A moral não é uma invenção de um diabinho ou de um anjinho que ditou normas e nós devemos copiar cegamente. A moral é a própria inteligência. Quando se espraia para a realidade, adquire
critérios de certo e errado, de melhor e de pior, e age de acordo com as circunstâncias da melhor maneira possível. E esses critérios não são presos ao tempo; são critérios perenes. Nós vivemos numa época em que todos parecem esmagados pelo momento presente. O agora se transforma em agonia para o homem contemporâneo que não tem balizas de nenhuma espécie. Não é à toa que as doenças psicológicas crescem em escala geométrica. O suicídio entre idosos é uma coisa absolutamente natural, porque o idoso, presumivelmente, já sofreu, já passou; ele está cansado de viver; até mesmo para se matar.
O suicídio entre crianças é o que é completamente antinatural, porque para alguém querer dar cabo da própria vida, isso significa que a pessoa já sofreu coisas mais ou menos graves ao ponto de pensar que é melhor morrer do que viver. Então, hoje, a cultura, como diz o professor Martinha Chavarria, do livro que eu trouxe aqui, "Corrente de Psicologia Contemporânea", ele diz que a cultura é — eu vou usar um termo, mas eu vou explicar — patógena; ela causa doenças. A pessoa liga a TV e já começa a adoecer. Ela entra na internet, dependendo do site
que ela frequenta, ela já começa a ficar doente. Ouve o rádio, vê um noticiário do apocalipse e já pensa em se jogar de algum sétimo andar. Então, vivemos num tempo que é fruto dessas visões do homem que geraram tais psicologias. Por isso, é um tempo de agonia e desespero em escala crescente. Como eu disse, e aí o jovem, ou mesmo uma pessoa idosa — essa semana mesmo eu estava dando uma aula lá no Rio; um senhor de cabeça branca, idoso, professor de Psicologia, falou: "Poxa, eu vim aqui e sabia que o senhor daria aula nesta
instituição hoje. Eu sou professor de Psicologia; eu estou embevecido; não sabia que isto existia." Eu falei: "Bem-vindo então, senhor, né? Bem-vindo ao clube dos contemplativos." Porque curar a alma significa enxergar a realidade de maneira mais ampla e enxergar a si mesmo de maneira mais precisa. Quando a pessoa não sabe nem o que é, nem para onde vai, nem o que deve fazer, é claro que a angústia se impõe. Fica muito evidente quando ele fala da culpa. Se a gente pensar dentro de um olhar de terapia, imagina um sujeito que chega e diz: "Estou culpado." E
aí ele traz a culpa dele, um ato muito concreto, que ele errou e se sente culpado. Que bom, né? Não precisa nem ser psicólogo para perceber que isso é saudável. Só que o que a gente vê nessa que eu chamo de crise na psicologia é essa dinâmica de tentar arrancar, forçar a culpa, onde o sujeito está naturalmente sentindo culpado. "Não, você não pode sentir culpado de nada." Só que vamos pensar: como uma pessoa se desenvolve se ela não reconhece os próprios defeitos, os próprios atos errados que ela cometeu no futuro, no passado ou no presente?
No passado muito longínquo ou no passado recente. Ou seja, a relação de culpa para uma melhora, uma ordenação psicológica é fundamental. Quando você tira isso, ninguém tem que sentir culpado de nada. Qual é o critério? Tem que ser feliz também, que felicidade é... não! E aí isso se extrapola para várias questões clínicas também, onde você tem psicólogos que, por exemplo: "Ah, cara, eu tô infeliz no meu casamento. Sei, tô infeliz no meu casamento." Então: "Ah, cara, separa mesmo; você precisa ser feliz." Sim, é porque a felicidade aí já está entrelaçada a um aspecto puramente sensível.
Ou seja, a diferença entre felicidade e brigadeira é muito pouca, né? E tem um elemento que uma vez eu atendi uma pessoa que ela veio até mim, procurou, e não era católica; inclusive isso é um ponto importante. E olha: "Eu estava fazendo terapia com outro profissional. Eu estou com problema no casamento, né? A gente está numa certa crise; tenho dois filhos, etc." profissional que eu fazia atendimento falou que eu resolveria o meu problema se eu procurasse prostituta. Que que é isso, gente? Aí eu falei: "Qual problema você vai resolver com isso? Você vai ter outro
problema! Assim, você tá tentando achar que vai resolver um, ele não acreditou. Óbvio, ele saiu, achou um absurdo. Aí me encontrou de um fio de consciência ali, né? Agora, deixa eu perguntar uma coisa pros dois. Hum, fazendo um pouco o advogado aqui do lado contrário: existem problemas da atualidade que são impensáveis há pouquíssimo tempo. Então, problemas relacionados à tecnologia, por exemplo, a pornografia, nesse acesso tão fácil, porque, claro, algum tipo de promiscuidade sempre houve, mas hoje é inimaginável, em 10 segundos você acha milhões. É uma avalanche! Então existem problemas modernos, vício em tela de celular,
aquele narcisismo das redes sociais, aquele individualismo, o próprio advento do capitalismo, por exemplo, né? Como que São Tomás, há 700 anos, tendo vivido há 700 anos, dá conta de contemplar problemas dessa natureza? Posso começar? Por favor, olha, ele dá conta e com a proficiência verdadeiramente impressionante, porque quando você está diante de um problema que em si mesmo traz consigo potencialmente outros problemas, você deve resolvê-lo em sua forma. O que é material é acidental. No caso da tecnologia, o que ela trouxe para a contemporaneidade foi a potencialização de vícios que são de sempre. Então certos desvios,
hoje em dia, um dos... e o professor Chavarria critica esse diagnóstico fácil do déficit de atenção. Muitas vezes, esse déficit de atenção é diagnosticado a partir de uma excessiva distração nas redes sociais. A pessoa passa metade do seu dia olhando a vida dos outros no Instagram, etc. Virou moda: tudo é TDAH agora! Pois é, tudo é essa nomenclatura, né? Porém, isso já estava tratado com outros nomes, né? No caso desse transtorno de atenção, ou seja, quando eu não consigo dar a atenção devida ao que eu estou fazendo aqui agora e não hierarquizo as minhas atenções,
significa que eu tô num estado que Santo Tomás chama de "cuitas mentis", a cegueira da mente. Nossa mente foi feita para fazer coisas, para que façamos coisas, uma de cada vez, algumas até simultaneamente, mas não botando para dentro de si uma quantidade de informações de maneira anárquica. É óbvio que, se eu não dou ordem àquilo que eu vejo, eu vou pensar de maneira fugidia. Então, na verdade, o déficit de atenção é um déficit se formos olhar numa perspectiva metafísica de amor. Eu não hierarquizo; quando eu amo algo, presto máxima atenção ao que eu amo. Então,
o próprio tema do amor que está ausente do amor, neste sentido mais profundo, porque nós viramos feixes de prazeres episódicos. O prazer é um bem; Santo Tomás jamais diria que o prazer sexual fosse um mal, por exemplo. Agora, é lícito o prazer sexual de um pedófilo que ataca uma criança? Eu devo atualizar esse prazer a todos os momentos da minha vida? Não! Então, embora haja, sim, problemas que são contemporâneos, porque não existiriam sem essa tecnologia toda nas suas formalidades gerais, eles estão resolvidos. Há um dos autores que também está editado pela editora da CDB, que
é um argentino, professor Rodan Abud. Nós publicamos aqui no Brasil um livro dele, "Toque e Escrupulosidade", em que ele faz um paralelo entre o transtorno obsessivo-compulsivo e o tema da escrupulosidade. Os escrúpulos, ou o achar, o pensar que se está infringindo uma norma a qualquer momento e assumir, inclusive, culpas que não se tem, que a culpa é importante, desde que ela seja objetiva. Quem não se perdoa podendo perdoar, está num estado realmente de patologia. Então, a resposta desse autor de 700 anos atrás é efetiva para problemas contemporâneos de tecnologia, porque ele resolveu as coisas num
plano da formalidade, não apenas da materialidade. As dores e os vícios da alma continuam os mesmos, continuam porque somos humanos. Então, o homem de 2000 anos atrás sofreu, em algum grau, um homem de agora sofre da mesma forma. Então, por exemplo, a tecnologia, a pornografia, a luxúria, a luxúria Instagram, a curiosidade que Santo Tomás tanto falava, que a curiosidade é um vício. Egoísmo e cuitas são contrários à estudiosidade. O curioso não é o estudioso; o curioso quer saber de tudo, ele é um diletante, ele sabe mal muitas coisas e não sabe bem coisa nenhuma. Já
estava resolvido, sim. Então, você percebe que o professor foi muito, muito, muito certeiro, né? Aqui é um super uma superestimulação de algo que talvez Santo Tomás não imaginou que aconteceria, mas que ele falou: "Olha, se isso aqui ganhar um super excesso, vai dar errado", como é o caso da luxúria. Santo Tomás é um mestre da ordem. E a luxúria, não custa dizer, é um tema super atual. O que é a luxúria? A luxúria é o luxo no prazer venério, né? São os 50 milhões de tons de cinza. O prazer é um bem; o prazer é
o efeito psicológico consequente à posse de um bem. Quando eu quero alguma coisa, seja no plano físico, seja no plano psicológico, e entro na posse desta coisa, me dá um prazer. Eu tenho aquilo que os medievais chamavam de "Letícia", alegria, né? Alegria física, psicofísica. Minha alma, eu somatizo a alegria. Agora, a minha vida é só uma... A felicidade seria uma soma anárquica de prazeres momentâneos ou um estado? Estas psicologias, pelo menos a maioria das contemporâneas, não dão resposta efetiva a esta questão. A felicidade é uma posse habitual do bem querido, né? Não é eu estar...
"Estou feliz porque meu time, Fluminense Futebol Clube, foi campeão da...". Libertadores da América. Fiquei alegre. É diferente a alegria; entre a alegria e a tristeza, a diferença não é de grau, é de espécie. E quando a gente apresenta isso de uma maneira ordenada, nós aí falamos de novo entre a alegria e a diferença. A diferença de espécie é, de espécie, né? É o daemonia que... não, não, porque a felicidade não se dá sem a intervenção da Inteligência. Nesta vida, eu preciso entender aquilo que me apraz, que me dá prazer. E quanto melhor eu entender, se
a coisa for boa e for retamente ordenada na realidade e na minha mente, eu tenho esse estado. E quem é eu? Vou aderir conscientemente. Conscientemente. E quando eu estiver triste, eu não ficarei derrotado. Aí entra o tema da Fortaleza: ser forte é passar por males sem sucumbir à tristeza. Olha que lindo, né? Eu posso ficar e devo ficar triste. Eu perdi uma mãe, perdi um pai, perdi meu... né, meu sócio me traiu. Eu fico triste, mas o homem forte é aquele prudente, com vetor de felicidade. Ele vai enfrentar os reveses sem se entregar, sem se
desmilinguir, que hoje as sociedades viraram sociedades de geleia. E a pessoa de geleia é um tirano do dia a dia, se ofende por qualquer coisa. E hoje tem um estado para lhe dar todo um aparato de defesa: "eu me senti ofendido por isso, por aquilo." Outro processo, uma moeda de troca. Então, olha só, estamos falando de uma coisa que é psicologia, mas é uma coisa universal. Não se chega a esse grau de destruição; não está lar de dedos. O bem e o mal são um processo, né? Então, apresentar isso, eu tenho consciência plena, é trazer
uma parcela de possibilidade de sanidade psíquica no seio da sociedade. Nós não vamos acordar amanhã do jeito que estamos hoje, todos platônicos. Né, porque no Brasil o sujeito é um beócio, e se acha um beócio. É triste, né? O Brasil às vezes parece uma piada contada pelo próprio capí. Impressionante. Mas é um processo na medida em que vamos resgatando coisas perenes com todo o cabedal contemporâneo. Esse resgate não é só: "peguei algo do passado e apresentei." Peguei, mas já com tudo que tem no presente para dizer a respeito da mesma coisa. É atualíssimo. Então, as
pessoas estão melhorando. O Brasil, no ocidente, é uma opinião. Aqui, acontece algo; a própria Brasil Paralelo é uma prova disso. Há um movimento, um esforço das pessoas, inclusive muitos jovens, por se compreenderem melhor e compreendendo melhor a realidade. A mudança política efetiva vai ser decorrente dessa melhora contemplativa. E a psicologia tem um papel; é um dos tijolinhos. Professor, o senhor comentou termos aqui como Psicologia Tomista ou Psicoterapia Tomista. Eu queria entender um pouco dessas diferenças, se é que tem diferenças também. E eu queria uma resposta tua, Rafael, a respeito também, porque quando a gente pensa
em psicologia, o que vem? Vem Freud, Jung, Lacan, Reich... vem essa galera, né? E aí, tipo, onde é que essa psicologia tomista está no meio disso, se é que está, ou é uma coisa totalmente à parte? Eu acho que um ponto importantíssimo da gente começar falando aqui é que aquele que se debruça a estudar Psicologia Tomista não pode ter um espírito de "nada serve no presente." Uhum, eu estou aqui para destruir tudo o que a gente fez até agora. A gente está fazendo um comentário, uma análise do que a gente vê nos dias de hoje.
Uhum, a gente não falou "pegue todos os livros de psicologia moderna e jogue fora." Uhum, isso é importante dizer. Isso é muito importante, porque às vezes as pessoas não aderem no sentido de estudar mesmo a Psicologia Tomista porque acham que é um movimento que não tem que jogar tudo fora. Não, calma. A Magna Arnold, por exemplo, é um exemplo vivíssimo dessa dinâmica. É uma pessoa que se debruçou a estudar as emoções e foi lá em Santo Tomás. Então, o primeiro ponto é esse: estudar a Psicologia Tomista. Eu costumo falar que é a base necessária para
que a gente consiga julgar corretamente as psicologias contemporâneas. Por quê? Porque elas não tiveram uma base, na sua grande maioria, tão sólida de filosofia, ou quando tiveram uma base sólida de filosofia, era uma filosofia ruim. Então, ela tem uma dificuldade de definição. Você ficou encantada? Eu sei como é isso, porque eu já fiquei muitas vezes quando ele fala sobre felicidade. Não é isso? É isso! Porque ele falou tão rápido que eu fiquei imaginando: "caramba, dava pra ver, fede! Posso voltar aqui só para falar de felicidade?" Eu acho que a gente pode marcar um almoço daquele
que dure 8 horas! Não, só um parênteses: eu sei que um dos cursos do professor Sney tem, acho que, 180 horas... curso teológico em Vitro... qu 100, então te marca esse almoço, de preferência num restaurante que não caia o teto! Por favor. E transmitindo para as pessoas, voltando... então, mas se cair o teto, pode abrir um espaço para o céu! Mas olha só, quando ele traz essa definição que tem todo o embasamento tomista, ao mesmo tempo a gente consegue pensar na psicologia moderna ou nos psicólogos modernos dentro do consultório, falando assim: "importante é o que
te faz feliz", mas ele não sabe nem o que é ser feliz. Ex. Ah, então é um cego guiando outro cego. Uma psicóloga argentina tomista, Zelmira Cigman, ela tem uma frase assim que é simples, mas extremamente verdadeira: "um paciente, quando vai até o consultório, ele quer uma coisa. O quê? A verdade. Doutora, eu tô sofrendo! Eu não sei o que fazer! Eu não sei o que tá acontecendo comigo! Eu preciso entender o que tá acontecendo no meu trabalho." Meu casamento com a minha mãe, com meu pai, com meus filhos... Ou seja, é um desejo de
verdade. Mas esse profissional que aprendeu na faculdade, muitas vezes, a odiar a verdade, ou se não odeia, acha que ela é extremamente relativa. Larga teu casamento, o importante é o que te faz feliz. Ou seja, não entendeu o que é felicidade, não entendeu o que é ordem, não entendeu o que é bem, e tá conduzindo pessoas. Olha como não cria vínculos estáveis na sua vida; são vínculos frágeis. Ou seja, essa pessoa vai, muitas vezes, seguir o que o profissional falou. Afinal de contas, o profissional é uma autoridade, e daqui a pouco ela vai ficar pior
do que como ela entrou e vai achar que a culpa é dela ainda, porque ela vai romper coisas que davam uma certa estabilidade. Hum, porque ela simplesmente foi rompendo. Então, quando a gente pensa em psicologia e psicoterapia, a gente pode falar que a psicoterapia é essa aplicabilidade dentro da ideia da terapia. Hum, por isso que, né, o meu livro aqui tá: Psicoterapia tomista. Essa ideia de aplicabilidade... Por que que é importante a gente falar de psicologia atomista e também de psicoterapia atomista? Porque, quando a gente pensa em psicologia contemporânea, ela tem essa relação de psicoterapia,
ou seja, de uma praticidade. Ah, eu vou fazer uma terapia com alguém da Gestalt terapia. Ah, eu estou fazendo com o junguiano, com o rogeriano. Ou seja, essas teorias têm uma pegada de praticidade, de aplicabilidade. A psicologia atomista também tem, e isso é muitas vezes as dúvidas que surgem na cabeça das pessoas. Por quê? Ah, essa psicologia é uma psicologia muito filosófica, como se isso fosse um problema. Esse é um outro assunto que estudante de Psicologia odeia filosofia, que já é um problema. Uai, achava que um era casado com o outro! Mas então, essa é
a verdade. Mas na faculdade, passa-se muito pouco, e as pessoas ainda falam: "eu vivi 5 anos indo a uma faculdade, não, filosofia não é para mim." Ué, mas toda a psicologia tem uma base filosófica. Para você conhecer uma psicologia verdadeiramente, você tem que ter duas coisas: a base filosófica dela e uma biografia desse autor. Sim, nesse livrão aqui tem, né, correntes de Psicologia contemporânea. Vamos falar dos livros daqui a pouco, perfeito! Então, muitas vezes, as pessoas não se debruçam sobre a psicologia tomista porque vão falar assim: "ah, ela não é muito prática e tal, tal,
tal." Não, ela é prática! É óbvio que ela é prática, porque ele olhou pro homem contemporâneo, né, contemporâneo a ele, e a gente conseguiu enxergar através do olhar do próprio Santo Tomás. Calma aí! Isso aqui que ele olhou para aquele cara lá de 1200 e alguma coisa serve pro cara aqui de 2024. Porque o que a gente tá falando aqui é a análise do homem contemporâneo, que é sem esperança, infeliz, não sabe amar. Sim, isso é uma tragédia: um homem circunscrito pelo nada. Hum, exatamente! Professor, a gente... O Rafa falou muito bem que a psicologia,
quando bebe de alguma filosofia, bebe de uma filosofia ruim. Me veio um nome à cabeça: Freud. E eu quero saber se existe algum nível de contraposição entre as duas correntes; uma é melhor que a outra ou não existe uma corrente melhor do que a outra. Como que é isso? Olha, nesta obra aqui, Correntes de Psicologia contemporânea, que é, digamos assim, um retrato de como se desenvolveram as principais correntes hoje em voga, entre as quais está a psicanálise, que ainda está em voga... Não tem uma voga tão grande, mas ainda está em voga. No capítulo sobre
Freud, o professor Tavares demonstra, porque ele aponta a bibliografia onde Freud bebe de Nietzsche. Então várias teses com roupagem médica de Freud são a reprodução, digamos assim, teórico-clínica de ideias de Nietzsche, que foi um niilista, ou seja, um autor, um filósofo do século da virada do século XIX. Na verdade, ele morreu em 1900, mas um autor para o qual, né, não há amor possível, a vitória, a felicidade possível é só suplantar um adversário. Tá dito lá no livro do Anticristo e em outras coisas muito piores. Este ano, inclusive, vai sair o meu livro "Zaratustra no
Hospício", que será a maior crítica em língua portuguesa, com certeza, mas provavelmente em qualquer língua vernácula, feita a esta vaca sagrada que é Nietzsche, uma vaca profana, tentando mostrar o quão equivocada está a contemporaneidade ao ter essa reverência por um autor cujas teses não se sustentam em sua própria estrutura. Mas Freud bebe de Nietzsche. Freud leu Aristóteles, Freud foi um gênio, isso diga-se de passagem, né? Para não pensarmos que estamos numa conversa de boquin. Estamos numa conversa paralela e, para ser honestamente intelectual, é preciso reconhecer méritos quando eles são efetivos. E a toda a base...
Porém, toda a base filosófica foi o que suscitou a pergunta, né? É preciso que o psicólogo tenha uma base de filosofia. Quase derramei o café. No caso de Freud, a leitura que ele faz de Aristóteles é superficial e a leitura de Nietzsche é recorrente em toda a sua trajetória, desde a juventude. Isso tá no epistolário, tá nas cartas, isso tá documentado. Não sou eu quem está dizendo, o livro só apresenta de maneira inequívoca. É aquele batonzinho no lugar indevido que mostra que algo errado foi feito. Então ele bebe de uma fonte niilista e, quando Freud
vai falar sobre religião, ele já traz uma carga de preconceitos. Por exemplo, o livro "Moisés e a Religião Monoteísta" é uma piada do ponto de vista dos conceitos. "Totem e Tabu" são livros citados como se fossem coisas intocáveis, só que exatamente agora, né, porque o "Malestar na Civilização" é a moral cristã, sobretudo a católica, da Viena da época de Freud, né? Preciso superar essa moral. A psicanálise se apresenta como uma superação da ordem moral. Ora, Nietzsche tem uma obra chamada "Genealogia da Moral". É que realmente é complicada do início ao fim. São asserções, ou seja,
coisas que se dizem sem nenhuma demonstração, mas que virou, né, na boca de gente que acha que filosofia é a arte de fumar maconha no final da noite e exercitar a debilidade do próprio intelecto. E é gente com esta visão tosca da filosofia que estudou certas psicologias e acabou por achar que o homem é algo que se identifica, na verdade, com um anti-homem. Então, Freud bebe algo de Aristóteles, né? Freud começa, né, como médico. Ele traz para a clínica várias práticas que, até então, não existiam, como a própria hipnose. Depois, ele abandona a hipnose. Então,
há coisas interessantes na trajetória de Freud, mas estamos falando aqui de uma cordilheira de gigantes na qual há um cume que é um Everest, né? E quando nós colocamos estes autores lado a lado, realmente parece uma espécie de covardia, que me perdoem os freudianos. Eu tenho amigas, uma das minhas melhores amigas, uma grande cozinheira, né, estudante da Notre Dame de Paris, freudiana. Ela, agora, estudando comigo, tá descobrindo, né, esta corrente e está começando a passar por uma mudança. Mas em momento algum eu fiz um aná... eu não pego o Santo Tomás de Aquino e jogo
na cabeça dela como se fosse um bloco de concreto, esse livro que cai da mão e quebra todos os dedos. Mas, de fato, é uma superioridade filosófica. Esta psicologia tomista tem base antropológica e base metafísica, porque, para eu saber o que é a alma, eu preciso, antes, saber o que é o ser. Se eu não dou resposta efetiva para o que é o ser, qualquer coisa que eu diga sobre a alma, que é um modo de ser dentre tantos outros modos, vai ser mais ou menos superficial. Então, essa é uma grande vantagem da corrente tomista:
assim, é muito sólida a base metafísica e a antropologia filosófica. O que é o homem? O que ele busca? Qual é a sua estrutura? O que são emoções? O que são os sentidos? O que cada sentido busca? Como eles trabalham? O que é imaginação? Tão importante como educá-los, como educá-los etc. Eu posso dizer, ô Rafa, que nessa busca toda, porque ouvindo o professor Sidney falar, eu tenho a impressão de que é muito mais objetiva e muito mais perceptível pelos sentidos do que a psicologia moderna faz parecer a busca do ser humano. Eu posso dizer que
existe um objetivo claro dentro da filosofia, que não deixa de ser uma filosofia também tomista. Ela traz essa dinâmica que você está experimentando, porque ela é clara, ela não tem objetivo de confundir o leitor. Hum... Ela tem um objetivo de clarear. Mas, coisarada, não é uma abstração, não é. Então, é igual a gente falou da felicidade: o importante é você ser feliz. Pergunta para o teu, né, para quem faz terapia, pergunta para o teu psicólogo aí, o que é felicidade para ele, para ver o que ele vai te dizer. Provavelmente, ele vai falar assim: "Não,
não é para mim. O que importa é para você, você que decide." Ferrou, né? Então, eu viro o próprio Deus que vou criando conceitos. Se sou eu que estou perguntando, pô, é porque eu quero saber como é que eu vou ter a resposta. E quando a gente fala de felicidade, é a aposta habitual de um bem querido dentro de uma reta ordem, não é isso? Eu ouvi tantas vezes essa frase. Ou seja, há uma ordem no querer as coisas e há uma ordem no fazer as coisas. Isso vai gerar uma certa felicidade possível aqui. Hum...
Porque não é plena, não é perfeita. Isso é o céu. Chama-se glória. Também não é... imagino que não seja linear também, né? A pessoa vai, alcançou, nunca mais. Mas quando a gente pensa nessa espécie de psicologia que olha: "Importante é você ser feliz", sem entendimento de conceito do que seja essa felicidade, mas ela quer que você busque essa felicidade perfeita em coisas que não dão felicidade, ou seja, o materialismo, o prazer, etc. e tal. E aí volta a tristeza, volta a desesperança, porque eu consegui, lá, o carro dos sonhos, mas tô triste. O medo... Hum...
Nós somos a sociedade do medo. Pessoas morrem de medo de morrer. Tivemos aí um evento recente no mundo, né? Um pavor, um pânico. Mas, assim, um pânico da morte orgânica, né? Essas pessoas, muitas delas, não pensavam ou não pensaram que pior do que é a morte é perder-se em vida, é morrer em vida. E aí entra o tema da virtude, que é outro tema importantíssimo. O que é uma virtude aqui para a psicologia tomista? A virtude é um hábito. É um hábito, mas que tipo de hábito? É um hábito por meio do qual eu ajo
de acordo com a minha própria natureza. E qual é a minha natureza? É de ente dotado de inteligência e vontade. Então, a virtude é aquilo que nos faz melhorar, porque vamos habitualmente agindo de acordo com aquilo que a natureza humana tem de mais excelente. Então, não podemos viver como se a verdade não existisse, não podemos viver como se o amor não existisse. Agora, é importante definir os conceitos e isso também a psicologia de Santo Tomás faz. Os conceitos estão muito claros: o que é o bem, o que é o mal. A pergunta, Santo Agostinho já
se perguntava: "Unde malo?" De onde vem o mal? Isso está respondido. As pessoas precisam saber, está respondida de maneira bela e... uma vez, conversando com o professor... Sne, sobre o medo, é muito interessante. A reflexão que ele fez foi a seguinte: a gente está numa época em que as pessoas têm medo de morrer, um medo terrível, mas é o momento em que as pessoas mais consomem a morte, né? Amam filme de terror. Não é um problema assistir a filme de terror, mas querem ficar o tempo inteiro como abutres, né? Então, ao mesmo tempo que ficam
consumindo a morte o dia inteiro, têm um profundo medo de morrer. Você tem um acidente na estrada, todo mundo para para ver; isso chama a atenção. A morte foi espetacularizada. Templo aquilo, né? Agora, vocês estão comentando, por exemplo, sobre essa questão da filosofia, né? Que o psicólogo precisa se interar também, ter uma base filosófica. O psicólogo tomista, então, ele tem que ser um filósofo ou um teólogo ou não necessariamente? Pode começar? Não, né? Não, mas ele tem que entender qual é o arcabouço de conceitos desta filosofia e desta teologia, porque ele não vai fazer teologia
de consultório. Ele não vai lá, né? Até porque a pessoa está com um problema mais urgente. Mas, embora não vá fazer teologia de consultório, ele tem esses conceitos, inclusive teológicos, do que seja a felicidade, num padrão tão elevado que, na hora de tratar do ponto de vista humano, o resultado é excepcional. Então, nem todos, é óbvio que, conforme a pessoa vai estudando, a verdade tem esse caráter atrativo. Quando nós vamos percebendo verdades a respeito de nós mesmos ou da vida, a tendência é que nós tenhamos uma adesão a essas verdades. Então, acaba que, depois de
um certo período, um estudioso da Psicologia tomista, que é ao mesmo tempo filosófica e teológica, acaba se sentindo atraído, né? Eu quero a felicidade máxima, né? Eu tenho que ter esse anseio, né? O desejo, tão conceituado por alguns psicólogos do século XX, o desejo é uma das grandes paixões da alma, esse apetite natural do bem. Eu tenho que ter isso em mim, mas de uma maneira tal que realmente eu vá me resolvendo no dia a dia. Viver é muito difícil. Um dos dramas contemporâneos, meu caro, é que as pessoas compram autoajuda achando que vão ser
felicíssimas aqui e agora, essa felicidade perfeitíssima, ou seja, a posse atual, perene, irrevogável e irreversível do bem. Não é deste mundo. Os sete passos para você ser feliz agora, seguindo a lista, é uma engenharia: eu vou fazer engenharia da felicidade. Não existe! Não há fórmula, até porque cada um tem um temperamento, cada um tem certas tendências do caráter. Uma coisa é o caráter, outra coisa é o temperamento, outra coisa é a pessoa, outra coisa é a personalidade; são coisas distintas, né? E, quando eu vou compreendendo cada uma e aprendendo a colocá-las no seu devido lugar,
a primeira coisa que acontece é que o próprio psicólogo vai se sentindo melhor. Esse é um ponto muito importante. Eu falo com os meus alunos exatamente sobre isso: estudar Psicologia tomista é, em algum grau, colocar um espelho diante de si, para que aquele profissional faça um exame e busque melhorar. Durante a faculdade, a minha impressão lá dentro dos meus colegas era que a gente estudava uma teoria para aplicar no outro. A gente já estava tudo bem, parecia que era isso. A gente está aqui, a gente precisa ser psicólogo, logo estou aqui no meu terceiro período;
li um pouquinho do Heidegger e já acho que posso aplicar isso às pessoas, e nunca tem, ou pouquíssimas vezes, pelo menos, essa necessidade de uma melhora, que eu chamo de aperfeiçoamento pessoal. Poxa, se eu vou me debruçar na Psicologia, falar sobre o que temos aqui na mesa... Olha, aqui na mesa nós temos o livro do Rafael, que trata da psicoterapia tomista e o aspecto prático desse corpo doutrinal. Ele próprio pode dizer, daqui a pouco, né? Mas eu também tenho depoimento de pessoas que, como querem algo prático, vão vendo coisas assim e simplesmente entendem que melhoraram
enormemente. Obra importante? Outras virão. Temos aqui três livros que são da editora CDB do Rio. Um do professor Martinho Tavares, de quem já falei, “Correntes de Psicologia Contemporânea”. Tijolo! Que isso aqui é um tijolo! É um tijolo! Isso fere todos os dedos do pé se cair da mão. Uma obra capital! Não é a principal do professor Tavares, mas eu trouxe aqui porque, já que vamos falar para um público leigo também, olha: procurem saber quais são as fontes filosóficas das principais correntes da Psicologia. Isso aqui tem... há um fio condutor nessa história; essa é que mostra,
inclusive, aquela relação do Freud. E o legal de um livro como esse é que a pessoa, o estudante, eu imagino, consegue fazer um sobrevoo, né? Tipo, onde eu estou? Nesse drone ali, que ele... O professor Martinho Tavares é um intelectual extremamente honesto. Então, se ele for falar algo, uma crítica ao Freud, ele vai colocar a nota, onde está o que ele falou, etc. Não são afirmações gratuitas! Não há gratuidade. É outro padrão, realmente, até de honestidade intelectual, é porque a gente vê muito bate-boca aí, né? Você não segue a minha? Isso não acredita? Psicologia tomista?
Já leu? Não, né? Então, não vi. Não gosto! É isso. Temos aí a Magna Arnold. Esse é um clássico: “Emoção e Personalidade”, é o primeiro volume. O segundo, que vai ser lançado agora, trata do aspecto mais neurológico. Neurociência está na moda, né? Do... né? Da ressonância das emoções. Essa autora trata da emoção como uma componente importante da... Personalidade, uma pioneira nesse assunto, e muita gente não sabe. Tomista, de distrito, observância, talvez na altura em que ela escreveu na década de 60. Dizer isso claramente fosse contraproducente. Mas hoje nós podemos dizer com toda certeza que, inclusive,
o quadro que ela apresenta das emoções é um quadro muito semelhante ao de Santos; ela bebeu desta fonte. O outro autor que temos aí, psicologia do caráter, Rudolf Allers, em algum momento de sua trajetória chegou a estar do lado do Freud, digamos assim, depois se afastou. Ele é um estudioso de Santo Tomás de Aquino. Ele foi um mestre do Victor Frankl. No Brasil, estuda-se muito logoterapia, mas muitos não sabem quem foi o mestre do Victor Frankl, né? Foi o Rudolf Allers. Já temos uns quatro livros dele editados: Psicologia, Formação e do Caráter do Adolescente. Então,
já estamos trazendo bibliografia para as pessoas interessadas. Os cursos são importantíssimos; a apresentação filosófica dos conceitos é importantíssima, mas as pessoas precisam travar contato com os textos que são a base. Então, isso aqui vai gerar, daqui a pouquíssimo tempo, já tá o Rafael aí, que tem uma iniciativa de pós-graduação, mas daqui a algum tempo vamos ter várias pessoas fazendo teses na área da psicologia, graças a esta bibliografia. Então, é um serviço e vocês estão trazendo pro Brasil esses livros assim também, né? Sim, eu indico, né? Eu sou aquela, né? Marginal por vocação, né? Que para
fazer o que eu faço, não podia ser oficial. Já me chamaram para fazer mestrado e doutorado fora do Brasil, né? Seja em faculdades, seja em seminários. O que eu preciso fazer não caberia se eu estivesse dentro do mainstream, né? Então, eu sei o que estou fazendo e sei aonde isso vai dar. E de fato, pelo meu, eu sou... não sou uma pessoa tão otimista quando olho pro quadro contemporâneo; esse realismo não sai de mim. Mas quando vejo estas obras sendo publicadas, vendendo muito, né, e as pessoas procurando, bebendo com avidez dessa fonte, tem um alento
na alma, uma procura excepcional, né, e coisas abstratas. Porque, olha só, acabou o tempo de acharmos que o leitor é um idiota de estrita observância. Vamos apostar no melhor que as pessoas têm a dar aqui no programa de vocês, na vida, porque para melhorarmos socialmente é necessário que nós mesmos apostemos no melhor de nós e no melhor das pessoas. Isso aqui é um serviço; eu tenho esta consciência. E quando vejo o Rafael aqui, eu o vi quando ele estava quase desistindo da faculdade, nós lá num boteco no centro do Rio, né? É... o nome do
boteco antigamente era o lugar onde tem rodas de samba. Mas foi numa segunda-feira... Nossa! Mas eu achei muito providencial esse nome de antigamente, foi, né? E de antigamente para atualmente foi um salto maravilhoso, até porque antigamente nunca foi tão atual, né? Eu acho que esses livros e a psicologia tomista, de modo geral, é sempre um convite. Eu sempre trato essa psicologia com as pessoas que não a conhecem como um convite, um convite para conhecer, não é nem ainda uma adesão. A gente vai fazer adesão a partir do momento que a gente se aprofunda, que a
gente vai conhecendo mais detalhadamente tudo mais. E para o pessoal da psicologia isso é fundamental; não estuda para criticar, né? Vai estudar para poder criticar, porque as pessoas às vezes pensam assim: "Ah, vocês estão falando, estão colocando religiosidade dentro do consultório?" Não, como assim? Eu não tô convertendo a força ninguém. Entende? Quando a gente fala de emoções... Olha, a Magna está aí falando de emoções, o Al está aí, virtudes, virtudes, uhum, temperamento, caráter. Aqui, eu percebi que tem... ó, ele foi publicado pelo Instituto de Psicologia Tomista. Como é que funciona isso, esse Instituto? Assim, eu
sou presidente do Instituto de Psicologia Tomista. Ele nasceu ali em 2020, se eu não me engano; é recente. E o propósito dele é essa divulgação da Psicologia Tomista. Olha que legal! Hoje nós temos, né, começamos já, já estamos no segundo semestre; nós temos uma pós-graduação em Psicologia Tomista, com a concessão de título pelo MEC. Que incrível! É uma alternativa, né? É oficial, né? Com o Padre Paulo Ricardo como professor. Gente, sério! Não sabia disso! Não, o padre Anderi, que é o mestre do doaria, também dá aula lá dentro. Então nós temos professores nacionais e internacionais
por uma pós-graduação de 18 meses, né? 360... Tem muitos alunos. Hoje, temos a primeira turma que tá com quase 150 alunos. Que legal! E aí a gente tem essa experiência. Sim, já pensando em uma certificação, não? E essa experiência é muito interessante de ver, porque são profissionais com... Ah, Rafael, eu tenho 30 anos de clínica, eu nunca vi isso, nunca ouvi isso! Isso aqui respondeu toda a minha angústia desses 30 anos. Nossa, faz sentido? Faz sentido! Esse é um... esse é, né? Faz sentido, faz sentido, porque é lógico, né? E é engraçado como o nosso
espírito revolto, inquieto, lábio, quando ele encontra um eixo assim, ele, ele reconhece, sabe? Ele descansa. Exatamente! Fui visto exatamente! Acho que a sensação de ouvir a verdade, sabe? Ouvir a verdade mesmo que ela seja dolorosa. Você ouve a verdade e fala, sabe, como estar entre pessoas articuladas. Eu tenho que dar esse depoimento aqui: que maravilha ouvir a palavra! Lábio... Não, e a linguagem é importantíssima, inclusive para a pessoa se compreender, né? Quando eu vejo isso, me dá um alento. É um exemplo, né? No meu livro, né? Introdução à Psicoterapia Tomista, eu coloco os cinco objetivos
da psicoterapia tomista dentro do consultório. O primeiro eu chamo de psicoeducação e, um desses... um dos pontos dentro... Desse primeiro objetivo, é a boa definição de termos; ou seja, não passa só do profissional: é o meu paciente. Tem que conseguir chamar o azul de azul, por exemplo. Nomear as coisas, lógico, porque, com um nome errado, eu vou pensar errado, eu vou sentir errado e, na última instância, vou agir errado. Palavras não são entes descarnados; elas têm conceitos. Faz-se necessário dizer "alma da palavra". Claro, a gente pode até perguntar para um paciente: "O que é felicidade
para você?" Mas, quando eu pergunto para ele, eu não estou falando que essa definição que ele vai me dar, tirada da cabeça, é a verdade. Mas é para eu entender, né? Não, mas qual é o fruto disso aqui? Não, o fruto é isso aqui! Então, calma aí, sua definição está errada; a gente precisa achar um caminho onde as coisas estejam mais adequadas à realidade. E o que é saúde mental para a psicologia tomista? Olha, é várias coisas. A primeira delas é o estado de virtude. O que é o estado de virtude? É quando a pessoa
alcança um equilíbrio na sua visão de mundo e nas suas ações cotidianas. O equilíbrio mínimo. A virtude é um epicentro aritmético entre dois extremos, né? Por exemplo, a coragem é a virtude; a covardia é o vício, né? No outro extremo, perdão, está a temeridade. O covarde olha para o corajoso e acha que ele é temerário, né? Então, assim, o tema da saúde mental passa pela aquisição de virtudes e é uma constelação de virtudes, a começar pelas chamadas quatro virtudes cardeais: prudência, justiça, fortaleza e temperança. Só que a prudência não é a cautela interesseira; a prudência
é a reta razão no agir. Se entra alguém em casa para tentar estuprar o meu filho ou a minha mulher e eu não ajo rápido, estou sendo imprudente. Então, a prudência é, digamos assim, a cocheira, né, de todas as virtudes. Sem a prudência, não é possível ser justo, não é possível ser temperado, então sábio. A prudência é a reitora das virtudes morais no âmbito cardinal. Depois temos a fortaleza. A fortaleza é essa capacidade de sofrer o mal sem ser derrotado pela tristeza e atacá-lo naquilo que é possível. Santo Tomás de Aquino diz que há dois
movimentos na fortaleza: atacar e suportar, sendo suportar o principal. Eu sei sofrer. A palavra "paciente", né? Ela é um particípio presente de um verbo latino, né? Ou seja, paciente é quem está no exercício atual do sofrimento, né? Então, é uma virtude moral importantíssima. O forte é ente, por tabela, então é preciso adquirir o mínimo de fortaleza; é preciso ser justo. A justiça, de todas as virtudes cardiais, é aquela que não se dá de uma pessoa para consigo mesmo e sim para com os outros. Ad alterum! Ninguém é justo pensando na justiça; ele aprende a ser
justo para aplicar a justiça. Então, a justiça é dar a cada um conforme o que é estritamente devido. E, por fim, a temperança, que na hierarquia das virtudes, há uma hierarquia onde a verdade é a ordem, onde a ordem é a hierarquia, onde é a hierarquia. É uma inteligência ordenadora. A temperança é a moderação naquilo que é básico fisicamente: nós, o que é básico, de maneira veemente: sexo, comida e, Santo Tomás dizia, bebida. Hoje, ele apresentaria o cardápio de drogas que estão no mercado. Ora, eu preciso moderar o meu afã por comer; se não, viro
guloso. A bebida, ele se referia ao vinho, né? Eu devo, porque realmente, se eu procuro ficar em estado de ebriedade de maneira constante, eu não estou enxergando as coisas bem, então devo evitar. A temperança dá esse freio, e a temperança se aprende de várias maneiras. Minha filha tem hora para comer, né? Tem hora para fazer xixi, né? Você vai educando até o corpo. A temperança, embora seja a menos importante das quatro do ponto de vista da hierarquia, ela é a mais importante do ponto de vista que é a primeira, a ser mais urgente. Então, assim,
uma sociedade de pessoas destemperadas é uma sociedade... como é que essa sociedade vai gerar bons legisladores? A gente não vive... Essa sociedade, como diria um cantor da década de 70, a vida é muito pior. Mas o interessante das virtudes é que ela é muito mais do que puramente um ato, porque ela nasce dentro. Porque, se ela fosse só um ato externo, a gente iria adestrar pessoas. Só que a virtude é um ato livre de alguém: eu vou ser justo livremente, vou dar ao outro livremente, né? Se alguém me obriga a fazer um ato de justiça,
eu não vou ter a virtude da justiça. Eu posso estar fazendo um ato justo, mas essa virtude precisa desse amor, mesmo que seja interno. Só a virtude voluntária, exato, hum... Ela é fruto de uma adesão intelectual, mas existe um movimento da própria alma. É como eu amo tanto essa possibilidade de ser bom, porque é isso que a virtude faz com as pessoas. Eu vou externalizar isso. E o professor Martin Anaya fala que a virtude é algo que transforma em nós uma espécie de segunda... não é uma segunda personalidade, segunda natureza, perdão. Ou seja, a gente
tem a nossa natureza. Aí ele coloca muito bem, entre aspas, né? E essa virtude colocaria uma elevação. Assim como o oposto da virtude, faria uma segunda natureza também, que seria o vício. Hum... E a gente vai olhar para as pessoas hoje, ou seja, ou elas estão no caminho das virtudes ou elas estão no caminho dos vícios. Tanto é que, nas artes, a virtude é sempre como uma espécie de cabresto. Né colocada num cavalo, tá lá essa natureza, nossa, que é toda louca. E aí você tá domando, né? Tô selvagem, a virtude nos doma e o
vício nos faz escravos de nós mesmos. O vício é esse hábito contrário a essa natureza que é intelectiva e volitiva. Assim, há vícios que são no plano físico. Por exemplo, falamos aqui da luxúria, né? É um vício disseminado e aqui, nenhuma carga de juízo moral. O vício da masturbação, para Santo Tomás, ele é um vício porque ele retira... primeiro, que não há o outro, efetivamente, mas ele retira o aspecto amoroso do plano sexual, né? O prazer deixa de ser a culminância de um ato amoroso, atual, habitual ou não, mas a culminância do amor e passa
a ser fruto apenas do desejo. O desejo é uma coisa importantíssima, devemos desejar as coisas boas. Há em nós uma radical tendência a atualizarmos coisas boas para nós mesmos, mas quando nós entendemos que essa atualização, ela não é ao modo irrefletido, é porque senão eu viro vítima das minhas más escolhas. A escolha é um dos movimentos da vontade. A vontade não é só querer; a vontade tem 12 movimentos. Olha só que bonito! As pessoas pensam assim: não dá para explicar aqui, né, na nossa entrevista. Escolha, ato da vontade, consentimento, ato da vontade interior, etc. A
vontade é bela, é bela! Agora, quando a pessoa entende a beleza da vontade, que ela é a instância inexpugnável da liberdade, aí ela tem uma... ela é uma espécie de espag de alegria. Mas aí tem que diferenciar, por exemplo, sei lá, vontade e desejo. E aí eu não sei se a psicologia moderna faz isso. Hoje faz? Faz. Faz mal, faz mal, faz mal, porque uma coisa é o apetite. Nós dizemos, por analogia: "Olha, eu tô com vontade de comer uma feijoada." Na verdade, o português de Portugal, sou casado com uma portuguesa, sei bem op: "eles
apetece comer uma feijoada P," né? "Apetece-me comer isso," né? O apetite nós temos, uma estrutura apetitiva que é natural, é sensitiva e, por fim, é intelectiva. E a vontade é o apetite intelectivo do bem. Eu quero porque a inteligência me informa que é bom. Então, ah, eu quero me matar, mas até o suicida, quando se mata naquele momento, a vontade bebeu da inteligência que dizia: viver nesse estado é pior. Então, né, eu quero pôr fim ao meu tormento. Nós estamos condenados a querer o bem até quando agimos mal. Então, isso aqui é puxar mesmo a
sardinha para a nossa brasa. Não há neutralidade quando a verdade está em jogo. Esta psicologia traz as respostas. Haverá outras, não conheço neste nível, mas apresentemos isso da melhor maneira possível com benevolência, que é querer o bem. Entre a benevolência e a beneficência há uma mudança. Benevolência: eu quero bem, e a beneficência: é fazer o bem. Não adianta também só querer; é preciso fazer. Agora, se eu tô desordenado, se eu sou um suco de emoções, de feições, de paixões desgovernadas, eu podia chegar aqui, por exemplo, a de um charuto impróprio numa hora como esta, né?
Estamos no estúdio, não será conveniente. Então, tudo tem hora, sim, tem modo, né? A realidade tem modo. Se nós não obedecemos ao modo, no final das contas, a psicologia tomista é uma psicologia da virtude que aperfeiçoa o homem para usar da liberdade de modo ordenado. Esse é o grande objetivo dela. Agora, aperfeiçoar, ordenar essa pessoa para que ela use todo o seu potencial, para que ela seja, de fato, quem ela deve ser. Quando a gente fala em liberdade, a psicologia moderna e os psicólogos falam muito disso: o importante é você fazer o que você quiser,
mas, de novo, essa frase é exatamente. E se você não sabe o que você quer, você vai ser movido pelos apetites de preferências mais baixos, sensíveis. Em se tratando de suicídio, como o professor Sid estava comentando, o que a psicologia tomista tem a dizer, né, dado que também vem lá de São Tomás de Aquino, né, um grande autor católico? O que a gente pode depreender aí do suicídio nesses casos? É... eu começo botando uma frase do professor Martinho Tavaria, que ele vai falar que o homem deseja ser feliz e não consegue não desejá-lo. Ou seja,
o suicida ele quer ser feliz. Um... ele quer se livrar de uma dor, porém dentro de uma desordem que a gente pode pensar em níveis psicopatológicos, etc. Aí tem uma investigação particular de cada caso, obviamente, mas ele só vê aquela alternativa. Um... então, é como se o horizonte de uma pessoa nesse estado estivesse muito, eh, obscuro, estreito, né, vendo só aquilo ali estreito. Por isso, o que não funciona... muita gente, ah, vou chegar para esse cara e falar que ele é um egoísta, né? Falar que ele não tá pensando nas pessoas, etc., etc., etc. Só
que ele não tá... esse horizonte não, ele não precisa necessariamente de alguém jogando um tijolo nele nesse momento. Resolve? Não resolve. Né, a benevolência onde a gente vai trazer essa prática do bem, não só querer o bem ao outro, é puxar esse cara, entender essa realidade e devolver, dentro da perspectiva dele, da possibilidade dele. A esperança é igual falar para um depressivo: "Ah, cara, se anima aí e tal." Bobeira! Ué, vou... não, não posso detalhar. Você tá assim, sua vida é boa... eu não posso detalhar tanto, mas eu tive uma paciente anos atrás que ela
chegou numa sessão comigo, né? Tem toda uma história muito sabe porque eu não ia atender e aí ela me mandou uma mensagem falando que poderia desmarcar. Eu achei estranho; eu falei: não, vou atender. Né? No dia em que eu descobri que meu sogro ia passar para o outro mundo, enfim, então fui atender, porque eu achei estranho. Ela olhou para mim e disse: "Ah, F, boa noite. Eu já decidi." "Decidiu o quê?" "Vou me matar." "Não, calma aí! Vamos fazer o seguinte: a nossa sessão é para que você me explique toda a argumentação porque você quer
se matar. Então você tem uma hora, no mínimo, aí para você me convencer. Eu quero entender o que está pensando." É, exatamente. E aí, obviamente, a explicação dela passava muito por esses apetites sensíveis, baixo: "Ah, porque o cara que eu amo não quer ficar comigo. Eu não consigo pensar na possibilidade de vê-lo com outra na rua." Era nesse nível. Uhum. Eu falei: "Olha, primeiro que esse sofrimento é teu. Ele é real, mas ele não é inédito na história da humanidade. Pessoas sofrem por acharem que amam outras pessoas que não querem ficar com elas." Primeiro ponto.
"E do Drummond: João amava, Pedro amava, Maria, Pereza, que não amava ninguém. O pior é isso." E aí ela estava de boa e foi indo em outros argumentos: "Ah, o inferno não existe, tá?" Começou a entrar num monte de coisa. E aí eu fui mostrando que, olha, isso que você está me falando, você está só tentando transformar um círculo em triângulo para justificar. Vamos fazer o seguinte: eu vou te passar um exercício. "Qual?" "Você vem toda quarta-feira no meu consultório às 6 horas da noite." "Combinado?" "Combinado." Então, ela se afastou. O que ela precisava ali?
Precisava de alguém que olhasse para ela sem aquele "meu Deus, que mulher egoísta", né? Mas precisava que alguém acolhesse ela, entendesse, ouvisse e, entendendo que sim, ela tem um sofrimento, por mais desordenado que possa ser, ela está sentindo. E se ela veio te procurar, Rafael, é porque, no final da escola, lá no âmago dela, ela falou: "Cara, isso não está certo." Não está certo. "É óbvio!" Então, traz ela, tá tudo bem. Enfim, né? Ela volta para um caminho onde começa a enxergar as coisas. É muito engraçado; depois, passaram alguns anos do acontecimento. E aí eu
tinha uma sessão e eu brincava com ela, às vezes falava: "Você lembra daquela época?" Ela falava: "Rafael, eu lembro e eu até tenho vergonha de lembrar. Naquela época, eu queria acabar com a minha vida e hoje eu estou aqui, fazendo as minhas coisas, tendo outros sofrimentos, mas lembrando que eu fui forte para suportar aquilo ali. Então, isso aqui agora é menor do que aquilo." Então, olha como é que ela vai ganhando uma força para encarar a vida. Força! Fortaleza! Exatamente. E está vinculado a um tema que é correlato do suicídio, que é o tema do
desespero. O desespero é também resolvido aqui brilhantemente, porque primeiro tem que se entender o que é a esperança. Primeiro: esperança natural. O que eu espero aparece para minha inteligência como um bem. Ninguém espera o mal. "Quero perder o meu emprego amanhã", "Quero que meu casamento fracasse." Aquilo que se espera é, mais ou menos, "ah, eu não espero pegar esta caneca bela aqui; vou levar para casa. Tem outra. A senhora tem espelhos na mão? Não se espera." "Pois que bom! Bom, gostei dessa notícia." "Não tem mais. Surgiu no meu horizonte um bem extraordinário!" Então, o que
se espera é um bem. Esse bem é mais ou menos ardo, porque o que está à mão não se espera. Você vai lá e faz. Ele é futuro. Ninguém espera o passado nem o presente. Então, isso, do ponto de vista humano, quando a pessoa entende que a busca dela pelo bem é inexorável, ou seja, ela vai buscar, ainda que ela não saiba nem o que é o bem, ainda que ela esteja na torcida do Flamengo, é entorpecida, mas ela busca o bem. Ora, quando ela entende isso e que é preciso botar certa ordem entre o
que se quer e o que se pode, o salto para a saúde mental é extraordinário. Olha, há dois autores da antiguidade: um é Cícero, outro é Sêneca. E um deles tem um livro, né? De Ofícios, que é Cícero, né? Que é "Dos Deveres", em que ele diz o seguinte: havia uma frase famosa na antiguidade: "Homem, do poeta Píndaro, torna-te o que tu és." Era um chamado. Mas como é que eu já... como é que eu vou me tornar o que eu já sou? Ora, Cícero responde a seu modo: "O homem só é o que verdadeiramente
é quando é o que deve ser." Que lindo, né? Quando eu não sou o que eu devo ser, eu não me conheço bem. E Sêneca, por sua vez, tem um de benefícios, né? Que é sobre os benefícios, que é quase um livro sobre a gratidão. E a gratidão não é essa coisa atual de "gratiluz", "graudo"; a coisa é "gratitudo", né? "Graças a Deus, estou quase perto dos 60 anos." Mas a gratidão é uma efusão de amor, é o reconhecimento por quem recebeu um benefício, de que aquilo é um bem que foi decisivo para a sua
vida. Os ingratos, né? A eles está destinado o desespero nesta vida, a agonia. E, se pensarmos teologicamente, aquilo que é a perda total da possibilidade de bem, que em termos teológicos se chama inferno, né? Que é infelicidade irreversível. Então, ninguém se mata se não estiver desesperado. E, às vezes, cabe ao terapeuta dar uma gotinha: "Nós precisamos de cinco minutos de esperança a cada dia para respirar." Eu preciso esperar fazer coisas boas para mim mesmo. Fisicamente, vou malhar, vou me... Alimentar, vou fazer uma dieta projetiva. A vida humana é projetiva, que é o que eu vou
fazer na minha vida profissional, etc. Como é que está o meu casamento agora? Se eu começo a não esperar, retamente meu vetor é perder o sentido da vida, cair no desespero e, se calhar, me matar. Houve um filme recente que saiu aí, sobre a sociedade da neve, que é um acidente que houve lá em 1972, no Chile. O pessoal teve que comer corpos, é antropofagia; comeram os corpos dos que haviam morrido. Mas há o interessante: o depoimento de um dos sobreviventes que é o seguinte: "Olha, se nós soubéssemos no primeiro dia que ficaríamos 71 dias
seguidos nesse estado desumano, impossível, nós teríamos todos morridos. Nós só sobrevivemos porque esperávamos a cada dia sobreviver." Então, o homem é um animal de esperanças. Mas as esperanças também comportam uma certa ordem. Quando nós esperamos onde não podemos ou devemos esperar, isso vai acabar mal. Como dizia o grande humorista brasileiro Aparício Torelli, o Barão de Tararé, "De onde menos se espera, daí é que não sai coisa nenhuma." Isso é sabedoria prática, é uma verdade prática: esperemos onde devemos esperar. Então, esta psicologia dá uma resposta efetiva. Tanto é assim que o Rafael, eu não sou psicólogo
ex ofício e nem serei, mas ele certamente deve ter depoimentos parecidos com esse que ele deu ainda há pouco de pessoas que, "Oh, estava querendo me matar, hoje estou vivendo bem." E olha que interessante, né? Quando ele traz os elementos dessa esperança, né, um bem a futuro, e você esqueceu de mencionar o último, que é o possível. Possível, possível, possível! É porque ninguém espera. Você espera o impossível, aí vai. E olha como esses quatro elementos da esperança são completamente terapêuticos. Vamos fazer uma sessão de terapia sobre a esperança, o bem que você está esperando. É
realmente um bem? Uhum. Ele é árduo, ele é futuro, ele é possível. Então, a gente vai trabalhar para que a gente consiga isso. E você está esperando com muito ardor, com pouco? Tem isso também; a intensidade é muito importante. Quantas vezes as emoções se desgovernam porque as intensidades estão fora do que é devido? Eu sempre gostei de futebol, sempre fui frequentador de estádio de futebol. E o futebol é o lugar das paixões, né? Mas quantas vezes vemos aí pessoas que botam no seu clube de futebol toda a sua felicidade, né? É óbvio que isso é
uma patologia, é uma patologia. Então, se eu fosse essa pessoa, eu sou botafoguense, mas aí você lida com o sofrimento procurando... não, então você é Virtuoso. Força, sobrevive. Passado, ele sobrevive. Ô Rafa, uma pessoa para estudar, não sei nem como fazer a pergunta para ela atender, segundo os moldes tomistas, ela precisa ser psicóloga? Ela precisa ter formado em psicologia? Hoje nós temos uma leva de pessoas que são terapeutas, ou seja, elas não têm formação em psicologia, mas o ideal é que ela não seja uma psicanálise, né? Não, não, não, não é o ideal que temos
pessoas formadas formalmente, até para... não sei se a palavra certa é essa... até para trazer uma certa seriedade e um certo diálogo, mesmo acadêmico. A gente não está fugindo da academia, pelo contrário, a gente tem uma pós-graduação com aprovação do MEC. Ou seja, eu quero mais é que as pessoas conheçam a psicologia tomista, que tenham essa abertura intelectual. Então, precisam achar lugares. Eu aconselho assim: eu acho que estudar sozinho não é uma coisa, é que nem Santo Tomás fez, né? Claro, depois de uma certa época, mas ele tinha um mestre dele, né? Santo Alberto Magno.
Mas eles têm que procurar um bom lugar para isso, e obviamente, com calma. Uma coisa que muitos psicólogos aprenderam na faculdade é a não ter calma em relação ao conhecimento. Acham que um bloco de tijolo desse aqui vai entrar na cabeça na primeira sentada. E como todo conteúdo de Psicologia que tem base filosófica precisa ser meditado, digerido. E falando nessa galera moderna, só ainda um mini parênteses: para fazer a pós-graduação de vocês tem que ter psicologia? Não necessariamente. Pode fazer, tem que ter uma formação superior. Ah, tá, mas uma coisa é importante, né? A pós
não dá o direito dessa pessoa que não é formada em psicologia em atender, porque a gente tem aluno, por exemplo, nutricionista. Eu tenho aluno nutricionista, não? Eu estou pensando assim, deve ser muito bom para qualquer pessoa saber, porque fala sobre o ser humano. Exato, a gente teve uma aula de antropologia que as pessoas ficaram encantadas, as pessoas choram assistindo à aula assim. Os alunos, não sei o que acontece, uma experiência mesmo. Por quê? Porque é uma aula de antropologia que eles nunca tiveram na vida. Sim, inclusive nas aulas até de medicina, nutrição, tudo, tem médico
lá dentro, lógico, porque eles querem olhar para o ser humano de uma forma mais integral. Eles querem ver o que o homem é e o que o homem deve ser e como eles podem ajudar. Uhum, complementar, não? Iria dizer que é um encontrar-se consigo mesmo. É sempre uma catarse. Eu queria aproveitar, e até nos encaminhando para o nosso final aqui dessa grande conversa que estamos tendo, né, Lara? Eu queria saber de você. Falamos do... a gente começou esse papo falando das universidades, né, da faculdade, e eu gostaria de terminar esse papo também, né, cara, do
mundo atual, assim, dessa psicologia atual, das bibliografias que são apresentadas dentro da faculdade, desses psicólogos que estão sendo formados. O que vocês esperam? Que que vocês estão achando desses profissionais que saem do mercado de trabalho assim? Eu tenho até uma experiência dentro de casa, né? O meu irmão se formou em Psicologia no FRJ e, cara, eu fui na faculdade, eu fui na formatura dele e, cara, eu chegava lá e pô, o meu irmão era a única pessoa que não tinha um cabelo colorido, né, que visivelmente se identificava com o gênero do qual nasceu. E que,
pô, olhava para aquelas pessoas, para aqueles psicólogos acabando de se formar ali. Pô, quem foi ministrar uma palestra na formatura dele foi o pai da Mariele Franco. Assim, é nesse nível, entendeu? E eu fui olhando para aquelas questões, fui vendo isso. Eu fico, pô, eu já fiz, cara, eu fiz terapia muitos anos da minha vida. Recomendo para todo mundo. Mudou a minha vida, salvou a minha vida em muitos aspectos. Eu acho incrível. E eu fico olhando para certas situações atuais, eu falo: cara, eu não confiaria a minha vida na mão desse cara, porque o cara
não sabe nem quem ele é. Parece que os jovens hoje estão numa confusão mental. Tipo, ele precisa se descobrir, então ele vai fazer Psicologia porque ele quer entender quem ele é, sendo que nem ele sabe. Ele não sabe se é ele, dil, ele, ela. Ou seja, o dinheiro da faculdade ele já poderia pagar a terapia durante cinco anos. Ele, aí, depois, ele poderia fazer... O que vocês estão achando? E vocês veem alguma... Eu sei que você é muito realista, professor, entendeu? Mas você vê alguma possível mudança nesse cenário, em, sei lá, médio prazo? Acabamos de
falar de esperança. Eu tenho esperança em que esse bem vá, daqui a algum tempo, se tornar possível. Ainda não é possível. Uma sociedade não acorda Dilma Rousseff e dorme Dilma Rousseff e acorda Aristóteles no dia seguinte, né? Não, coitada da nossa ex-presidente, mas assim, o fato é que ela não se notabiliza por ser uma gênia da raça. É um fato efetivo. Então, tudo é um processo mais ou menos vagaroso. O quadro atual é dramático. A educação foi destruída sistematicamente ao longo de 40 anos, em todos os seus meandros, tudo que nós possamos imaginar. Língua portuguesa:
pergunte a um aluno de uma faculdade de Letras o que é um adjunto adnominal. Pode ser que ele role pelo chão convulsando, não sabe, aluno de Letras. Então houve uma destruição. Porém, graças a iniciativas marginais, no bom sentido do termo, que estão trazendo ventos de fora para dentro da academia, temos um horizonte de possibilidades. Mas a destruição ela é... Ela não é só do terceiro grau, não é só da formação superior, ela é desde a educação básica. Então, isso talvez demore, mas a mensagem que fica nunca será de desespero, porque nós temos o dever moral...
A esperança, além de ser uma paixão da alma, além de ser uma virtude teologal, só que enquanto virtude teologal ela tem outros aspectos, mas ela também é um dever. Devemos esperar o melhor e fazer o melhor para que essa esperança seja razoável. Então, esses livros, os cursos, iniciativas como a do Brasil Paralelo, são muitos elementos distintos concorrendo para um bem maior. Isso vai ter... já está tendo, mas vai ter uma consequência positiva. É impossível não ter, quando as pessoas começam a ter contato com coisas boas, mesmo jovens, elas se sentem impelidas, compelidas a melhorarem. Então,
fica aqui, acho que a minha palavra final é de esperança, mesmo sem muito otimismo. É óbvio, quem fala aqui é um estudioso da filosofia escolástica e um católico. Eu creio em Deus, né? Pai todo poderoso, criador do céu e da terra. Então, eu espero o bem maior sempre. Desespero para mim nunca foi uma opção, mas olhando para esse conteúdo e vendo o bem que ele já está fazendo, pode-se deduzir que, dentro, talvez, de uma década, nós estaremos já num patamar em que poderemos dizer: agora vamos ver para que outros caminhos poderemos ir. Uhum, exatamente! Eu
tenho esse olhar realista também e também tenho essa esperança, porque eu recebo muitas mensagens de alunos: "Rafael, quero desistir." Aí eu digo: "Olha, não desiste, porque eu também pensei em desistir e não desisti." E que vocês têm que usar a faculdade como uma forma de fortalecer, né, a pessoa de vocês. Porque pode ser que o conteúdo seja ideológico, 99%, pintem o cabelo de cores angelicais, vamos dizer assim, né, mas você tem que continuar. É importante que eles tenham essa força, né? Então, eu acho que, vamos dizer assim, dentro dos mais ou menos 30.000 psicólogos que
se formam por ano, a gente deve ter uns mil aí que querem conhecer uma boa psicologia, que se debruçam com uma vontade. E a gente precisa de pessoas dispostas a querer conhecer. Aqueles que estão fechados estão fechados. Uma porta que está trancada não é bom que eu arrombe, só em casos muito extremos, né? Então, nessas pessoas fechadas, tomara que um dia elas sejam menos fechadas para que elas dêem uma abertura a conhecer coisas que elas... que elas fizeram dentro da faculdade, abrir para conhecer tudo que era apresentado dentro da faculdade, né? Todo mundo tem que
fazer isso. "Ah, eu não gosto do Freud." Ah, mas eu li o Freud. "Ah, eu não gosto do SRE, mas eu tive que ler o SRE." "Ah, eu não gosto da Psicologia tomista." Ah, mas você já leu? Não? Então, que resistência é essa, né? Que resistência é essa? Tem que ser trabalhado em terapia, inclusive, né? Se tiver uma resistência dessa, tem alguma coisa errada acontecendo. Então, eu acho que há pessoas dispostas a conhecer. Não é um... não é um clubinho, não é uma seita, não é um... um... Pessoas que se acham melhores do que os
outros não são pessoas que estudaram. Perceberam que na própria vida — e não é só na própria vida, no sentido clínico — nossa, como a minha clínica melhorou! Não é como a minha vida melhorou, uhum, porque nós somos um só. Não é, francamente, que um psicólogo muito bom com uma vida desordenada tem alguma coisa errada? Tem alguma coisa errada. A psicóloga tomista Mercedes Palé, né? Uma espanhola que mora na Suíça. Hoje ela fala que um psicólogo tem que ser mais são do que um paciente. É mais isso, é básico, isso é óbvio, mas isso se
perdeu nos dias de hoje, onde não existe verdade, onde tudo é muito relativo, né? Enfim, mas o que eu espero é essa abertura inicial que pode até, entre aspas, ser uma certa curiosidade no primeiro momento: deixa eu saber um pouco mais o que é isso. Porque hoje, graças a Deus, na minha época, lá na época, era um test drive, mais ou menos. Na minha época, o professor não tinha nada em português; era tudo mato. Era todo mato. Imagina minha solidão moral! Você não precisa ser tomista, você pode só conhecer, cara, disso, abrir a possibilidade de
ler uma filosofia ali diferente. Fiquei curiosa para saber uma coisa, é uma mini coisa, não vou me delongar. O Rafa conheceu a psicologia tomista por meio do professor Sid, e o senhor, no meio desse matagal todo, aí. Olha, a minha vida é um compêndio de coisas. Eu só acredito na minha vida porque eu a tenho vivido muito; senão, não acreditaria. Isso dá conversa para 30 charutos e duas garrafas de vinho. É porque Santo Tomás chegou na minha vida, eu já tinha mais ou menos 27 anos; ou seja, estudei Santo Tomás há quase 30 anos, e
realmente foi uma descoberta solitária. Hoje, eu olho para esse passado e vejo que deve ter ocorrido algum pequeno milagre. Porque, em geral, se tem um mestre... Eu fui travando contato a começar diretamente pela Suma Teológica, questão primeira da primeira parte da Suma Teológica; tive uma identificação imediata. Eu já tinha uma formação pessoal de literatura, sempre amei literatura, sempre gostei de ler filosofia. Desde quando eu era retardatário, fica aí para os jovens que nos veem, né, que hoje todos são chamados a resolver suas vidas com 20 anos. Eu até, até 25 anos, eu realmente só ia
para Maracanã, praticamente. Então, foi uma descoberta. Pois é, também sou forte, foi uma descoberta solitária. E, com o tempo, eu passei, eu praticamente me afastei do mundo, fiquei assim uns 7, 8 anos. Eu mudei de vida, eu era um boêmio que ia para todas as rodas de samba do Rio. Nunca li tanto como naqueles primeiros 10 anos de leitura de Santo Tomás. E aí, uma coisa vai levando à outra, porque quem é honesto, minimamente honesto intelectualmente, quando começa a travar contato com uma coisa boa e vê lá uma indicação bibliográfica, começa a procurar também essa
bibliografia de apoio, que é a escola tomista. E aí fui entrando no mundo. E hoje, quase 30 anos depois, me sinto — não digo que um aprendiz, que seria uma bobagem dizer isso — porém, como ainda há coisas a refletir e aprimorar. Então, foi um primeiro momento muito solitário. Mas foi assim... contar outra história seria mentiroso, maravilhoso! Antes da gente se despedir, claro, como as pessoas encontram vocês nas redes sociais? Olha, eu tenho uma plataforma de cursos que é Contra Impugnantes. Esse nome é o nome latino, parece chique porque era um blog, é um livro
de Santo Tomás contra o culto de Deus e da religião. É uma obra apologética em que vemos um Santo Tomás fervoroso com a linguagem que não é habitual. Uma obra apaixonante, é um calhamaço! E eu dei o título primeiro do blog, depois do site, porque, de alguma maneira, esse trabalho, durante muitos anos, foi um trabalho na contracorrente. Você tem que ter uma fortaleza, e quando você vai dizer algo que não é o consenso, cabe a você demonstrar que está certo e da melhor maneira possível. Então, o site tem cursos de teologia, de direito, de história
do Brasil, porque Santo Tomás é um mundo, é um mundo. E por ali eu vou divulgando também meu trabalho. O meu livrinho "Cosmogonia da Desordem" vai para a terceira edição. Em breve, vai sair agora pela editora Vide Editorial. A terceira eu não trouxe, eu troquei a edição anterior. A outra já vai sair, eu achei que ia ser... eu também sou um diplomata, não faria isso com a editoria. É um calhamaço! O subtítulo é "Exegese do Declínio do Ocidente". E vai sair o próximo também, e os outros vão vir por aí, porque eu botei na minha
cabeça que agora que as coisas já começam a caminhar, chegou o momento de eu me dedicar mais à escrita. Isso requer tempo, tem muita coisa mais ou menos pronta, mas tem que ser retocada as aulas. Então, assim, na internet eu tenho uma plataforma de cursos, tem lá no meu Instagram, vou botando os aforismos, né? E que são máximas, ditados, provérbios, uma literatura... olha, procura Impossível Silveira. Eu mesmo o nome, eu não sei, eu sou um péssimo divulgador... aperta na tela, por favor, galera! E assim, essa literatura de sabedoria prática é importante; os provérbios são importantíssimos
porque eles encerram em si uma sabedoria multissecular. E, então, é nesses espaços... o comentário de Facebook, só o que tem de coisa ali que eu já estou aproveitando para nota de rodapé... é um conteúdo assim, incrível. Não à toa que... Te chamou, né? Ra, exatamente. O blog que falou foi o blog que encontrei exatamente. E como as pessoas te acham? Então, eu tenho o meu Instagram, que é @p.rafaeldeabreu, e ali eu tenho live toda terça-feira. Eu falo sobre psicologia tomista lá e temos a página do Instituto, que é o Instituto de Psicologia Tomista. Aí é
um conteúdo voltado onde vai falar mais da pós e tudo mais. Este ano tem lançamento de outro livro, porque esse livro é do ano passado, né? Este ano saiu "Práticas em Psicoterapia Tomista". No ano passado, tivemos o primeiro Congresso Internacional de Psicologia Tomista aqui no Brasil, onde trouxemos o ativista Ounderere Egen. Tivemos a abertura de um tal de Álvaro Sivira, não sei se vocês conhecem, né? Que legal! E esse, por acaso, é um pianista. É isso? É mediano, né? Toca bem, toca bem. E este ano nós vamos ter o segundo congresso, né? Serão dois dias:
dia primeiro e dia 2 de junho. Acho que ainda tem ingressos à venda e teremos 12 palestrantes. Ou seja, no ano passado foi um dia só e agora teremos 12. Professor Sidney Ovaria, Alender, Padre Paulo, enfim, serão todos presencialmente lá. Estão convidados, hein? Por favor, procure o Instituto de Psicologia Tomista ou enlouqueça rápido. Falando aqui em Instagram, eu queria lembrar pro pessoal de casa, porque eu não sei se você sabe, Lara, nós abrimos um Instagram dos programas da... que maravilha! Entendeu? Eu quero aproveitar e chamar todo mundo que tá assistindo essa conversa paralela para seguir
@programasBP, o novo Instagram de programas da BP. Então, vai ter corte aqui do conversa paralela, vai ter corte dos outros programas que não são tão legais quanto conversa paralela, mas teremos cortes também. Tem lá seus méritos, é questão de cotas, né? Entendeu? Mas o corte do conversa paralela que é para vocês poderem divulgar aí à vontade. Teremos novidade, tem bastidores também dos programas, bastidores comigo, com a Lara, com os outros apresentadores também, né? Promoções, várias coisas vão surgindo lá. Então já segue @programasBP aí no Instagram, tá bom? Maravilha! A gente se despede, né? Desse excelente
papo, né? Um excelente papo! Muito, muito impactada. Obrigada! Bom, que alegria recebê-los aqui. Espero que vocês voltem em outras oportunidades. Um abraço a todos que nos veem! Muito boa noite! L, boa noite, meu querido! Um beijo. Boa noite para você! [Música]
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