Poema Sujo, de Ferreira Gullar | Não Apenas Histórias

Olá pessoal meu nome é Pedro estamos iniciando mais um não apenas histórias e no vídeo de hoje eu vou conversar um pouquinho com vocês sobre o poema sujo escrito pelo maranhense Ferreira Gular antes de eu falar sobre o poema eu gostaria de lembrar que José Ribamar Ferreira mais conhecido por Ferreira Gular faleceu no domingo no dia 4 de dezembro de 2016 aos 86 anos Gular foi um dos maiores intelectuais do Brasil ele não foi apenas poeta mas sim ensaísta cronista biógrafo dramaturgo crítico de arte enfim ele foi um grande intelectual tendo uma influência gigantesca em

vários segmentos culturais e artísticos no Brasil principalmente na segunda metade do século XX eu quero deixar aqui os meus sentimentos a família e também meu reconhecimento ao grande poeta que foi o Ferreira Gular e lembrar uma da das frases que ele falou que estamos aqui apenas de passagem poema sujo é considerado por alguns críticos o centro da produção literária ou o divisor de águas da produção literária do gou a partir dele foi possível visualizar um grande amadurecimento na obra poética do autor mas antes de eu falar sobre o poema eu queria contar um pouquinho da

história dele por suas opiniões políticas e por toda a sua visibilidade no campo cultural e da prensa o Ferreira Gular Precisou se exilar do Brasil durante a ditadura militar Ele viveu alguns anos em Moscou depois no Chile no peru e foi em Buenos Aires na Argentina que ele escreveu como um último suspiro de vida literalmente o poema sujo ele começou a escrever o poema em Maio de 1975 e viveu o poema transbordando toda a sua poesia toda a sua obra até que do nada como um ferimento estancado as suas inspirações sumiram e o poema estava

inacabado mas em outubro de 1975 a partir de um pensamento do filósofo alemão Hegel ele conseguiu terminar o poema da melhor maneira possível a partir daí muitas pessoas pensam que um poeta que terminou a sua obra gostaria de publicá-la mas não foi exatamente isso que aconteceu e o Gular precisou ser convencido pelo Augusto Boal e pelo Vinícius de Moraes A publicar sua obra no Brasil o Ferreira Gular tava na casa do Augusto Boal e o Vinícius de mora vu o Ferreira a ler o poema e eles poderem gravar a fala dele do poema e foi

assim dessa maneira que o poema foi trazido pro Brasil e a partir daí foi ouvido por muitos amigos do Vinícius de Moraes até que finalmente o editor do Gular e o dono da editora civilização brasileira na época o heno da Silveira resolveu publicar poema sujo no Brasil e foi a partir da publicação de poema sujo da visibilidade que ele conseguiu por causa do poema que ele retornou ao Brasil e era por isso que o ferreiraa Gular sempre Lembrava que poema sujo era além de um Marco na sua carreira literária um Marco na sua vida pessoal

uma válvula de escape tanto para ele conseguir e respirar enquanto estava no exílio ou manter alguma coisa enquanto estava lá quanto poder voltar pro Brasil e agora terminada essa introdução eu quero começar a falar sobre o poema sujo e eu quero começar lendo o primeiro trecho dele só lembrando que nesse primeiro trecho existe linguagem chula portanto se você não quer ouvi-la dá uma puladinha nessa parte e depois continua assistindo o vídeo Turvo Turvo a turva mão do sopro contra o muro escuro menos menos menos que escuro menos que mole e duro menos que forço e

muro menos que furo escuro mais que escuro claro como água como pluma Claro mais que Claro claro coisa alguma e tudo ou quase um bicho que o universo Fabrica e vem sonhando desde as entranhas azul era o gato azul era o galo azul o cavalo azul teu cu dessa forma que se inicia o poema e já é possível a partir daí perceber o quão envolvente o quão Veloz E o quão sugador o poema é não existe regra pra linguagem pra forma e pros temas abordados a gente vê dentro do poema tanto uma linguagem erudita quanto

uma linguagem chula dentro desses versos o poeta trabalha com a memória ou a reconstrução dela assim ele utiliza a sua vida a sua experiência particular para falar sobre o Universal e utilizando-se de si mesmo sintetizando a sua vida e suas experiências ele consegue falar e fazer uma outra síntese muito maior muito mais abrangente sobre o povo brasileiro sobre a humanidade e sobre o homem com concreto o homem complexo que vive conflitos o homem desorientado que a gente encontra somente saindo da rua ou dentro das nossas próprias casas aqui no livro também tem um comentário do

Oto Maria carpo um crítico literário muito importante muito conhecido que ele fala sobre poema sujo e ele diz o seguinte poema sujo é a Encarnação da saudade daquele que está infelizmente longe de nós geograficamente e Tão Perto de Nós como está perto dele na imaginação do poeta o Brasil que lhe inspirou estes versos poema sujo merecia ser chamado poema Nacional porque encarna todas as experiências vitórias derrotas e esperanças da vida do homem brasileiro é o Brasil mesmo em versos sujos portanto sinceros lendo esse trecho do al Maria carp também é possível perceber e ampliar a

nossa visão do que simboliza e o que significa poema sujo da força que esse poema tem o autor Aproveita e abre um leque de temas abordados no livro ele fala sobre a efemeridade da vida como nós vemos e interpretamos aquilo que vemos que na realidade somos nós quem decidimos o sentido que damos paraa nossa realidade Além disso ele sempre fala que nós somos os responsáveis por aquilo que algo ou alguém é que para outras pessoas algo é simplesmente algo mas para nós tem significado tem sentimento tem sensibilidade e tem a nossa própria interpretação o medo

de morrer no exílio as lembranças da sua infância adolescência sua vida em São Luís no Maranhão e por consequência a saudade da sua vida foram as forças motrizes o alimento do poema Como o próprio gull disse certa vez se não fosse a saudade se não fosse o tempo que ele passou no exílio nunca poema sujo teria sido escrito porque ele não teria conseguido transbordar não teria conseguido ter forças ou muito menos inspiração para escrever o poema e uma das características mais importantes dessa obra é a força gigantesca que ela tem é impossível lê-lo e manter-se

indiferente insensível a leitura do livro é veloz e essa velocidade comve evoca incomoda excita aguça todas as nossas experiências e a nossa sensibilidade enfim l o é devorá-lo e ser devorado por ele ao mesmo tempo é perder-se enquanto tentamos nos encontrar e eu não quero falar mais nada sobre ele no vídeo porque é somente a experiência de leitura que pode fazer você sentir tudo aquilo que eu senti enquanto eu li e para finalizar eu quero ler o último trecho dele que é um trecho que finaliza que sintetiza completamente toda a ideia do poema o homem

está na cidade como uma coisa está em outra idade está no homem que está em outra cidade mas variados são os modos como uma coisa está em outra coisa o homem por exemplo não está na cidade como uma árvore está em qualquer outra nem como uma árvore está em qualquer uma de suas folhas mesmo rolando longe dela o homem não está na cidade como uma árvore está num livro quando um vento ali a folheia a cidade está no homem mas não da mesma maneira que um pássaro está numa árvore não da mesma maneira que um

pássaro A imagem dele está vá na água e nem da mesma maneira que o susto do pássaro está no pássaro que eu escrevo a cidade está no homem quase como a árvore voa no pássaro que a deixa cada coisa está em outra de sua própria maneira e de maneira distinta de como está em si mesma a cidade não está no homem do mesmo modo que em suas quitandas praças e ruas poema sujo foi uma leitura indescritível para mim foi uma das melhores leituras que eu fiz no ano eu enchi esse livro de postites eu escrevi

nesse livro eu marquei eu sublinhei eu fiz de tudo porque durante a leitura muita coisa Me Tocou muita coisa me sensibilizou e me fez pensar sobre diversos e diversos assuntos ler poema su é como eu disse é devorá-lo e ser devorado por ele ao mesmo tempo porque você tem uma experiência tão complexa tão intrincada e tão intrínseca que é só com a leitura dele que você consegue provar disso com um gosto real bom E esse foi o meu vídeo nem um pouco Imparcial sobre poema sujo porque sinceramente foi uma das leituras mais incríveis do ano

foi uma leitura muito muito muito tocante O livro é um dos favoritos do ano um dos favoritos de toda a vida sem sombra de dúvidas eu quero deixar aqui na descrição alguns links de alguns vídeos para vocês o primeiro deles é a entrevista que o Ferreira Gular deu à companhia das Letras contando como que surgiu o poema sujo como que é a história desse poema o segundo é uma conversa bem longa que ele teve no Esquenta Mantiqueira sobre poema sujo quando o poema fez 40 anos da sua publicação vou deixar também duas entrevistas dele que

são muito boas uma que ele concedeu em 2011 ao programa Roda Viva e outra que foi ao documentário Sangue Latino são duas entrevistas incríveis muito muito muito boas que eu me apaixonei assistindo e que cada vez que eu assisti eu buscava mais coisas porque foi incrível conhecer um pouco mais sobre a vida dele sobre o poema sujo então eu vou deixar aqui porque foi muito bom para mim vou deixar também um texto que eu li que fala um pouquinho mais sobre a escrita da obra sobre a formação da obra é um texto mais técnico mas

mesmo assim é muito importante que me ajudou a fundamentar as minhas ideias e as minhas opiniões sobre o poema e o último link é um dos mais especiais porque é um vídeo onde o Ferreira Gular lê trechos iniciais do poema sujo e ouvir aquilo com a voz dele é uma experiência muito bacana também muito bem e esse foi o vídeo eu espero que vocês tenham gostado dele eu recebi o livro em parceria com o grupo companhia das Letras Então eu vou deixar aqui na descrição também o link se vocês quiserem fazer a compra dessa edição

a companhia das Letras vai estar relançando toda a obra do Gular Então vai est em edições bonitinhas que nem essa que eu mostrei para vocês se você gostou do vídeo não se esqueça de se inscrever no canal se você ainda não for inscrito de dar um joinha nele e de deixar seus comentários aqui embaixo Além disso não se esquece de me seguir nas minhas redes sociais e até a próxima tchau i [Música]