Muito boa noite, meus caros. Sejam muito bem-vindos ao Lente Católica desta noite, mais uma segunda-feira em que estamos juntos. Toda segunda-feira, sempre às 21:30, nós temos esse nosso encontro marcado. Se você já nos acompanha, seja muito bem-vindo, e se não nos acompanha, então passe a nos acompanhar. Se inscreva no canal da Comunidade Católica Pantocrator e ative também as notificações, assim tudo aquilo que nós formos aqui na evangelização digital chegará para você em primorosa mão. Eu sou o professor Rafael Tonom, sou professor de História e Filosofia, sou consagrado da Comunidade Pantocrator e, na noite de
hoje, vou conversar com vocês a respeito de alguns mitos relacionados à Igreja Católica. Você certamente, no seu tempo de escola, deve ter ouvido uma série de coisas, sobretudo nas aulas de História, a respeito da história da Igreja Católica. Talvez, lá naquela época, você ainda não tivesse o conhecimento que você tem hoje, não tivesse os argumentos, os meios de que nós dispomos hoje para conhecer, para saber das coisas. E certamente pode ser que tenha passado pela sua cabeça uma certa vergonha de ser católico. Pode ser, inclusive, que até em algum momento na sua vida você tenha
pensado exatamente assim: "Eu sou católico, mas esse ponto da doutrina da Igreja, esse ponto da história da Igreja, eu não concordo, eu não admito, eu não aceito". Pois é, essa confusão toda geralmente é causada quando a história é recortada. Quando, ao invés de transmitir os fatos tal como ocorreram, dentro do seu contexto, muitos professores acabam fazendo um recorte. Às vezes por imperícia, às vezes por ignorância, até, às vezes, porque aprendem assim e transmitem assim, sem grande reflexão a respeito daquele assunto. Mas às vezes pode ser também que tenham transmitido esses assuntos dessa maneira por uma
visão ideológica, por uma visão anticlerical, anticristã, uma visão que claramente desejava diminuir o papel da Igreja. Então, meus caros, esse vai ser o nosso assunto dessa noite. Aproveito aqui, já no início dessa nossa conversa, para agradecer a todos aqueles que têm contribuído com a evangelização digital da comunidade. Deus lhes pague! E, para aqueles que desejarem contribuir, vai aparecer na tela aí para vocês os meios de contribuição e, depois, lá no final, eu explico um pouquinho melhor para vocês. Então, desde já, nosso muito obrigado a todos vocês! Gostaria de convidar vocês a colocar aí no chat
a cidade de onde você está falando, a sua paróquia, de onde você é. Aproveite e coloque aí também a sua intenção para esta noite. Sempre no começo do Lente Católica, nós fazemos a nossa oração, entregando a Deus as nossas intenções, nossos pedidos, nossos agradecimentos. E é sob a Luz de Deus que iniciamos sempre o nosso programa, a nossa conversa das noites de segunda-feira. Invoquemos sobre nós a presença de Deus e apresentamos a Ele a nossa oração. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Pai Nosso, que estais nos céus, santificado seja o
vosso nome; venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém. Nossa Senhora, nossa Mãe, nós queremos
te apresentar as paróquias, as cidades de onde cada um de nós que aqui estamos, estamos reunidos neste programa esta noite. Somos de onde somos, de onde viemos. Que a Senhora olhe sobre nossas cidades, nossas paróquias, sobre aqueles que governam nossa cidade, sobre o nosso pároco, nosso bispo. Que a Senhora olhe também para as nossas famílias, nossas necessidades, olhe, sobretudo, pelos doentes, pelos que sofrem. Tudo isso, Mãe Santíssima, nós Te pedimos, contando com a Vossa poderosa intercessão. Abençoai-nos, Senhor, nesta noite, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Muito bem, meus caros, então
sejam bem-vindos. Quem está chegando, quem chegou com a oração começada, não tem problema. Hoje, nós vamos falar a respeito de alguns mitos relacionados à Igreja Católica. Bom, meus caros, quando nós falamos de mitos, a gente tem que entender bem como que nasce um mito, como que nasce uma narrativa a respeito de um determinado fato histórico. Bom, essa narrativa não nasce do nada; ela tem que nascer da intencionalidade de uma pessoa ou de um grupo. Então, todo mito, toda narrativa nasce de uma intenção e nasce também de um fato. Existe um fato que é a base,
que é o que ocorreu, e em cima dele são feitos recortes ou distorções com objetivos variados. Então, quando nós falamos de mitos sobre a Igreja Católica, nós temos que pensar: existe o fato, aquilo que ocorreu concretamente, objetivamente, com dia, hora e local na história da Igreja. Aí, existe aquilo que foi escrito a respeito desse evento, existem as visões das pessoas sobre este evento e existem também os inimigos da Igreja que vão distorcer, manipular, mentir, dividindo para diminuir a força destes fatos. Então nasce aí o que a gente chama de ideologia. O que é uma ideologia?
Uma ideologia sempre é a distorção de uma ideia. E existem ideologias diversas, de cunho político, de cunho filosófico, de cunho religioso, que são sempre distorções de algo original. Então, quando a gente olha para a história da Igreja, nós vemos que isso sempre ocorreu desde o início, desde o início da Igreja. Então, por exemplo, quando nós olhamos para as grandes perseguições que os imperadores romanos dos primeiros séculos desencadearam contra a Igreja Católica, as acusações eram as mais espúrias e absurdas possíveis, como, por exemplo, a acusação de que... Os cristãos faziam rituais onde comiam carne e bebiam
sangue, e aí, de fato, né? Nós comemos carne e bebemos o sangue; a carne é o sangue de Cristo na Eucaristia: pão e vinho transformados em corpo e sangue. Provavelmente, alguém pegou essa informação, que é verdadeira, e a distorceu ou a interpretou de acordo com os dados que tinha. Então, você imagina um romano que nunca ouviu falar da Eucaristia: se ele escuta os cristãos falando de comer a carne e beber o sangue do Senhor, o que um romano pagão vai pensar? Puxa vida, essas pessoas fazem rituais absurdos! Então, eles acreditavam que havia sacrifício de crianças,
que o sacrifício era humano, de fato. Surgem calúnias desse tipo em relação aos cristãos. Essas calúnias, essas distorções, essas falsas acusações já existiam desde o início da igreja, e com o passar dos séculos isso foi se agravando. Nós veremos um crescimento dessas acusações em relação à igreja, inclusive distorcendo a história da própria igreja, sobretudo a partir do século X, com a chamada Reforma Protestante. Martinho Lutero fez campanhas sistemáticas difamando a igreja, distorcendo fatos da história da igreja. Agora, imaginem, numa época em que as pessoas tinham pouco acesso à leitura: os livros eram muito caros, as
pessoas não tinham uma base bem sólida de comparação de bibliografias, comparação de fatos, e de repente elas escutam um padre denunciando os desmandos da igreja romana. Muita gente simples, muita gente incauta, caiu. Então, Lutero percebeu que essas campanhas difamatórias, de fato, minavam a confiança que as pessoas tinham na igreja. Essa estratégia começa a ser utilizada. Lutero tinha em mente que a sua defesa dos cinco solas — né? Sua graça, sua fé, escritura — Nando propôs as suas teses. Ele estava convencido mesmo de que aquilo era a verdade, era um bem. Então, para trazer as pessoas
para aquilo que ele julgava ser um grande bem, ele entendeu que poderia usar qualquer estratégia, desde que as pessoas abandonassem o grande mal. E qual é o grande mal? A igreja romana, o papado. E aí então começam as difamações. Essas histórias começam a se popularizar, elas começaram a se espalhar, e as pessoas começaram a comprar essa narrativa. O primeiro grande momento de distorção da história da igreja já tinha acontecido: pequenos momentos, pequenos eventos, mas o grande momento em que isso é feito de maneira sistemática é na Reforma Protestante. Depois, alguns séculos adiante, no século XVI,
o movimento Iluminista, que depois desembocaria no movimento revolucionário que levou à queda da monarquia na França e à Revolução Francesa. Então, o movimento Iluminista percebeu que também tinha na igreja uma grande barreira para a implantação dos seus ideais de liberdade, igualdade, fraternidade. Mas leia-se liberdade de pensar como eles pensavam: quem não pensasse igual era guilhotinado; igualdade para quem quisesse ser igual a eles; quem ousasse sair fora daquela igualdade, na medida do pensamento iluminista, seria perseguido, eliminado; e fraternidade: todos viveriam como irmãos, todos os que aderissem a essa ideologia, a essa distorção da realidade que era
o iluminismo. Agora, veja bem: eu não estou dizendo que o Iluminismo não tinha nada de bom. Algumas ideias, alguns insights que a filosofia iluminista trouxe são interessantes do ponto de vista do pensamento, mas na maioria dos pensamentos elaborados nessa época, nós temos um erro de princípio. Então, o fruto não pode ser bom. Então, vejam: na época em que o Iluminismo começa a triunfar, o altar e o trono são vistos como os dois grandes inimigos do avanço da humanidade. É preciso derrubar os dois; é preciso derrubar o altar e é preciso derrubar o trono. E aí
triunfa a ideia do estado laico, a ideia da apostasia das nações: as nações devem abandonar a sua fé e os estados devem ser laicos. Então, a difamação em relação à Igreja Católica se amplifica. Por exemplo, as grandes mentiras sobre o papado, sobre o cânon bíblico, sobre a autoridade da Igreja surgem com o protestantismo. Mas as grandes falácias em relação à Idade Média, por exemplo, e tudo que a igreja fez e contribuiu com a humanidade durante a Idade Média, é enterrado, esquecido, distorcido pelo iluminismo. O Iluminismo é que vai começar a chamar a Idade Média de
Idade das Trevas. O Iluminismo é que vai criar essa ideia para supervalorizar a ideia deles mesmos, que diziam que a luz da razão iluminaria as trevas da ignorância. E então, para corroborar essa tese por eles defendida, o que eles precisavam encontrar? Um inimigo. E quem é o inimigo? O inimigo é a Idade Média. E quem forjou a Idade Média? A monarquia e a igreja. Então, nós precisamos combater esse inimigo. Portanto, a Idade Média é a Idade das Trevas, é a idade do obscurantismo, é a idade onde nada de bom foi desenvolvido; tudo era ignorância, tudo
era medo, tudo era superstição. E martelam nisso durante anos e anos, e essa ideia foi entrando na literatura, na música, na cultura, até mesmo em festas populares, ditados populares começaram a incorporar essa ideia da Idade Média como um período obscuro. Acontece que, quando nós olhamos objetivamente para tudo aquilo que foi produzido do ponto de vista cultural na Idade Média, nós vemos claramente que essa alcunha, esse apelido de Idade das Trevas, é injusto. Na Idade Média, desenvolveu-se o método científico dedutivo; na Idade Média nasceram as universidades; na Idade Média nós temos todos os germens do futuro
movimento renascentista; na Idade Média nós temos a tradução e a preservação de inúmeras obras da Antiguidade: obras de filósofos, de médicos, sábios, políticos. Tudo isso foi conservado graças ao trabalho imenso, ao trabalho amplo dos monges copistas que fizeram esse trabalho de preservação cultural. Na Idade Média, nós temos uma expansão das bibliotecas de mosteiros e castelos. Então, nós não podemos dizer que, propriamente, neste período, tudo foi escuridão, ignorância; não podemos afirmar. Algo desse nível é injusto. É incorreto afirmar esse tipo de coisa. Mais grandes descobertas científicas se deram na Idade Média, e essas descobertas só foram
possíveis porque quem tutelou e salvaguardou a ciência foi a Igreja. Na Idade Média, os cientistas, os sábios, aqueles que preservaram o conhecimento, eram membros da Igreja. E se a Idade Média tivesse sido esse tempo de trevas, a humanidade teria parado; nada teria sido desenvolvido e transmitido. Então, os iluministas do século XVI, para que pudessem, inclusive, encher a boca para vomitar a sua falsa ciência, precisaram encher as suas mentes com conhecimento que foi preservado quando, na Idade Média, muitos dos pensadores iluministas foram alunos dos jesuítas na França, no Colégio de La Flèche, em Paris. Interessante isso:
homens que falaram contra a Igreja, mas tiveram uma formação clássica recebida da própria Igreja, sem a qual a cultura não teria se preservado. Então, quer dizer, o protestantismo começa com essas difamações; o Iluminismo expande essas difamações. Mas aí, como que a gente combate isso? Descendo aos fatos, o que não é tão absurdo e tão difícil de se fazer. Então, vamos aqui olhar alguns desses mitos. Eu, obviamente, aqui, a minha intenção não é me aprofundar exaustivamente, porque aí eu teria que pegar um único mito por vez e fazer um programa para cada um, mas vamos falar
aqui de alguns mitos. Então, por exemplo, um primeiro mito para justificar a licitude da divisão do corpo místico de Cristo nos meios protestantes começa a surgir uma tese que volta e meia alguém traz à tona de novo: essa tese de que Constantino fundou a Igreja Católica. E por que vem essa acusação protestante? Porque os protestantes, todos eles, foram fundados ou por algum padre, ou por algum pastor, ou por algum líder religioso; todos eles têm fundadores humanos. Então, qual é a ideia? Diminuir a Igreja Católica, negar que a Igreja Católica tem origem em um fundador divino
e humano, que é nosso Senhor Jesus Cristo. Então, você iguala, nivela, coloca a Igreja Católica no mesmo nível que eles. Só que eles tentam piorar um pouco a coisa. Por quê? Porque Constantino, embora tenha favorecido a Igreja Católica, está muito longe de ser um exemplo ideal de católico. E, ao que tudo indica, ele só se converteu e se batizou mesmo no fim da sua vida. Então, o que eles fazem? Pegam todos os crimes e atrocidades que Constantino praticou e dizem: "Ele é o fundador da Igreja Católica, então a Igreja Católica também tem um fundador humano
como nós." A ideia é nivelar. Só que aí, depois, eles pioram. Por quê? Quando começam a mostrar as atrocidades que Constantino cometeu — e de fato ele cometeu várias, como, por exemplo, mandar assassinar o próprio filho, mandar assassinar a própria esposa durante o banho, um servo seu matou a própria esposa dele — então usam isso para dizer: "Olha aí o fundador da Igreja Católica, olha que absurdo!" Acontece que, como poderia Constantino dar liberdade aos católicos se ele é o fundador da Igreja Católica? Não tem cabimento; é um argumento que não tem pé nem cabeça. E
outra: se Constantino é fundador da Igreja Católica, como explicar que, antes de Constantino, a Igreja Católica já tinha 29 papas, de Pedro até chegar em Silvestre, que era o Papa na época de Constantino? Foram 29 papas. Ora, ora, mas se Constantino é o fundador da Igreja, como que eu vou explicar esses 29 papas antes dele? Então ele fundou o negócio que já existia antes dele. Opa, isso não é possível. E não é possível porque não foi ele quem fundou, simples assim. Constantino é filho de Constâncio Cloro e da Imperatriz Helena. Constâncio Cloro foi um dos
tetrarcas de Roma, que governou Roma no tempo do Imperador Diocleciano. Depois ele se tornou o Imperador único de Roma e foi assassinado pelo seu genro Maxêncio. Isso é o pai de Constantino. Quando o pai de Constantino morre, Constantino sobe ao trono; o Senado de Roma o aclama como Imperador, e ele sobe ao trono. Constantino era um pagão, era um pagão praticante da religião dos romanos; filho da Imperatriz Helena, que era cristã, que era católica, que frequentava as santas missas rezadas pelo Papa, pelo bispo de Roma. Então, quer dizer, afirmar que Constantino é fundador da Igreja
Católica é de uma ignorância colossal, não é? É uma coisa assim que dificilmente a gente pode dizer que a pessoa afirma isso por ignorância. Geralmente, quem afirma isso, afirma isso com claro interesse de manipular e distorcer a realidade. Por quê? Porque a arqueologia desmente. Basta a gente olhar em Roma; tá lá o testemunho arqueológico, está lá. Existe a catacumba de São Calisto em Roma. A catacumba de São Calisto data do ano 90 depois de Cristo. É uma grande catacumba, são galerias subterrâneas que ficam nos subúrbios de Roma. E dentro da catacumba de São Calisto existe
uma capela chamada de Capela dos Papas, onde estavam sepultados os primeiros sucessores de São Pedro. São Pedro estava sepultado na colina do Vaticano, onde está até hoje a Basílica de São Pedro, que foi erguida em cima do túmulo dele. E, depois, nós temos na catacumba de São Calisto a chamada Capela dos Papas, os bispos de Roma, sucessores de Pedro, todos sepultados no mesmo espaço, muito antes de Constantino. As catacumbas, em cujo interior nós temos muitas imagens, pinturas de Cristo, pinturas da Virgem Maria, pinturas dos Apóstolos, o que prova que os primeiros cristãos já possuíam, sim,
ocultas imagens. É um outro mito que muita gente diz: "Não, os primeiros cristãos não tinham culto às imagens." Ó lá! É arqueologia. Aqui, nós não estamos falando de doutrina, de Bíblia; estamos falando de história, arqueologia. Arqueologia, você vai lá, você escava, você analisa o objeto e usa métodos científicos para identificar a datação dos objetos. Objetos do ano 90, do ano 100, do ano 110: nós temos imagens, nós temos pinturas, nós temos, inclusive, pinturas do rito da missa sendo celebrada. Nós temos documentos, por exemplo, escritos da Igreja Primitiva, o Pastor de Hermas, Papias e a Catequese
dos Apóstolos. O Didachê é um livrinho do ano 90 que contém toda a catequese que os apóstolos davam na Igreja Primitiva. Isso foi anotado pelos membros da Igreja Primitiva. Inclusive, esse livrinho conta como eram os ritos: celebração da missa, celebração do batismo, está tudo lá. Daí, nós temos uma descrição perfeita e exata da liturgia da Igreja Católica, tal como nós a celebramos até hoje. Isso é um documento dos primeiros séculos. Nós temos o testemunho, as cartas de São Clemente Romano. São Clemente Romano é um dos primeiros sucessores de São Pedro, e Clemente Romano é citado
em uma das cartas de São Paulo Apóstolo. O apóstolo Paulo conhecia Clemente Romano, que seria sucessor de Pedro na Igreja de Roma. O próprio Clemente vai dizer nas suas cartas que a voz dos apóstolos ainda ecoava nos seus ouvidos. Clemente Romano é o Bispo de Roma. Clemente Romano celebrava a Eucaristia, acreditava na presença real de Cristo no seu corpo, no seu sangue, na sua alma e na sua divindade, presentes na Hóstia consagrada. O que é isso? É fé católica. O culto à Virgem Maria já existia, o culto aos santos apóstolos já existia. O que é
isso? É fé católica. Então, quem afirma que Constantino é fundador da Igreja Católica o faz negando toda a documentação existente na Igreja Primitiva, todos os escritos dos chamados padres apostólicos. Veja bem que essas afirmações vieram depois de Lutero, depois de Calvino, porque Lutero, Calvino, Zwinglio e os primeiros reformadores protestantes não ousavam afirmar um absurdo desses, porque era muito evidente a veracidade desses documentos da Igreja Primitiva. Só que os outros protestantes que foram vindo depois ousaram fazer esse tipo de afirmação, que é uma extrapolação histórica. A Igreja foi fundada por Cristo, e isso está muito claro
no Evangelho de São Mateus, capítulo 16, versículo 18 em diante, quando Jesus diz a Pedro: “Tu és Pedro, e sobre ti edificarei a minha Igreja.” Aqui, um outro mito: muita gente fala “Jesus não fundou igreja!” Não, não fundou? Olha lá! Então rasga o capítulo 16 do Evangelho de Mateus. Pode rasgar! Se um sujeito é cristão e ele acredita que a Bíblia é a palavra de Deus, ele tem ou admite a Bíblia toda ou nega a Bíblia por completo. Ele não pode fazer um self-service ali, escolher o que ele quer. Nesta mesma escritura que ele diz
acreditar, está dito lá: “Tu és Pedro, e sobre ti edificarei a minha Igreja.” Jesus fundou igreja, sim! O fundador da Igreja é homem, mas é Deus, e ele promete: “As portas do inferno não poderão vencê-la. Tudo que você ligar na terra, eu ligo no céu; tudo que você desligar na terra, eu desligo no céu.” Ou seja, Jesus deu a Pedro e aos seus sucessores o poder das chaves. Em todas as listas de apóstolos de Jesus nos Evangelhos, Pedro aparece nomeado sempre em primeiro lugar. Por quê? Já é muito claro o primado de Pedro. Já nos
Evangelhos, já no tempo dos apóstolos, era muito evidente o primado de Pedro. Pedro é o primeiro, Pedro é o príncipe dos apóstolos. Quando Jesus ressuscita, Pedro e João vão correndo até o sepulcro; João chega, vê o sepulcro vazio, mas não entra. Ele espera Pedro, porque Pedro é a autoridade. Quando Jesus prega, numa outra passagem do Evangelho, Jesus pregava de onde? De dentro da barca de Pedro. É uma imagem da Igreja: a Igreja tem um chefe visível. Tem um Vigário; o Vigário de Cristo é o sucessor de Pedro. E isso era muito evidente para a Igreja
Primitiva. Basta a gente ver a importância que o Bispo de Roma sempre teve entre todos os outros bispos. Então, isso era muito evidente. Então, dizer que Constantino, que era um pagão que ignorava completamente as sagradas escrituras, a doutrina católica, a disciplina eclesiástica, fundou a Igreja, é de uma má-fé brutal. Porque basta estudar a história com honestidade que se verá: antes de Constantino, a presença da Igreja já era e sempre foi, desde que Jesus Cristo a fundou. Católica, Apostólica. A Igreja é católica porque é universal, é apostólica porque foi fundada sobre a fé dos apóstolos. Ela
é una porque, assim como Deus é um, a Igreja só pode ser uma. E se a Igreja é o corpo místico de Cristo, Cristo é a cabeça. A cabeça não tem vários corpos; a cabeça tem um único corpo e o corpo tem uma única cabeça. Como Deus é um, como a cabeça de um corpo é uma, assim também o corpo só pode ser um. Então, uma só fé, um só batismo, uma só Igreja, assim como há um só Deus. Simples assim. Então, são mitos que foram se criando depois. Nós vamos ouvir outros tantos mitos, né?
A gente vai ouvir, por exemplo, na época, sobretudo, da Reforma Protestante, que Lutero lutou contra a corrupção da Igreja porque a Igreja vendia indulgências. Bom, vamos lá. Dizer que a Igreja vendia indulgências implica em dizer assim: quando eu digo que a Igreja está fazendo alguma coisa, estou dizendo que a instituição, enquanto tal, está formalizando, normalizando e praticando determinados atos. Então, se eu digo que a Igreja Católica vendia indulgências, muito bem. Onde está? Qual documento papal? Onde que está a bula, a encíclica papal que mandava vender indulgências? Ah, não tem? Pois é. O desafio, quem quiser
encontrar uma encíclica, um documento papal, é o desafio: mostrar esse documento. Não tem! Não existe. Então, dizer que a Igreja Católica vendia. Indulgências é o mesmo que dizer que a Igreja apoiava, aprovava e institucionalizou a venda de indulgências. E a indulgência é um bem espiritual; vender bens espirituais é um sacrilégio, é um pecado chamado simonia. A simonia é a venda de coisas sagradas; é uma coisa absurda, é um pecado terrível. Agora, ao afirmar que a Igreja fazia isso, quem acusa tem o ônus da prova. Então, quem diz que a Igreja fazia isso tem que mostrar
os documentos papais, as bulas papais, as autorizações papais para venda de indulgências. Isso não existe? Opa, então "pena lá". Então, Rafael, então não houve venda de indulgências. Aí vem o problema: ocorreu de alguém vender indulgências. Sim, isso ocorreu, e foi gente da Igreja. Sim, nós temos casos de bispos, de padres, de monges, de abades, até de cardeais que venderam indulgências. Ah, então eu posso dizer que a Igreja vendia? Então não posso dizer. Sabe por quê? Porque os pecados dos filhos da Igreja não são pecados da Igreja, mas dos filhos da Igreja. E assim como a
Igreja Católica teve maus filhos lá atrás, ela tem maus filhos hoje em dia. E se eu for imputar à Igreja toda os pecados de seus filhos, então eu deveria contar os pecados dos homens e mulheres que se dizem católicos cometem hoje. Hoje, nós temos uma porção de católicos batizados que não vão à missa. Aí eu vou dizer: ah, a Igreja Católica é um relaxo? Não, a Igreja não é. A Igreja é santa, é a esposa do Cordeiro, Imaculada. Agora, se o sujeito é batizado e vive como um pagão, é um pecado dele; é um pecado
de um filho da Igreja, mas não é um pecado da Igreja. A Igreja está aí para ensinar o que é certo, para instruir, para governar, para conduzir ao céu. Agora, uma coisa é a Igreja enquanto instituição constituída por Nosso Senhor Jesus Cristo para a salvação dos homens; uma coisa é isso, e outra coisa são os filhos da Igreja, filhos muitas vezes rebeldes, desobedientes e que agem contrariamente àquilo que a doutrina da Igreja ensina. Agora, eu não posso pegar esses maus católicos e medir a Igreja pela régua da maldade deles, do pecado deles. Isso é absurdo,
eu não posso fazer isso, é uma extrapolação. Então, vejam, nós temos casos, sim, de abusos na venda das indulgências; é o caso da Alemanha, por exemplo, na época do Lutero. Um frade dominicano chamado Johan ou Johannes Tetzel, esse frade dominicano, ele cometeu diversos abusos, assim, absurdos, a ponto de quase estorquir dinheiro das pessoas para só depois conceder a indulgência, depois de muitas doações. Então, por exemplo, o Tetzel chegava a um extremo, a um absurdo, de pedir que as pessoas dessem até as suas alianças de casamento, que é o sinal visível do sacramento, como doação. Então,
quer dizer, é uma extrapolação, é um absurdo. Tanto que o próprio Lutero chegou a denunciar; Lutero documentou os absurdos que o Tetzel dizia nas suas pregações, as suas táticas de estorquir os bens das pessoas. Por que o Tetzel fazia isso? Provavelmente para conseguir muitas doações e para chamar a atenção da hierarquia da Igreja, que veria nele provavelmente uma pessoa muito capaz e, de repente, ele poderia se tornar reitor de uma igreja importante, ou até um bispo, ou até um cardeal, quem sabe. Então, quer dizer, o Tetzel era um sacerdote, era um religioso que, lamentavelmente, pecou,
errou, agiu mal. Agora, eu não posso considerar a Igreja Católica inteira usando como régua a pequeneza, a mesquinhez de um monge, de um frade; este único frade pecador não é a Igreja Católica. Ele é parte dela, mas não é o todo da Igreja. O Lutero denunciou o Tetzel e ele foi preso. Ele foi preso! Então, vejam bem, aquilo que ele denunciou de mal na Igreja e que realmente a Igreja percebeu que era um mal foi corrigido; Tetzel foi preso, foi encarcerado, foi punido por uma denúncia de Lutero. Então, veja, a Igreja teve boa vontade, inclusive,
de acolher aquilo que Lutero denunciou e que fazia sentido, que realmente era verdade. Agora, acontece que, depois disso, Lutero começa a fazer outras críticas. Estas outras críticas eram heresias, eram erros de fé, e aí ele não teve a humildade de ser corrigido. A Igreja manda até Lutero o Cardeal Caetano, que era o maior teólogo tomista da Igreja naquela época. O Cardeal Caetano apontou os erros e heresias de Lutero; Lutero não se curvou. Aí Lutero começa a fazer o quê? A zombar da Igreja. Então, por isso que esse termo "Reforma Protestante" também é um mito, porque
não foi uma reforma; foi uma revolução. Revolução é quando você tira uma coisa e substitui por outra. Reforma é quando você pega aquilo que já existe e melhora. O protestantismo foi uma revolução, não foi uma reforma. Então, começa a zombaria em relação às indulgências. E aí essa ideia de que a Igreja vendia indulgências começa a se difundir por conta do erro que é verdadeiro. Veja bem: não se trata de negar a verdade histórica; ocorreu de filhos da Igreja extrapolarem nessa questão da concessão das indulgências, extrapolando inclusive do poder que o Papa dava a bispos e
padres de conceder indulgências em nome do Papa. Então, houve extrapolação nisso; isso é fato. Agora, isso não significa que a Igreja estava vendendo um bem que é espiritual e que serve à salvação. Basta a gente pensar: as indulgências existem, sempre existiram desde o começo da Igreja. Existem até hoje. Hoje em dia, qualquer fiel que queira lucrar, receber as indulgências, basta que ele cumpra determinados atos de piedade e tenha as disposições normais. Quais são as disposições normais? Se confessar 8 dias antes ou 8 dias depois do ato que vai dar a indulgência, rezar nas intenções do
Papa. Comungar dentro desse período e manter o coração desapegado do pecado, aí a pessoa recebe a indulgência. Então, até hoje, os católicos têm a indulgência, que é um tesouro da Igreja, aberto para a salvação dos fiéis, para apagar as penas temporais causadas pelo pecado, para nos purificar e nos preparar para que, no momento da nossa morte, a gente possa entrar no céu. Logo, então, a Igreja vem de indulgências. Não são filhos pecadores, filhos maus da Igreja, agindo contra a Igreja que fizeram isso; só que isso não me dá o direito de dizer que a Igreja
fazia, porque é mentira. E nós sabemos quem é o pai da mentira. Então vejam, esses mitos são criados para dividir. Na Sagrada Escritura, a palavra "divisor" é traduzida no grego como "diavolos" ou "diabo". O diabo é um divisor. Então, basta a gente olhar: esses mitos, essas mentiras sobre a Igreja Católica, surgem para dividir. Então, há uma intenção muito clara do mal contra a Igreja. Por quê? Porque a Igreja é Cristo e Cristo é a Igreja. Não dá para separar Jesus da Igreja, porque a Igreja é o seu Corpo Místico. Atacar a Igreja é atacar Jesus
Cristo, e atacar Jesus Cristo é atacar a Igreja. Bom, seguindo, vou comentar aqui rapidamente mais dois outros mitos, né? A nossa hora já vai avançar. Então, vejam vocês, né? Quando a gente vai conversando sobre esses temas, aí a hora voa, né? Mas vamos colocar aqui duas outras situações. Então, por exemplo, é muito comum que a gente ouça que a Igreja Católica, durante o tempo das Cruzadas, pegou em armas e matou pessoas e incentivou a guerra, incentivou a matança. Como esta Igreja pode ser a Igreja de Deus, que diz "não matarás", se esta Igreja pegou em
armas e matou durante as Cruzadas? Ó, que incoerência! Que coisa! Bom, vamos lá, vamos entender direitinho. Os 10 Mandamentos são uma lei positiva. O que isso significa? Não se trata apenas de uma proibição. Não faça isso! Toda a proibição de Deus é acompanhada de uma preservação; entendam isso. Quando Deus diz para que não façamos alguma coisa, é porque Deus quer garantir, quer preservar algo que Ele nos deu. Então, quando Deus diz "não matarás", não é simplesmente não tirar a vida do outro, mas é preservar a vida como um todo. Não matarás isso implica, inclusive, não
se matar. E não se matar não é só suicídio; Deus está dizendo que temos um dever moral de cuidar da nossa saúde, da nossa própria vida, da nossa aparência, da minha vida. Aliás, o mandamento de Jesus é o quê? Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Para amar o próximo, eu preciso me amar. Eu tenho que amar o próximo como a mim mesmo. Do mesmo jeito que eu me amo, eu amo o outro. Então, como que, não me amando, eu vou amar o outro? Então, o princípio da preservação
da vida começa comigo. Eu tenho o dever moral de preservar a minha vida. Esse é um dever! Eu não posso permitir que essa vida que Deus me deu, que é um dom precioso, se acabe por uma negligência da minha parte. Então, por exemplo, se eu estou na minha casa, entra um sujeito armado, eu estou com a minha mulher, os meus filhos e eu tenho a possibilidade de reagir e não o faço, eu estou negligenciando na defesa da vida da minha vida e da vida dos meus. Então, é um dever. Agora, é claro, às vezes você
não tem como reagir; aí é outra história. Mas se você tem a possibilidade... Ah, o sujeito pulou! Eu vi, ele não me viu e eu consigo, sei lá, com um pedaço de pau, com uma arma, com alguma coisa, neutralizá-lo, eu devo fazê-lo! É a legítima defesa. E a legítima defesa, basta olhar no catecismo da Igreja, não é pecado! Não é pecado, porque eu estou preservando, em primeiro lugar, a minha vida e a vida daqueles que são meus. E quem é o agressor? É aquele que está entrando. Ah, mas Deus fala "não matarás". Tudo bem, Deus
fala "não matarás", só que esse sujeito, usando o mal da liberdade dele, está agredindo a minha propriedade, a minha vida, colocando em risco a integridade dos meus. Então, se eu reagir para neutralizá-lo, ele estará em pecado mortal, eu não, porque ele colocou em risco a própria vida dele e a vida de outros. Mas eu não; eu estou defendendo a minha e a dos meus. Mas pode acontecer que, para fazer essa defesa, eu tenha de usar uma força maior. Então, vamos supor, eu dou lá uma paulada com uma força maior do que deveria dar e o
sujeito morre. Puxa vida, então eu estou em pecado! Não, ele é o agressor! Ele veio para colocar em risco a minha vida e a vida dos meus. Para neutralizá-lo, para impedir esse mal, eu reagi. Só que eu não tinha intenção, mas acabou que o sujeito morreu. Há pecado nisso? Não, não há; é a legítima defesa. Só que do mesmo jeito que existe a legítima defesa pessoal, existe a legítima defesa dos povos. Se o meu país está sendo atacado injustamente por outro país, eu não fiz nada, eu não provoquei nada; é meu dever defender o meu
território. Então, aí existe uma guerra justa. Eu não queria, eu não procurei, mas é um dever, é uma necessidade frear o inimigo que avança para dentro do meu território. Agora, vejam vocês, o Islamismo é uma religião que foi fundada por Maomé no ano de 622. Cem anos depois da morte de Maomé, o Islamismo já tinha se espalhado por todo o Oriente, já havia invadido todo o norte da África, inclusive massacrando populações católicas inteiras no norte da África. Igrejas foram profanadas, dioceses… Foram varridas do mapa pela girada pela Guerra Santa muçulmana. Os católicos sofreram muito com
os ataques muçulmanos, que sistematicamente foram diminuindo a presença cristã no continente africano. E, depois da África, eles entraram na Europa e começaram a atacar os católicos, os europeus na Península Ibérica, o futuro território de Portugal e Espanha. Eles foram estabelecendo califados, sultanatos e guerras e mais guerras contra os católicos. Agora vejam, isso foi mais ou menos no ano 710. Do ano de 710 até o ano de 1095, quase 400 anos, os católicos foram acossados, atacados, mortos, empurrados para fora do seu território. 400 anos depois, o Papa Urbano I convoca a Cruzada, convoca uma reação. O
Papa chama os reis católicos para invadirem a Terra Santa, libertar os lugares Santos e também, não só fora da Europa, mas dentro da Europa, esses reis deveriam garantir a liberdade e a proteção dos católicos. 400 anos depois, o Papa Urbano I foi muito claro quando ele convoca a Cruzada. Ele diz: “Vocês não vão sair daqui para ir matando gente pelo meio do caminho, não! Vocês estão indo para defender aqueles católicos que estão lá.” Então, qual era a ideia? Abrir uma rota de passagem para a Terra Santa, dominar os principais lugares da Terra Santa para garantir
o fluxo dos peregrinos e a paz para os cristãos, para libertar cristãos escravizados pelos muçulmanos e garantir a segurança. A convocação da Cruzada não foi para matar muçulmanos, não foi para matar as populações desses locais, mas foi para salvaguardar aquilo que era caro aos cristãos, aos católicos. Agora, é claro, em muitos momentos nessa chegada dos cruzados ocorreram reações. E essas reações, se não houvesse uma reação dos católicos, dos exércitos católicos, eles seriam dizimados. E aí, de fato, muitas mortes ocorreram. Até a quarta cruzada, os objetivos ainda eram preservados. A partir da quinta cruzada, os europeus
estavam mais preocupados em fazer comércio, em estabelecer alianças com povos do Oriente. E aí, a Cruzada foi perdendo o seu objetivo. O próprio Papa Urbano I disse: “Se a Cruzada perdeu o seu objetivo, que Deus mesmo não dê a ela a prosperidade necessária.” Como de fato, depois, a Cruzada foi entrando em declínio, até que chega na nona Cruzada e o movimento acaba. Então, dizer que os católicos foram gratuitamente para matar muçulmanos também é absurdo. Nós temos que entender o contexto, e existe um contexto precedente de 400 anos de escravização, perseguição, mortes, invasões. O que os
católicos fizeram foi uma reação. E, por último, eu coloco aqui uma outra questão que é a Inquisição. A Igreja Católica queimava as bruxas, a Igreja Católica queimava os hereges, a Igreja Católica queimava cientistas, impedia cientistas, era inimiga da ciência. Bom, basta a gente pensar que a Igreja Católica foi a grande patrocinadora das ciências e que praticamente todos os grandes cientistas da Idade Média, mesmo depois do Renascimento, eram gente da Igreja: bispos, padres, diáconos. Então, esse argumento de que a Igreja era inimiga da ciência, a Igreja matava gente na fogueira porque eram cientistas, não cola. Qual
é o grande argumento que usam? “Ah, mas mataram Giordano Bruno, que era um cientista.” Mas a Igreja Católica, quando prendeu e processou Giordano Bruno, que era um padre católico, a Igreja nunca condenou nenhum escrito científico de Giordano Bruno. O que a Igreja condenou de Giordano Bruno foram os escritos dele sobre teologia, que eram heresia pesada. Ele negava a virgindade perpétua de Nossa Senhora, negava a Imaculada Conceição, negava a presença de Cristo na Eucaristia. Era um herege, então o problema ali era a heresia. E aí, os inimigos da Igreja vêm e falam: "Olha lá, a Igreja
queima cientistas." É um cientista que foi condenado, só que esse cientista, antes de ser cientista, era padre, estava ensinando errado, estava pregando a heresia. “Ah, mas mesmo assim, a Igreja não tinha o direito de impedir a pessoa de ter a opinião.” Meus queridos, nós não podemos julgar os fatos históricos fora do seu contexto. Há 500 anos atrás, 600 anos atrás, a Igreja e o Estado estavam unidos. A influência do catolicismo na sociedade não era só uma questão religiosa, era uma questão social. Atacar a Igreja é atacar a ordem social. Então, por isso, esses processos faziam
todo sentido lá naquela época. "Ah, mas então, Rafael, você está dizendo que todos os métodos, tudo que foi usado, era tudo ótimo, lindo, maravilhoso?" Não, não estou dizendo isso. Óbvio que não, mas nós temos que entender as coisas dentro do seu contexto. Hoje em dia seria absurdo, seria. Mas naquele contexto, as pessoas aceitavam. E acontece o seguinte: Giordano Bruno não foi queimado vivo numa fogueira numa praça de Roma porque ele era um cientista, mas porque ele era um herege. Outro detalhe: a Igreja Católica tinha o poder de julgar o crime de heresia, a Igreja poderia
investigar, ela poderia julgar e poderia dar uma sentença, mas a Igreja não tinha poder para executar a sentença. Então, o que a Igreja fazia? Se a Igreja considerasse uma pessoa condenada, a Igreja entregava esta pessoa às autoridades civis, e as autoridades civis é que executavam a pena de acordo com a lei do país. Entendeu? De acordo com a lei do país, e a lei do país iria variar. Tinha países que exigiam trabalho forçado para um condenado, outros países já tinham a pena capital, mandavam queimar vivo, outros mandavam enforcar. Então, a Igreja, quando condenava alguém na
Inquisição, não era a Igreja que queimava. Então, essa história de que a Igreja queimava as pessoas na fogueira, não! A Igreja não queimou ninguém na fogueira. Quem queimava, quem enforcava, quem executava era o poder secular, porque a competência da Igreja ia até um ponto, que era o ponto de investigar e analisar as provas. Então, existem provas, existem evidências. Esse sujeito é culpado. Então tá. Aqui ele é entregue ao braço secular. E aí o poder público, o poder do rei, o poder do Senhor feudal é que vai decidir o que será feito com esse sujeito. Entendeu?
Então há uma diferença muito grande aí. Muita gente vai dizer: "Ah, mas mesmo assim havia uma conivência." Na verdade, não é uma conivência. A igreja, aliás, os tribunais da Inquisição... Eu recomendo para vocês a leitura do livro do Christian Eald chamado "A Inquisição: um tribunal de misericórdia". Porque, quando a gente analisa a Inquisição sozinha, parece um absurdo para nós, hoje, homens e mulheres do século XX. Só que nós temos que analisar a Inquisição no tempo e no contexto dela. Então, por exemplo, quando a gente olha para a Inquisição, a gente vê lá: "Puxa vida, eles
usavam tortura nos tribunais da Inquisição! Que coisa absurda!" É claro que eles usavam a tortura. Só que também muitos instrumentos de tortura que dizem que usavam, é mentira; são instrumentos que foram inventados, inclusive, depois. Então não tem cabimento, mas quando se fala assim: "Ah, eles usavam tortura, olha que absurdo!" Quais tribunais no mundo usavam tortura naquela época? Todos. Todos. Não era só a Inquisição; todos. Então, nós temos que entender a Inquisição no tempo dela. E, aliás, um detalhe: nos tribunais civis, se uma pessoa confessasse um crime sob tortura, ela era punida. No tribunal da Inquisição,
a pessoa que confessasse um crime sob tortura, ela tinha que confirmar aquilo que ela confessou 72 horas depois, estando em estado normal, com sono e bem alimentada, sem nada de tortura. Então, o sujeito foi torturado, ele confessou um crime, então dê aí para ele uma comida, deixa ele dormir, deixa ele descansar. 72 horas depois, ele vai ser interrogado. Se ele confirmar o que disse sob tortura, então é considerada uma prova contra ele. Se ele não confirmar aquilo que ele disse sob tortura, é descartado. Isso é só o tribunal da Inquisição que fazia. Aliás, o tribunal
da Inquisição era um tribunal que mais absolvia do que condenava. Por isso, eu sugiro a leitura deste livro: "A Inquisição: Tribunal de Misericórdia", de Christian Eald. Aí vocês vão ver como que funcionava o processo jurídico ali para estabelecer as provas. O tribunal da Inquisição, costumeiramente, quando não tinha provas suficientes para incriminar uma pessoa, liberava a pessoa. Então, os tribunais da Inquisição mais libertaram do que condenaram. E, quando condenavam, eles não executavam; era o poder secular que o fazia. Então, são alguns mitos que a gente ouve e aí parece que tudo isso foi endossado, foi feito
pela igreja. E não é bem assim, né? Então, temos que entender as coisas no seu contexto. Meus caros, vamos caminhando aqui para o fim. Eu vou dar uns recadinhos. Quem tiver perguntas pode mandar aí as perguntas. Aproveito para fazer aqui uma propaganda para vocês da nossa loja Pantocrator, a nossa livraria, né? O link da livraria vai aparecer para vocês. Esse livro que eu falei, "A Inquisição: Tribunal de Misericórdia", do Christian Eald, tem na nossa livraria. Então, está aí, livraria Pantocrator. Faço também um convite para vocês que não assinaram a Academia Católica. A Academia Católica é
uma plataforma de formação da comunidade Pantocrator onde nós temos muitos cursos hospedados. Lá na Academia Católica, fazendo a sua assinatura, você terá acesso aos três cursos principais da Academia Católica, mais nove cursos auxiliares. É um conteúdo precioso, riquíssimo. Até semana passada, a Academia Católica estava com desconto. Agora já não tem mais esse desconto. Então, se você fizer sua adesão, a sua assinatura agora, né, você já vai pegar o valor comercial normal. Se, por algum motivo, não deu tempo e você não conseguiu assinar, muito bem. Está aí a oportunidade; o QR Code está na tela. Tá
bom, meus caros? Agora vai aparecer para vocês os dados da nossa campanha da evangelização digital. Todo mês nós fazemos uma campanha, e todo o valor arrecadado na nossa campanha da evangelização digital é revertido para a expansão da estrutura e das atividades que nós fazemos online. E assim nós conseguimos entrar na casa de muita gente, dentro do Brasil, até fora do Brasil, e você é nosso parceiro nessa empreitada. Então, para nos ajudar, os dados estão aí na tela. Você pode nos ajudar através de um depósito bancário e através da nossa conta do Itaú. Pode também utilizar
o QR Code que aparece aí na tela e fazer uma doação diretamente para a comunidade ou ainda usar a nossa chave PIX, que é o nosso telefone celular. Lembrando, né, que a nossa chave PIX é o telefone de contato também. Então, se você quiser saber alguma informação a respeito da comunidade Pantocrator, das nossas programações, enfim, você pode mandar mensagem nesse telefone também. E a nossa chave PIX... Se você já contribuiu conosco, Deus lhe pague! Se ainda não contribuiu e considera a possibilidade de fazê-lo, os meios estão aí, tá bom? Se você ainda não me segue
nas minhas redes sociais, né, particulares, então me siga lá no Instagram, @rafaelponom. Tem o canal no YouTube também, Rafael Ponom. Vamos agora aqui a algumas perguntas pra gente encerrar. Vamos ver aí... Daniel mandando aqui: "Boa noite, Professor! O Vaticano possui segredos que não podem ser revelados?" Bom, o Vaticano tem um dos maiores arquivos do mundo. O arquivo do Vaticano até março deste ano se chamava "Arquivo Secreto do Vaticano". O Papa Francisco agora mudou o nome do arquivo, né? Chama-se "Arquivo Apostólico", né? Porque é o arquivo que está sob a tutela do Vaticano. Só para vocês
terem uma ideia, este arquivo do Vaticano possui 80 km de prateleiras com documentos, né, referentes a vários fatos históricos diretamente ou indiretamente ligados à Igreja. Então, quando a gente olha ali o Vaticano, toda a parte debaixo da Praça de São Pedro, da Basílica de São Pedro, tudo... Aquilo é formado por uma série de galerias subterrâneas e tem ali um zigue-zague de prateleiras com documentos, eh, com muita coisa, muito conteúdo. Eh, o Vaticano tem um, digamos assim, um protocolo, né? Eh, toda a documentação que chega ao Vaticano e que gira no Vaticano durante o pontificado de
um papa, quando este papa morre, essa documentação é lacrada e isolada por um período de 70 anos. Depois de 70 anos da morte deste papa, eh, toda a documentação é liberada. E aí, então, ela pode ser consultada. Então, quando a gente fala desses segredos do Vaticano, né, não são segredos assim, eh, absurdos, escondidos, que não podem ser revelados. Né, não são segredos assim no sentido de que a Igreja preserva esses arquivos porque esses arquivos se referem a decisões de governo, a pessoas, a personagens históricos, a pessoas que podem estar vivas. Por isso a Igreja espera
esse prazo de 70 anos, né, que é por uma questão de prudência. Mas depois isso tudo pode ser publicado, pode ser lido, né? Enfim, então não é tão segredo quanto as pessoas imaginam. O Vin mandou aí: "Boa noite, professor. Por que tantas pessoas acreditam que a Igreja foi contra a ciência?" Então, isso é uma historinha que os iluministas contaram. Só que os iluministas esqueceram de contar, por exemplo, né, que das 140 crateras da Lua, mais de 30 delas têm nomes de padres jesuítas. Por que as crateras da Lua têm nomes de padres jesuítas? Porque foram
estes padres que conseguiram observar por telescópio essas crateras e as identificaram. Olha aí, né, como que a Igreja é inimiga da ciência. Galileu Galilei, grande cientista, levava todas as suas pesquisas, seus experimentos, para serem revistos pelos jesuítas do Colégio Romano. O Colégio Romano, inclusive, o padre Clavius, né, que era o diretor do Colégio Romano, foi amigo do Galileu. O próprio Galileu dizia: "Ninguém fala bem da Companhia de Jesus, pelo menos um bem todos terão de reconhecer, a Companhia de Jesus produziu um gênio como padre Clavius". Então foi a Igreja que fez isso, né? Então vejam,
né, Nicolau Copérnico, o grande cientista. Copérnico, todo mundo elogia a ciência de Copérnico, mas ninguém diz que Copérnico era ar diácono de Cracóvia, na Polônia. Copérnico era o arquidiácono da catedral de Cracóvia. Então veja, Copérnico era um clérigo que inclusive usava a torre da igreja para fazer os seus experimentos e as suas observações. Foi Copérnico quem elaborou a teoria heliocêntrica, de que o sol é o centro do universo, que Galileu depois só melhorou. É gente da Igreja. Então vejam, né, a Sorbonne, a Universidade de Paris. Por que que ela se chama assim? Porque o fundador
da Universidade de Paris era o padre Roberto Sorbon, o capelão do Rei São Luís IX. Olha como a Igreja é contrária à ciência, né, fundando universidades, fazendo observações astronômicas. Então, quer dizer, isso tudo é uma mentira do começo ao fim. A Igreja sempre preservou a ciência, sempre difundiu a ciência. E a gente pode pensar até mais recente: quantos e quantos cientistas no mundo são gente da Igreja? Por exemplo, nós temos o caso do padre Georges Lemaître, que criou a teoria do Big Bang, que é uma teoria amplamente aceita no campo da ciência, que a origem
do mundo veio de uma grande explosão. Ele era um padre, um padre belga. Georges Lemaître, inclusive, disseram, chegaram a provocar o padre Lemaître, dizendo a ele: "O senhor não acha absurdo dizer que o mundo veio de uma explosão e depois, no domingo, lá na sua igreja, na sua paróquia, ensinar para as pessoas que Deus criou o mundo? O senhor não acha isso incoerente?" Olha a resposta do padre Lemaître. Ele falou para os cientistas: "Eu mostro como o mundo foi feito e, para religiosos, para crentes, eu mostro quem fez o mundo". Então, quer dizer, a Igreja
fala quem; a ciência fala como. Ou seja, fé e ciência não são contraditórias, né? Enfim, tem muitos exemplos. Gregor Mendel. Gregor Mendel era um abad beneditino que é o pai da genética. Nada mais, nada menos que o pai da genética. Tudo que nós sabemos na medicina moderna a respeito da genética vem de onde? Vem das teorias de Gregor Mendel. Por que a Igreja é obscurantista, né? Então, quer dizer, hoje em dia, várias doenças que não tinham tratamento, hoje têm, graças ao conhecimento de genética que nós temos, graças ao conhecimento de hereditariedade que nós temos. Tudo
isso veio por conta de quem? De Gregor Mendel, um monge beneditino. Mas olha, né, a Igreja é inimiga da ciência. Então, quer dizer, os fatos estão aí para dizer que não, mas as pessoas insistem em dizer que sim, né? Então, eh, basta assim ter um pouco de boa vontade e de humildade para olhar para as coisas e reconhecer, né, como de fato elas são. Mateus manda aqui uma pergunta: "Boa noite, Rafael. Por que os católicos fazem eh o sinal da cruz?" O sinal da cruz, lá na Igreja Primitiva, era diferente. O sinal da cruz, como
nós fazemos hoje, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, que é uma cruz grega, né, que a gente faz, né, na testa, mais ou menos aqui no externo, um ombro, outro ombro, é uma cruz grega. Eh, se a gente olhar aqui, né, esse formato aqui, eh, esse sinal da cruz, ele é do século IV. Antes do século IV, como que os católicos faziam o sinal da cruz? Assim como nós fazemos na proclamação do Evangelho, na missa, é o que a gente chama de persignação: são três pequenas cruzes sobre a testa, sobre a
boca e sobre o peito. Pedindo a Deus que nos purifique os nossos pensamentos, as nossas palavras e os nossos sentimentos, e então a gente reza a oração, ou, pelo sinal, pelo sinal da Santa Cruz, livra-nos, Deus nosso Senhor, dos nossos inimigos. Então, é a persignação. Na Igreja Primitiva, era isso aqui: as três cruzinhas. No século IV, já estamos saindo da Igreja Primitiva e entrando na Igreja Antiga. Já nesse período, nós temos este sinal da cruz. Por que fazemos este sinal da cruz? Porque é o sinal da nossa salvação. Os cristãos sempre tiveram muito claro que
traçar sobre si a cruz, ou, no caso dos sacerdotes, traçar sobre outros, isso implica em bênção. Porque, como diz São Paulo, toda bênção nos veio daquele que foi chamado de maldito, mas que fez da maldição uma bênção. Porque quem era levantado na cruz, naquela época, era considerado maldito, amaldiçoado. Cristo se fez um amaldiçoado entre os homens para nos dar a bênção da salvação. Então, os primeiros cristãos sempre entenderam isso, e é daí que vem o costume de fazer, traçar sobre si ou sobre as coisas, o sinal da cruz. Certinho? Muito bem, meus caros, a hora
já vai avançada, mas eu convido você a ficar aqui uns segundinhos. Eu vou encerrar aqui, mas você já será redirecionado automaticamente para o nosso tema da semana que vem. O nosso tema da semana que vem é: como a Bíblia descreve Deus e Jesus? Qual é a real aparência de Jesus? E, afinal de contas, dá pra gente saber? Não dá? Enfim, a gente vai conversar um pouco disso na semana que vem. Então, fique aqui, você já é redirecionado. Aproveito para curtir já o nosso conteúdo da semana que vem e para encaminhar para os seus contatos que
têm interesse por esse e pelos outros temas que a gente vai trabalhando aqui no Lente. Tá bom? Fiquem com Deus. Deus abençoe. Até a semana que vem, se Deus quiser. Tchau, tchau!