a seguir eu tô muito feliz de apresentar uma entrevista que eu fiz com o professor Rodrigo Tadeu Gonçalves professor da UFPR da Faculdade de Letras que traduziu um dos clássicos de todos os tempos do mundo antigo sobre a natureza das coisas do lucrécio que é um poeta barra filósofo epicurista antigo no mundo Romano contexto em que era raro ser epicurista o mais comum era ser estoico e essa obra também foi o grande estopim pros modernos ali no Alvorecer da modernidade de proporem as suas teses é um clássico ele é menos conhecido do que deveria ser
e agora eu tenho Como já disse a felicidade de apresentar para você o próprio tradutor falando sobre a sua tradução falando sobre o livro e também falando sobre as dificuldades que é traduzir e ler um livro desse até agora essa entrevista tava exclusiva lá pro Nosso Clube do livro aqui do inef de 2023 em que nós lemos não só sobre a natureza das coisas mas criação imperfeita do professor Marcelo Gazer e também os livros dos estóicos ceneca Marco Aurélio e epiteto é uma felicidade compartilhar isso com você eh se você gosta tanto de filosofia quanto
de letras quanto de literatura por favor curta esse vídeo compartilhe com quem você também sabe que gosta desses assuntos e é isso fique com a entrevista e meu nome é Vittor Lima Eu sou seu professor de Filosofia de hoje de sempre estou aqui não é [Música] filosofia bom eh saudações a quem tá assistindo isso gravado estamos aqui com o professor Rodrigo Tadeu Gonçalves e os nerdes da do clube Aqui quem tá aqui ao vivo comigo agora nesse momento é o Thiago o Paulo e o valfrido e a Sheila acabou de entrar também é possível que
alguém entre no no enquanto a gente converse mas o intuito aqui é conversar com o professor Rodrigo Tadeu Gonçalves majoritariamente sobre a o The Heron Natura a tradução dele sobre o The Heron Natura do lucrécio que é o livro que nós estamos lendo agora nesse momento então vou fazer assim eu quero fazer algumas perguntas pro professor mas antes eu vou apresentar brevemente aqui o currículo o professor Rodrigo tadel Gonçalves é professor de língua e literatura latina na Universidade Federal do Paraná ele é doutor em letras na UFMG e tem pós-doutorado lá pela sorbone também o
nome é muito grande aqui que ele colocou lá no currículo lat dele mas eu vou me limitar a dizer pela sorbone sorbone tem várias subdivisões enfim mas ele tem pós-doutorado lá na sorban na França eu vou colocar todas as credenciais que eu achei na sobre o o professor Rodrigo aqui embaixo Mas eu vou mencionar algumas que eu acho que é bacana de mencionar aqui no vídeo também além de professor o e o professor conduz alguns projetos muito muito muito interessante e o primeiro que eu quero destacar aqui é o podcast iia que é um podcast
sobre literatura antiga tradução literária livros e outras coisas acho que o grande destaque lá do podcast para o que nos interessa aqui é que tem comentários do professor lá sobre o The Heron Natura do lucrécio e também tem uma série comentando a Eneida do Virgílio na íntegra todos os livros da Eneida Então eu acho que interessa vocês também passar por esse podcast eu vou colocar o link quando eu colocar o vídeo na plataforma também tem outro projeto interessantíssimo do professor Rodrigo que é o pécora louca que é um grupo de performance de poesia antiga o
professor faz traduções de diversos textos né não sei se é só ele que faz ou mais alguns integrantes da do grupo mas eles fazem performances musicais com percussão com instrumentos de cordas e tal tem um canal no YouTube e tem um canal no Instagram também do P or louca eu vou colocar aqui embaixo e também tem um canal do YouTube do professor cujo nome é professor Rodrigo Tadeus Gonçalves em que ele coloca aulas palestras textos inclusive inve na íntegra assim tem tem acho que tem um curso lá de teatro grego na íntegra se eu não
me engano Ah tem a versão em vídeo também da da do comentário da ineida do Virgílio então além de professor acadêmico né que seguiu a carreira tradicional ele é um grande divulgador do do pensamento acadêmico e Pô isso é muito digno de nota is tem que ser muito divulgado ele também é escritor de oito livros Pelo que eu vi lá no lates eu vou destacar três aqui que me chamaram a atenção o primeiro eu já quero marcar outra entrevista só sobre ele porque ele é interessantíssimo que é o relativismo linguístico ou como a língua influencia
o pensamento o segundo é a comédia e seus duplos o anfitrião de plauto e o terceiro que eu destaquei é algo Infiel corpo performance e tradução em qu autoria aqui com outro grande Professor Guilherme monti Gontijo flores o professor Rodrigo traduz várias línguas pelo que eu pesquisei inglês espanhol alemão provençal latim e grego e no nosso Clube do livro ele traduziu como eu já falei o The Heron Natura sobre a natureza das coisas Professor muito obrigado por ter aceito generosamente o nosso convite viu imina Eu que agradeço pelo convite sempre bom estar eh conversando como
você disse né com para para além da dos muros da Universidade com com outros públicos isso me interessa bastante eu vou pedir desculpas que às vezes Meu cachorro vai pirar porque é o horário que os outros cachorros passeiam e passam na frente de casa ele faz um barulhão mas daqui a pouco ele para não tudo bem Maravilha tudo bem A ideia aqui é tem tem os nossos nerds aqui da do clube do livro eu vou eu vou fazer uma pergunta e vou passar a bola para eles fazerem outra para fazer justiça aqui a presença deles
também tá mas eu separei cinco perguntas caso fique muito extenso eu não faço as 5 A ideia é que dure mais ou menos uma hora o encontro para não tomar muito do seu tempo também a primeira pergunta é na verdade a primeira pergunta tem o intuito de contextualizar o seu trabalho como um todo Até chegar na obra do do lucrécio aqui então eu queria que sen eu fizesse um Panorama eh e respondesse De onde veio a ideia de traduzir o The Heron Natura e onde essa obra se insere na sua trajetória intelectual como um todo
como é que ela se se encaixa se é que dá para fazer esse Panorama olha eh o o convite para traduzir essa obra ele veio meio que por acaso de um colega que é editor lá da da coleção clássica na na autêntica em Belo Horizonte O Oséias Ferraz ele perguntou isso lá em 2014 Ah você não quer traduzir o lucrécio pra gente e tal e eu pensei bom eu adoro né eu tenho dificuldade de dizer não e eu falei top vamos fazer e isso eh me levou a rapidamente tomar uma decisão que foi traduzir no
no metro né No Ritmo eh tentando replicar o exametro da Atílio porque essa é uma coisa que me interessava eh ainda de início lá nos nos anos 2000 na primeira década do milênio Mas eu ainda não tinha feito nenhuma tradução extensa nenuma tradução completa nada longo assim né emulando ritmos antigos e eu pensei que um poema longo que ao mesmo tempo é é épico e didático né que ele tem a forma de Poesia Épica mas não é narrativa seria uma ocasião interessante para testar esse eh esse formato porque a minha hipótese é que a poesia
antiga não pode ser desvinculada dessa condição de performance dessa condição de recitação de leitura em voz alta né de uma tentativa que mesmo que os sistemas linguísticos sejam muito diferentes de respeitar um pouco dessa dessa Cadência dessa eh dessas batidas né de um de um verso antigo que era sempre recitado e tal então eu juntei um interesse teórico que eu tinha em tradução que eu já fazia e já pesquisava já tinha escrito alguns textos junto com estudantes inclusive eh traduzindo e tentando produzir essas esse modelo de tradução com base em outros tradutores já consolidados com
especialmente o Carlos Alberto Nunes que é um um dos maiores tradutores brasileiros do século XX mas aí eu Aproveitei a ocasião e o convite para tentar juntar esse meu interesse com uma tradução mais extensa né com uma uma vontade de trazer um texto desse para o pro pro pro mercado de um outro jeito porque a gente tinha traduções muito boas em prosa como a do Agostinho da Silva algumas traduções poéticas fora de catálogo no século XIX do Agostinho Leitão né especialmente duas portuguesas no século XIX que são em decassílabos São lindas e tudo mas assim
faltava uma tradução poética que desse para ser para circular né e que resgatasse essa dupla natureza do texto do lucrécio que é filosofia e poesia ao mesmo tempo então eu tomei essa ocasião um cairos mesmo assim do tipo ah agora é a hora vou fazer isso acontecer deu um trabalhão no começo porque eu não tinha muito tempo de dedicação só a esse projeto Demorou mais anos mais tempo do que eu esperava muita coisa aconteceu no meio do caminho mas a e acabou se tornando parte grande importante do da da minha eh produção como pesquisador e
Tradutor porque ao longo desse período todo eh o lucrécio foi entrando como um poeta e filósofo eh no meu no meu radar assim então eu não tava só traduzindo ele eu tava pensando essa filosofia e ela foi eh moldando grande parte das coisas que eu que eu penso e que eu e e e o meu modo de de de ser no mundo mesmo assim né não que eu que eu me Considere um epicurista mas nem que eu que eu leve a sério a a as propostas de filosofia como modo de vida mas tem muito que
dá para aproveitar né num numa num em alguma medida para pra vida pra nossa vida como seres humanos né ali no texto do lucrécio então eu eu quis fazer dessa chance dessa desse momento desse convite alguma coisa que fosse Central Demorou bastante saiu e e agora tô muito satisfeito com esse projeto E continuo com ele porque a depois disso acabei Embarcando na tradução das metamorfoses do do Ovídeo maior do que esse ainda também nesse mesmo metro dá para sair agora em outubro e agora tô na ineida então então eu aproveitei esse esse convite meio fortuito
meio aleatório assim tipo chegou no momento que eu achei que que ia dar certo e entrei nessa nessa estrada mais a sério de tradução de textos longos da antiguidade especialmente nessa forma poética ritmada Então foi uma uma conjunção de tempo oportuno Como como o senhor falou né de ciros de de uma demanda editorial com um desejo de desafio intelectual da sua parte né é a primeira grande obra de de fôlego assim que Senor traduz grande Sim sim antes dela eu tinha traduzido na época eu tava fazendo também por por a pedido da da editora Vozes
eu traduzi O Pequeno Príncipe do santri que é bem pequeno né Eh eu traduzi junto com Guilherme flores e mais três alunos na época o paraíso reconquistado do Milton em decassílabos e Essas eram traduções ainda de não Grande né porque a gente tava fazendo ou textos menores ou ou trabalho conjunto né o paraíso reconquistado não é muito longo também ele é bem menor do que o paraíso perdido Então essa foi a primeira tradução extensa que eu fiz depois o o Ovídeo foi bem maior né aqui a gente tem mais ou menos 7500 versos Ovídeo tem
as metamorfoses tem 12.000 e a enida tem uns 10.000 Então já fiz aí uns 20.000metros [Risadas] não é não essa tradução por si só já é ela ela própria uma uma audia intelectual né não é nada fácil de percorrer ela não eu ia perguntar uma coisa sobre sobre isso na na minha segunda questão mas antes eu vou eu vou dar a oportunidade pro pessoal que já que tá aí alguém quer fazer uma pergunta pro professor antes da minha segunda ou uma sugestão um comentário vou me arriscar aqui Vitor vai lá Tho tudo bem parabéns pelo
trabalho antes de mais nada Professor Rodrigo ouviu o Vítor chamando a gente de nerde aqui depois passar pelo seu currículo é quase vergonhoso então Eh muito legal a gente tem que antes de mais nada acho que enaltecer pessoas dispostas a investir um tempão para traduzir coisas importantes aí da Humanidade para o nosso idioma Néo Com certeza enriquecedor para todos nós então obrigado obrigado e minha pergunta é a seguinte você De certa forma já tratou uma das dúvidas que era o qu desafiador foi a questão eh não sei se eu chamaria de rítmica Mas a questão
eh do do do formato em si né do do poema e dessa questão do do do das métricas específicas e tal e então entendi que tô que já faz parte do do do do seu impulso da questão da Musicalidade e também da questão eh do do da oralidade e e tudo mais outra dúvida que eu faria anotei aqui nos meu no meu pre-work é acerca do contexto né se foi necessário estudar esse contexto para conseguir fazer uma tradução mais palatável né eu não me considero um iniciado em leitura eu eu leio bem menos do que
eu gostaria até mas eu eu tive pouca necessidade de recorrer a pesquisas mais aprofundadas então eu achei realmente muito muito boa a tradução para um público mais geral né é claro que a gente já lê aqui alguns livros por ano eu tô alguns anos aqui com com o pessoal do inef Mas isso foi foi uma leitura confortável de de forma geral a dúvida que eu que eu eh eh tiro agora é se você teve algum desafio extra para fazer essa tradução do grego né do ponto de vista de vocabulário para tornar isso palatável assim né
e e se você tiver alguma memória de algum momento marcante algum trecho marcante trazer pra gente aí ó esse Esse aspecto aqui foi desafiador trazer pro português é ah deixa deixa eu emendar deixa eu emendar a minha pergunta era tinha muito a ver com essa eh em termos de desafio de tradução mesmo né Só um só um detalhe a tradução do latim e não do grego mas a minha pergunta era eh no vocabulário simplista eh sem complexificar coisa eh tem forma e conteúdo num texto ou seja de um lado o aspecto linguístico do outro lado
as ideias que essa que essa língua veicula né é mais difícil é mais difícil traduzir fazendo juiz essa essa essa divisão simplista os aspectos linguísticos ou os aspectos eh das ideias das dos conceitos veiculados eu sei que por exemplo trução faz faz faz justiça a a ao termo eh sementes primordiais ou ou princípios primordiais que traduzem geralmente para átomo né Uhum o que da minha perspectiva de professor de Filosofia dá um por dá dá uma confusão imensa se eu coloco o átomo em não princípios primordiais é dá uma confusão imensa mesmo dá inclusive para para
dizer se ele era de fato alguém que tava defendendo o materialismo tal qual a gente acha que ele tá assim mas enfim pegando a pergunta do eh eu ia usar bem bem esses exemplos mesmo porque o a tradição grega da qual ele e ele ele tira esse conteúdo né ele não tá ele não tá lendo só o Epicuro tem um elemento aí que é o seguinte a gente lê o lucrécio hoje em dia como uma fonte do epicurismo como se ele fosse um um transmissor transparente do Epicuro porque o Epicuro sobrou em poucos textos né
são três cartas e alguns fragmentos e tal resumos e tudo e e quando a gente fala em epicurismo sem explicitar a diferença na natureza das fontes a gente lê o conteúdo do poema do lucrécio que é bastante extenso como uma representação cristalina e transparente do que era o epicurismo como se ele fosse só um tradutor entre muitas aspas aí com com aspas muito grandes no só né com como se o o papel de transmissão de conhecimento da filosofia Romana se reduzisse a uma doxografia não é só contar o que o outro contou sem apresentar nada
de de pessoal sem apresentar nada de novo e já começa errado na minha opinião porque a a maior fonte do epicurismo antigo que a gente tem tirando as coisas que foram rec mais recentemente descobertas do filodemo eh é o lucrécio então assim dos gregos a gente tem muito pouca coisa do próprio Epicuro e dos dos pré-socráticos que estão envolvidos nessa discussão o Demócrito o leucipo eh e mesmo outros que o lucrécio cita no poema que não são epicuristas nem materialistas a Rigor né como empédocles que ele tá citando para mostrar que na verdade ele se
interessa ele quer transmitir o conteúdo a Ráo da filosofia né que essa o o o enfim o sistema filosófico epicurista como um um remédio para paraas afecções pro sofrimento humano mas ele vai fazer isso eh endeusando lá a figura do Epicuro dizendo que ele é a coisa mais importante do mundo porque ele descobriu as coisas mais lindas e maravilhosas do mundo e ele vai sofrer se colocar numa uma condição de de passar por né se submeter a um grande sofrimento um grande esforço um grande Labor filosófico que ele descreve em termos poéticos dizendo passo noites
inteiras tentando encontrar as melhores palavras para eh lançar luz na na na nas nas coisas obscuras descobertas pelos gregos e que a gente precisa iluminar do mesmo jeito que o Epicuro iluminou eh a nossa alma com o conhecimento eh que ele conseguiu transmitir então assim ele tem por um lado um éos de que ele é mero transmissor Submisso ao Epicuro Mas por outro lado ele tá escrevendo poesia que é uma coisa que os epicuristas em princípio denunciavam Eles não queriam saber de poesia escrever poesia não é coisa para para um um sábio epicurista né Essa
uma opinião que a gente encontra no Epicuro e nos comentadores do Epicuro o Epicuro escreve de fato em prosa e ele eh não gosta ele não gosta de poesia o lucrécio decide escrever como outros filósofos poetas né na forma do exametro Atílio ele ele ele segue a tradição do xenofanes do parmenides do impedes que eram filósofos poetas eles estavam escrevendo no metro do Homero né a mesma forma que o Homero e o exido usavam para escrever Então essa é uma decisão uma decisão consciente então transmitir um conteúdo que era aesso a poesia na forma de
poesia é fazer é já é uma adaptação radical né já é um movimento pessoal da parte do lucrécio que não pode ser desconsiderado porque ele mesmo diz né de maneira bastante autoconsciente que os versos dele são como aquele mel que ele passa na beira da da da taça para dar o absinto pra criança para não enganar mas para suavisar o amargor do remédio né do absinto que vai fazer com que a criança convale então assim a poesia ali é instrumental ela é funcional ela é orgânica ela é fundamental por isso na minha decisão de traduzir
como como poesia e ao mesmo tempo como filosofia o que eu queria era fazer o que o lucrécio fez não era só contar o que ele contou porque se eu tivesse só contando o que ele contou eu estaria fazendo aquilo que se considera que ele fez quando se lê o texto do lucrécio como Epicuro como se ele não tivesse lá como se ele tivesse apagado como se ele fosse um tradutor visível ele não é e o que ele faz ali é a leitura pessoal poética do epicurismo dele né que ele tá colocando com eh da
Lavra do próprio lucrécio então quando eu traduzi pensando nisso eu traduzi assim o ritmo é só um dos elementos para para recolocar esse texto nessa mesma posição digamos performativa assim né ou ou eficiente eh o Eu também tento manter na medida do possível os radicais parecidos com os radicais latinos né algumas palavras que não são tão comuns pra gente em português mas que eh decalc as palavras latinas né quando eu uso volupia no lugar de desejo eh é porque a palavra Latina é voluptas que ao mesmo tempo é é volupia mas é desejo mas é
vontade e essa vontade tá na base do livre arbítrio é Liber voluntas Liber voluptas e a mesma palavra que se descreve a que se usa para descrever a Vênus no começo como princípio criativo então traduzir uma hora por prazer uma hora por desejo vai apagar essa a o impacto que significante tem no texto né a importância que essa palavra tem no texto Então eu escolho Decididamente essas às vezes arcaísmos às vezes palavras esquisitas mas que lembram Eh que que que que eh fazem o latim aparecer no português então essa ideia por exemplo de traduzir a
os átomos que no vocabulário do atomismo grego de fato era a palavra átomos no plural átomo são as coisas que não são divisíveis né o a né de Alfa privativo de não né e tomos cortar cortado dividido eh ou então a palavra grega tava lá ele decidiu não traduzir assim eh não não me lembro agora em qual passagem o Cícero menciona essa dificuldade quando ele mesmo decide usar ou não usar a palavra átomos mas o lucrécio ao invés de questionar esse uso Ele Decide usar uma série de imagens diferentes e aí com locuções discursivas completamente
diferentes um é semina rerum sementes das coisas um é corpora genitália corpos genitais ou gerativa em princípio o mesmo elemento no sistema filosófico O que é muito interessante porque assim você tá proliferando conceitos ou vocabulário né de maneira desnecessária você poderia simplesmente decidir usar a palavra grega e usar uma só para ser consistente no seu sistema não ele pref usar várias é bonito é mais bonito porque o poema dele usa essa Vênus que é uma uma divindade mas também é um princípio criativo para falar né do do amor e do fluxo ou da União como
geradora de tudo que existe os átomos estão dançando lá eles se encontram eles fazem coisas nada mais bonito do que então usar palavras diferentes ou jeitos diferentes de se referir a esses átomos as várias muitas outras traduções que eu encontrei do poema decidem usar uma palavra só átomo que a gente sabe do que se trata mas é é como o Vitor disse esse isso isso traz um problema adicional né a gente vai achar que ele tá falando da mesma coisa que a gente fala hoje em dia quando fala átomo e não é bem a mesma
coisa então as minhas decisões foram nesse sentido o ritmo base tava lá a tentativa de manter o máximo possível ordem de palavra radicais próximos aos do latim para fazer esse texto Latino mesmo que você não leia latim mesmo que eh saísse não bilíngue e a tradução daria para ver esse latim vazando ali da tradução sabe num procedimento que é de é de uma tradução que eu que eu inclusive chamo de eh de ultr literal mas não no sentido totalmente conservador que eu porque eu só acho que dá para traduzir assim mas porque essa ultr literalidade
chama atenção paraa literalidade paraa letra né nesse sentido Então acho que foi difícil mas ao mesmo tempo uma vez decidido o critério e uma vez que o ritmo básico tava na cabeça o resto vai saindo ali entende então se o o texto tá legível e tá bom para um público geral é culpa do lucrécio mesmo nesse sentido eu me submeto a essa potência poética dele Porque de fato é muito bonito o texto né limpar esse texto da poesia para só significar como se ele fosse um tratado apofantico né enfim você tá ali declarando coisas e
só o conteúdo importa é uma perda muito grande no caso do lucrécio deixaria de ser literatura né se fosse só o só a mensagem você tem uma um dos princípios da literatura que deve ser levado a sérios é forma e e conteúdo são indissociáveis né isso exatamente eu queria fazer uma pergunta agora que é mais pensando neles assim enquanto a travou minão aqui eu acho que eu tô um pouco tá tá caindo aí mod será que é a minha ou ou ou a sua voltou agora voltou voltou é a minha agora já tô mais perto
aqui do MOD tá não eu queria fazer fazer uma pergunta agora mais pensando no nos leitores aqui tomando contato com um tradutor que não é todo dia que a gente toma em contato com um tradutor e e e nem todo mundo conhece o Ofício de um tradutor né então eu vou fazer uma pergunta que aparentemente é muito simplória mas eu tô fazendo ela simplement de propósito que é para para para que para que o explicite o Ofício de de ser um tradutor mesmo que é para ser tradutor precisa saber muito mais do seu próprio idioma
do que do idioma que se pretende traduzir né Esse é um dos princípios da tradução Até onde eu sei tô certo é eu diria que sim mas também que eu coloco as duas coisas no mesmo nível mesmo nível é eu me lembro que eu ou vi isso numa entrevista eu vi isso numa entrevista a do milou Fernandes no Roda Viva H há um há uns anos ele tava a época traduzindo o Hamlet e ele falava isso ele falava olha eh a Tá certo eu tenho que saber inglês mas antes de tudo eu tenho que saber
a minha língua porque o meu meu desafio maior é encontrar a palavra certa no meu idioma a palavra já tá escrita no idioma que eu tenho que traduzir mas a palavra que eu vou encontrar no meu idioma Nossa exige um grau de conhecimento da minha língua que é longe do ordinário né por isso que tem que ser sim não e ele tem razão porque ele é um escritor né e e o pleno domínio do português que ele tem favorecem traduções de nível excelente que Ach que travou de novo vocês estão me ouvindo não tô tô
ouvindo a a imagem trava mas o som continua tá não eu t pensando nessa coisa do tipo o uma tradução literal eh o o Google faz o o chat GPT faz o bpl fazem são sistemas que fazem quase que perfeitas as traduções hoje em dia mas elas nunca vão ser TR traduções eu eu acho assim que a gente não vai chegar no nível de um tradutor humano quando ele tem esse pleno domínio da língua de chegada que ele tá fazendo um texto que é um texto literário ou é um texto esteticamente agradável que vai funcionar
bem na língua de chegada né o conteúdo a gente consegue transmitir mas a a forma se perde um pouco se a gente não tiver esse domínio da língua de chegada sem dúvida a pergunta que eu queria fazer que que eu vou colocar simp lamente mas que eu queria que o senhor desenvolvesse é qual que é a diferença porque eu vejo algumas similaridades entre leitor e Tradutor eu vou trocar de lugar aqui tá bom Tá bom mas a gente continua ouvindo a a a imagem trava mas o o som continua tá ouvindo a gente agora eu
tô e eu acho que o meu meu modem tá muito longe eu vou vir aqui mais perto dele vai mudar o o cenário tá bom tá bom pronto pratos no fundo Mas agora tá bom tá ouvindo ainda não atualizou a imagem pra gente não mas daqui a pouco Atualiza aí tá aí tá bom não tá bom tá você ia falar da pergunta bonito a pergunta qual que é a diferença do trabalho de um tradutor pro trabalho de um leitor eh eu sei que há muitas diferenças Tá mas eu tô partindo de algumas similaridades que é
ambos T que entender um texto que a princípio eh não entendem e e nesse processo de entendimento eles têm que fazer um processo interpretativo que assim Trocando em Miúdos tirando de lado as complexidades todo processo interpretativo é tentar eh traduzir o desconhecido no conhecido né pegar aquilo que eu não conheço e fazer algumas comparações com aquilo que eu já conheço e progressivamente aumentando ali o grau de de compreensão então leitores e tradutores TM isso em comum o que que um tradutor tem de diferente de um leitor Quais que são os desafios a mais que um
tradutor tem que enfrentar eu posso falar por mim Eh eu sou um leitor eh que tem muita dificuldade em ler fichando um texto por exemplo ou escrevendo alguma coisa ou parando muito eu leio e releio Então os meus livros em geral eles estão todos riscados mas os riscos são sempre assim um asterisco do lado de um parágrafo um círculo em volta de UMS três quatro palavras um risco do lado de um parágrafo dois riscos do lado quando é mais importante e quando eu releio Eu muitas vezes observo que aquelas marcações elas de fato me conduziram
a um tipo de interpretação foco alguma coisa que ali me chamou atenção quando ler de novo eu acabo entendendo o que eu fiz mas isso é um jeito muito pessoal eu conheço gente que prefere ler mais detidamente sempre fichando sempre anotando e tal agora o meu processo de tradução ele me coloca numa numa posição de leitura absolutamente meticulosa que é uma coisa que eu não consigo fazer quando eu tô só lendo um texto então às vezes eu eu tenho a impressão de que eu traduzir um texto é o melhor jeito de eu me apropriar dele
de eu conseguir entender ele o máximo possível que aí eu tô contrastando o tempo todo aquilo que enfim é original e aquilo que eu tô traduzindo Eu gosto muito de ler outras traduções enquanto eu tô lendo eu leio umas três quatro cinco vou vou caçando coisas eu às vezes eu deixo umas três abertas assim e fico eu não tenho medo de Tem gente que fala ah não vou ler nenhuma vou traduzir sem ler absolutamente nada para não me influenciar e a minha questão não é me influenciar mas é tentar perceber que nenhuma tradução é definitiva
e nenhuma tradução é necessariamente melhor do que a outra e e e o meu processo criativo ele às vezes depende um pouco de tomar decisões que às vezes eu percebo que um outro tomou melhor às vezes eu percebo que a minha é melhor mas é isso a proliferação de vários textos e uma leitura muito muito muito pontual durante a tradução é o processo de leitura ideal para mim mas eu não consigo fazer isso no dia a dia sabe às vees demora muito para fazer uma tradução Mas ela me deixa com uma uma percepção muito aguda
do texto eu acho que vale v a pena mesmo para quem não se considera um tradutor ou eh não não se vê como tradutor acha que tem essa distância muito grande entre uma leitura normal e uma tradução porque só um profissional pode fazer às vezes não necessariamente então pegar um texto bilíngue ou pegar um texto e olhar para uma outra tradução dele e aí ficar lado a lado ali contrastando ou mesmo um comentário né no caso do texto filosófico o comentário tem esse papel às vezes né de você ler muito devagar porque daí você vai
consultar uma outra coisa do lado você vai é é é um processo interpretativo de leitura próxima que no meu caso eu só consigo fazer ou quase só consigo fazer quando eu tô traduzindo eu eu eu vou destacar dois pontos que são muito interessantes assim que e que vão ao encontro do que eu converso com com eles quando o assunto é dificuldade de ler livros desafiadores eh acho que o primeiro ponto tava numa fala sua anterior que era a a vantagem de ler em voz alta alguns textos pedem a voz alta né pedem uhum inclusive textos
quer dizer inclusive não eh especialmente textos que foram feitos para serem musicados mesmo né Como música como a causa da poesia Esse é o conselho e a nossa tradição atual já deixou isso de lado há muito há muito tempo né assim o modo como a gente encara os livros hoje eh não não é do ponto de vista oral Talvez isso volte com os audiolivros mas mas enfim audiolivro pelo menos no Brasil não não é uma uma um costume uhum acho que a segunda coisa é ler mais de uma vez acho que é essencial ler mais
de uma vez quando o texto é desafiador né Eh parar a cada momento para fazer anotações no diante de um texto que você já não tá entendendo muito pode ser pode surtir o efeito contrário que é pode ser desanimador uhum eh e de fato teve esse desânimo no início com o pessoal Quando eles começaram a ler o canto um eh o livro Um perdão é eh a uma série de referências mitológicas palavras inusuais que eles F eu não conheço isso aqui e aí o livro inteiro vai ser assim se for assim eu tô ferrado né
a o passo que se você se compromete a ler primeiro lê antes de anotar lê até o final você já assenta alguma coisa na no seu processo né cognitivo de modo que a segunda leitura vai ser mais familiar do que a primeira e tende a fluir mais né acho que é sempre essa dica que eu dou eu acho ela super acho que ela tende a funcionar para teixos desafiadores assim não é ótimo é ótimo inclusive faço isso com os meus alunos eu acho que tanto em aula de língua latina quanto em aula de literatura antiga
é interessante eu sempre falo Leia primeiro mesmo sem entender nada venha pra aula e depois se possível ler de novo porque são três processos completamente diferentes e a segunda leitura vai ser muito rica aí a segunda leitura vai ter o acréscimo de tudo aquilo que veio do que a gente falou em aula e daquilo que você leu antes então acho que é por aí mesmo é por aí eu eu tem uma uma uma amiga que fala que ela não lê duas vezes o mesmo livro porque ela tem muitos livros para ler e aí ela acha
uma perda de tempo e eu falo Nossa mas sério que você tá privilegiando a quantidade a qualidade em alguns momentos da vida sim é é uma escolha que a gente tem que fazer tem que ler muitos livros e não alguns poucos mas como princípio de vida Eu sou completamente contra essa essa diretriz porque na verdade é o que eu falo para eles né Aquela ansiedade diante de uma livraria Tanto livro para ler e eu não vou viver tudo isso para ler eu falo assim olha mas não te interessam todos esses livros Você não tem porque
ter ansiedade para ler todos eles entende eh mesmo aqueles que você selecionar para ler olha mas você descobre vivendo que você nem queria ler tanto assim quanto você achava na verdade alguns livros que são poucos os livros que vão te marcar de verdade assim que vão ficar no seu coração que vão ficar na sua memória que vão fazer você se lembrar deles em momentos chave da vida então Essa é uma das apostas que a gente tem aqui assim vamos pegar poucos livros durante o ano não 12 para ler o um por mês fingir que ler
um por mês né Vamos ficar ler mais de uma vez né Acho que esse processo é muito bom e não precisa também ter isso que eu queria falar ah apesar de ser muito interessante muito gostoso do ponto de vista intelectual não precisa ter para todos os livros a exigência que um tradutor tem ou seja um tradutor precisa eh ter uma exigência um grau de profundidade por dever de ofício né mas parece que tem uma tem um uma certa ansiedade com com leitores que o desafio de livros desse tipo que é assim se eu não entender
Tintim por Tintim então eu não tô entendendo nada não eu queria perguntar Senor profor Rodrigo se o Senhor entendeu tudo que tinha para entender sobre esse livro claramente não as pessoas me perguntam tem tem problemas filosóficos ali que eu não consigo nem recolocar assim tema questão que eu acho maravilhosa da inexistência de uma quarta Natura no quarta natureza um negócio muito louco eh difícil de entender eu fui para comentários eu fui para outras traduções eu conversei com filósofos que são meus amigos e tal e as pessoas têm dificuldade de entender mas eh até um certo
ponto a gente a gente vai mas que exatamente ele tá falando eu não sei a parte mais importante do livro na na minha opinião que é talvez o centro dele é a mais difícil de traduzir que é a parte do do do clinam o de clinamen aquela desvio lá no livro dois e a sintaxe é muito louca naquele momento a minha tradução ficou muito tosca difícil naquela passagem porque o texto Latino é difícil e eu não queria suavizar um negócio que não é suave porque não é não não não tá totalmente claro o que ele
quer dizer com aquilo até hoje eu eu releio e eu releio e eu releio eu fico pensando é um negócio complicado mas o texto tá lá a gente tem né as outras traduções resolveram então Eh os comentadores es acham que resolveram então a gente segue adiante e torce para dar certo é isso né como como não filósofo de Formação embora eu tenha trabalhado muita grande parte da minha carreira com com com filosofia como diletante né porque no fim das contas eu fui fazer pós-doutorado com a Bárbara cassan e ela trabalha com filosofia grega muito muito
muito sofística e até hoje agora tô dando uma disciplina na pós-graduação sobre Bárbara caçan eh me interessa muito a a filosofia desse tipo né da sofística da do discurso da discursividade mas eu não tenho formação de filósofo fiz letras e E aí eu eh a minha leitura é sempre de alguém que um pouco de fora né que tá na margem e traduzir filosofia para mim é é um grande desafio no momento eu tô traduzindo ceneca também para uma outra Editora Os os tratados murais e e eu tenho lá as minhas dificuldades para entender o que
ele tá falando porque não é tudo transparente sabe mas dá para traduzir n a gente vai traduzindo porque as pessoas já traduziram antes a gente entende o latim Mas a gente não entende o conteúdo plenamente S isso isso é alentador para eles eu tenho certeza ouvi isso da sua boca é alentador para eles eu tenho certeza por isso que eu fiz questão de perguntar eh valfrido Faz a pergunta aí tá contigo então até nessa questão aí da da da interpretação do da forma do conteúdo e tal eh O Discurso ou a escrita do lucrécio né
carrega um sem número de conceitos de física sobretudo e de química que se provaram se não era exatamente eh o que ele eh exibia naquele momento com conhecimento que ele tinha e tal Hoje a gente sabe que não tá muito distante do que Ele propôs da proposição conceitual dele eh em vários casos tá insinuado lá por exemplo a lei da conservação das massas que Ok eh só foi elaborado e publicado e aceito século XVII provavelmente né Eh você quando tá fazendo a tradução você interpreta esse tipo de conceituação que tá eh eh ali intrínseca no
texto e se você interpreta eh você busca alguma luz aí com o pessoal de ciências naturais por exemplo eh físicos químicos etc porque eh eh isso aí não é evidente sabe você precisa ler e reler e reler para você falar olha aqui tá configurado por sabe um conceito X por sabe tá dos dos quais o mais simples aí são das partículas eh primordiais né que bom logo de cara bom tá aqui eh e tal mas as outras são mais complexas e eu acho bastante sofisticadas até Tá sim não com certeza eh eu eu consultava o
que o que era possível assim eu tinha um eu tava sempre me apoiando nessa nesse escudo do tradutor né que eu não sou especialista em epicurismo eu sou só o tradutor então não não atire no tradutor mas me interessava muito olhar para pras notas das outras edições pros comentários para eh porque as pessoas estavam enfim explicando coisas que eu não conseguia entender só pelo texto e na medida do possível eu trazia Quando essas questões eram relevantes ou considerava relevantes para as minhas próprias notas interpretando os comentários dos outros tradutores e comentadores eh chamando atenção para
essas para essas aproximações importantes algumas dessas coisas eu achei muito impressionantes eu o o Livro Cinco e aquela aproximação que que dá para fazer do livro C partes do livro c com uma espécie de protot Teoria da Evolução darwiniana tem uma coisa muito várias coisas ali chamam muita atenção né claro que como você disse não é que ele tenha eh fundado esses conceitos e eles estejam eh que eles tenham sido transmitidos assim sem interrupção até a ciência moderna mas grande parte da ciência moderna releu ou leu o lucrécio a partir inclusive pela primeira vez a
partir do século XV né o impacto dele é em alguma medida maior do que a gente imagina E aí eu lia outras coisas para me interar no máximo possível de dessas questões mas o tempo nunca foi eh sempre foi um pouco escasso então eu li alguns físicos Eu gosto do Carl rovelli que é um físico italiano bem famoso hoje em dia um popst assim E também muito sério falando sobre a a a gravidade quântica desculpem Unos barulhos aqui que vários barulhos no ambiente não fica tranquilo tá nem dá para ou ver os barulhos só dá
para ou ver só beleza eu eu lia na medida do que dava eu lia os comentários do do Thomas neel que escreveu né uma um um texto pro pro pro livro Acho que foi o prefácio que é um professor de Denver que tem três volumes de comentários sobre o lucrécio que são maravilhos os ele é um filósofo de de primeira linha n trabalha com teoria do fluxo Ele trabalha com umas leituras muito loucas do Marxismo num teoria da ação é um cara muito interessante e que leu o lucrécio de um jeito que eu não tinha
visto ninguém ler né também um pouco na na linha do daqueles filósofos mais herméticos o aquele Como é que é o nome daquele cara que tem um livro super famoso importante sobre lucrécio que é um filósofo dos anos 60 70 já esqueci o nome agora mas enfim eu lia na medida do possível essas coisas e eu tentava eh quando quando era viável colocar isso em nota mas como não não a proposta não era também escrever um ensaio sobre algumas das coisas que eu fui encontrando que não entraram na tradução elas foram sendo acumuladas para textos
posteriores então eu tô eh ruminando uma uma uma interpretação da dessa questão da Volúpia ou da voluptas ou do do desejo da vontade em Vênus e eh na vontade individual que supostamente é é é permitida pelo clinam como uma espécie de amarração filosófica que talvez seja possível fazer mas eu ainda não escrevi esse texto Então essas coisas sempre que eu releio que eu vou dar aula sobre o texto ou falar sobre o texto as coisas voltam e eu eu percebo uma coisa nova então com bastante honestidade assim não fui estudar o suficiente de outras ciências
para poder traduzir mas ao mesmo tempo sempre foi me interessando que a a a a coisa borbulhava de repente tem uma teoria possível potencial de mundos de universos de multiversos né aquelas coisas que aparecem al você fica meu Deus como é que esse cara tava falando esse negócio naquela época né impressionante então na medida do que dava eu fui incorporando como notas e depois vai acabando aparecendo aí o trabalho do do do tradutor e o trabalho do filólogo e o trabalho do do crítico acabam virando outras coisas eu tenho escrito algumas coisas a respeito né
acho que por aí boa antes de eu de eu fazer a minha vou passar pro pro Paulão obrigado valfrido Paulo tá contigo obrigado boa tarde professor Rodrigo eu vou ser um pouquinho ousado aqui S Desculpe a minha a minha a minha ousadia eh eu já tive conhecimento e que você eh faz eh enfim eh faz performance tem grupo de que que leva a a esses esses escritos antigos e interpreta sobre forma de arte eh o o professor Vitor sempre ressalta muito pra gente nesse nessas eh leituras de clássicos épicos antigos a gente já leu a
Ilíada aqui na no no no nosso Clube sobre a importância de você falar em voz alta de você respeitar a métrica de você ter a sonoridade porque isso é parte da mensagem e não é uma parte sem importância não a gente costuma né acostumada a ter uma leitura exclusivamente intelectiva eh a gente não dá o devido valor a essa essa parte e eh eu gostaria se fosse possível se não fosse abusar que você eh recitasse pra gente uns uns versos em latim do poema para que a gente percebesse né aquela métrica do do do do
do dos três dedos dos pés eu já ouv alguma coisa a respeito disso você pudesse falar alguma coisa a respeito e pudesse exemplificar pra gente falando que eu achei aquilo muito interessante muito legal Sabe fiquei assim fascinado É essa a minha solicitação Claro mas com com prazer Deixa eu só pegar o livro que ficou lá no escritório Eu já eu já pego já volto não eu acho que essa essa é uma das maiores inclusive curiosidades de quem não tá na universidade com especialista em latim né para para ler na na métrica certa no ritmo certo
cara eu achei incrível achei incrível isso você precisa ver Legal vocês lembram que mandou bem demais a gente pediu lá no pass ví dele ele achou incrível incrível é incrível a gente tava lembra do que ano passado quando tava lendo a eliada a gente pediu paraa Nossa colega portuguesa recitar o Camões era outra coisa também é outra coisa diferente é É parece que é outra coisa é é é não eu acho muito muito legal eh vocês querem escolher uma passagem alguma coisa que chamou atenção na leitura que vocês gostaram mais eu escolheria abertura eu a
abertura é o prémio abertura Então tá eh eh qu qual qual que é o tipo de de verso mesmo que me escapou tem um nome espe ch exametro dat Atílio o exametro díli é o verso do do Homero né primeiro ele é oral depois ele vai ser incorporado à literatura erudita e ele eh se compõe no latim e no grego de células ou pés rítmicos então de sequência de sílabas longas e Breves a gente não tem exatamente o mesmo sistema porque eles também tinham o sistema de acentuação tônica e átona concorrendo com esse sistema de
longas e Breves então um verso Latino vai ter tanto acento de palavra quanto eh longas principais no pé por exemplo um dátilo é um pé que tem uma sílaba longa seguida de duas Breves E aí ele pode se reescrever ou se substituir por um espondeu que são duas sílabas longas então eh não necessariamente a longa vai corresponder ao acento da palavra então para eles era um sistema múltiplo complexo que era recitado eh dá para supor mais ou menos como se recitava mas aí na minha tradução eu tive que substituir as longas e Breves por tônicas
e átonas e E aí eu fiz essa substituição assim como um pé dátilo tem três sílabas e um espondeu tem duas eu fiz um um pé de três ou de duas sílabas com a tônica principal na primeira E aí duas átonas ou uma átona depois e fui fazendo isso constantemente eu fiz questão na introdução de Não não chamar atenção pro fato de que isso tem que ser respeitado a ferro e fogo na leitura porque eh Acaba atrapalhando mais do que ajudando aí a grande sacada de uma tradução como essa é que se você lê em
voz alta mesmo sem o treinamento de como que escand o verso Latino o exame tal você começa a perceber esse ritmo ele tá lá por trás ele é como uma uma espécie de de pauta invisível né ele vai acabar aparecendo se você conseguir fazer a leitura eh acabar no final do verso dá um tempinho para começar o outro você vai percebendo que as tônicas estão mais ou menos nos lugares onde elas deveriam estar então funciona eu vou ler em voz alta porque daí fica mais fácil de entender ali em latim se vocês tiverem com o
livro tá na página 26 a primeira passagem latim que tem lá e uma coisa importante é que o verso tem uma uma pausa em algum lugar no meio dele não exatamente no meio que é uma cesura que dá uma variedade também para esse ritmo para ele não ficar tão monótono e também para dar uma respirada mas eu vou vou ler aqui então FR [Música] conum conum lumin [Música] Solis [Música] FL e a tradução mãe dos enades ó Volúpia dos homens e Deuses alma vus que so os astros nos céus deslizantes tu que os navíos mares
frutíferas terras frequentas toda a espécie dos animais foi por ti no princípio Concebida e avistou os luzeiros do Sol Oriente ventos fogem de ti ó deusa e as nuvens celestes fogem do teu advento e a ti a terra dedha flores suaves oferta e riente as ondas dos mares e também Plácido em lume difuso o céu vasto a Lumia boa muito bom um [Música] pouco uma coisa que que eu comecei a fazer no no começo n esse nosso grupo de performance é eu o Guilherme flores e no começo alguns vários alunos o grupo chegou at ter
umas 10 pessoas e hoje em dia nós somos só três mas o Guilherme Bernardes que é um doutorando meu que tá quase acabando o doutorado já e a gente traduz de várias línguas especialmente latim e grego e faz canções ou leituras performáticas e coisas assim com vários tipos de instrumento uma das coisas que a gente fez no nos primórdios do grupo que dá para encontrar lá no no canal do YouTube é uma leitura do desse desse mesmo trecho aqui do do lucrécio em várias línguas diferentes tem uma tradução do francês que é aamérica como a
minha tem uma tradução pro alemão eh do Hans HS que é o um dos eh dos coletores de fragmentos de presso um daqueles editores de prcr ele traduziu também créo exametro eh e tem uma tradução em espanhol de um professor filólogo Augustin Garcia Calvo que traduziu uma série de coisas também segundo o ritmo antigo e uma tradução pro inglês que um amigo meu Tradutor já velhinho eh o Rodney marell americano ele traduziu esse trecho em exame também então a gente faz fazia uma leitura alternando os versos em latim Português Inglês francês espanhol e às vezes
o alemão o alemão dava um certo trabalho para encaixar na no no metro e o espanhol também mas enfim eh e aí a gente embaralhada pessoa fazia uma língua diferente então fazia um verso em latim daí um verso em Português daí um verso em francês e assim por diante e no final todo mundo Lia ao mesmo tempo como é o mesmo ritmo e cada um na sua língua então a gente fazia uma coisa polifônica em quatro cinco ou seis línguas diferentes com os mesmos versos latinos né Eh versus do lucrécio E aí acompanhado de percussão
quando possível e tal para enfim demonstrar em alguma medida que essa Cadência do exametro daí ela tá por trás da do Ritmo né o que ela ela ela conduz a leitura performática do texto Então mesmo que você não seja treinado para ler em latim desse desse jeito em voz alta lendo em voz alta com não muito rápido né o texto traduzido logo você pega esse ritmo e ele vai ele é um pouco é um pouco encantatório né porque a recitação eh do aedo ela envolvia um pouco essa coisa do tipo não exatamente acompanhada de Música
podia ser mas eh o a a Cadência métrica e rítmica ajuda a narrativa aí paraa frente ela conduz um certo tipo de narrativa né então se esperava do cantor de Poesia Épica que ele soubesse eh recitar né De acordo com o metro e e por outro lado né o metro ajudava o cantor a improvisar quando ele esquecia a saber o que tava vindo depois então quando a gente pensa lá o Homero tinha aquelas fórmulas repetitivas né os epítetos aquelas coisas não é só porque era repetição porque não era muito sofisticado Mas é porque aquilo cabia
dentro de um pedaço métrico do verso Então você tem como os blocos de construção da Poesia Épica né se o cara esquece um negócio ele tem um verso inteiro que ele pode repetir que ele Lembra pelo ritmo Então não é uma coisa muito Arana é para ser simples é que os filólogos que trabalham com métrica grega e romana fizeram parecer Difícil eles dão nomes difíceis para as coisas mas quando a gente lê em voz alta texto Latino texto grego eh a gente vê que não é tão difícil eles compunham pensando nessa nessa partitura métrica né
eles estavam pensando ali naquilo em voz alta Tinha que funcionar não é no papel excelente eu eu eu há há um tempo falei para eles de um projeto que o professor André Malta lá da acho que é úp o professor André Malta né Eh fez com em parceria com o rapper lá de São Paulo para músic muito legal muito legal muito bom né e e e a a dinâmica é essa né a dinâmica era Popular também na lá na Grécia antiga né e é erudita hoje enfim por diversos motivos mas mas o intuito primordial era
para atingir o máximo de pessoas possível né isso tem que ser Exatamente é também acho e bom eu vou finalizar aqui com uma acho que o valf levantou a mão ali Ah então vou vou vou dar a vez pro valfri e eu finalizo vai lá valfrido ok é rápido Talvez seja uma resposta muito curta e Clara eh esse latim em que escreve o lucrécio é o latim latim eh alta cultura ou é o latim vulgar por quê em algum momento eh do do de herno natura ele diz olha o vocabulário Latino Não tem o vocábulo
que traduza em uma palavra a ideia que o vocábulo grego é capaz de eh trazer ou de traduzir eh isso é porque eh realmente ele tava o o latim tava se se desenvolvendo de um latim mais baixo em termos de eh expressão conceituação etc porque os pensamentos talvez filosóficos em latim não tivessem atingido o mesmo nível dos gregos Tá certo ou é uma uma circunstância ali da formação ainda do latim na época considerando todas essas possibilidades aí da da própria origem e de quem tava conduzindo o desenvolvimento da língua né porque esse é um fator
importante né sim não essa pergunta é muito é muito legal porque ela tem várias respostas ao mesmo tempo eh o o lucrécio tá num contexto ali mais ou menos do primeiro metade do século iiro antes de Cristo em que o latim tá quase que já e no seu auge estilístico gramatical ele é contemporâneo do Cícero Cícero eh vai ditar o texto depois que ele morre eh o Cícero também fala desse problema dessa dificuldade que o latim ainda tem naquele momento para encontrar eh um um vocabulário conceitual para falar de questões filosóficas gregas então eles estão
preocupados com essa construção né lexical conceitual mas a língua já tá plenamente desenvolvida o Crécio decide Em alguns momentos usar eh formas arcaicas que são poeticamente arcaicas porque ele tá se se espelhando ainda não tem o o o Virgílio não escreveu ainda o Virgílio completa 15 anos e assume a toga viru no dia que o Crécio morre então tem uma é simbólico assim né que o maior dos Poetas Romanos ainda vai ler o o lucrécio depois então lucrécio é o grande o primeiro grande poeta épico depois do hênio que é um cara que escreveu no
no século 3 antes de Cristo né um dos primeiros escritores Romanos no final do século io e e o lucrécio tá ele ele se vê muito na Poesia Épica do hênio ele vê um grande espelho ali arcaico né num período que a gente a gente chama de arcaico no entanto ele tem pleno domínio do latim que é o latim ciceroniano ele tá dentro de todas as regras se por um lado ele admite que falta vocabulário para falar de coisas filosóficas gregas eh a sério como o Cícero também faz por outro lado ele tá eh usando
um um topos retórico de falsa modéstia porque ele consegue dizer absolutamente tudo que ele quer com o vocabulário disponível em latim e quando Especialmente quando ele fala das palavras que tão indisponíveis em latim parece que ele fala muito menos para se humilhar como falante de Latim a língua Pátria não tem a minha língua paterna não tem as palavras suficientes para falar isso mas o exemplo é o pior de todos porque é a palavra eh romeria que e do anaxágoras que é um conceito grego que ele vai ridicularizar logo depois ele fala Ah nós não temos
uma palavra para traduzir essa palavra grega que o anaxágoras diz que quer dizer que eh as coisas são feitas de coisinhas menores e as carnes são feitas de carnin ele começa eh explicar da maneira mais infantil e imbecil possível para ofender o anaxágoras E aí na verdade a ideia não ter uma palavra para Aquilo é ser uma língua melhor porque você não precisa de um conceito tão imbecil quanto esse então ao mesmo tempo em que ele tá tentando colocar e o latim nessa posição subalterna né ah pobrezinhos de nós nós precisamos trabalhar muito ainda para
chegar no nível dos gregos ele tá conscientemente mostrando que em vários lugares especialmente conceitualmente falando filosoficamente falando ele já superou essas coisas Cícero fala bastante dessas coisas também em vários lugares acho bem interessante pensar nisso a gente chama isso de argumento da pobreza da língua tem até posso passar uma referência sobre que tem um texto muito legal de um de um classicista falando sobre esse topos no lucrécio e em outros autores também de como isso não é por acaso né Eh eu não conhecia isso não legal obrigado obrigado Rodrigo bacana legal uma uma das coisas
que que eu fiz questão de de fazer no material material de apoio da Leitura para eles é na medida que eu conseguia também localizar a estrutura retórica e argumentativa do lucrécio né Que tipo de argumento ele tá utilizando e nessa parte é muito presente o recurso retórico que ele utiliza de ridicularização né E às vezes de ofensa né claramente assim ele chega a ofender mesmo alguns Alguns pensadores ali Inter bante l com essa chave também ele uhum certeza eu tenho mais três perguntas mas não vai caber eu vou fazer uma que é curta mas eu
acho que é difícil de responder não sei a gente tá a gente terminou a leitura agora eh a gente vai fazer o último encontro no domingo agora de fechamento e tal e talvez essa pergunta apareça lá que é eh como diia lá Dom Casmurro uma tentativa de unir as duas pontas da vida aqui ou as duas pontas da obra aqui que é ele começa com a Vênus e termina com Atenas né não Atenas a deusa mas a a referência ali à peste de Atenas Por que que ele inicia com uma odde a vida e termina
com uma uma cena tão brutal né e de morte qual qual que é a sua interpretação Professor olha essa é uma das das mais difíceis né Tem gente que defende que o poema tá incompleto que ele se matou no meio não terminou eh e aí um dos argumentos seria esse que não não parece fazer sentido aquela cena da peste de Atenas no final do poema eh e essa leitura é uma leitura já enviesada né porque ela é uma leitura que tenta desacreditar o epicurismo com base em critérios éticos porque se ele teria se matado ele
não viveu a a a filosofia que ele prega né se ele se matou inclusive por conta de um amor e terrível né ele tava apaixonado e a mulher teria dado uma uma poção de amor para ele um feitiço e ele escreveu o poema nesses pequenos lapsos de Lucidez que é uma coisa muito louca porque daí é um poema epicurista que claramente Condena o excesso em qualquer coisa né no prazer no na comida no sexo no no no na paixão no amor eh e tudo tem que ser moderado e de repente ele imoderadamente se mata porque
tá apaixonado então Eh o argumento é ele se matou porque tava apaixonado então o poema não vale o argumento epicurista não vale não serve porque não serviu nem para quem tava escrevendo e esse argumento é muito enviesado porque ele vem ele começa a aparecer depois pois lá de alguns séculos já no Mundo Cristão porque epicurismo é profundamente subversivo é um negócio que né para qualquer religião monoteísta mais mais dogmática o o o epicurismo é péssimo um negócio assim tipo se os deuses existem eles não estão nem aí pra gente eles são materiais e muito distantes
eles não fazem nenhuma diferença para nós e a gente tem que parar de ter medo deles então esse final por um lado parece indicar para esse para essa natureza incompleta do do poema mas uma outra uma leitura que eu gosto que eu acho que parece fazer mais sentido é uma leitura de superação assim a aquela visão de destruição de morte é quase como se fosse a o exame final do epicurismo Se você passar por aquilo ali eh você você ganha a faixa preta ou você você ganha o troféu de epicurista você vai eh tem toda
uma coisa de um questionamento da do dos limites da ação humana diante da desgraça do desastre eh com aquelas pessoas que estão lá roubando a pira funerária dos outros e não tem como enterrar os cadáveres estão morrendo na rua eh tem um um uma coisa muito desolada quase como se ele tivesse desencantado com aquilo tudo mas por outro lado é bom um epicurista de verdade ele vai superar até mesmo isso né quase que um ele acaba quase estoico ali não chega a dizer isso com todas as letras Mas é uma leitura possível é uma leitura
e e uma outra leitura eu acho que assim do do cosmológico pro pro Cívico né Atenas é o grande exemplo de civismo Atenas é o mundo grego e não Romano né Atenas caindo ali por uma praga terrível que inclusive ele eh baseia o o o toda a passagem num trecho do tdes eh sobre a Guerra do Peloponeso então assim tem várias interpretações possíveis mas é um grande mistério é um final um final muito muito maluco né pra gente que tá esperando sempre uma conclusão eh um fechamento razoável narrativo aquilo ali é muito louco agora os
antigos não estavam muito preocupados com bons finais né pelo menos o Homero se a gente for olhar pro final da odiceia desastre é verdade é verdade final da inida também não é ela muito legal é verdade é verdade é verdade bem bom ponto e o final não é não é a principal preocupação n no no mundo antigo e é É verdade verdade verdade inclusive é uma coisa que eu ressalto para eles assim esse L do spoiler né não me dá spoiler eu falei olha mas qualquer tragédia que você vai ler tem spoiler você já sabe
como vai acabar não interessa como vai acabar né interessa o processo de como chegar lá mas interessante interessante não precisa ter né Eh eh interpretação definitiva sobre porque que ele termina assim é interessante essas essas especulações Sem dúvida Professor Rodrigo al passagem predileta só para terminar Tiago eh várias mas eu gosto muito da da do livro quatro nas passagens sobre o amor eh e sobre o as passagens sobre sonho e sono gosto muito eh e eu gosto muito daquela discussão sobre o medo da morte do livro três também eu acho que quando quando ele ele
fica eh eh Talvez o auge poético dele é ele falando ele botando a natureza para falar numa imprecação né tipo dando uma baita de uma bronca na espécie humana Vocês estão com né aprende a viver não acho que acho que o o o é isso aliado e indissociável do aprende a morrer né você só aprende a viver no final das contas quando você aprende a morrer a deixar a vida sem espernear né exato uhum sair da vida como conviva satisfeito né exato e e pô a imagem que ele utiliza é sensacional né que é do
banquete né é você você você passou pela vida tem tem duas hipóteses ou ela foi muito miserável ou ela foi muito boa se ela fori muito boa né E você não quer sair dela você parece o chato que não quer sair do banquete né aproveitou do banquete não quer ir embora da festa não seja chato vai vai embora é E o pior é que você vai ficar com ressaca depois e vai ser péssimo Exatamente exatamente e se a vida foi miserável Que bom que ela acabou né Essa coisa não para mim essa é a melhor
parte também para mim essa é a melhor parte e legal e no final das contas o poema como um todo é um poema terapêutico né o objetivo dele é esse declarado no início de vários livros né ele ressalta esse esse objetivo meu objetivo aqui é acabar com a superstição eh fazer a vida melhor por meio da iluminação do conhecimento a a metáfora das luzes aqui bem antes do Iluminismo né inclusive Excelente excelente eh bom vamos vamos encaminhar pro final Então beleza Professor Rodrigo Eh quero agradecer de novo registrar sua generosidade eh o professor Rodrigo não
conhecia a gente aqui do inef e bom eu já recebi alguns nãos assim de convidando professores para vir falar com a gente alguns simplesmente ignoraram e o senhor respondeu prontamente e muito obrigado por isso é precioso pra gente tá aqui eu tenho certeza que o seu trabalho por meio da gente também vai chegar muito mais pessoas o o que é o intuito no afal das contas né da da gente que que é professor e que produz cultura nosso objetivo é sempre chegar a mais gente para fazer isso se difundir da da melhor maneira obrigado eu
eu também parabenizo pela pela iniciativa porque eu acho que não é só na universidade que a gente pode fazer né esse trabalho importante de difundir conhecimento de qualidade e tal Eu não conhecia de fato o projeto mas depois que vocês me convidaram eu fui ver vários vídeos e conhecer o site e tal achei bastante interessante e eu agradeço agradeço muito pelo convite mesmo qu puder contribuir com mais coisas no futuro podem me chamar