Duas horas de bombardeios que mudaram o rumo da Segunda Guerra Mundial. Um saldo de navios afundados, aviões derrubados e milhares de mortos na base naval de Pearl Harbor, no arquipélago do Havaí, num ataque que comoveu profundamente os americanos. O avanço da Marinha Imperial Japonesa foi uma das manobras mais surpreendentes da história.
Até então, nem Japão nem Estados Unidos tinham entrado oficialmente na Segunda Guerra Mundial. E ainda que existisse uma grande tensão entre os dois pelo controle do Pacífico, a guerra não parecia iminente. Esse ataque mudou tudo.
Os Estados Unidos se uniram aos Aliados, e a história não acabou bem para o Japão. Sou Adriano, da BBC News Brasil aqui em Londres, e neste vídeo vou contar como foi – e em que contexto ocorreu – o ataque-surpresa a Pearl Harbor. Mas primeiro precisamos falar do Império Japonês e sua sede expansionista na Ásia.
No início do século 20, os japoneses haviam conquistado Taiwan e a Coreia. Em 1931, invadiram a província chinesa da Manchúria e, seis anos depois, fizeram o mesmo com outras partes da China. Em 1940 foi a vez da colônia francesa da Indochina, que englobava o que hoje conhecemos como Vietnã, Laos e Camboja.
A reação dos Estados Unidos ao avanço imperial do Japão não aconteceria até o verão de 1941, quando os americanos congelaram os ativos financeiros japoneses no exterior e, sobretudo, impuseram um embargo de petróleo. Isso tudo representou um duro golpe ao Japão, que já não contava com grandes reservas e importava cerca de 70% do petróleo justamente dos Estados Unidos. Ocorreram negociações entre ambos os lados para tentar acabar com esse bloqueio.
Mas uma das condições para o acordo era que o Japão abandonasse por completo o território chinês, algo que o país se negou a fazer. As imposições dos Estados Unidos – e a chegada ao poder do primeiro-ministro Hideki Tojo – culminaram numa reviravolta na posição japonesa. O diálogo já não dava mais frutos.
O Japão queria seguir expandindo seu império e, assim, poder ter acesso às numerosas reservas de petróleo do Sudeste Asiático. Para isso, no entanto, precisava tirar os Estados Unidos do caminho. Hideki Tojo sabia que não poderia enfrentar os americanos em uma guerra total.
Por isso, optou por lançar um ataque surpresa com o plano de inutilizar a força naval dos Estados Unidos ao menos por uns meses. No dia escolhido, a marinha japonesa se posiciona para o ataque a 300 quilômetros ao norte de Pearl Harbor. Poucos minutos depois das seis da manhã, a primeira leva de aviões parte para o alvo.
Enquanto isso, a tranquilidade reina no lado americano. Isso porque embora o Japão tivesse emitido uma declaração de guerra minutos antes do ataque, ela não chegaria a tempo. Ou seja, os soldados estão desprevenidos -– muitos deles continuam dormindo.
O objetivo do Exército japonês é causar o maior dano possível, e calcula que, com seu ataque, poderia imobilizar a frota americana temporariamente. A pequena ilha de ilha Ford, no centro de Pearl Harbor, é o foco da ofensiva. Até 183 aviões aparecem de surpresa pouco antes das 8 da manhã.
O objetivo é atacar os barcos maiores, além de pontos estratégicos em terra. Diante da surpresa, a defesa americana se limita aos poucos aviões não destruídos pelos japoneses, e pelas baterias antiaéreas dos barcos. Uma hora depois, chega a segunda leva, com outros 170 aviões japoneses, que destroem tudo que encontram pelo caminho.
Os civis se refugiam onde podem, e os soldados lutam para apagar os incêndios nos barcos, enquanto rezam para não ser atingidos pelas bombas japonesas. Os bombardeios a Pearl Harbor representam uma tragédia para os Estados Unidos. São mais de 2.
400 mortos, dos quais mais da metade perde a vida no navio de guerra Arizona. Além disso, 188 aviões americanos são destruídos, e sua frota sofre perdas gigantescas: 7 encouraçados, 3 cruzadores e 3 contratorpedeiros são afundados ou seriamente danificados. As forças japonesas perdem 29 aviões, 55 pilotos e 5 submarinos.
A única notícia positiva para os Estados Unidos é que seus três porta-aviões escaparam ilesos, já que estavam fora do porto durante o ofensiva. Duas horas depois do início do ataque a Pearl Harbor, a aviação japonesa abandona a ilha de Oahu. O rumo da Segunda Guerra Mundial acabava de mudar drasticamente.
O ataque inesperado representou um duro golpe ao orgulho americano. E a reação não tardou. E assim o presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, declarava guerra ao Japão.
Não foi só Pearl Harbor que sofreu um ataque japonês. Poucas horas depois, as tropas japonesas atacaram os territórios americanos das Filipinas, Guam e Ilha Wake, assim como a Tailândia e as colônias britânicas de Hong Kong e Malásia. O Japão despertava assim um gigante adormecido.
Os Estados Unidos passaram a adotar uma economia de guerra, colocando toda a sua maquinaria bélica em funcionamento, e se uniram para derrotar um inimigo comum. Três dias depois do ataque, a Alemanha declarou guerra aos Estados Unidos. E assim se formaram as novas coalizões da Segunda Guerra Mundial.
De um lado, os Aliados, liderados por Estados Unidos, Reino Unido, França, China e União Soviética; do outro, as potências do Eixo, encabeçadas por Alemanha, Itália e Japão. Com o ataque a Pearl Harbor, a frota americana ficou fora de jogo por seis meses. Assim, o Japão pôde avançar no Pacífico.
Mas passado esse tempo, os Estados Unidos recuperaram sua força e demonstraram seu poderio tanto na Europa como no Pacífico. O país teve papel fundamental na frente ocidental na Europa, como nos Desembarques da Normandia, e foi retomando territórios dominados pelo Japão no Pacífico. Mas os Estados Unidos foram além, e em 6 e 9 de agosto de 1945 lançaram sobre Hiroshima e Nagasaki as duas únicas bombas nucleares já usadas em uma guerra.
Juntas, elas foram os ataques mais letais já realizados. A estimativa é que cerca de 200 mil pessoas morreram. O Japão aceitou, então, firmar sua rendição.
Quase quatro anos depois do ataque a Pearl Harbor, o Japão renunciou às suas pretensões expansionistas, e Estados Unidos e União Soviética emergiram como as principais potências mundiais. Com isso, eu fico por aqui. Você gosta de vídeos históricos como esse?
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