Raça e Racismo no Brasil | Carlos Medeiros

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Café Filosófico CPFL
Os negros foram condenados à escravidão durante séculos por diversas sociedades em todo o mundo. Hoj...
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2 a diversidade humana sempre existiu ea história revela os percalços da difícil convivência entre os diferentes hoje numa sociedade democrática que pressupõe liberdade e igualdade de direitos existe efetivamente interação integração na diversidade o que nos leva a classificar pessoas produzirem hierarquias e diferentes atribuições de valor esta série do café filosófico traz reflexões sobre discriminação e preconceitos ainda muito arraigadas seja nas relações raciais nas questões de identidade de gênero ou no descaso coletivo em relação às pessoas com deficiência e nos leva a rever as noções de normal e patológico de certo e de errado na busca
do valor das diferenças em um compartilhado nós que estamos de certa forma de fora não somos negros no brasil não somos deficientes no brasil e não somos transexuais etc nós precisamos ouvir das próprias pessoas que vivem essas condições e tensas identidade e os conflitos inerentes a ela numa sociedade como a nossa sociedade que nós nos acostumamos a chamada democracia racial que eu me acostumei a pensar durante muito tempo que não continha o veneno do racismo a questão racial no brasil ela tem peculiaridades ela não é a mesma que ocorre nos estados unidos ela não é
a mesma que ocorre na europa ela não é a mesma que acontece nos países africanos há características é da cultura brasileira que molda de uma forma diferente o problema do racismo em nosso país e é importante que a gente tenha tease pense isso para poder avançar nessa questão fica ser negro em nosso país o que de fato há por trás da imagem da democracia racial brasileira se um dia a sociedade se baseou em teorias como a da superioridade das raças para classificar as pessoas e se arroga o direito de escravizadas ou eliminar um povo ou
uma raça hoje isso é considerado inadmissível os negros foram aprisionados exilados de sua parte africana e condenados à escravidão durante séculos por diversas sociedades em todo mundo o brasil ela existiu até o final do século 19 hoje a escravidão seja ela qual for é considerada um ato repulsivo e intolerável mas os vestígios deixados por ela ao longo da história estão espalhados por aí exclusão preconceito discriminação a sismo são algumas das realidades enfrentadas até hoje no brasil discutir a respeito e rever nossa história é um dos caminhos para mudar essa realidade antes de entrar propriamente no
tema quero fazer duas notas de rodapé uma delas em relação à perspectiva é quem está falando aqui é um negro embora isso possa parecer óbvio a estando nós no brasil poderia dizer que era moreninho era escurinho ora qualquer outra coisa embora isso aí o riso das pessoas mostra que essas categorias embora possa se possam ser aceitas no no cotidiano da sociedade ficam esquisitas em determinados ambientes mas quando eu digo que eu sou negro significa que eu tenho uma a visão da sociedade parcialmente influenciada pelo fato de que eu sou um objeto de discriminação racial ou
seja discriminação racial não é algo que eu a respeito do que eu tenha lido um livro à vista um filme que me tenha sido relatado embora tudo isso tem acontecido também mas é uma experiência direta algo que pode acontecer comigo na saída deste evento no contato com a polícia ou segunda feira de manhã na porta giratória de um banco eu falo de experiência pessoal então o fato de estar digamos na extremidade receptiva do do racismo me dá uma visão sobre essa sociedade não é não é um não é uma nada determinante mas é um condicionante
muito poderoso adversário por exemplo das políticas de ação afirmativa na maioria brancos tenta se apresentar como neutros como falando em nome da ciência ora esse lugar não existe uma das coisas fundamentais que eu aprendi com a sociologia é a importância do lugar de onde se fala da perspectiva é como se nós olharmos a sociedade através de lentes de um conjunto de lentes super postas à compostas então pela pela classe social evidentemente pelo grau de instrução pela faixa etária pelo gênero pelo lugar onde se nasceu e se vive é tudo isso também clara opção política tudo
isso em relação aos pais evidentemente então a gente olha a sociedade e cada um vê de uma determinada maneira a outra nota de nota de rodapé a respeito do conceito de raça e das categorias dele resultante quando eu falar de raça ou de branco de negro ou mestiço eu vou estar falando não de ideologia mas cindy é só de sociologia e história esse conceito de raça um conceito sócio-histórico ele foi criado da maneira como nós o conhecemos hoje foi criado a partir do século 16 sobretudo final do século 15 com o chamado descobrimentos o processo
de expansão europeia quando os europeus então travou contato começam a travar contato é permanente e regular com povos que eram diferentes deles do ponto de vista cultural e fenotípico e estabelecem uma hierarquia na qual eles próprios estavam no topo e os outros grupos vão se distribuir pela base eu não não gosto da de quando se tenta substituir o conceito de raça pelo conceito de etnia porque é uma série de complicações entre elas por exemplo nós temos que aceitar que um africano tivesse duas etnias vão ficando negro seria negro mas também seria zulu ou massai ou
qualquer outro grupo é quando se faz isso eu me lembro então dá fala de um sociólogo francês pierre andré trf quando diz que isso seria fazer uma é eugénie a lexical negativa que imagina matar o fenômeno eliminando a palavra quando falar de raça então estou falando de cultura considero que nós vivemos agora no brasil um momento extraordinário do ponto de vista da discussão sobre relações raciais essa discussão que por tanto tempo foi jogada debaixo do tapete a a partir do início do milênio especialmente a partir de 2001 quando começam a ser adotadas políticas de ação
afirmativa com recorte racial a primeiro no âmbito das universidades e mais recentemente a no serviço público à sociedade brasileira foi obrigada a setores importantes da sociedade brasileira foram obrigados a mergulhar foi licenciada com ela baixa uma discussão tradicionalmente considerada desagradável perturbadora a aaa absolutamente desnecessária talvez porque isso teria sido resolvido lá na década de 30 do século passado com a estruturação do mito da democracia racial se nós não temos um problema racial porque discuti lo e aquilo que parece uma contribuição brasileira a esse a essa argumentação da que eu não vi isso em outros lugares
a idéia de que discutir o racismo é perigoso porque provoca o racismo agora mesmo parece o fruto de um assunto extremamente tortuoso como é que discutir um problema pode provocar lo e para nós que estamos do outro lado desta mesa de debate que consideramos a discussão dessa questão absolutamente fundamental não apenas para os negros mas para o conjunto da sociedade brasileira trata-se agora então um momento auspicioso o momento alvissareiro esperançoso já que nós podemos divisar lá no futuro a possibilidade de a conseguimos adotar medidas capazes de enfrentar o racismo de uma maneira bastante eficaz já
que políticas de ação afirmativa não são feitas não acabam com racismo assim como acabar com o problema da escola pública e é interessante que são dois argumentos da usados pelos adversários dessas políticas as políticas de ação afirmativa visam proporcionar igualdade de oportunidades é isso há grupos que diversas as diversas convenções assinadas pelo brasil da onu da unesco antes chamam de tradicionalmente é historicamente discriminados ou tradicionalmente excluídos e de uma certa forma está sendo obtido graças a elas milhares de jovens negros e pobres têm tido a oportunidade pelo menos de sonhar a em a frequentar universidades
públicas de qualidade mas eu digo que o principal efeito dessas políticas têm sido exatamente produzir esse debate porque a partir do debate a partir do reconhecimento da existência de um problema que nós podemos começar a enfrentá los durante algum tempo e para alguns até os dias de hoje vigorou a imagem de um brasil como um país sem racismo o movimento negro brasileiro entre outras ações de protesto parecem apontar que não é bem assim as medidas políticas de ação afirmativa são voltadas a grupos que foram ou ainda são discriminados pela exclusão social como por exemplo a
lei da igualdade racial ou das cotas nas universidades públicas que abrem oportunidades para uma maior igualdade social as ações e leis trouxeram à tona inflamadas discussões sobre importantes questões como o racismo à discussão sobre raça como eu disse antes jogada debaixo de baixo do tapete hoje está presente nos talk show de rádio e televisão nas reportagens e editoriais dos jornais dos grandes jornais normalmente com uma posição reacionária nas novelas e faz parte hoje do debate público é de uma certa forma como se nós tivéssemos retornado no tempo a meados do século 19 quando essa discussão
também ganha a sociedade a partir daqueles segmentos mais antenados da intelectualidade da área política que percebiam do e duas coisas importantes e inevitáveis primeiro a abolição da escravatura a abolição da escravatura viria inevitavelmente como resultado da revolução industrial a revolução industrial trazia não apenas alterações nas formas de produção mas trazia fundamentalmente a necessidade de ampliação dos mercados consumidores e aí a gente vai entender por que a inglaterra que foi o primeiro país a deslanchar a revolução industrial pressiona o brasil primeiro acabar com o tráfico e depois a abolir a escravatura e o que resulta também
entre outras coisas nas chamadas leis para inglês ver na lei dos sexagenários que era uma coisa muito interessante os é de os escravos com mais 60 anos seriam libertados numa época em que a expectativa de vida no brasil não chegava a 40 a ea lei do ventre livre que também não libertou ninguém porque é ela incluir uma cláusula de que os então os nascidos livres a partir daquele momento teriam que permanecer e sim sobre o jogo do senhor até os 21 21 anos de idade a abolição veio antes disso a hora nesse momento então uma
consequência inevitável era é percebida por essas elites uma vez a abolir a escravatura no brasil é teria uma população livre constituída predominantemente por não brancos segundo o censo de 1850 havia no brasil cerca de 500.000 branco e um milhão e meio de negros índios e mestiços acabou caboclo simulados ora é isso numa época em que as idéias predominantes eram aquelas que nós hoje chamaríamos racistas eu digo nós hoje chamaríamos porque naquela época se temos sequer existia eram as idéias da das ciências humanas e sociais mas também da biologia e da medicina pela qual a espécie
humana se divide em raças raças que poderiam ser facilmente identificadas a partir do fenótipo e da cultura ah e não apenas isso estruturadas então de uma forma que os brancos ficavam no topo e as os outros grupos e distribuído pela base mas pior do que isso para no caso do brasil da américa latina em geral a alguns desses desses teórico a a assistir a que eu chamaria de teórico do racismo radical apenas para fazer uma diferenciação é pior do que o negro eo pior do que o índio é um mestiço investir isso é um ser
degenerado que iria tenderia a desaparecer na competição com os mais aptos que seriam os brancos ora esse é um problema muito grande pra para o brasil para a américa latina de maneira geral não apenas pelo grande tem gente de mestiços mas pelo fato de que a própria elite na própria elite da desses países havia pessoas de ascendência de visível a ascendência negra e indígena isso causou então uma algo que eu chamaria de uma que o pessimismo racial o próprio conde de godo minou que era amigo íntimo de dom pedro 2o o embaixador da frança no
brasil dizia que o brasil não teria futuro em função dessa mensagem ora não à toa apareceu então nessa época a o que eu chamo de um racismo alternativa moderado entre aspas cheio de aspas há a idéia de que não os mestiços não eram todos inferiores havia dois tipos de mestiços o mestiço superior mais próximo do branco do ponto de vista cultural e fenotípico que tenderia a ser absorvido assimilado e um mestiço inferior mas próximo do negro e indígena e esse sim seria a desapareceria é essa essa visão de que eu chamei de moderada acabou predominando
e ela foi expressa claramente em 1911 no congresso mundial das raças realizado em londres pelo representante brasileiro joão batista de lacerda que disse com todas as letras num texto escrito em francês quer o inglês da época se o lenitivo resíduos obtidos no brasil que o brasil estava resolvendo esse problema do negro era como se dizia o problema do negro pela via da miscigenação e que dentro de 100 anos não haveria mais negros no brasil ora é interessante que essa essa toda essa todo esse ideário racista não tivesse impedido que surgisse no brasil que se construísse
no brasil uma auto imagem é extremamente contraditória em relação a essas idéias há a visão de que o brasil seria um uma espécie de paraíso racial uma sociedade caracterizada pela a pela ausência de atritos entre as raças uma sociedade que os negros seriam tratados de maneira humana etc etc a gente perceber que é essa idéia foi construído em grande parte por comparação com os estados unidos que eram vistos como o paradigma então da intolerância não se usava esse termo mas da crueldade nessa época isso porque nós no brasil não tínhamos aquelas formas mais cruéis e
humilhante discriminação racial que se haviam desenvolvido nos estados unidos ah não não existiram desde sempre se desenvolveram nos estados unidos a partir da derrota do sul na guerra da secessão num processo em que segundo o historiador americano anthony martin os negros foram oferecidos em holocausto a unidade dos brancos ou seja o governo central fechou os olhos lavou as mãos e permitiu que no sul dos estados unidos a aparecer então a segregação por lei que acabou sendo consagrada pela suprema corte com a doutrina dos preparados mais iguais a o lixamento de nervos com a polícia dando
as costas às milícias racistas como a 5º xxii clã gilberto site e outras a proibição do casamento inter-racial e aquela norma que é singularmente americana que não existiu nem na alemanha nazista e nem na áfrica do sul do apartheid que era a ao android errou a regra de uma gota de sangue a o andré aprovou regra de uma gota foi uma lei dos estados unidos que discriminava qualquer americano que tivesse algum grau de ancestralidade africana ameríndia asiática ou não européia bastava uma gota de sangue não branca para que a pessoa se enquadrasse na lei eram
pejorativamente chamados de collor ou pessoas de cor e eram considerados social e juridicamente inferiores na vitória de hoje rock of love este conceito surgiu no século 19 e se tornou lei nos estados unidos durante o século 20 lei essa que vigorou até a década de 1960 como nós não tivéssemos nada aqui no brasil dá desse tipo aqui no brasil o brasil era melhor que os estados unidos é possível aceitar isso e de ser melhor do que alguns estados unidos passou se ao exagero de apresentar o brasil então como o o o modelo o paradigma positivo
não havia aqui segregação por lei mas havia segregação de fato e eu vivenciei isso muito claramente a eu sou do rio minha mãe era do rio grande do sul e no rio grande do sul que eu visitava a cada dois anos em férias com minha mãe eu entrei em contato com uma realidade que havia clubes de negros e clubes de brancos festas de negros e festa de branco separados nas favelas e nos sindicatos ou seja segregação não por lei mas por costume e quem tem alguma familiaridade com direito sabe que lei costume são fenômenos do
mesmo universo muitas vezes a lei é apenas o costume sancionado pelo estado de são paulo foi discriminado no clube que não aceitava pessoas de cor aqui em campinas eu me lembro de mato de matérias de revistas revista o cruzeiro mostrando que havia uma separação nos cinemas os negros eram obrigados a ficar naquela parte de cima do cinema por costume e não por lei então era preciso fechar os olhos a isso tudo pra pra gente poder é é construir essa essa auto imagem positiva que eu digo sem medo de exagero está no próprio dna da identidade
nacional para nessa comparação positiva com os estados unidos se considerarmos que um dos eixos dessa identidade nacional dessa ideologia é o mito da democracia racial construído em grande parte por comparação com os estados unidos como eu mostrei ea uma ampla bibliografia respeito e é interessante notar que se isso aconteceu aqui se num no brasil isso funcionou dessa forma é fortalecendo essa identidade nacional a partir de uma fantasia isso também funcionou nos estados unidos de uma outra forma existe uma um livro de um historiador americano chamado david luiz o título é africana américas reflex um brasil
fez o papel das reflexões já foi americano sobre paraíso racial entre aspas brasileiro a e que ele mostra que nos estados unidos também desde desde o século 19 todos os grandes intelectuais americanos negros americanos militantes também utilizaram essa idéia mas utilizaram porque eles precisavam eles precisavam mostrar à sociedade americana o modelo e o halloween nos mostra que é ele divide então essa esse interesse dos americanos dos afro-americanos especificamente sobre o brasil em 3 três etapas entre 1900 e ea década de 1910 ea década de 1940 que ele chama de mês a fama do mito confirmado
afirmado da década de 40 década de 60 o do mês de btt do mito debatido e da década de 60 para cá do mesmo objectivo o mito rejeitado a distância entre fantasia e realidade fica muito claro em 1920 quando o estado de mato grosso é publica um anúncio em periódicos americanos com o objetivo de incentivar a imigração de americanos para o brasil a partir da década de 1850 vença uma política de imigração que foi promovida pelo menos durante 100 anos no brasil e cujo alvo eram europeus brancos modelo ideal sendo louros do licor cephalus da
pomerânia com o tempo eles tiveram que aceitar brancos europeus - desejares do sul e italianos em 1977 e objetivo era branquear a sociedade brasileira para os racistas radicais esses brancos viriam e não se misturariam e claro que acabariam triunfando por aqueles moderados alternativos eles se misturariam sim mas como genes dos brancos evidentemente eram superiores aos gênios dos negros eles acabaram prevalecendo os negros desapareceriam como disse o joão batista de lacerda ora a publicação desse anúncio nos estados unidos é teve uma repercussão na imprensa negra no jornal chamado do batman afro-american e isso o que fez
estimulou um grupo de negros de chicago a organizar então a criar uma organização chamada brasília na américa colonização seu site naquela época na sociedade americana entre os negros americanos háháhá tinha grande força a idéia de que a solução para o problema ela sair dos estados unidos de volta à áfrica como pregava marcas gave oprah américa do sul e por que não para o brasil ora essa visão era alimentada naqueles no que eu disse mencionei anteriormente erros de tradução cultural um negro americano vê a foto de um brasileiro como nilo peçanha e alivia um mulato logo
um negro e isso significava então que não havia obstáculos a ascensão social de um homem negro no brasil ora o erro primeiro que nem todos os brasileiros e creio que a maioria dos brasileiros talvez no sul e sem assim mas a maioria não veria nem pensar como lá e mesmo que visto como um mulato mulato não significava necessariamente um negro à a quando a notícia chegou ao brasil de que um grupo de afro-americanos estava tentando os negros americanos estava tentando vir para o brasil isso provocou um choque artigos publicados no jornal mas nós estamos acabando
com esse problema pela miscigenação e vão vir mais deles é o projeto de lei foram apresentados no congresso brasileiro para evitar aquela catástrofe mas o itamaraty foi muito mais rápido e eficiente uma ordem secreta foi enviada à embaixada e aos consulados brasileiros nos estados unidos para que não dessem isto vistos aquelas pessoas que protestaram nós estamos sendo discriminados a resposta curta e grossa foi que o brasil é um país autônomo e nós temos o direito de determinar quem pode e quem não pode vir para cá há nenhum dos projetos de lei passou mas a constituição
de 1934 que é considerada mais racista porque o seu capítulo sobre educação diz que a educação brasileira deve se basear nos princípios da eugénie a no seu capítulo sobre imigração diz que estabelece uma política de cotas para a imigração ou seja só poderiam vir terço para o brasil a de pessoas de uma determinada região jean por uma de acordo com uma cota sobre o número de pessoas vindas daquela região para o brasil nos últimos 50 anos será uma forma de lidar com esse problema sem entrar diretamente na questão de raça revisitar o passado é uma
forma de compreender melhor o presente nesse sentido o jornalista carlos medeiros traça o percurso através da história do brasil e dos estados unidos para nos ajudar na reflexão sobre o racismo atual estamos tão na década de 30 uma década extremamente conturbada que havia há movimentos sociais importantes tanto a direita quanto a esquerda movimento comunista o movimento fascista integralista foi fundada naquela época em são paulo em 1931 a frente negra brasileira se expandiu por vários estados cujo objetivo era criar um novo negro fazer a criar um novo negro e fazer a verdadeira abolição considerando então que
a abolição era incompleta a e nessa meta é exatamente nessa época surge a obra de gilberto freyre que é um divisor de águas nessa discussão de uma certa forma acaba com a discussão eu costumo dizer que a obra de freyre é uma espécie de uma coisa consiste num avanço paralisante e eu explico este aparente paradoxo um avanço porque freire afirmava que os negros não eram inferiores do ponto de vista biológico que eles poderiam ser assimiladas a ao mestre em uma sociedade branca dominante mas ao mesmo tempo três freire dizia afirmava e estruturá vai então a
noção da excepcionalidade brasileira do ponto de vista da questão de raça ou seja uma sociedade que seria caracterizada pela harmonia racial ora as idéias de freud chegou no momento que um estado novo percebe a necessidade de dar uma conclusão a esse é o processo de construção da identidade nacional e elas se vocês me permitem o clichê cai como uma luva para as necessidades do estado novo elas começam a ser adotadas pelo estado divulgadas pelos meios de comunicação ensinadas nas escolas e transformam se naquilo que o intelectual o italiano antonio gramsci xii chamava de senso comum
o senso comum de uma sociedade consistindo nas idéias da cellity capello risadas para o conjunto da sociedade que acabam sendo as idéias de todo mundo aquela repetição não temos um problema racial temos um problema social como se um problema racial não fosse social mas temos um problema de de classe aqui o que conta é a classe e ela se transforma num grande obstáculo no grande obstáculo ao avanço porque se nós não temos um problema não é preciso fazer nada a respeito e transforma é perversa mente em inimigos em perpetradores em criminosos os negros que ousam
denunciar a discriminação racial ele ou ela seria taxado ou de complexado havia idéia do complexo de cor ou o divisionismo o inimigo da nação por muito tempo não foi possível sequer atacar o mito da democracia racial mas isso começa a ser feito pelo menos no âmbito da academia a partir do início da década de 50 por meio de uma pesquisa a famosa pesquisa da unesco cujo objetivo era mostrar o brasil como um exemplo de harmonia racial ao mundo traumatizado pelos crimes cometidos em nome da raça o holocausto especificamente na segunda guerra mundial a conclusão a
que se chegou de maneira geral que o brasil tinha sim problemas sérios ele podia ser diferente dos estados unidos podia ser diferente da áfrica do sul que recentemente havia implantado o regime do apartheid mas tinha seus próprios problemas e eles eram sérios sociólogos então configura convidados ao pela unesco a participar da pesquisa incluiu florestan fernandes otaviani agora se nogueira fernando henrique cardoso hoje é bastilha no rio de janeiro é luís costa pinto na bahia thales de azevedo e chega à conclusão de que as diferenças entre brasil e estados unidos do ponto de vista da questão
racial eram diferenças de grau não de essência outro ponto de contato interessante é se a gente verificar que em 1950 o brasil adota a primeira lei contra a discriminação racial foi a lei afonso arinos aparentemente também uma lei para inglês ver que continha tantas contradições que nunca pode ser efetivamente aplicada na prática de 1960 é essa discussão que nunca passou nunca passou dos limites acadêmicos ela permaneceu nos livros acadêmicos e ela de uma certa forma refere se à e entre outras coisas porque o regime instaurado em 1964 proscreve a discussão da questão racial no início
da década seguinte esse panorama começa a se modificar com a entrada em cena de dois conjuntos de atores dois novos conjuntos de atores um movimento negro contemporâneo em movimento que tem um marco em 1971 com a fundação do grupo palmares em porto alegre e que depois se expandir pelo brasil e será fruto entre outras coisas era de duas de dois movimentos que estava acontecendo fora do brasil o movimento de descolonização da áfrica eo movimento negro nos estados unidos e que chega com mais força não porque fosse mais importante que o movimento na áfrica mas pelo
primeiro pelo papel central dos estados unidos no sistema mundo e evidentemente a repercussão maior que tudo o que acontece lá tem e também pelo fato de que a luta dos estados unidos com todas as diferenças que possa poder pudesse ter em relação à luta no brasil era mais semelhantes do que a luta na área em relação à brasileira porque a luta na áfrica era para expulsar os colonizadores enquanto nos estados unidos tal como no brasil tratava se de encontrar formas de convivência entre grupos que necessariamente teriam que estar juntos a no correr dos séculos da
influência americana ela entra também pelo pela mídia ela entra também é não apenas por textos escritos mas ela entra pelo cinema chamados black foi deixando weiss eles filmes que eles começam a produzir lá com heróis negros há uma coisa que nós não tínhamos e não temos até hoje no brasil e também pela música e mais importante ainda com o chamado aos bairros de sol o chamado movimento black é interessante a gente vê a iaa a influência do jornalismo na história essa coisa de movimento black é essa denominação de black rio black são paulo black bahia
vem de uma matéria jornalística publicada no segundo caderno caderno b do jornal do brasil era na época o enfim um um ícone uma referência do ponto de vista cultural a escrita por uma jornalista negra na verdade ela tinha dificuldade com essa identificação ela preferia esconder a mulata a chamada a lena frias e ela o título da matéria que ocupou quase cinco páginas do caderno b do jornal do brasil o black rio o orgulho importado de ser negro aí ela era uma pessoa também ligada ao samba que não tinha muita simpatia por esse movimento mas na
verdade as coisas se interconectam é no livro de antonio risério carnaval e chá ele nos mostra que ele nos afirma isso que os blocos afro de salvador nasceram a partir de pessoas que frequentavam esses bailes black e o brown nessa história de brown carlinhos brown mano brown tudo isso mostra como aquilo essa cultura penetrou era uma afirmação da identidade negra é uma identidade construída então na valorização do fenótipo negro black is beautiful e da história da cultura a da áfrica e da diáspora africana o outro conjunto de atores que entra na cena nessa época também
são é constituído por aqueles intelectuais e políticos que tinham sido obrigados a se exilar durante a ditadura e que retornam um exemplo muito claro disso é brizola que retornam da europa e muitas vezes os estados unidos com novas idéias a respeito da questão de raça em razão das experiências que tinham tido lá fora há e nós vemos aí então um processo em que essa discussão vai se disseminando pela sociedade vai ganhando alguns setores da academia a da mídia dos partidos políticos sindicatos que tinham uma grande dificuldade com o tema achavam que discutir a questão racial
dividiria a classe operária e isso vai avançando nos anos 80 nós temos os primeiros conselhos órgãos consultivos conselho do negro no âmbito de os municípios de dezenas de municípios e alguns estados em 1988 a criação da fundação cultural palmares no governo federal depois no início da década de 90 o no rio de janeiro segundo o governo brizola a criação da secretaria extraordinária de defesa e promoção das populações negra e portanto água de primeiro escalão fernando henrique em 1909 195 a esteira na esteira da na marcha realizada em brasília dos 300 anos desenvolvidos palmares reconhece é
o primeiro presidente a reconhecer a existência de um problema social sério no brasil ele cria um grupo de trabalho interministerial para tratar desse tema segundo o governo fernando henrique são adotadas algumas medidas ainda tímidas de ação afirmativa o que é é cresce de volume no primeiro o primeiro governo lula lula cria a seppir secretaria está hoje a secretaria de promoção da igualdade racial a aprova a lei 10.639 que é concretização enfim daqueles ideais do início do movimento negro contemporâneo que modifica o currículo das escolas para incluir a história ea cultura da áfrica e dos afrodescendentes
a a política de ação afirmativa então começam a crescer pelo brasil eo ápice desse processo sendo a aprovação por uma unanimidade surpreendente surpreendeu a mim não que fosse aprovado mas a unanimidade das das políticas de ação afirmativa para negros pelo supremo tribunal federal então isso tem provocado toda essa transformação que eu digo do ponto de vista principalmente simbólico ea inclusão dessa questão no debate público isso não significa absolutamente que nós tenhamos resolvido o problema ou que a a a situação dos negros tenha mudado dramaticamente na sociedade brasileira o que não aconteceu a influência norte americana
sempre esteve presente na sociedade brasileira movimentos como black is beautiful inspiraram conquistas nos anos de 1960 e 1970 nas últimas décadas houve em nosso país alguns avanços significativos no combate à discriminação e políticas de ações afirmativas abrirão novas oportunidades inclusive para reflexões como esta do café filosófico enquanto isso nos estados unidos nós vimos é uma a partir do início da década de 80 do século passado com o primeiro governo reagan a rega nome c's a ua a política americana sendo empurrada para a direita cada vez mais para a direita as políticas de ação afirmativa sendo
a mim nada e sendo sendo esvaziadas num processo que culminou coisa de três anos atrás quando a suprema corte revogou a lei dos direitos de voto a lei uma lei de 1965 que foi um marco no processo de luta pelos direitos civis e foi uma lei que impediu estados e municípios americanos de utilizar se utilizar de uma série de mecanismos como testes de conhecimento pra evitar que os negros se qualificassem como eleitores dois dias após a revogação da lei dos direitos de voto municípios e estados americanos começaram a abordar a leis que na prática vão
atrapalhar que vão dificultar os eleitores negros e latinos então a gente tem hoje diferentemente do que dodô parte do que tinha no passado em vez daquela polaridade brasil positivo estados unidos negativo depois estados unidos positivos não como um paraíso racial mas sim como um exemplo de luta que nós temos hoje uma situação de mais semelhante do que nunca é fala se de uma a organização da sociedade brasileira com as políticas de ação afirmativa o reconhecimento do racismo pelo estado a criação de formas de tentar enfrentá lo e nos estados unidos uma brasilianização com ratinho assim
estão se tornando mais sutil e o que é o processo que é é é digamos se torna ainda mais presente se torna mais é importante com o crescimento da da comunidade latina o que estiveram lá no norte que nós não tivemos aqui como estiveram segregação e como eles tiveram a regra da lei dá uma regra de uma gota de sangue eles tiveram que se unir mesmo que ele que questões de classe questão de tonalidade da pele tivessem peso dentro da comunidade negra tivessem tenham peso dentro da comunidade negra eles diante dos brancos eles estavam unidos
e lutaram nós somos fragmentados eu creio que essa ideologia racial brasileira muito bem sucedida do ponto de vista de nos fragmentar nós não conseguimos implementar é fazer implementar essas leis essas medidas porque nós não temos força política e esse momento nesse sentido é um momento extremamente complicado com o crescimento como em direita são digamos assim da sociedade brasileira em função de vários de vários motivos mas de qualquer maneira eu repito a minha fala inicial nós estamos no momento promissor nós temos uma janela de oportunidades podemos enfrentar esse problema o fato de estarmos aqui hoje tantas
pessoas interessadas na discussão desse tema significa um avanço com certeza e eu espero que todos vocês de uma forma ou de outra possam colaborar nesse processo nessa construção de uma sociedade que primeiro reconheça a existência de um problema para que possa enfrentar o cinto às vezes um pouco de exagero da parte dos negros falando sobre esse assunto você falou que está na sua pele que sabe o que está sentindo existe uma estatística fazer olha o povo brasileiro é tanto por cento racista no brasil fala de pesquisa na década de 90 se não me engano 1996
a o datafolha fez uma pesquisa sobre sobre essa percepção e mostrou que 87 por cento se não me engano confirmavam que havia racismo mas a imensa maioria dizer que não era racista ou seja o pai a mãe o avô todo mundo era menos eu e essa é uma percepção outra pesquisa que existe é o livro a cabeça do brasileiro o alberto carlos de almeida são fotos assim de um negro de de terno é um branco de macacão uma das perguntas era assim com quem você se você tivesse hoje uma filha e idade de casar com
quem você preferia que ela se casasse a maioria botou preferiu o branco operário ao negro advogado acho que alguma coisa significativa eu já passei por todo tipo de de situações contra constrangedoras que você possa imaginar não tem como aceitar a idéia de que o brasileiro seja melhor esse tipo de racismo que é está naturalizado na sociedade brasileira que faz com que muitas pessoas não percebam ela só ela só repetem se você perguntar eu não sou racista mas ela repete aquilo que ela aprendeu em casa da mesma forma que a minha mãe a quem eu devo
tudo é que como empregada doméstica fez o possível para que eu pudesse ser alguém na vida minha mãe me ensinava quando você crescer você tem que casar com uma mulher branca para melhorar a raça ou seja ela estava falando contra si própria mas ela não conseguia perceber isso é esse o racismo da sociedade brasileira o racismo naturalizado que as pessoas praticam e ficam muito focadas às vezes ao serem denunciados como tal acho que um grande elemento que a gente tem pra trabalhar essa questão neste momento é a lei 10.639 essa lei que inclui nos currículos
das escolas de todos os níveis há o estudo da história da cultura da áfrica dos africanos e dos afrodescendentes porquê porque ela ataca um dos uma das fontes o da aaum um filósofo da década de 70 os autos é falava de dos aparelhos ideológicos do estado que seria a família da escola e os meios de comunicação ora como é que você entra na família os meios de comunicação também é ter uma complicação imensa qualquer coisa que se fale agora é a censura é claro que é uma luta que tem que ser travada a lei existe
e hoje a gente já vê que ela funciona um pouco melhor mas da mesma forma que com relação à questão racial de maneira geral ela precisa ser implementada mais amplamente é interessante que existe uma acusação que se faz com muita freqüência a a ao movimento negro se assinamos os próprios negros são racistas eu me lembro então da questão a do sexo que ensina os meninos a juros a serem sexistas são as mães que são as avós são os empregados a então a culpa é delas absolutamente não é porque elas aprenderam e alguém já me falou
uma vez como por exemplo a ideologia da democracia racial diminuir o custo da dominação ou seja o ideal de um programa e dominante é que o dominado é aceite a dominação cognominado aceitar a dominação a coisa tão perfeita e toda mulher aceitar a dominação e e se torna reprodutora daquele discurso está perfeito quando negro aceitar a dominação e ensina seus filhos a serem submissos está perfeito então nós temos que quebrar essa cadeia nós temos que romper com essa submissão seja a submissão feminina submissão negra e denunciar e cobrar e nos organizar para isso criar as
alianças novamente essa necessidade de a gente é contar com outros setores da sociedade para poder avançar um pouco genérico mas eu não consigo imaginar outra coisa ao conhecer nossa história nosso passado é possível transformar o nosso presente o conhecimento pode mudar nossa forma de ver o outro enxergar nada diferença a riqueza da diversidade essa discussão sobre racismo no brasil você pode ver completa no site do instituto cpfl e o café filosófico continua a trazer mais reflexão sobre a diversidade essa série sobre o valor das diferenças em um mundo compartilham o cqc abordar essa questão do
preconceito contexto religioso com relação às regiões de influência origem poderíamos avançar muito mais se a gente resolver se a gente conseguir se curar essa ferida exposta ao máximo o papel dos brancos é fundamental
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