a ÂNSIA DE TER e o TÉDIO DE POSSUIR

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Tinocando TV
Conheça o Speak: https://bit.ly/3BUgd5S A ânsia de ter e o tédio de possuir. “A vida é uma constan...
Video Transcript:
Seja membro do canal e ganhe benefícios! “A vida é uma constante oscilação entre  a ânsia de ter e o tédio de possuir. ” Essa é popularmente conhecida como a  frase mais triste de toda a filosofia.
Ela foi dita por Arthur Schopenhauer um filósofo do século XIX, mundialmente  conhecido como o pai do pessimismo. Talvez você já tenha ouvido falar sobre  ele ou sobre a frase que ele escreveu mas o que talvez você não saiba é o  verdadeiro significado por trás dessa frase. Schopenhauer é um dos pensadores  mais interessantes da filosofia sua visão de mundo é como um  espelho da Europa na época mas não somente isso, podemos dizer que ela  também é uma conclusão de sua trágica vida.
Então, o que essa frase quer dizer? E por que ela é um retrato  da vida de quem a escreveu? A vida é realmente uma oscilação entre  a ânsia de ter e o tédio de possuir?
Hoje, no Filosofando. Oi, eu sou o Tinôco já se inscreve no canal e antes do vídeo começar eu  quero apresentar a vocês o Speak. Se você quer aprender inglês  do zero ou melhorar o seu nível essa é a solução para você!
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Então, se você também quer aprender inglês clica no primeiro link aqui da descrição e vai conhecer o Speak que eu tenho  certeza que ele pode te ajudar. Bom, na época de Schopenhauer a Alemanha era o grande centro  cultural e intelectual do Ocidente. A maioria dos grandes pensadores  que nós estudamos hoje como Kant e Hegel, havia  surgido ali há pouco tempo.
Esses dois filósofos tinham  um pensamento em comum. Eles, incluindo Schopenhauer, faziam  parte do chamado Idealismo Alemão que, de forma simplificada, entendia  que a realidade depende da consciência ou seja, que o mundo à nossa volta é moldado pela nossa cabeça,  pelo que nós interpretamos dele. Vamos pegar por exemplo um simples pôr do sol.
Para um casal apaixonado em sua lua de mel o pôr do sol provavelmente será  percebido como algo belo e grandioso que desperta sentimentos de paz e tranquilidade. Da mesma forma, esse mesmo pôr do sol pode ser interpretado de uma  forma completamente diferente por um homem que está numa cadeia, por exemplo. O mesmo pôr do sol visto pelo casal apaixonado pode significar dias e dias de sofrimento que este homem ainda terá que  passar até a sua liberdade.
Isso exemplifica que, embora o pôr do  sol seja um evento físico e objetivo a "realidade" do pôr do sol  para cada pessoa é subjetiva sendo moldada pelas suas experiências. Os filósofos desse Idealismo Alemão enfatizavam que a maneira  como nós interpretamos o mundo é fundamental para a compreensão da realidade… e é justamente aqui que entra Arthur Schopenhauer. Ele usou das ideias de Kant e Hegel para  desenvolver o seu próprio pensamento.
Kant acreditava que nós  conhecemos o mundo não como ele é mas sim como ele aparece para nós. Assim, Kant dividiu a realidade em duas partes. A primeira é o fenômeno– não é esse fenômeno, eu tô falando de outra coisa!
Fenômeno, ou seja, o mundo que a gente percebe aquela beleza vista pelo casal ou aquele desespero visto pelo prisioneiro. E a segunda parte ele chamou de “coisa em si” que é basicamente a realidade real aquilo que existe independente  da nossa interpretação. E Kant disse que a gente nunca vai  conseguir ver a realidade como ela é ou melhor, talvez até a gente veja mas nós nunca conseguiremos saber com certeza se o que nós estamos vendo é a realidade em si.
Já Hegel, dizia que essa “barreira”  que nos impede de ver a realidade pode ser quebrada à medida  que a humanidade se desenvolve ou seja, ele acredita que a razão humana consegue evoluir a ponto de  conseguir ver a coisa em si. Isso tudo traz uma esperança pra humanidade é um pensamento positivista. Onde você vê um mundo melhor a frente quanto mais a gente trabalhar  pra evoluir nosso pensamento mais a humanidade vai estar  perto de ver a realidade é um mundo incrível… pena  que Schopenhauer discorda.
Para ele o sofrimento faz parte da natureza humana e não tem evolução racional grande o suficiente que vai fazer a gente enxergar a realidade porque a vida é sofrimento, é tragédia e é dor! Que isso mano… quebrou o clima. Um dos grandes pontos aqui é que Kant e Hegel veem um mundo  de uma forma muito racional enquanto Schopenhauer mostra que, nesse caso as emoções e os sentimentos humanos  estão sendo deixados fora da equação.
Mas, falando sério. Schopenhauer interpretava esse conceito do Kant de uma “coisa  em si” de uma forma diferente. Para ele, a “coisa em si”  deveria ser vista como “vontade” que é basicamente a essência da realidade uma força fundamental que está por trás de tudo.
Schopenhauer dá uma temperada com sentimentos no que kant chama de coisa em si. Ela não é uma vontade consciente como, sei lá a vontade que eu estou de  levantar o meu braço agora. Ela é uma força cega, irracional e  incessante que impulsiona tudo no universo desde o movimento das estrelas  até os instintos dos animais.
É o que move os seres humanos  a acordarem todos os dias. Logo, se todos possuem essa vontade a humanidade pode acessar  a realidade através dela. O problema, na visão de Schopenhauer é que a vontade nunca para ela não permite descanso ou uma satisfação justamente porque ela não é racional.
Mesmo que você cesse aquele desejo, logo  vai surgir outro, outro e mais outro. Portanto, Schopenhauer vê que muita  gente acha que o mundo é incrível e tem pequenos momentos de sofrimento  que se repetem durante a vida. Mas ele discorda disso.
Para Schopenhauer, o sofrimento é a regra  e a felicidade é uma exceção temporária. A felicidade seria aquele pequeno  momento entre o que nós desejamos e o prazer da conquista seria a luz que brilha entre a  ânsia de ter e o tédio de possuir. Schopenhauer desafia a ideia  de que somos seres racionais que buscamos aumentar nosso conhecimento  e nossa compreensão de mundo para ele, nós somos principalmente  seres movidos por desejos que são substituídos por outro e outro e outro.
E é por isso, que Schopenhauer diz que “o mundo é uma constante oscilação entre  a ânsia de ter e o tédio de possuir” mesmo que essas não tenham sido  exatamente as suas palavras. Para ele, você tem dois momentos na vida. Ou você está em busca de algo que tanto deseja ou você já realizou esse desejo  e agora vai em busca de outro.
É um círculo vicioso, ou você  está sofrendo pelo desejo ou está entediado por ter possuído o que desejava. E todos esses pensadores só estão em busca de uma razão pra viver para que a vida tenha sentido. Essa frase fez Schopenhauer ser  conhecido como um filósofo pessimista mesmo que ele próprio se considerasse  mais realista do que pessimista já que ele acreditava que estava simplesmente  reconhecendo a realidade da existência sem colocar ilusões ou uma esperança irreal.
Mesmo assim, sua visão de mundo não precisa ser vista  necessariamente de uma forma trágica já que, para o próprio Schopenhauer entender o sofrimento como  uma essência é libertador pois isso permite que nós, como indivíduos enfrentamos a realidade de maneira mais honesta vendo-a da forma que ela realmente é. Para ele, essa constante oscilação entre  a ânsia de ter e o tédio de possuir é apenas uma observação objetiva da vida. Beleza, até aqui, tudo bem… ou  melhor… tudo mal né, mas vamos seguir.
Uma coisa que a gente tem que entender é que o pensamento de todo  filósofo é, em partes, um reflexo um retrato da própria vida dele… e se essa é visão de mundo do Schopenhauer você deve imaginar como foi a vida dele né? ! Podemos dizer que foi complicada!
O século XIX na Europa foi um período  de intensas mudanças radicais. Eles acabaram de passar pelas Guerra Napoleônicas a Revolução Industrial estava a todo vapor o capitalismo estava em ascensão e diversas disputas políticas  inflamaram as tensões nas fronteiras. A urbanização acelerada, as  condições de trabalho nas fábricas as desigualdades sociais  e os conflitos ideológicos criaram uma realidade de sofrimento  para grande parte da população.
Nesse cenário, Schopenhauer que vivia em uma Europa marcada por  tensões políticas e crises econômicas não via muitos sinais de progresso  ou de felicidade para as massas diferente do que propunha Hegel a quem Schopenhauer teria chamado de charlatão. E essa visão foi ainda mais  influenciada pela sua família. Seu pai era um comerciante melancólico que mantinha uma postura distante e assentimental.
Ele sofria de depressão e tirou sua  própria vida se jogando de sua própria casa quando seu filho tinha apenas 17 anos. Sua mãe foi uma escritora que  ficou famosa ainda em vida sendo conhecida pelo seu espírito livre. Por isso, ela desenvolveu uma grande  indiferença quanto ao seu marido buscando sempre estar rodeada dos  escritores e artistas da época.
Por isso, Schopenhauer cresceu em  um ambiente de frieza e solidão. Ninguém tava nem aí. Tanto que seu pai criou ele com o único objetivo dele também se tornar um comerciante e poder seguir com os negócios da família.
Só que ele viu que o  Schopenhauer não tava muito afim. E os dois chegaram a conclusão que valia a pena o Schopenhauer dar uma volta na Europa pra ele conhecer um pouco mais do mundo. Assim, ele viajou pela Áustria,  Suíça, França, Inglaterra e Holanda e ficou totalmente impressionado com  as desgraças que ele viu no caminho.
Ele presenciou uma profunda miséria humana com os vestígios das guerras. Pessoas passando fome, sede. Vidas devastadas pelos conflitos da época.
Essa sua viagem ajudou  Schopenhauer a moldar o pensamento que a gente foi ver em sua filosofia anos depois. Esse momento foi tão marcante na sua vida que, em seu diário, um tempo depois Schopenhauer comparou esse momento  com a experiência vivida por Buda. Sidarta Gautama era um príncipe de  uma região que hoje é o atual Nepal.
Ele vivia no palácio da família e obviamente não passava nenhuma necessidade. Tudo que ele desejava lhe era servido. Sidarta cresceu assim e por muito tempo acreditou que  todos tinham iguais privilégios… até que ele tomou uma decisão que  mudaria não somente a sua vida mas o mundo ao seu redor.
Em um dia qualquer ele fugiu do palácio com o objetivo  de conhecer mais o mundo ao seu redor e, para seu desespero, a vida não  era nada como ele imaginou que seria. Ao sair do palácio, Sidarta  conheceu a fome, a miséria. Pessoas que passavam por  todo o tipo de mal possível.
Ele conheceu doentes, idosos próximos da morte e percebeu que a vida não era aquilo  que ele viveu por todos esses anos. A partir daí ele resolve deixar o reino de uma  vez por todas em busca da verdade interior. Por 40 dias, Sidarta fica  meditando embaixo de uma figueira e atinge a Iluminação, se  tornando a partir de então Buda.
Diferente do que Schopenhauer acreditava Buda entendia que é possível sim se  livrar completamente do sofrimento basta antes você se livrar do desejo. Buda diz que é necessário quebrar  o ciclo de vontade e realização. Que nós devemos encontrar outros objetivos  que não os materiais para nossa vida.
Somente assim você vai se libertar do sofrimento. Essa visão de mundo do Schopenhauer é muitas vezes interpretada de forma incorreta por simplesmente acreditar que, por conta disso a vida não teria mais sentido. Anos mais tarde, um pensador chamado  Albert Camus falaria sobre isso.
Ele entende que a vida é realmente absurda ou seja, que pode não ter sentido nenhum. Dessa forma, você não precisa apenas  ficar triste com essa informação. Mas agora, você está livre para colocar  um objetivo em sua própria vida.
Sendo verdade ou não tudo isso a vida ainda tem um valor intrínseco em si basta você defini-lo. Seja se apegando a um mundo  agnóstico ou a uma religião isso dá sentido à vida das pessoas. O estudo, a sede pelo conhecimento ou simplesmente a vontade  de ter novas experiências é o suficiente para dar sentido à vida.
Então, não se sinta mal por  nada que eu disse nesse vídeo. Afinal, agora você pode ver o  mundo de uma forma diferente. Bom, esse foi o vídeo, eu  espero que você tenha gostado.
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Tchau!
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