Você já ouviu falar em edema pulmonar cardiogênico e não cardiogênico? Qual será a diferença entre eles? E o que leva á um extravasamento de líquidos no interstício pulmonar e até nos alvéolos?
Quer entender melhor todo esse processo? Então pegue um café e fique comigo até o final do vídeo. Para que o nosso corpo tenha seu funcionamento normal, com todos os sistemas em harmonia nós precisamos de oxigênio.
Nós somos seres aeróbios, nós precisamos de oxigênio para produzir energia. Claro que em algumas situações nós produzimos energia de forma anaeróbia, se quiser saber mais sobre nosso metabolismo é só clicar aqui em cima e ver nosso vídeo sobre bioenergética. Mas no geral, nós precisamos de oxigênio em quantidade adequada para sobreviver.
Para absorver o oxigênio nós precisamos primeiro de uma quantidade adequada de oxigênio na atmosfera e segundo, que nossa membrana respiratória esteja desempenhando bem o seu papel, que é realizar a troca gasosa. Revisando rapidinho, entre o espaço alveolar e o eritrócito que está passando no capilar existe o surfactante, que reduz a tensão superficial, o epitélio alveolar o endotélio capilar e as membranas basais fundidas. Mas se quiser aprofundar mais, nós também já temos um vídeo específico sobre membrana respiratória, é só clicar aqui ou na descrição.
Então se acontecer alguma mudança na membrana respiratória isso vai refletir na troca gasosa. Se a gente tem a quantidade de ar disponível na atmosfera adequada, se não estamos na altitude por exemplo, e mesmo assim nossa pressão de oxigênio no sangue está baixa, isso significa que existe algum comprometimento na troca gasosa, na membrana respiratória. Vamos ver alguns exemplos, primeiro o pulmão normal, o alvéolo tem uma concentração adequada de oxigênio, então o sangue que passa pela membrana realiza a troca e segue seu caminho com pressão de oxigênio também normal.
As alterações patológicas que comprometem a troca gasosa são a redução na superfície alveolar, que pode ocorrer no enfisema que é uma doença degenerativa do pulmão causada frequentemente pela fumaça do cigarro. Veja que o alvéolo não está cheio de curvinhas como no pulmão normal, ele perdeu área. Então se diminui a área de troca mesmo quando houver uma pressão normal de oxigênio no alvéolo, não vai ter uma área adequada de troca e a quantidade de oxigênio no sangue será mais baixa.
Outras alterações são o aumento na espessura da membrana alveolar, que pode ser causada por fibrose. E aqui ocorre a mesma coisa, mesmo com a quantidade de oxigênio normal dentro do alvéolo, a troca gasosa, o transporte do oxigênio para o sangue será dificultada, então isso vai resultar em baixa PO2, pressão de oxigênio, no sangue. Outro exemplo de PO2 baixa, mas por outros motivos é a asma, vamos entender a diferença.
Na asma ocorre uma bronco constrição, constrição dos bronquíolos. Veja aqui que a quantidade de oxigênio já dentro do alvéolo vai estar diminuída, porque há um aumento da resistência das vias aéreas, veja que elas estão comprimidas. A membrana respiratória está normal, mas a PO2 do sangue vai ser baixa porque a oferta está baixa.
E agora chegamos no exemplo que dá o nome ao vídeo de hoje, o edema pulmonar. No edema há excesso de líquido entre o alvéolo e o capilar. Esse líquido vai aumentar a distância que os gases tem que percorrer pra realizar a troca.
E aqui existem alguns pontos que a gente tem que dar mais atenção. Primeiro, que igual nos casos de enfisema ou doença fibrótica mesmo que a PO2 no alvéolo seja normal, a PO2 no capilar vai ser baixa, porque o O2 tem baixa solubilidade em meio líquido, então somado o aumento da distância e a dificuldade do oxigênio em atravessar o meio líquido vai ocorrer um grande comprometimento da troca gasosa. E segundo ponto, o CO2 se difunde bem em meio líquido, então não vai ocorrer acúmulo de dióxido de carbono no sangue, que vai estar com a PCO2 normal.
O que mantem os pulmões apenas como uma pequena quantidade de líquido intersticial, a quantidade normal é a baixa pressão vascular pulmonar e a drenagem linfática eficiente. Se a pressão hidrostática do capilar aumenta então o líquido vai ser filtrado para fora do capilar e vai se acumular no interstício pulmonar e em casos mais graves vai para dentro do alvéolo. Então fatores que alteram o equilíbrio desses sistemas podem causar o enchimento dos espaços intersticiais pulmonares e dos alvéolos.
E quais são as causas mais comuns do edema pulmonar? Nós temos duas causas principais, mas antes de falar eu tenho aquele pedido que não te custa nada e me ajuda muito, muito mesmo. Se inscreva no canal se ainda não for inscrito e compartilhe esse vídeo com seus amigos.
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Como o próprio nome já diz um tipo de edema envolve o coração e outro não, vamos entender as diferenças. O primeiro é o edema pulmonar não cardiogênico, ele ocorre por lesão nas membranas dos capilares pulmonares. Essa lesão nas membranas pode ser causada por infecções como pneumonia por exemplo ou também por inalação de alguma substância tóxica.
Independente do mecanismo, o que vai ocorrer é um comprometimento na membrana respiratória. Infecções e inflamações geram um aumento da permeabilidade de membranas dos tecidos para o nosso sistema imunológico conseguir atuar, a gente já viu isso em outros vídeos, então a membrana vai permitir a passagem de proteínas e líquidos para os espaços intersticiais e alvéolos, e comprometer a troca gasosa devido ao aumento da distância de difusão como a gente já viu. A outra causa comum de edema pulmonar é a insuficiência cardíaca esquerda ou comprometimento da valva mitral.
Mas para entender isso nós temos que relembrar rapidamente uma parte da circulação pulmonar. Lembra que a resistência vascular pulmonar é baixa, onde ocorre a troca gasosa, e o sangue dos pulmões vai para o lado esquerdo do coração onde tem uma alta pressão e o sangue oxigenado vai ser direcionado para todo o corpo. Se o coração tiver alguma insuficiência do lado esquerdo, ou seja, não conseguir bombear sangue adequadamente para todo o corpo o sangue vai começar se acumular no ventrículo esquerdo, e aí vai se acumular no átrio esquerdo, e aí vai se acumular nas veias pulmonares, que vai levar ao acúmulo nos pulmões.
Isso pode ocorrer por uma fraqueza dos músculos coração, ou uma estenosa da valva mitral. É como um congestionamento, para um carro lá na frente e os outros carros atrás vão parando também O acúmulo de sangue no átrio, ventrículo e veias pulmonares vai “só” aumentar a pressão, só que esse acúmulo e aumento de pressão nos capilares pulmonares vão aumentar a filtração, vai começar extravasar líquido pro espaço intersticial, por que lembra, a membrana respiratória é bem fininha, ela é preparada para baixas pressões e não altas. Então por esse mecanismo é que a insuficiência cardíaca esquerda pode causar edema pulmonar.
Então nós vimos que para desempenhar nossas atividades nós precisamos de uma boa oferta e captação de oxigênio, não adianta muito eu ter oxigênio disponível se eu não consigo captar lá na membrana respiratória, e vimos que alguns fatores atrapalham essa troca, como o enfisema, a fibrose e o edema. E o edema é o extravasamento de líquido no espaço intersticial e no alvéolo, que dificulta a troca gasosa. Esse edema pode ser causado por alterações na membrana que vai ficar mais permeável e vazar líquido ou então por aumento da pressão nos capilares decorrente de uma insuficiência cardíaca esquerda.
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Nos vemos no próximo vídeo, até mais!