oi oi pessoal hoje eu vim falar para vocês sobre o livro prosas seguidas de odes mínimas de José Paulo pais Esse é um livro bem novinho aí da lista dos vestibulares ele foi publicado em 1992 então super novo final de Século XX e o José Paulo pais o publicou ali na reta final da sua vida quando ele tinha 66 anos o José Paulo pai gente nasceu em 1926 e morreu em 1998 então apenas 6 anos após a publicação desse livro então ele já é né pós terceira geração Modernista é pós-modernismo é literatura considerada contemporânea o
título é bastante irônico prosas seguidas de odas mínimas O livro é dividido em duas partes a primeira que o José Paulo pais chama de prosas e a segunda que ele chama de ódios mínimas por isso prosas seguidas de odes mínimas quando a gente pensa em prosa e poesia Qual é a diferenciação mais básica que a gente faz que prosa é o texto corrido é o texto dividido em parágrafos não coue nesta linha continua lá de baixo então prosa é o texto dividido em parágrafos enquanto poesia é dividida em versos é dividida em estrofes o livro
José Paulo pais dedica esse livro à esposa dele então ele coloca aqui assim pra gente para a Dora em vez do Rubi de prach Então em vez de dar uma joia pra esposa ele dá esse livro E aí ele também coloca uma dedicatória na primeira parte do livro ele diz o seguinte ali como dedicatória a memória de Fernando Gois que um dia chamou de poesias um livro seu de crônicas Então olha que interessante aqui na primeira parte a segunda ele não dedica a ninguém aqui na primeira parte que ele chama de prosas ele coloca especialmente
um cara esse Fernando Gois que chamou de poesia um livro de crônicas ou seja era crônica ele chamou de poesia o que o José Paulo paz vai fazer aqui ele chama a primeira parte de prosa mas não é só prosa que a gente tem ali a gente vai ter também diversos poemas Então se o Fernando gos chamou um gênero de outro por o José Paulo pais também não pode fazer isso porque ele não pode chamar de prosa o que é poesia isso aí já vai mostrar pra gente uma grande desconstrução da poesia moderna a gente
precisa pensar um pouquinho nessa questão de prosa porque eh Será que se refere apenas à estrutura do texto formato de parágrafos nós vamos ter 20 textos nessa parte tem textos que estão em formato de poesia e tem textos que estão de fato em formato de prosa só que o que que a gente não pode se esquecer que prosa também pode se referir a prosa conversa e a prosa prosar aquilo que é do cotidiano e a gente tem também o que a gente pode chamar de prosa poética ou de poesia poética o fato é que neste
livro não só nessa primeira parte como na segunda o José Paulo paaz vai trabalhar vai quebrar ali os limites dos gêneros ele faz essa brincadeira de chamar a essa primeira parte de prosa o livro vai trazer muito muito muito uma literatura que não é de temas elevados mas temas do cotidiano temas corriqueiros ele transforma em Literatura aquilo que acontece no dia a dia e o que a gente tem que chamar atenção O livro está repleto de humor e ironia Então você tem que tomar aí muito cuidado né muita atenção porque um um leitor não tão
familiarizado com a obra pode ter um pouquinho de dificuldade de identificar alguma ironia algum humor essa primeira parte vai ter principalmente Versos Livres O que são Versos Livres versos que não TM uma métrica pré-determinada como a gente tinha em algumas épocas da literatura então medida velha redondilha maior redondilha menor medida nova não aqui os versos são livres a gente tem também principalmente Versos Brancos O que são versos brancos são versos sem rimas parece não haver tanta preocupação com a forma nessa primeira parte no entanto eu selecionei para vocês um poema pra gente fazer a leitura
aqui que é rimado pra gente ficar atento a isso O livro é bem curtinho viu gente 20 poemas na primeira parte 20 textos né na primeira parte e 13 na segunda que já que a gente fala sobre ela também selecionei aqui para vocês um poema que se chama canção de exílio a gente vai encontrar muita intertextualidade nesse livro e eu selecionei este poema aqui pra gente ler juntos principalmente porque ele está fazendo referência ao poema de Gonçalves Dias canção do exílio Não é a primeira vez que o José Paulo paaz eh escreve baseado na canção
do exílio ele tem inclusive uma canção do exílio facilitada que não está nessa obra está em outra Gonçalves Dias é um dos grandes nomes do romantismo brasileiro ele escreveu a canção do Ílio quando estava em Portugal e em 1843 e lá ele retratava as saudades que ele estava sentindo do Brasil da Pátria o exílio seria Portugal e trazia uma visão super idealizada do Brasil exaltando as nossas belezas a nossa natureza é aquele poema super famoso com certeza você conhece minha terra tem palmeiras onte canto sabiá as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá e
ele estabelecia né a oposição lá que era o Brasil que era a pátria e cá que era Portugal que era o exilo então o título já é o maior spoiler da intertextualidade aqui canção de exílio Vamos ler e tentar entender juntos tá bom Um dia segui viagem sem olhar sobre o meu ombro não vi terras de passagem não vi glórias nem escombros guardei no fundo da mala um raminho de alecrim apaguei a luz da sala que ainda brilhava por mim fechei a porta da rua a chave joguei ao mar andei tanto nesta rua que já
não sei mais voltar servem a estrutura do poema nós temos aí seis estrofes com dois versos cada a rimas então nós vemos viagem rimando com passagem ombro rimando com escombros Mala rimando com sala lecrim com mim e assim por diante então a sonoridade há rimas e o que o eu lírico tá dizendo aqui pra gente né um eu lírico claramente em primeira pessoa segui viagem Eu segui não vi eu não vi então o que que ele diz que um dia ele seguiu viagem sem olhar para trás não viu nem coisas boas nem coisas ruins não
viu glórias nem escond mas na mala ele guardou um raminho de alecrim a raminha de alecrim é para afastar inveja para afastar MA olhada Então vamos né nos prevenir não tem nada de bom ou ruim no passado mas é melhor se prevenir pro Futuro apagou a luz fechou a porta ele joga a chave da porta no mar a gente pode pensar que ele não quer mais contato com o passado ele não quer mais contato com a suas origens ele quer se distanciar de suas origens no entanto no final ele diz que andou tanto na rua
que já não sabe mais voltar Será então que no final ele queria voltar e aí naquele momento não dava mais será que ele se arrependeu de ter jogado a chave fora e agora não conseguir mais voltar então nós já temos aí um poema gente com bastante intertextualidade e um poema que foge um pouco ao o padrão do livro que está repleto de versos brancos aqui a gente tem versos rimados vou ler mais um poema dessa primeira parte um trecho dele pelo menos prosa para Miramar e aqui a gente também tem intertextualidade Clara Miramar quando vocês
devem ter estudado a primeira geração do modernismo brasileiro vocês devem ter ouvido falar em memórias sentimentais de João Miramar que é um livro publicado pelo osvald em 1924 é um romance constituída a partir de gêneros diversos e nesse poema ele vai fazer referência aí direta ao osvald de Andrade aqui os versos já são brancos não há rimas o eu lírico também está com a primeira pessoa marcada e pra gente né e ele diz o seguinte Rua Ricardo Batista Bela Vista segunda andar eu já nem lembro a primeira vez fui levado por Francisco na sua derradeira
aparição entre nós com a Lun filho torto de Tarcila que a gente tem a Tarcila do Amaral que foi esposa do osvald de Andrade e ele tá retratando aqui ele faz referência a um sonho que ele teve no qual o osvald de Andrade era o São Francisco de Assis e o levou à casa de Seu pai aqui ao endereço da casa do pai dele e esse casamento aí com a Tarcila do Amaral O Osvaldo de Andrade foi a Lun filho torto ele tá dizendo aí pra gente e ele continua a sala com o espantoso deir
o gabinete com os livros onde discutimos bachofen uma tarde inteira a geladeira onde Antonieta lhe guardava a noite um copo de leite surrupiado pelo auras às vezes Aqui nós temos uma descrição aí do ambiente que a casa do osvald era um lugar para receber grupos e discutir ideias e tudo mais cabelo cortado bem curto por sob a boina azul na rua os olhos a olhar sempre de frente numa interrogação ou Desafio o sorrisos dentes de antropófago a língua fiada noos ridículos de gregos e troianos gente começa aqui com uma descrição física do osvald e depois
já vamos ver alguns aspectos psicológicos dele então a língua fiada porque ele criticava muito ele fez parte da primeira geração Modernista aqui fala inclusive dentes do antropófago O Osvaldo de Andrade Gente o que aconteceu Ele viajou pela Europa conheceu as vanguardas europeias e o que tava sendo produzido lá quando ele chegou no Brasil ele achou sim que a literatura produzida aqui no no Brasil tava deixando muito a desejar que era o parnasianismo que era uma imitação explícita da arte europeia Poxa a gente vai ficar apenas imitando arte de outros países ele não queria isso ele
não queria uma imitação quando ele cria o movimento antropófago O que é antropofagia comer carne então né é como se fosse até uma brincadeira você pega o que é produzido na Europa o que de melhor é produzido lá engole digere para produzir algo nacional para produzir algo com cara de Brasil então ele não queria imitar modelos Ele queria se basear em grandes modelos usar aquilo para digerir transformar em algo que fosse nosso Então é ele que é um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna ele vai sofrer muitas críticas por por quê Porque a Semana
de Arte Moderna não vai agradar o público a arte moderna não vai agradar o público brasileiro e ele tinha grandes ideias de mudança de arte Então nesse poema José Paulo paaz faz uma reflexão sobre o que os pensamentos de osvald fizeram pela arte brasileira continuando um pouquinho não de pobres interior como eu o José Paulo Pa era do interior Então quem era ele perto de Osvaldo de Andrade nada né ninguém recruta da geração de 45 inofensiva Apesar do nome de calibre de arma de fogo com a qual ele gostava de brigar nas suas horas vagas
de guerreiro já Sem Causa então a geração de 45 é inofensiva por qu ao que fez a primeira geração Modernista a tudo todos os padrões que a primeira geração rompeu a terceira geração não fez praticamente nada comparado a isso mas o osá Andrade gostava de discutir gostava de bringar né só que brigar num momento em que não precisava mais brigar as ideias já estavam consolidadas para ele amor humor eu era apenas um potinha da junes dor talento sem dor mas felizmente com Dora para mim ele era o velho piaga meninos eu vi de uma tribo
definitivamente morta mas cujos ossos haveremos de carregar conosco muito tem queiram ou não os que só não têm medo de suas próprias sombras então ele faz referência direta ao poema do osvald um poema piada amor Só tem isso praticamente no poema e era realmente o que se queria né chocar a sociedade como diferente como que quebrava As convenções e ele fala quem sou eu ah sou um poetinha da Jones doré mas felizmente com Dora que é a esposa do José Paulo paaz então a todo momento o o eu lírico está se colocando numa posição menor
com relação ao osal de Andrade osal de Andrade é o grande o eu lírico é o pequeno e Aqui nós temos mais uma referência a Gonçalves Dias a gente viu isso lá na canção de exílio e agora a gente tá vendo novamente para mim ele era o velho piago velho Pajé meninos eu vi meninos eu vi gente faz referência a um trechinho de um poema muito importante do Salves dias um poema indianista chamado Juca pirama assim pro eu lírico ele era aí o velho Pajé de uma tribo morta por que de uma tribo morta porque
a primeira geração do Modernismo Já não existia mais e nem tinha como existir mas os ossos O Legado dessa geração a gente vai carregar consigo por muito tempo né a gente vai carregar conosco por muito tempo aí ele retoma o endereço que ele disse lá no início Rua Ricardo Batista passei por ali ainda outro dia o edifício está lá de pé mas ele se mudou nunca mais o vi frequentei nê por uns bons anos até a sua má ideia de voltar para úmbria onde Certamente ele reconstruíram tijolo por tijolo o ateliê e o Casarão da
mar ano de Carvalho hoje um hospital quando ele fala que nunca mais ouviu porque o Osvaldo de Andrade morreu Osvaldo de Andrade era bem mais velho que o José Paulo pais nunca mais o vi mentira vi uma última vez em 65 ou 66 estreia de o rei da vela na oficina ele estava sentado na plateia bem atrás com sua boina Azul JA pósto mas divertido de ver o irrespeitoso futuro seu melhor fregu então ele diz que viu sim o osvald de Andrade na apresentação na estreia de uma peça que ele mesmo escreveu o rei da
vela próprio Osvaldo de Andrade que escreveu que foi que foi que estreou em 65 66 e ele diz que viu a figura do Osvaldo de Andrade lá de boininha sentado na plateia como se ele já tivesse morto né pós morte assistindo ao teatro e vendo ali o irrespeitoso o público deve ser respeitado e diz aí pra gente no final que o osvald estava esperando que o público um dia apreciasse o que os modernistas da primeira geração produziram são 20 poemas nessa primeira parte tá são 20 textos né não vou dizer poemas Porque não são todos
poemas li dois para vocês terem uma noção do que a gente tem aqui aí nós temos a segunda parte do livro odes mínimas Gente o que que são odes odes na literatura é um poema lírico usado geralmente para exaltar para enaltecer alguém ou alguma coisa é um tipo de composição que geralmente tem estrofes simétricas ou seja tem estrofes com o mesmo números diversos e assim então é algo para exaltar alguém ou alguma coisa só que o José Paulo P chama de odes mínimas como algo para exaltar alguém vai ser mínimo Será que ele chamou pelo
tamanho será que ele chamou pelo tema mas só aqui que é grande os temas vão ser prosaicos mais uma vez ele vai brincar com o gênero aqui pois as odes deles não vão ser as odes dele não vão ser para ninguém importante ou para exaltar algo grandioso é pra perna esquerda pra Bengala pros óculos e tudo mais então ele vai focalizar aqui essa segunda parte como um todo vai focalizar a exaltação de coisas simples e rotineiras da vida usando muita ironia muito humor então ele vai tratar temas que seriam digamos assim graves com muita leveza
tá a gente pode dizer que ã vai aparecer muitas carterísticas autobiográficas aqui muitos trechos autobiográficos o José Paulo paaz por um problema de saúde ele foi obrigado a amputar a perna esquerda E aí usar uma bengala por conta disso e ele vai trazer od a sua perna esquerda odde a bengala mas de modo bem leve com humor Sem sofrimento sem né alto Piedade digamos assim a gente falou bastante da influência ali no José Paulo Pais na primeira geração do Modernismo no entanto nós vemos também muita influência do concretismo dos poemas concretos O que são poemas
concretos são poemas que não foram feitos apenas para serem declamados mas também vistos porque a Organização das palavras no espaço da página trazem algum tipo de mensagem pra gente ou formam algum tipo de imagem as odes gente sempre são a alguém ou a alguma coisa então é muito comum o uso da crase quando a gente tem um substantivo feminino Então olha a minha perna esquerda é o título da primeira Ode a Bengala é o título da segunda ou uau ou aus quando é um substantivo masculino né preposição mais artigo aos óculos por exemplo e assim
por diante eu queria eh mostrar para vocês um tretin da primeira odde a minha perna esquerda porque ele vai trazer aí um trecho bem de poema concreto Então olha o que temos lembremos que nem todas as odes aqui vão ser curtas né ele chama de diodes mínimas mas nem todas vão ser curtas algumas sim e essas curtinhas a gente pode dizer que sem influência de um gênero também bem lá da antiguidade clássica que é um epigrama o epigrama são versinhos curtos que tratam alguma coisa assim bem resumidinho de modo bem conciso primeira od que ele
põe aqui no livro pra gente então que é dividida em várias partes é dividida em deixe-me ver quantas mesmo dividida em sete partes ele diz o seguinte pernas para que vos quero se já não tenho por dançar se já não pretendo ir à parte alguma pernas basta uma bem referência né gente o que aconteceu com ele mas de modo humor Místico leve olha agora esse trechinho como lembra muito poema concreto desço que desço subo que subo camas imensas olha desço que subo desço que subo camas imensas Vocês estão vendo que a poesia concreta eu posso
ler de assim eu posso ler de assim posso ler de cima para baixo de baixo para cima então ele tá mostrando que ele desce e ele tá mostrando que ele sobe que que a gente tem aqui o espaço em branco utilizado no poema faz diferença na poesia concreta Então olha aí a influência Clara da poesia concreta onde me levas todas as noites pé morto pé morto e assim ele continua essa é uma od bem grande a segunda é bem curtinha que ele escreve a Bengala Então vocês vem é tudo muito prosaico é tudo muito do
cotidiano tudo muito do dia a dia contigo me faço pastor do rebanho de meus próprios Passos tem apenas três versinhos tá E aí eu queria ler com vocês mais uma h a televisão que ele não vai exaltar ninguém né nem algo muito pelo contrário ele vai fazer uma crítica Então quem diz que óia só para exaltar odde pode ser para fazer crítica também pro José Paulo paz tudo pode né gente a televisão teu boletim meteorológico me diz aqui e agora se chove o se faz sol para que ir lá fora a comida suculenta que põe
a minha frente como a toda com os olhos aposentei os dentes nos dramalhões que in cenas a tamanho poder de vida que eu próprio Nem me canso em viver guerra sex Esporte me dás tudo vou pregar minha porta já não preciso do mundo a televisão então é o interlocutor dele ela está aqui humanizada né e ele está fazendo claramente aqui um uso está fazendo uma crítica ao mau uso que a sociedade faz da televisão gente esqueci de falar para vocês Caso vocês forem comprar qualquer produto pela Amazon comprem pelo meu link que está aqui no
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