AMPLIFICA por Emicida - Preconceito linguístico no dia a dia

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Natura Musical
Pode a palavra saudade preservar a mesma intensidade na tradução para outro idioma? E se a língua po...
Video Transcript:
"Esse preconceito linguístico, ele é muito presente no nosso dia a dia. " ♪ [Música] ♪ Um idioma… Ele também traz junto uma visão de mundo. As vezes a tradução até amaldiçoa, no sentido original, porque ela minimiza aquilo para caber dentro da perspectiva de alguém que não vive dentro daquele contexto, saca?
Então, o peso de uma saudade, o que a palavra saudade significa para quem fala português, está à anos luz do que um "i miss you". Significa muito mais do que isso, mas isso precisa ser diminuído pra caber dentro da lógica dessas pessoas que vêem de fora. ♪ [Música] ♪ O português do Brasil, na verdade eu nem gosto de chamar ele de português, porque eu acho que.
. . A gente fala brasileiro.
A gente não fala igual à Portugal, é um idioma parecido, mas é outro. Recebemos imigrantes aqui. .
. De tantos lugares do mundo, diferente, que cada um trouxe um pouco de si, colaborou com isso aqui, é uma expectativa meio óbvia, que surja uma maneira nova de se falar no Brasil. O português de Portugal tem uma santidade, é meio sacro a sílaba tônica.
Ela é no lugar correto. E no Brasil, se eu quiser que tenha cinco sílabas tônicas na palavra, que se f***, eu que estou falando. Se a gente falar: "Ma-ra-vi-lho-so", todas as sílabas são fortíssimas.
♪ [Música] ♪ A língua foi se moldando às necessidades e às culturas que estavam presentes em cada uma das regiões do Brasil. E quando você vai falar da periferia, a necessidade de se comunicar rápido, a norma culta às vezes é mais lenta, tem muitas pessoas que não tem um diploma, mas tem uma vivência e aquela vivência ali é tão ou mais importante do que várias coisas que a Academia trouxe para o mundo. E que se você teve a oportunidade de adquirir um conhecimento… Você tem a obrigação de compartilhar ele.
E fazer isso de uma forma afetuosa, não arrogante. Existem níveis de escolaridade, existem níveis de letramento, existem níveis econômicos mesmo, de acesso à escolaridade, sacou? E se eu desconsiderar isso em um país como o Brasil, eu vou estar sendo muito canalha, a sociedade no Brasil tem o hábito de ser muito canalha.
Se uma pessoa fala "mesmo" ou fala "memo", a partir do ponto que a intenção é você entender, se você entendeu a ponto de entrar naquela história, a missão foi cumprida, se você pontua aquilo para marcar que aquela pessoa não obedece a norma culta da maneira tradicional, talvez tenha um problema em você, não em quem está falando.
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