eu peço que a senhora se qualifique exatamente é Darc Chico mque atualmente sou aposentada e gostaria antes de entrar efetivamente nas acusações que eu tenho a fazer eu gostaria de esclarecer que embora na ditadura nos achassem de terroristas não éramos terroristas nós éramos jovens idealistas com o dever de lutar contra uma ditadura nós tínhamos esse direito e o dever principalmente por qu antes do golpe militar tínhamos uma constituição tínhamos um presidente eleito o malefício causado pela ditadura militar não foi somente em relação a nós militantes mas também ao povo tribos inteiras foram sadas a informação
o o ensino gente se tornou alguma coisa assim deplorável então eu gostaria de registrar que nós não éramos terroristas eram os cidadãos com o direito e o dever de lutar contra essa ditadura Eu fui presa no dia 25 de janeiro de 1972 meio dia e 2 minutos na rua Rainha Guilhermina Leblon Guanabara foi agarrada por vários homens e de imediato me jogaram num pala branco é uma das poucas lembranças nítidas que eu tenho me jogaram no chão puseram capos preto e já começaram a me dar pontapés eu permaneci na Guanabara do dia 25 de Janeiro
ao dia 28 metade da manhã durante esse período eu não fui pra cela nenhuma tiraram toda minha logo que eu cheguei passei pelo corredor polonês né em que levava pancadas eh telefone caía aí eles me levantavam eu tinha cabelo comprido me levantavam pelo cabelo né em seguida me levaram pra sala de torturas E lá eu permaneci esses dias entre sala de tortura e geladeira portanto eu não conheço as selas desse local onde eu fiquei isso na Guanabara no Rio de Janeiro no Rio de Janeiro no dia 28 de janeiro eu e o companheiro és Pereira
fortes fomos trazidos para São Paulo antigamente as viagens levavam mais tempo mas no dia 28 de janeiro já era anunciada a morte em tiroteio do Companheiro ELS Pereira fortes não é verdade ele estava comigo na mesma viatura sendo trazidos do Rio de Janeiro para São Paulo Então eu quero registrar esse fato essa notícia foi divulgada tanto pela mídia falada quanto televisiva n logo que chegamos ao do cote São Paulo el e eu fomos levados paraas salas de torturas cada um numa sala nos intervalos das minhas doutoras eu ouvia os gritos do ELS por mais uns
dois dias a gente perde um pouco a noção por mais uns dois dias eu ouvir o Elson sendo torturado portanto eu gostaria que retificasse a data do assassinato dele ele não morreu no dia 28 de janeiro provavelmente ele morreu entre dia 30 31 de janeiro n o Terrível dis notícia do tiroteio teria ocorrido no Rio de Janeiro não a notícia é que o tiroteio teria ocorrido aqui em São Paulo e essa notícia foi dada eu quero deixar muito assinalado esse fato essa notícia foi dada enquanto nós estávamos em trânsito da Guanabara para São Paulo então
é uma fara terrível a família do hélcio veio a São Paulo veio buscar o corpo dele e declararam para familiares que ele já tinha morrido num tiroteio e já tinha sido enterrado gente ele tava ali a poucos metros sendo torturados torturado Esse é um registro que eu gostaria de fazer é uma acusação que eu faço formalmente a comissão a comissão tomou nota desse sim tomou sim obrigada muito bem em relação ao capitão birajara eu fiquei presa no do sequestrada no doot do dia 28 de janeiro ao dia 6 ou 10 de agosto de 1972 durante
várias semanas eu fui torturada e fui torturada pelo Capitão Ubirajara também porque eu digo isso Havia três equipes interrogatório de tortura né a equipe a b e c o capitão obirajara eu não posso afirmar categoricamente mas ele fazia parte da equipe B Veja eu fui torturada pelas três equipes não uma vez não duas muitas e muitas vezes eu não não fui torturado 7 meses não essa tortura mais violenta foi até eh dia 20 de Fevereiro mais ou menos por que eu tenho essa data fixa na minha mente Porque infelizmente os companheiros da mipo do movimento
revolucionário eles começaram a ser presos mais ou menos dia 20 então ao exigência dos torturadores era de interrogar os companheiros recém presos então a minha tortura passou a ser mais menos diárias né Eu quero retornar um pouquinho ao fato do Elso enquanto nós estamos sendo torturados Exatamente esse Capitão birajara entrou na sala e me disse o seguinte a ELS está sendo empalado aquilo ficou na minha mente sabe e nos poucos momentos isto que a senhora fala então deve ter ocorrido no dia 29 de Janeiro ou 30 de Janeiro n 2 ou 30 de janeiro né
e Registro o por que eu vi e quando eu ouvi os gritos quando você está gritando Você não ouve gritos de é a sua voz é o seu grito que sai mas havia alguns intervalos quando eles me faziam perguntas aí eu ouvia os gritos do éso então afirmo categoricamente o Élcio esteve sequestrado foi torturado e morreu no decote e morreu na solitária como é que a senhora como a senhora identifica is grito com como a senhora sabe que era ele que militava eh nós militamos juntos em primeiro lugar a voz é diferente do grito certo
mas na ocasião estávamos só nós dois não tinha outros sendo torturados aliás eles não faziam questão de esconder porque provavelmente el seria executada também daí porque eu identifico e afirmo queero ELS perira fores e e o capitão birajara nesse diálogo que teve com a senhora em ou 30 de janeiro que confirmou essa informação que era o Elso sim sim eles sabiam que nós tínhamos trazido juntos e esse foi o primeiro contato que a senhora teve com o capitão birajara eu já tinha sido torturada por ele pela equipe dele pessoalmente por ele de que forma se
deu essa essa essa tortura Qual foi a conduta dele choques elétricos no ouvido nos dedos dos pés das mãos né Muito choque na na vagina muito então para nós mulheres eu acho que pros companheiros também é alguma coisa muito violenta eu já relatei esse fato é algo não é nem nojento eu não sei escrever o que significa para uma mulher um um torturador introduzir o dedo com fio elétrico a sua parte mais íntima sabe isso me marcou muito me marcou tanto eu quero registrar que eu tive muita hemorragia oral e vaginal e fui levado umas
duas ou três vezes para o Hospital das Clínicas eu me tornei uma mulher estéril e depois que eu saí da cadeia do Hipódromo tentei um relacionamento com o companheiro infelizmente não deu certo porque o ato desculpem é alguma coisa muito íntima e é duro falar sobre isso sabe mas eu acho que tem que ser registrado por mais que me dou eu tenho que falar o ato sexual se tornou alguma coisa assim muito difícil para mim então o que eu posso dizer me tornei uma mulher estéril e sem companheiro e a senhora voltou depois a ter
eh outros contatos ao longo de todo esse tempo com o o capitão biraj durante esses S meses eu declaro assim categoricamente que eu não fui torturada nem duas nem três nem quatro vezes por pessoalmente houve dias em que ele não me torturou n não me pôs um pau de arar na cadeira de dragão mas ele ficava assistido às poucas vezes seg ele não participava diretamente então Aquele olhar frio dele Um Um Olhar assim esse olhar me perseguiu por muitos anos sabe naquele momento a senhora não sabia o nome dele não é quando quando que a
senhora associou essa figura do Capitão birajara ao delegado Aparecido é faz pouco tempo faz pouco tempo na realidade de que forma coisa de cinco seis vezes né CCO anos 6 anos em que a a descrição física dele que é exatamente o que é descrit e é ele Capitão birajara é Leandro calan tem mais Aparecido Laer uma das coisas que me intrigou muito o capitão lembrar eh eu não entendia o porquê eles enrolavam meu tornelo com trpa um pedaço de cobertor né Eh isso para me pôr na cadeira de dragão molhava a cadeira com água te
amarravam fixavam teu braço teu corpo e os meus pés eram colocados atrás de uma Ripa de madeira posteriormente eu soube que aquelas como chama as alças que prendiam os pés tinham quebrado então não foi só o meu pé que ele enrolou não eles enrolar de vários companheiros só que na época eu não disso só muitos anos depois é que eu soube a razão nesse momento também eu quero fazer uma denúncia sobre o companheiro Mair Frederico ma enquanto eu estava presa nessa época eu era torturada esporadicamente não era mais torturado diariamente não e era assim quando
eu tomava me dava um café da manhã eu sabia que aquela manhã não seria torturada quando não me dava um almoço eu sabia que eu ia ser torturado n e eu vi o companheiro Mair como é que se deu esse fato eles queriam que eu localizasse um aparelho onde eu tinha ficado E para isso eu fui retirada muitas e muitas vezes e levada no que eles chamavam de diligência numa das vezes em que eu retornei eu vi uma pessoa eu não conheci não conhecia que estava sangrando e o aspecto físico dele era um aspecto de
quem tinha se dado ele estava num banco de madeira passei por ele posteriormente eh eu fic já ficava não estava mais na solitária né já tinha sido levado paraa cela eu vi esse essa mesma pessoa sendo levada da cela número um a sela número um é a que ficava ao lado da solitária né quero dizer também que durante esses 7 meses tive a dor e o privilégio de conviver com Edgar jaquil quando tomávamos um ar um um pouco de sol não tinha sol então nós passávamos em frente a cadeira aquela figura dele segurando na grade
da cena dele tem o cabelo meio comprido e aquele sorriso e ele isso é subjetivo meu eu acredito que ele já sabia que ia ser morto resumo é isso pergunto ao Dr Jé Carlos Dias se tem alguma questão adicional para formular o depoimento fo importantíssimo depoimento muito depoimento da senhora foi muito importante eu agradeço em nome da comissão nacional da verdade a sua eh disposição e e a coragem de prestar o depoimento falando de episódios e de situações que certamente foram muito difíceis E cujas marcas Eu pediria pergunto então se a senhora querer fazer alguma
declaração eu gostaria eu sei que é um período que nós temos para falar mas a nossa denúncia a nossa postura de hoje Eu repito que o vereador disse há pouco não se trata de Vingança não se trata de revanche jamais jamais faríamos o que eles fizeram conosco no entanto se a comissão nacional da verdade se nós militantes não levarmos esses fatos esses fatos são fatos educadores que vão formar as novas gerações caso não façamos isso os amaros continuarão porque tudo continua igual as delegacias torturam matam sequestram e desaparecem comos coros era isso que eu tinha
diz agradeço uma pergunta faz o senhor entre toda toda a equipe que atuava no doic havia uma mulher torturando é olha eu nunca vi realmente não havia Pelo menos eu não vi havia equipe de captura equipe equipes de tortura análise e o comandante ustra mas nunca vi uma mulher muito obrigado agradeço então eh senhora Darc muito obrigado pelo seu depoimento que foi extremamente importante para os trabalhos dessa comissão nacional da verdade