Alysson Mascaro: Lula vai bem, mas há um Milei à espreita

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TV 247
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[Música] Boa tarde, meu querido amigo, professor Alisson Leandro Mascaro. Que bom revê-lo nessa quinta-feira, 29 de maio, ao vivo aqui na TV 247. Alisson, é uma honra retomar as atividades com você. a gente vinha fazendo aquelas entrevistas mensais, né? Houve a interrupção em função de tudo que você enfrentou, sofreu. A gente fez aquela belíssima entrevista recentemente e aqui recebemos você aqui de braços abertos mais uma vez. Querido Leonardo, boa tarde. Boa tarde, queridas e queridos que estão acompanhando esta entrevista a TV247. Que emoção para mim voltar. Eh, um velho poeta escreveu uma música que dizia:
"Aqui me tens de regresso." Aqui estou, querido Leonardo. Mas era boemia, né? Boemia. Aquele era para boemia. Este aqui é pro nosso sonho, pra nossa esperança. E eu quero dizer que este momento para mim me toca muito profundamente. Após essa entrevista tão especial, tão marcante, com o querido Leonardo, hoje eu volto aqui a reflexão do mundo, da luta, da nossa batalha por uma sociedade transformada, por uma sociedade melhor, com muitas dores, com muitas marcas e, ao mesmo tempo com muita esperança. Cada queda, cada obstáculo, cada perseguição que se sofre e se deve enfrentar e superar
nos deixam a todas e todos mais calejados, mais rijos, mais decididos a enfrentar os caminhos. Eu quero dizer, queridas e queridos, que quando se é jogado ao chão a terra e o corpo então é envolvido pela poeira dessa batalha, agora com este corpo, com a terra, com o pó, com a poeira, ele enfrenta qualquer obstáculo. Quando eventualmente alguém tem medo de enfrentar a luta porque vai sujar a roupa, ele até se poupa. Quando já está suja, quando já está no meio de uma batalha, se vai adiante. Então eu quero pedir aqui, queridas e queridos, neste
momento, um abraço de todas e todos vocês e quero lhes dar esse abraço porque depois desta entrevista com o querido Leonardo, faz um mês, as manifestações de carinho, de apoio, de afeto foram tamanhas que eu não pude eh expressar de pessoa a pessoa esta mensagem de agradecimento e de muita emoção pelo que disseram. Então, eu esperei exatamente este um mês para poder aqui em público agradecer a cada qual de vocês que pôde me auxiliar, que pôde me amparar nesta jornada e que expressou eh seus sentimentos, sua alegria pela minha volta. E eu quero aqui em
público dizer do tanto que isto é importante. Quando nós estamos na luta e alguém nos dá a mão, nos ampara, isto eventualmente é o fundamental para poder fazer prosseguir uma caminhada. Então, querido Leonardo, com tanta gente especial que aqui eh por todo esse período nos auxiliou, a querida Dora Encontre, que eu leio aqui já uma mensagem dela e por meio dela eu envio um abraço a tantas e tantos. Eh, para mim é muita emoção poder ver o grau de humanidade que ainda existe. Quando eu dei notícia pública de que sofri uma perseguição por meios virtuais
de perfis anônimos, haters por 15 meses, eu recebi inúmeras mensagens de apoio no mês de novembro de 2024. Eu quero dizer aqui em público, querido Leonardo, que uma das primeiras pessoas que eu tive a honra de receber uma mensagem de apoio naquele momento é uma das maiores jornalistas do Brasil, esta mulher de fibra, de luta, de caráter, de honradez que me escreveu e eu já sabia que ela havia passado com entes queridos eh um processo no qual sofreu também muito por ser vítima de perseguição e me escreveu me emprestando forças naquele momento. Esta enorme jornalista
brasileira é Diane Santos. Eu quero aqui poder em público, em nome da Dayane, agradecer a tantas e tantos. Daiane, que me deu a emoção de abrir esta programação para a entrevista do querido Leonardo comigo na volta. A mensagem dela foi um bálsamo em um momento de muita dor. E tanto, se você me permite, a Daene tá aqui emocionada na sala de espera. Eu vou trazê-la aqui. Eu gostaria muito. Eh, Daane, olha só, isso só te engrandece ainda mais, né? Quer dizer, então, queria te passar para, na verdade, transmitir também a a, vamos dizer assim, o
meu reconhecimento, meu apreço por você diante aí do do que disse o Alisson. Por favor, Daane. Ai, ai, eu sou muito chor chorando, né, da? Você não estava chorando? Não, não tava. E eu sou muito chorona. E eu assim que eu vi a mensagem nas redes, né, do professor, eu conheço o professor, eu comecei a fazer live aqui com o professor eh pelo pela qualidade que tem o professor, pelo caráter que tem o professor Alisson Mascaro, né? Eh, eu conheço pessoas em comum que ele também foi professor e todos t uma referência muito grande a
ele e eh é uma pessoa que eu admiro de longe, nunca nunca ouvi pessoalmente, né, professora? e quero dar um longo abraço eh ao senhor. E quando eu vi a mensagem dele nas redes, eu sentindo na pele aquilo, eu sabia que quando eu sou assim, né? Quando a gente é acusado de algo que a gente não faz ou não fez, isso no pela posição que nós temos, pelo compromisso que a gente tem com a luta, com o povo, isso nos afeta de forma muito destrutiva, né? Eh, e as redes sociais se tornaram esse instrumento, né,
uma arma que é apontada pra gente o tempo inteiro, né, e a gente não sabe da onde vem esse esse tiro e e vem de forma avacaladora. Eu vivi isso. As pessoas sabem que com a minha sobrinha ainda está num processo muito difícil de investigação, de apuração. Eh, a polícia no Brasil ainda não tem o domínio, né? Não é toda a polícia ainda mais na periferia. Imagina isso na periferia, né? você chega na na periferia numa delegacia para para tratar sobre esse assunto, as pessoas olham, falam: "Eu tenho um cadáver ali na esquina que eu
preciso resolver". E e ao mesmo tempo eh a gente sabe que isso destrói vidas, né? O cadáver pode estar ali na frente, né? Então eu quando vi aquela mensagem eu me senti no lugar do professor porque eu tava vivendo aquilo e ao mesmo tempo conhecendo a grandeza, a dimensão que ele tem, eh, e por justiça também, né? Não é só porque ah, tá passando pano, que a gente escuta isso, né, professor? Ah, tá passando pano, é isso, é aquilo. As pessoas não têm o a sensibilidade de falar, pera aí, vamos assentar, vamos ouvir o que
tem primeiro para depois sair atirando, né? Então, eu sabia que ele estava diante de um turbilhão por tudo aquilo que ele representa e faz, eh, de ataques de uma dimensão gigantesca. E a gente viu o tamanho disso, mas o professor como professor que é, né? E quando a gente fala professor tem uma dimensão também muito grande, professor Alisson, porque o professor é aquele que nos ensina, é aquele que nos conduz ao conhecimento e que nos dá tranquilidade para aquilo que é desconhecido muitas vezes, né? O professor, ele calma aí que eu vou explicar para você
e você vai entender isso aqui. Talvez até me ensine depois, né? Essa é a dimensão do Alisson Mascaro. Ele tem esse caráter, essa tranquilidade, essa sabedoria. imagino todos os conflitos que ele deve ter sentido e vivido. Eh, mas ao mesmo tempo, como o senhor disse aqui na transmissão, muita gente o abraçou, né, de longe, virtualmente e pessoalmente. Então, o senhor não se sinta sozinho. Eh, a gente, eh, tem a dimensão do do que o senhor tá enfrentando, que é muito grande, mas ao mesmo tempo a gente sabe da grandeza que o senhor tem. Então, sinta-se
muito abraçado. Obrigada. Eu me sinto honradíssima por isso, eh, porque sempre admirei por tudo aquilo que o senhor é e continua sendo, diante de tudo isso que o senhor sofreu, o senhor continua sendo o professor Alisson Mascaro. Muito obrigada, viu, querida Daane? Muito, muito obrigado. A admiração que eu tenho por você é imensa e infinita. As suas palavras naquele dia foram um cajado que me ampararam para ficar de pé. Muito obrigado. Estamos juntos sempre. Então vamos seguir aqui. Ficar todo mundo aqui. A gente não vai fazer aqui. Obrigado, Diane. Obrigado, Diane. Obrigado, Alisson. Vamos seguir
aqui então. Valeu, Diane. Opa, aqui. Bom, vamos seguir então. Deis dizendo: "Muito bom tê-lo de volta professor Alisson. Sinta fraternalmente abraçado, como diz o nosso querido presidente Lula, a verdade vencerá". Ah, Terezinha, que alegria ter aqui a sua volta. Estamos todas e todos emocionados. Acredito. Eh, também, olha só, tem mensagens lindas aqui. Eh, Ana Cristina, que bom professor de volta. Fátima também. O Denis, vivo o eixo da resistência. Soledade. Bem-vindo, professor Mascaro. Sinta-se abraçado e acarinhado por todos nós da comunidade, né? Queria mandar um abraço especial também paraa Dora Encontre, que eu conheci por seu
intermédio, uma pessoa fantástica, grande escritora, grande poetisa. Tive alegria, Alisson, de entregar dois livros de poesia dela paraa nossa querida presidenta Dilma Russef lá em Shangai recentemente, agora no mês de maio, quando eu fui para lá. E a Dilma ficou muito feliz com os livros, gravou um vídeo que eu mandei também pr pra Dora, que ficou mais feliz ainda, né? Eh, e a Dilma, como eu te falei, ela ficou também muito tocada com o que te aconteceu, com essa, vamos dizer assim, com essa política do cancelamento, né, pra gente ser bem bem franco aqui. E
ela sabe o que que é sofrer a injustiça, né? A Isabel tá dizendo: "Felicidade de vê-lo mandando aqui uma um grande abraço para todos nós." Então, vamos começar essa live aqui, Alisson, é utopia a queim de regresso, né? Não é boemia. Então, estamos aqui de volta à utopia. Eh, Alisson, eu queria, na verdade, você falou, a Daane falou uma coisa muito legal, falou o seguinte: "Olha, eh, o Alisson, ele continua sendo sempre e sempre será o professor Alisson Mascaro." Outro dia eu fui num evento em Brasília e eu encontrei um dos seus ex-alunos da San
Fran, não vou aqui dizer o nome, tal, porque, enfim, quer dizer, também não me deu autorização para isso, mas porque hoje ocupo uma posição no governo federal, né? E também não quero que ele seja alvo de nenhum cancelamento ou de algum de alguma algum tipo de patrulha, mas fez as mais altas referências a você, né? E é uma pessoa que veio de baixo, que tá assim, quer dizer, que tem uma história de vida belíssima, dizendo, olha, foi, é, e sempre será o grande professor da faculdade de direito do São Francisco, né? Sobre essa questão de
ser um professor, eu queria eh também fazer, eu tinha pensado assim em abrir essa live, né? Eh, falando um pouco dessa lógica da TV247, porque como é um diálogo, né, eu acho que todo mundo que vem aqui escutar aprende muito. Uma vez o Zé de Abreu falou o seguinte: "Olha, isso aqui que vocês criaram é uma coisa fantástica, é uma espécie de universidade aberta, né? Então, por exemplo, um entrevistado aprende, um entrevistador aprende, o público aprende, né? Só quem não quer aprender, aqueles que vem tumultuar de vez em quando, mas esses são cada vez mais
raros. Então eu queria te narrar rapidamente, Alisson, um pouco da minha experiência com essas duas viagens paraa China, que foram muito impactantes, né? Eh, e que também tiveram eh reflexo em coisas que eu vivi recentemente e que vão ter a ver com com o conteúdo do nosso do da nossa conversa, né? Bom, a primeira viagem que eu fiz à China foi em março desse ano. Eh, eu fui lá para entrevistar a presidenta Dilma e fui também para visitar os meios de comunicação, né? Há muito preconceito em relação à mídia chinesa, aquela coisa toda. Fala-se lá
em censura, controle, etc. e tal. Eu até já narrei que eu encontrei jornalistas fantásticos, muito preparados, muito qualificados e que tem essa visão de que a comunicação social ela tem uma função pública, né, que é contribuir pro progresso da sociedade. Então, a comunicação na China tá subordinada a essa ideia do desenvolvimento, né? Eh, o que que rege a China desde as reformas lá do dengue chping? Paz e desenvolvimento, né? Eh, enquanto a gente tem a mídia no ocidente que tá gerando conflito, polarização, ódio, etc. e tal. E eu acho que ela gera esse conflito inclusive
para tumultuar as sociedades. Tem muito a ver com o tema do seu livro que é o crise e golpe, que tem a ver com o impeachment da presidenta Dilma também. Aí eu fiz a segunda viagem à China agora recentemente, que foi para acompanhar sobretudo a cúpula China Celac, que aconteceu no mês de maio, que eu achei um evento fantástico. Aliás, hoje saiu a notícia de que o discurso do China, essa cúpula tá sendo publicado e a gente vai ter a íntegra também para disponibilizar aqui ao público, né? Eh, enfim, teve lá o discurso da presidenta
Dilma, o presidente Lula, uma cúpula empresarial e Brasil China também, enfim, tudo que aconteceu que foi muito bem coberto aqui na TV247. Aí quando a gente volta da China ao Brasil, a gente se dá conta de que eles têm uma grande vantagem comparativa em relação a nós. Quer dizer, qual que é a vantagem comparativa da China? É exatamente a estabilidade, a, mas não é uma estabilidade qualquer. Porque, por exemplo, uma uma ditadura de direita também poderia ter estabilidade. Eles têm uma estabilidade progressista voltada pro desenvolvimento e pra inclusão social, né? Bom, aí a gente chega
ao Brasil e a gente percebe governo Lula, progressos, queda do desemprego, avanços sociais, aquilo que a gente sempre falou aqui, quer dizer, na nas lives com você, quer dizer, o governo Lula entrega melhorias objetivas, né? Mas ainda assim, dado o grau de polarização da sociedade, não existe nenhuma garantia de que essas melhorias vão se perpetuar ou vão ter uma relativa continuidade. Aí o que aconteceu, Alon? Muito interessante também. É sempre bom a gente misturar, Leonardo, não te escuto. E agora? Agora agora sim, né? Eu acho que eu bati aqui no microfone, mas você foi até
até o ponto em que eu falava dessas duas viagens pra China, né? Bom, aí só para fechar e para passar a palavra para você, Alisson, nessa semana, na segunda-feira, a gente realizou um evento na sede do BNDS para celebrar o Dia da Indústria, né? E interessante porque o 247, quer dizer, que é visto como o Jornal da Resistência Democrática, tal, a gente também tá tentando se colocar como o veículo de comunicação do desenvolvimento nacional, né? E aí, eh, dialogando com o público mais empresarial, todos os setores da economia, ABMAC, Abidib, ABS, AB aquilo, quer dizer,
as entidades Farma Brasil, as entidades empresariais, relatando grandes progressos que aconteceram nos últimos anos, né? E qual que era o ponto, né? Como ter isso de uma maneira duradora? Como ter no Brasil uma política industrial que vá atravessar governos, né? Aí, olha o que que foi muito interessante. A imprensa brasileira foi cobrir esse nosso evento. A imprensa brasileira também cobriu a viagem do Lula. A imprensa brasileira quando foi cobrir a viagem do Lula, ela não quis saber de cúpula China Selac, não quis saber de integração Brasil China. Ela queria saber de criar uma intriga, a
famosa intriga lá, Janja TikTok, para tentar tumultuar. A imprensa brasileira quando foi cobrir o dia da indústria no BNDS também não queria saber do progresso da indústria, ela queria saber da, vamos dizer assim, da questão fiscal, né, da crise fiscal, etc e tal. Então eles foram lá porque o Haddad estava presente para perguntar o Haddad sobre o IOF, aquela coisa toda. Então a agenda dos meios de comunicação no Brasil é a agenda da crise. E por que essa crise, né? Porque a crise fiscal, quer dizer, leva a essa ideia de que o Brasil está quebrado,
de que o Brasil vai quebrar, etc e tal. E aí eles conseguem eventualmente colocar aqui no poder uma espécie de Ravier Milei tropical que parece ser o projeto das elites, né? Então o seguinte, quer dizer, eu quero estabilidade de longo prazo, de maneira progressista. Os empresários industriais querem estabilidade. Talvez eles não saibam que querem a estabilidade progressista, né? Porque, enfim, né? Eles eles foram forjados por uma ideologia muito mais à direita. Eh, mas a gente não tem isso, né? Então eu te passo para você fazer essa reflexão, porque o Lula está entregando, mas a gente
não tem nenhuma garantia de que temos, vamos dizer assim, uma certa certeza em relação ao futuro. por favor, Alisson, esta situação, querido Leonardo, que você experimentou tanto na China quanto agora neste evento belíssimo no BNDS sobre o Dia da Indústria tem a ver com o horizonte ideológico que as pessoas têm dentro da sociedade por todos os meios. Não há, pela racionalidade econômica e lógica, nenhuma razão para o Brasil não ingressar no bloco hoje mais dinâmico da economia mundial, do comércio mundial, que é o bloco dos bricks. Não tem razão para o Brasil dar as costas
para essa pujança econômica. sendo que os Estados Unidos historicamente nunca deram um tstão para ninguém em termos de vantagem. Se deram um tstustão para alguém, foi para destruir algum país. Então isto é serviço dado para fazer mal a outros países. E por que a economia de um país, por a sociedade de um país não é só o empresário do Brasil? Por que o empresário do Brasil? Por que o gerente da fábrica do Brasil? Por que o vendedor do comércio do Brasil? Porque o povão prefere os Estados Unidos? Sendo que os Estados Unidos não dão um
tstustão pro Brasil, dão um golpe no Brasil, destróem a economia do Brasil, sugam de modo imperialista o país até o limite. Por que existe essa preferência? Porque existe ideologia. Uma pessoa que tenha 20 anos de idade, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 100, esta pessoa hoje está informada de que os Estados Unidos não estão crescendo como a China, se é que ela acordou hoje pra realidade. Mas desde a década de 80, então é 80, 90, 01 2, 50 anos, meio século. Há meio século, aumenta a pobreza nos Estados Unidos. Há meio século, a sociedade estadunidense
está se esgarçando ainda mais. Há meio século, a China diminui a pobreza. Há meio século, a China aumenta a indústria. Há meio século, a China abre ferrovia. Os Estados Unidos há meio século caem pontes porque não tem dinheiro para consertá-las ou para cuidar delas, dado que o regime neoliberal, o estado mínimo, qualquer coisa assim, máximo pro exército, para a os militares, mas mínimo até paraa infraestrutura. Impressionantemente assim se dá. E por que há 50 anos as pessoas ainda creem nos Estados Unidos? Eu posso dar uma resposta muito simbólica por causa do Mickey Mouse, por causa
do Pato Donald e de outras figuras mais por aí que queiram colocar por causa do Big Mac, por causa do boné e tantas coisas mais. Todo esse conjunto, boné, Big Mac, eh, Pato Donald, e sei lá o quê, eh, filme de Hollywood, enfim, tanto faz. Eh, eh, para agradar aí eh eh minhas crianças, minha sobrinha e meu sobrinho, o filme do Stit, enfim, tanto faz, vai substituindo um pelo outro. Todas essas coisas são o que se chama de ideologia. E nós não temos o Pato Donald da China, nós não temos o Mickey Mouse da China,
podemos até ter, não é que não exista, mas aqui a cultura brasileira não absorveu isto, não absorveu eh eh o conhecimento sobre a muralha da China. Nós não sabemos quanto tem a muralha da China e eventualmente alguém sabe quanto tem de queda eh Niagaras Fro, enfim. Então, o conhecimento nosso é muito calcado neste padrão simbólico do capitalismo e dos Estados Unidos. Por que isto é fundamental? Porque pode-se demonstrar para o empresário no BNDS, pode-se demonstrar para a imprensa brasileira que é um absurdo dar as costas para o Brick em termos de negócio e continuar sendo
lacaio dos Estados Unidos. O problema não é a conta da matemática, o problema é toda uma história ideológica de afetos que liga de modo colonizado o nosso país ao imperialismo. De tal sorte que quem tem 70 anos de idade, quando tinha 10, viu o filme de fara oeste do do John Wayne. E o filme de fara oeste do John Wayne era no Texas. Então ele já ouviu falar Texas e ninguém sabe o nome das províncias da China, mas do Texas ele já ouviu falar quando tinha 10 anos de idade e continuou. Não foi que só
com John Wayne, atualizou-se para eh Rambo e outras coisas mais por aí. É o enfim o bestiário que vem de muito longe, música e coisas mais. que eu estou dizendo é tão decisivo, isto é tão fundamental, é o fato de que a ideologia ela opera por afeto. A pessoa tem estima pelo Pato Donald, a pessoa tem estima pelo hambúrguer, a pessoa tem estima por comer uma costela ao modo australiano reelaborada nos Estados Unidos por uma e franquia tal que ele comeu aí no restaurante Beira de Estrada no Brasil. E ele acha que isso é comportar-se
como estadunidense, de tal sorte que este nível da ideologia, que é o nível do afeto, calca tão profundamente nas pessoas que elas não saem mais, demoram muito para sair deste estado. É por isso que gente que beija a bandeira dos Estados Unidos passa por patriota do Brasil. seria tosco, absurdo, seria a coisa mais eh eh eh atentatória possível contra o patriotismo. E os patriotas não vêm contradição na contradição que é explícita. Por que eu estou dizendo tudo isto? Porque eu quero aqui em público nesta volta, enfim, a me tem de regresso, já que a gente
começou com a brincadeira da música. Por que é preciso destruir símbolos? Por que é preciso perseguir o que não dá dinheiro? Alisson, só um comentário curioso aqui, é interessante isso aqui, ó. diz aqui na TSUM, até a contracultura é americana. É isso. Até quando a pessoa resolve brincar de ser contra, é o modo americano, modo eh eh eh deles. Eu quero conectar a experiência que eu vivi com a pergunta do Auche e todas e todos vão entender. Eu não dou um tstustão para ninguém, nem que eu exista, nem que eu não exista. Ninguém ganha um
tstão com isto. Por que eu fui perseguido no mínimo 15 meses por um maquinário, um tal preta chaca Zulu, que eu até vou pedir aqui ao público que me acompanha, que estiver no chat. Preta chaca e s a k zulu. Este perfil preta chaca zul perfil profissional de perseguição que perseguiu um artista plástico do Rio de Janeiro. A mim e mais gente que não tem conexão nenhuma com o outro. Então, se vier aí um hater, pergunte isto. Quem é preta chakra zulu por hater responder? Por que que perdeu tempo comigo 15 meses? Por que fez
uma operação de mandar mensagem pra imprensa inteira dizendo ele vai ser destruído? É pela mesma causa que eu falei do Pato Donald. Por nomes que possam servir de alguma baliza, de alguma simbologia, de algum apego de alguém para dizer: "Eu vou ler tal ideia, eu vou seguir tal caminho". Estes símbolos não podem prosperar. Desde que existe luta revolucionária no século XIX, uma das armas de combate às lutas revolucionárias é matar os revolucionários. Mas a outra arma de combate é fazer a perseguição ideológica ao símbolo destas lutas e das lutadoras e dos lutadores. Então, Marx tem
que se falar mal da vida dele. Engels tem que se falar que usou o dinheiro do pai para fazer revolução. Tem que se falar que Lenin era isto, que Rosa do Luxemburgo era aquilo, que Malto Setung eh não tomava banho e qualquer coisa. E desta mitologia, desta ficção, sai tudo. É por causa disso que a empresa do Brasil, o jornalismo do Brasil, metade dos jornalismo do Brasil, ela caiu pago pelos Estados Unidos. Esse não tem só engano, esse tem razão direta. Mas eu tô perguntando da outra metade que não nem ganha dinheiro com isso e
eventualmente perde dinheiro e por que continua lacaia dos Estados Unidos se não ganha um tstão com isso? Pela causa fundamental da ideologia, é preciso fazer com que o explorador sempre pareça alguém positivo, alguém que se pense desejável. E toda pessoa que lutar pela libertação deverá sofrer estigmas. O querido Leonardo sabe disso, o público não sabe. Em outubro do ano passado, o público sabe porque eu contei na entrevista um pedaço da história, não contei tudo. Em outubro do ano passado, eu fui realizar conferências no México. Agora, faz 6 meses, 8 meses. fiz uma conferência eh para
um Ministério do México e outra na Universidade Nacional Autônoma do México, que é a maior universidade deles. um dos maiores lutadores e revolucionários da América Latina, homem de já quase 80 anos de idade, estava neste evento, participou das lutas junto com Salvador Aliend no Chile, em Cuba e tantos outros países. Este grande lutador, eu contei a ele a perseguição que eu estava sofrendo. Contei num parque na cidade do México. Nós achamos um banco, nos sentamos em plena 11 da manhã até 2 da tarde debaixo do sol, eh, solutono lá de primavera no Brasil e de
narrei toda a perseguição. Ele ficou muito espantado e muito solidário. Ele tem pelo menos 60 anos de história de luta revolucionária. conheceu Vietnã, Angola, tantos países no mundo de luta. Ele me disse na hora da do batalhão político por trás dessa operação contra mim, ele disse, você é só um professor, porque há 15 meses existe uma campanha que está chegando a centenas de pessoas para revirar a última vírgula da sua vida. Aí ele disse: "Lembre-se de uma história do Fidel Castro. Ele esteve anos e anos morando em Cuba. Me contou uma história que eu quero
contar aqui ao público. Essa história não contei na entrevista. Fidel Castro, quando estava na luta para a libertação de Cuba, ele e os companheiros e companheiras dessa luta árdua, uma hora ele começou a ganhar a luta. Fulgêncio Batista, este horror lacaio do imperialismo dos Estados Unidos, que era então o chefe, o mandante de Cuba, percebendo que começava o povo a apoiar Fidel Castro, que tinha uma retórica magnífica, tinha um carisma espetacular. Começando que o povo, percebendo que o povo começava a apoiar Fidel Castro, Fugo Batista chamou um jornal de Havana e uma rádio. Naquele tempo
não tinha televisão tão estabelecida ou tão eh esparramada ainda em Cuba. Um jornal e uma rádio, uma estação de rádio. E este grande revolucionário me contou em outubro uma cena dantesca. Eu já sabia, mas havia assumido. Um jornal, eventualmente o principal de Havana, de Cuba, dá na manchete de um certo dia o seguinte, porque Fidel ganhava posições de Sierra Maestra. A luta foi avançando, como não tinha mais condição de não dar informação de que Fugêncio Batista ganhava a guerra porque estava perdendo. Olhem o que aconteceu. O jornal Amando do bárbaro sanguinolento Fugêncio Batista dá a
seguinte informação: Fidel Castro troca tiros, ele e o grupo dele com o exército nacional cubano e Fidel Castro foi atingido nos órgãos genitais de tal modo que ficou castrado. Esta foi a informação publicada no jornal de Havana e propagada por uma rádio. Fidel Castro levou um tiro nos órgãos genitais. Essa história não existiu. Essa história foi republicada por todos os jornais de Cuba, por todas as rádios e os Estados Unidos também republicaram. Que tem a ver esta história? Este grande líder revolucionário me contou este fato agora em outubro para mostrar a razão das coisas. Ele
disse: "Fidé Castro não foi alvejado por bala nenhuma, nem na unha do dedo, não foi também nos órgãos genitais". E por que essa história foi publicada, esparramada e ampliada? Por ideologicamente na mente do povo confunde a cabeça, o desejo, o sentimento e qualquer coisa mais. Fidel Castro é um homem castrado para aquele machismo, o patriarcalismo dos anos 50. Isto era um absurdo. Fidel Castro era agora um homem, desculpem o termo, segundo a fala deles, um homem impotente. Então, não poderia liderar uma revolução. Levou anos para esta infâmia deixar de ser eh propagada como uma espécie
de verdade do senso comum. A pergunta desse revolucionário a mim foi: para que fizeram isto se isso não tirou uma arma da mão do Fidel Castro? A bala que ele tinha no revólver continua tendo o exército do Fujens Batista, a arma que começou a perder continuava perdendo, porque isto era a disputa simbólica, ideológica. Era preciso marcar um estigma no Fidel Castro para o povo. Qual era o estigma? aquele então disse este grande líder revolucionário a mim, é a mesma coisa no seu caso. É preciso dar alguma coisa para ficar uma sombra no ar do Fidel.
Ah, será que ele levou mesmo uma bala nos órgãos genitais? No seu caso, será que esses anônimos que não apareceram até agora e falaram o que falaram? Então, esta circunstância fica como tal. É por causa disso que este símbolo é fundamental e o capitalismo destrói todos os símbolos revolucionários, todos os símbolos de luta. Houve um homem, um dos maiores gênios do século XX, Freud considerou que de todos os psicanalistas que ele criou, porque a psicanálise foi descoberta pro Freud. Quem deu uma contribuição a mais além daquilo que o Freud teria dado foi só este homem,
um dos seus grandes discípulos, Vilen Ris, que disse: "O problema da sociedade é a repressão sexual. Não é que é o problema é só isso, é que o capitalismo opera em repressões. Quando nós reprimimos a sexualidade, isto fecha a corrente, os elos da cadeia e aí as pessoas se reprimem em tudo economicamente. O patrão manda, o empregado obedece, o chefe militar dá tiro e o outro leva e tem que ficar quieto. Tudo isto mais. Willen Heich pregava a libertação social. Um homem genial, psicanalista, como não houve igual na história da humanidade, foi pros Estados Unidos,
foi ensinar nos Estados Unidos, explodiu macartismo. Viran Rich foi preso por indecência ao falar da libertação sexual, porque publicava livros defendendo a libertação sexual. morreu na cadeia nos Estados Unidos no macartismo morreu. E quando foi quando morreu os jornais e televisões todos do macartismo disseram: "Morreu Willen Reich". Psicanalista polêmico pois ele não tem nada de polêmico. É um dos maiores gênios da história da psicanálise. Qual era a polêmica? Defendia que as pessoas pudessem se libertar sexualmente. Que que era isto? Que ele morresse com estigma. morreu na década de 50, não vou lembrar aqui a data,
mas morreu no tempo do auge do macartismo. Pois bem, passados 70 anos, ele é um dos maiores gênios da história do século XX. Aquele momento do estigma passou, só que para a vida dele, para a luta dele, aquele momento ficou um momento de um nó. Então, estou dizendo aqui efetivamente que o tempo nosso é um tempo de disputa ideológica. É por causa disso que o empresário do Brasil comete suicídio econômico ao defender os Estados Unidos que vão devorar a sua indústria do Brasil e não faz acordo com os bricks que podia fazer troca de tecnologia.
Os Estados Unidos não dão troca de tecnologia para ninguém. E por que que faz isso? Volto a falar pelo Pato Donald. Vocês vão dizer: "Ah, mas não é bem o Pato Donald. Pato Donald, Mickey Mouse, sei lá o quê. Dão um nome que queiram, porque é o conjunto da obra. Pelo conjunto da obra, o Pato Donald é legal. Pelo conjunto da obra, o Rambo é o cara. Tanto é que pra geração do atuche minha mais ou menos você falava que o fulano era o Rambo. Quer dizer, ele é forte, ele é vigoroso, etc. e tal.
Hoje, pra molecada, não sei qual é o símbolo disso, sei lá qual é o personagem que anda por aí eh eh fazendo às vezes da cabeça do povo, mas são coisas nesse nível. Então, é esse lixo de indústria cultural que vai marcando as pessoas. Só que a indústria cultural não é apenas o benefício em favor do imperialismo, Patronald, tudo que é legal, é também o desmerecimento do que seja contra. Então o Agostinho Neto, líder da revolução de Angola, tem que inventar alguma coisa contra ele. O eh Mariguela no Brasil tem que se falar qualquer coisa
contra ele e assim vai. E nesta expansão, toda a pessoa que lutar pela transformação social sofre estigma. Toda pessoa que for o Joaquim Silvério dos Reis, o Augusto Pinochet, matar sua gente, trair sua gente em favor do domínio do mundo, passa por grandiosa, gente. Senhoras e senhores, Lula, aconteceu isto, Dilma, a mesma coisa. João Gular a mesma coisa. JK também eh eh Getúlio Vargas, a mesma coisa. É o que dá para contar de gente mais ou menos decente na presidência da República. Então, querido Auch, isto é fundamental. Por que que continuam ainda odiando China, odiando
reindustrialização e outros mais? Porque é preciso odiar o que liberta e amar o que oprime. Muito interessante entrevista sensacional. Mandar um abraço pra nossa querida amiga Juliana Paula Magalhães. Eu fiquei com uma sensação eh na China também, uma outra sensação que eu queria compartilhar com vocês, né? Eh, por que que o Lula fez tanta questão de fazer uma nova visita de estado à China, levar vários empresários, ministros, etc e tal, mesmo correndo o risco de apanhar da imprensa nacional, como apanhou, né? Porque Folha, Globo, Estadão, né? Fizeram os editoriais, ó, o Lula foi lá se
aconselhar com a ditadura, etc e tal. como o Lula sabe, né, e ele é um político pragmático, que ele tá cercado por uma imprensa hostil, cercado por um congresso hostil, cercado por uma eh sociedade que foi, vamos dizer assim, deseducada nos últimos 50, 60 anos por essa ideologia. E fazendo aqui uma crítica, ele também não fez nenhuma nenhum esforço muito grande para educar a população do ponto de vista ideológico, né? Quer dizer, eu acho que essa é a crítica que pode se fazer de maneira mais aberta ao governo Lula, né? quer dizer, não não pensou
nos aparelhos ideológicos, na própria televisão pública e assim por diante. Como ele sabe que ele tá cercado, então ele foi lá, assinou vários acordos com a China em várias áreas, de maneira a tentar consolidar interesses empresariais cada vez mais sólidos na relação Brasil China, que é uma maneira de você talvez, né, apesar da ideologia, fazer o bolso falar mais alto do que a ideologia, né? Será que é isso que tá por trás desse esforço? E a gente para para pensar, né? O Jango enxergou o potencial dessa parceria Brasil China 1961, terminou em golpe de estado,
né? 1964. O mundo mudou muito, os Estados Unidos entraram em decadência, a China asu hoje é innegável, né? Eu sinto. Quer dizer, aliás, outra coisa que eu queria contar, encontrei no Rio de Janeiro também durante essa visita, eh, uma pessoa que de quem eu jamais esperaria esse comentário, uma pessoa próspera, né, eh, bastante próspera, até que sempre frequentou o circuito, né, Nova York, essas coisas. Não, esse ano eu vou paraa China, eu quero conhecer as pessoas estão interessadas em ver o desenvolvimento, progresso, aquela coisa toda. Mas será que não é esse o interesse? Quer dizer,
bom, já que o Lula não operou no campo da ideologia, vamos tentar operar no bolso e tentar libertar o Brasil do atraso a partir do interesse econômico? Sim, querido Leonardo, esta possibilidade de jogar com a arma que tem é o modo pelo qual se consegue eventualmente sair do jogo amarrado, porque nesta circunstância na qual a disputa ideológica não é posta, sobra o espaço do jogo que não está ainda totalmente dominado. Então, se o mercado financeiro a tudo domina e não há um combate a esta lógica de prevalência financeira sobre qualquer outra ordem da economia, como
a produtiva, por exemplo, se nós tivermos dois donos do dinheiro e não um só, de repente dá alguma briga. Então, esta movimentação de que a China compre alguns ativos da dívida pública do Brasil ou da dívida interna, eh isto representa uma espécie de possibilidade de jogo. Só que esse jogo ainda está demarcado dentro desse espaço Faria Lima, que eu quero dizer, a Faria Lima tem mais poder ou menos poder. Percebam que o eixo de gravidade continua sendo Faria Lima, mas é uma disputa. O que ocorre é que essa disputa, eu diria que ela distensiona um
pouco a marcha do desenvolvimento, então deixa andar um pouquinho. Só que a marcha sólida do desenvolvimento, ela só é possível numa sociedade quando ela tem instrumentos bastante demarcados, bastante estabilizados, pelos quais a sua política econômica, social e ideológica se fundam em uma espécie de vida social soberana pro Brasil. Não tem isso. Porque não adianta dizermos assim: "Ah, mas vamos fazer a ideologia do capital e vamos dar uns pinguinhos de interesse nacional. Se acontecer isto, já que eu usei esse exemplo que eu nunca uso, mas já que foi para começar com esses produtos lixo da indústria
cultural dos Estados Unidos, vejam que no tempo do Dutra, os Estados Unidos também tiveram uma certa sacada de mostrar para o Brasil que o Brasil não era somente colônia dos Estados Unidos, ele também tinha alguma coisa a contribuir. Sabe como é que foi a contribuição? Eles inventaram o Zé Carioca. Então, inventaram um personagem que era um malandro carioca na forma de eh papagaio da Ana Maria Braga. De tal sorte que neste contexto nós dizemos, tá vendo? O Brasil tem o Zé Carioca, a Argentina não tem personagem na Disney, a o Paraguai não tem personagem na
Disney. Grande coisa que é ter um personagem da Disney. O problema é que nós não temos a Disney do Brasil. Então, quando nós estamos aqui com um jogo no qual tenta se arrancar uma migalha, ainda não temos nada, porque a gente tem no máximo um Zé Carioca da economia, que é uma espécie de quem sabe uma indústria de lá vem para cá. E a nossa indústria e a nossa eh forma de desenvolvimento econômico onde está. Mas para que isto aconteça é preciso uma decisão soberana também no nível da construção ideológica. Por isso que esse é
o desespero de muitos anos que eu tenho falado. Nós estamos vendo o tempo passar e nós não temos forma de alcançar a nossa população de um modo maiúsculo. Então não adianta ter Zé Carioca. O problema é que eu quero ter a Disney do Brasil. Não. E olha que interessante, né, você falar sobre isso também, né? Eu comecei dizendo sobre as interações que eu tive com os meios de comunicação eh da China, né? Se a gente pega aqui uma uma coisa que tá acontecendo nesse momento no Brasil, eh os Estados Unidos ameaçando sancionar o Alexandre de
Moraes, outros ministros e dizendo que as empresas das bigtecs americanas são intocáveis, né? Qual é o país que tem soberania digital hoje? É a China, né? Porque a China soube se proteger. A China enxergou desde o começo que essas bigtech seriam um instrumento, um aparelho, um grande, um gigantesco aparelho ideológico, né? E então, já que eh na verdade os aparelhos ideológicos servem à dominação, ao imperialismo, como tá dizendo aqui o Leonardo Godói, que aula sobre ideologia e imperialismo, Alison Mascar é eh excelente como sempre, né? A gente percebe o seguinte, quer dizer, olha como e
é interessante, né? Aí você vê o seguinte, quer dizer, os o país que criou as suas próprias bigtecs é apontado pelos pela mídia ocidental como a ditadura, né? como um país que censura o Facebook, etc. e assim por diante. Mas lá eles têm tudo que se tem no Ocidente, mas com soberania em relação ao que é discutido. Eu vou trazer uns comentários e vou te devolver aqui rapidamente, Alisson. Vamos lá. Eh, aqui, olha só, eh, Guga Boa Vida tá dizendo assim: "Boneco, Barbie, Falcons, loira, Rambo, tamos junto, mas caro". É, até a dominação começa já
nos brinquedos, né? Coisa curiosa. Jusara Moricas, professor Adson, seja bem-vindo. Temos também a tua força para aprender. Obrigado. Alexandre Forte, minha solidariedade, o professor Alisson, tenho três livros seus. Lucas, Bruce estava ganhando esse espaço, não é? Safira Caldas, gente, tô em prampos. O senhor professor Déu, obrigada por tudo. Eh, Isabel já tinha lido aqui. Curiosamente, né? Tá, tá acontecendo na Rede Globo nesse momento, Alisson, eh, o remake de uma novela que fez muito sucesso no passado, que é a novela da Aldet Hoan. É a novela Vale Tudo, né? E a ideia do Vale Tudo passa
a ideia de que o Brasil é o país do Vale Tudo, né? E você vê na própria no clipe da novela, o Brasil se resume a bunda, malandragem, aquelas coisas, né? Quer dizer, essa imagem e todo mundo quer levar vantagem, todo mundo quer de todo mundo vai enganar alguém, ninguém pode confiar em ninguém, né? Ao se criar essa imagem do país, né? Obviamente, quer dizer, o país se torna um prato cheio paraa dominação pelos Não, pera aí, se aqui todo mundo é ladrão, né? Eu acho que isso explicou bem a Lava-Jato, inclusive, né? Se todos
no Brasil são ladrões, por que não então na verdade submeter a dominação dos povos civilizados, né? Será que essa novela também é um instrumento do imperialismo? E aí, curiosamente, só para te passar mais um ponto, né? Eh, o que é esquerda nessa novela são aquelas lutas que hoje estão sendo classificadas como as identitárias, né? Não, veja bem, olha, mulheres, aquela coisa, né? Tudo bem que são coisas, todo mundo sabe que são coisas importantes, mas não é a verdadeira transformação social. Diga lá, Alisson. Veja como, querido Leonardo e queridas, queridos, Leonardo querido, vai aqui, eh, Leonardo
Godói, obrigado a todas e todos, Osvaldo, todo mundo que tá aqui junto. Eh, olhem como os produtos que formam uma sociedade passam por ângulos que nós nem percebemos. A novela, a novela é uma forma pela qual se narra um tempo histórico, Cláudia, minha querida e todas e todos, eh, narra-se um tempo histórico, narra-se um modo pelo qual se lê o mundo. O Brasil, nesse produto chamado novela, ele evoluiu porque a própria Globo tinha o homem que eventualmente teve a capacidade de ser o maior criador de enredos progressistas de esquerda, comunistas da história do Brasil, que
foi Dias Gomes. De sair de Dias Gomes e chegar nisto é o horror que aí se tem em termos de horizonte ideológico. Eu quero conectar tudo isto com a economia, o governo e a ideologia, porque querido Leonardo falou aqui questões decisivas, esta experiência dele na China e esta do Dia da Indústria talvez sejam símbolos incontornáveis do que está se passando. Eu quero dizer inclusive que isso se conecta de modo, enfim, não total, mas quase total com a própria jornada que eu estou aqui tendo que passar por conta desses absurdos de gente anônima que foi instigada
por haters que eu não sei até agora quem são, mas que eu quero só só quero aqui dizer, as investigações estão avançando e cada vez mais nós estamos descobrindo zelos desta corrente da perseguição. Então, pelos próximos meses, coisas muito valiosas virão, porque eu também não quero, querido Leonardo, que outro ser humano no Brasil passe o que eu passei, porque eles podem destruir qualquer destruir qualquer pessoa que esteja me acompanhando aqui. Basta tomar como alvo, vem lá um tiro. Leonardo querido, não foi ontem que saiu por aí a descoberta de um tal C4, não? Teve uma
coisa aí que o nome do negócio, é, é isso, comando de caça aos comunistas, eh, vamos dizer assim, revisitado. É uma coisa assim, isso, uma coisa dessa, enfim, é isso aí, gente. Enfim, eh, é um, é um uma desgraça, é ter pessoas no seu bolso. E eu tenho, aliás, um orgulho enorme, querido Leonardo, porque ficaram dois anos mandando mensagens para centenas ou milhares de pessoas para ver se tinha alguma coisa. contra mim surgiram uns anônimos que até agora não deram as caras. Então é quase como se eu tivesse uma medalha de honrar o mérito por
tudo que fizeram, tudo que gastaram, tudo que eh eh articularam por aí. preta Chaca Zulu que é perseguidor profissional, enfim, para chegar nisso, enfim, é até bonito. Pois bem, olhamos eh o quadro que está se passando. Há umas semanas, querido Leonardo, e eh a o canal do o canal não, o site nosso do Brasil 247 publicou um artigo que eu creio que foi um dos mais importantes sobre este assunto das universidades e o Trump, do professor Paulino Cardoso. O professor Paulino Cardoso escreveu uma notícia sobre o que o Trump estava fazendo com Harvard e mais
ou menos ele tomou a posição mais correta sobre o assunto, que é dizer assim: "Compremos pipoca e sentemos para ver a briga do X com Y". Por quê? Porque fundamentalmente o que nós temos nos Estados Unidos é a produção institucional do aparelho ideológico de perseguição às lutas de libertação econômica, social, política, nacional no mundo inteiro. E como é que esta luta foi feita nos últimos 50 anos contra a libertação e propostas socialistas? foi feita com o neoliberalismo progressista, cujo braço está nas universidades eh de ponta, na liga das universidades de ponta dos Estados Unidos. Pois
bem, aí vem os bruto bruto cusus, que vem bater nesta liga dos progressistas, enfim, das pessoas que têm o discurso eh neoliberal progressista, um lado e o outro, os dois são horríveis. A nós, isto só nos revela que os Estados Unidos já não sabem mais qual é o horizonte de pujança econômica que querem ter. Por que que Harvard está sendo destruída pelo Trump? Porque no afinal das contas o modelo de acumulação dos Estados Unidos há 50 anos é simplesmente especulativo. Para especular, não preciso mais de gente formada desenvolvendo chip. O chip já foi pra China.
Ainda os Estados Unidos podem ter uma outra tecnologia que a China não alcançou. Mas senhoras e senhores, creem que em 10 anos a China não alcança o que os Estados Unidos têm? Eventualmente o que nós temos aqui já é uma espécie de declínio tecnológico dos Estados Unidos de antecipação. Se nós não temos massa científica nos Estados Unidos habilitada a saber de geografia, que dirá de matemática? Então, como é que vai desenvolver a próxima geração? se as pessoas estão no pacote eh hambúrguer, eh Rambo, tiro ao alvo e coisas mais, não tem futuro uma coisa como
essa. De tal sorte que Harivard não é mais necessário a esse modelo que só precisa de especulação. É o modelo neoliberal, financista do mais truculento. O que que os Estados Unidos então precisam para sustentar isso? O dólar como moeda de lastro mundial e de referência mundial. Mas como é que sustenta o dólar como moeda de laço mundial e não deixa os bricks fazerem sua moeda? coersão militar, coersão de poder. Se você, país tal, fizer troca comercial com outro mediante moeda própria, nós invadimos o seu país. Nós temos meio de fazer primavera árabe, nós temos meio
de derrubar governo, nós temos meio de fazer com que o povo odeie o melhor governante e prefira o pior governante. Ah, Argentina prefere o Ravier Milei. Então, é possível com ideologia, aparelhos ideológicos, fazer o povo gostar do pior. via de regra, sempre é assim. Dê tal sorte que isto que a nossa presidenta Dilma Russef. Querido Leonardo, peço que envie um abraço muito especial à presidenta Dilma está lá na China, daquilo que toda a mensagem de apoio que ela me deu. Eu quero muito, muito, muito que esta, eh, este meu abraço chegue a ela, esta mulher
que é a referência da luta do século quando ela põe os países dos bricks a fazerem acordos entre si, um financiar o outro e, eventualmente, quem sabe, um trocar com o outro nas moedas locais, isto é a ruptura com o dólar, isto é a ruptura com o modelo dos Estados Unidos. que que os Estados Unidos têm para sustentar, no entanto, esse modelo neoliberal que tem prevalência no dólar? Precisa de chip, não precisa de chip, precisa inventar uma ponte mais rápida? Não, precisa inventar ferrovia mais rápida que a do chines? Não, porque nem tem ferrovia nos
Estados Unidos. Precisa do quê? De bala. E aí quando Harvard finge que não gosta de bala, de arma e coisas mais, e o Trump e o cara que come churrasco em em Houston, em sei lá onde, em e eh no Minnesota, qualquer coisa dessa, esse cara fica revoltado com Harvard, o Trump manda fechar Harvard. Então Harvard não é a a a a a lucidez mundial. Harvard é a outra face capitalismo. Então é um brigando com o outro. Efetivamente, a nossa função é comer pipoca para ver essa briga. Por quê? Porque nós estamos perdendo o lastro
de pujança desta ordem de acumulação estadunidense. Só resta bala. É por isso que lá é Trump e bala. Aqui é Bolsonaro e bala. Milei e não tem bala, tem uma motosserra. E cada um inventa. Na falta de bala da falta de motosserra vai pau, pedra e martelo. Mas é sempre assim que esse processo se dá. Eh, Alisson, só pra gente fechar, quer dizer, e essa é a grande angústia, né, que e e tudo se conecta, né? Interessante a gente falar sobre esses pontos, né? Eh, por que que foi tão interessante a minha interação com os
jornalistas chineses na primeira ida lá a China em março, né? Porque naquela semana a revista V já havia lançado uma capa que se chamava o plano T, que era o plano Tarcísio, né? Eh, e é impensável que na China você tenha um meio de comunicação querendo lançar o plano Milei para derrotar o Xinping, né? Quer dizer, os chineses têm a tranquilidade de que eles terão por muito tempo, né, paz e desenvolvimento, porque nunca vai ter um MI atravessando o caminho, né, ou um Tarcísio. É, então aí voltando aqui ao Brasil, eu quero te perguntar e
quando a gente toma consciência, né, de que apesar do crescimento, do menor desemprego, de tudo que a gente tá vendo, eh, apesar de tudo isso, a mídia vai trabalhar a ideia de o Brasil fracassado e vai tentar implantar no Brasil o plano Milei, que aqui no Brasil seria o plano Tarcísio, né? Eh, e por que que ela faz isso, né? Porque aparentemente ela não quer o desenvolvimento de longo prazo, ela quer o grande ganho de curtíssimo prazo, que tá explicado no seu livro lá, crise e golpe, que é o seguinte, quer dizer, é levar o
país à quebra, ao colapso à falência e quem sabe a partir daí ter as privatizações, a entrega da Petrobras, a entrega de todos os ativos restantes desse país, né? Eh, como é que você vê essa essa eh, só pra gente arrematar, né, essa ideia de que apesar de todo o crescimento, de tudo que tem sido conseguido com muita luta nesses 2 anos e meio de governo, de que tem o Milei e a espreita aqui no Brasil, o Milei a espreita é qualquer um, porque quanto menos qualidade, mais qualidade essa pessoa terá para o governo. O
Trump é um homem sem qualidades, por isso tem todas as qualidades. Milei é a mesma coisa. Bolsonaro é a mesma coisa. gente sem qualidade, o mundo tá cheio e o Brasil tá cheio. Então nós temos milhões de pessoas a espreita de poder ser o próximo presidente. Vamos dizer, mas só um só será presidente, mas o outro será senador, outro será governador, outro será deputado, outro será vereador, outro será eh líder da associação de bairro e um será síndico do seu condomínio. De tal modo que eh nós temos aí uma profusão deste horror. No entanto, a
urgência de mudarmos o mundo é enorme. Neste tempo em que eu enfrentei esta perseguição atroz, eu recebi mensagens, não só de apoio, mas também de apoio, de gente que me relatava a perseguição que sofreu ou está sofrendo, de gente que relatava os horrores da sua vida ouvida de pessoas próximas, pessoas que sofriam e sofrem e diziam assim: "Professor Alisson, resista, porque se você resistir, eu também encontro nos meus sofrimentos uma razão para resistir. De tal modo que a luta é urgente para que ela aconteça, nós precisamos resistir. Este esforço por resistir e lutar é extraordinário.
Quando este mal encomendado por 15 meses, no mínimo, foi feito contra mim, eu tive uma rede de amparo espetacular, de gente com um grau de humanidade ímpar, mensagens por todo lado. Querido Leonardo, eu conversei com esta figura e ela me autorizou a falar o nome dela quando eu gravei entrevista com Leonardo mês atrás, ela foi ao ar. Eu disse que um dos maiores juristas do Brasil tomou à frente e me deu a [Música] mão naquele momento de horrores junto de tantos outros e tantas outras mais. Mas esta pessoa me ligou e me fez chorar. E
a partir de emoção, e a partir daí, esse ser humano eu o tenho como um José de Arimateia do tempo presente. Este homem é este grande jurista que é o professor Pedro Serrano. Eu quero em público dizer deste ser humano como não há num tempo histórico. Ele, a enorme advogada Dra. a Fabiana Marques, a sua equipe e tanta gente mais não me deixou simplesmente sofrer as pedradas que esta gente perseguidora quis fazer em mim, fez com outras pessoas, eventualmente quer fazer com mais gente no mundo para destruir tudo que for incômodo ao capitalismo. Professor Pedros
Ferrano é alguém de uma ombridade, dignidade extraordinárias. Querido Leonardo, eu não contei isso no dia. Com isso eu quero acabar aqui a nossa fala. Foram dias de silêncio e de recolhimento meu, muita dor por ver a maldade de pessoas no mundo. Depois de duas ou três semanas, sem escutar uma música sequer, um orientando meu me animou a ouvir uma música. E daí fomos ao computador, havia outros orientandos meus e orientandas. Eu ia colocar uma música eh erudita, mas não quis. Eu falei: "Eu não tenho clima para isso". Naquela ocasião, eu disse: "A primeira coisa que
eu quero ouvir após o turbilhão é a história de resistência e superação de um perseguido do mensalão". E este orientando meu foi ao computador e colocou um documentário sobre o que fizeram contra esse enorme brasileiro que é Henrique Pisolato. Depois de três semanas de silêncio, eu vi um documentário que que Silvio Tendler fez sobre Henrique Pisolato. Eu fiquei emocionado com aquilo. Eu comecei a chorar no primeiro minuto. Eu quero dizer ao caro Henrique Pisolato da minha admiração. Sei que ele tem um trabalho de combate ao lawir e eu quero brevemente poder falar a essa gente
que está junto com o Henrique Pisolato lutando contra o LFER, porque eu também quero lutar para que nunca mais façam o que fizeram naquele tempo histórico. meio da fala do documentário sobre Henrique Pisolato, falam juristas lá do começo dos anos 2000 defendendo Pisolato e eis que entra Pedro Serrano. Aquele homem foi um justo com Pisolato, foi um justo comigo, ele tanta gente mais a toda essa gente eu quero agradecer Domvandil. Eu quero também brevemente poder falar virtualmente com o senhor, este santo homem que está em Goiás e que quero um dia poder conhecer pessoalmente também
e lhe agradecer por tudo que fez, pela energia e pela emoção. E quero dizer que este tempo histórico conheceu um homem que será lembrado para sempre. É o Emílio Ololar de nosso par. Não, não, não, não estou à altura. Você sabe que, ó, em função disso, eu até tô aqui com o germinar, né? Vou ler aqui. Tá aqui. Já li muitos anos atrás, mas vou ler de novo. Então, no erro que uma coisa linda. Muito, muito, muito lindo. E eu quero a tua última palavra. Uhum. todas e todos vocês que puderam me acompanhar aqui e
que venham me acompanhar depois na gravação desta fala. Obrigado. E eu quero pedir uma coisa a todas e todos vocês. Sejam meus padrinhos, minhas madrinhas. Me amparem nesta luta. A partir de tudo isto, eu não tenho mais nada a perder. Então eu com vocês, nós temos tudo a ganhar, é a transformação do mundo. Muito obrigado. Muito obrigado, Alisson. É sempre uma grande alegria falar com você. Já vamos pensar já na entrevista do mês de junho, né? O pessoal não vai querer que seja no fim de junho, não. Vai ser lá pela metade. A gente vai
encontrar talvez a metade de junho para voltar a se falar. Obrigado, grande honra. Vou trazer de volta aqui a Daane. Nos vemos em breve aí. Muito obrigado. Abração.
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