Devo rezar os Mistérios Luminosos - Prof. Emerson Takase

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Nessa aula o prof. Emerson Takase aborda a origem dos Mistérios do Rosário, sua estrutura histórica ...
Video Transcript:
[Música] Christus Christus, vna krus, krus [Música]. Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém. Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Boa noite a todos! Salve, Maria! Bom, hoje vamos falar de, na verdade, tentar responder uma pergunta que às vezes acontece
comigo. Não sei se acontece com vocês já: colegas de trabalho, enfim, parentes perguntam por que nós não rezamos, ou porque eu, no caso, né? Mas eu digo aqui nós, enquanto grupo, não rezamos os Mistérios Luminosos, os novos mistérios. Aí nós vamos ver quando que foi lançado, quando foi não foi instituído, quando foi sugerido que se rezasse os Mistérios Luminosos. Isso vem por conta de um pedido até de nossos amigos de Santo André, que eles comentaram sobre esse assunto e achei interessante. Porque, para responder isso com as pessoas, é um toque particular, né? Nós damos algumas
respostas, alguns pontos, e agora aqui de maneira um pouco mais sistematizada, um pouco mais até concreta e consistente, né? Como eu disse, eu vou tentar responder essa pergunta e já faço aqui um alerta, digamos assim, de maneira alguma estamos aqui, ou estou eu aqui, questionando a legitimidade do Papa a fazer tais coisas, né? É comum a gente ouvir aí fora as pessoas perguntarem se nós admitimos que um Papa pode fazer um concílio por causa do Concílio do Vaticano II. Nós falamos: sim, ele é o Papa legítimo. Nós reconhecemos o Papa Francisco como tal, João Paulo
I e assim por diante. Aqui é a mesma coisa, por aqui envolve a figura do Papa, né? Então, não se está aqui questionando a legitimidade dele decidir ou de fazer tais coisas, ou de sugerir, como nós vamos ver, algumas práticas devocionais. Mas vamos ver que em alguns pontos específicos e também em termos de contexto, tudo nos leva a uma resposta; espero que isso fique claro ao longo da exposição. Bom, para esse tema aqui eu me utilizei de alguns livros, vocês podem ver aí, mas, principalmente, eu usei de São Luís Maria Grignion de Montfort, "O Segredo
do Rosário", e de um padre dominicano, Antônio Roio Marim. Esse é "A Virgem Maria", que lá ele dá, inclusive, eu vou usar esse livro para até outros temas, aí, se Deus quiser, e para expor aqui porque realmente é muito bom, e ele tem uma surpresa no final, digamos assim, que me causou surpresa particularmente. Glórias de Maria, Santo Afonso de Ligório, todos conhecem, e Memórias de Irmã Lúcia, o tratar da verdadeira devoção, mas só um pontinho ali, e de São Tomás de Aquino, o comentário que ele faz à Ave Maria. Mas eu peguei como, na época
de São Tomás, nós vamos ver, a Ave Maria não era como conhecemos hoje. É uma nota introdutória que eu peguei do autor que comenta esse sermão de São Tomás de Aquino. Então, uma parte histórica que vai nos servir de um ponto que vai sustentar a nossa resposta: no Século IV, desde o Século IV, se diz que a saudação Angélica já era rezada. Quando eu falo aqui "saudação Angélica", é a primeira, teria a primeira parte, mas, de fato, a saudação do anjo mesmo: "Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo". Essa parte já era rezada, já
fazia parte de uma devoção desde o Século IV. No Século VI, ela começou a ser introduzida na liturgia, na antífona do Ofertório da Festa da Anunciação. Então, você vê aí que uma prática devocional começa a entrar na liturgia da Igreja. Depois, no Século X, olha só o lapso temporal aí, né? A Igreja acrescenta as palavras de Santa Isabel: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre". E no Século XI, é isso mesmo, com o Papa Urbano IV, se não me engano, em 1262, ele acrescenta o nome Jesus, como nós
conhecemos, né? Então, "Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre, Jesus". Esse acréscimo de Jesus pelo Papa Urbano IV, vocês veem que a Ave Maria, então, a oração que todos nós conhecemos, foi sendo, vamos dizer assim, gestada ao longo do tempo. Você vê que a própria oração para Nossa Senhora é humilde, né? Ela não apareceu de uma vez, ela foi aparecendo aos poucos. Bem ao modo de Nossa Senhora, que é humilde. Só no Século XV a segunda parte, que envolve o
Dogma do Concílio de Niceia, é que é acrescentada na Ave Maria que nós conhecemos, né? "Santa Maria, Mãe de Deus", esse é um dogma lá do Concílio de Niceia, essa parte foi acrescentada só no Século XV. E no Século XVI, digamos assim, ela ganha oficialidade, digamos assim, para a Igreja Universal, graças, curiosamente, ao Papa São Pio V, que introduz e incorpora no Breviário Romano, tornando-se uma oração, digamos, oficial e de obrigatoriedade para o clero. Então, aqui já fica uma coisa, digamos, universal e oficial dentro da Igreja. A Ave Maria, tal como nós conhecemos hoje. Então,
vocês estão vendo que esse crescimento gradual, de fato, é, com toda a força da expressão, um crescimento de fato orgânico, foi ao longo do tempo, fruto de uma gestação na Igreja, com intervenções do Papa. O Papa Urbano IV acrescentou ali... Sei quais são os motivos, né? Não, não, não! É o tema da nossa aula, digamos assim. Isso valeria até um estudo para saber quais são os motivos que levaram a esses acréscimos, né? Então, corrigindo, o concelho de Éfeso, que é a Maternidade Divina, foi proclamada e é incorporada na oração da Ave Maria. Muito bem, agora
um pouco de história do Rosário. O Rosário, tal como nós conhecemos hoje, ele também não começou assim como nós temos hoje, né? Nós temos aqui as contas divididas, bonitinhas, né? Uma coisa organizada. Teve origem com São Domingos. São Domingos estava pregando contra os cátaros, mas não conseguia as conversões. Então, Nossa Senhora aparece, ele se recolhe e fica angustiado porque não consegue. E Nossa Senhora aparece para ele e dá a arma, dá a solução para isso, e dá o Rosário para São Domingos. Salvo engano, a prática de se rezar 50 Ave Marias já existia antes, por
conta dos Salmos. Então, se diz que os monges que não sabiam, que eram iletrados em latim, que não conseguiam rezar os Salmos junto com os demais do mosteiro, rezavam as Ave Marias, 150, por causa dos Salmos. Então, isso foi, digamos assim, uma tradição que a Igreja carrega com Nossa Senhora, digamos assim. Ela mesma vem e fala: “Olha, a solução para a luta contra a heresia é isso aqui.” E dá para São Domingos, que então começa a rezar dessa maneira e a propagar essa devoção também. Segundo o Tratado, perdão, o Segredo do Rosário de São Luís
de Montfort, lá se diz que São Domingos recebeu já assim, digamos, com essa divisão de 50, 50, 150; divide em três partes. A questão da adoção dos mistérios ocorre com São Pio V, lá no século XV. São Domingos o coloca como termo "Saltério Angélico", exatamente em alusão aos Salmos. Mas como é a Saudação Angélica, então é “Salmos para Nossa Senhora”, né? Ave Maria. Nesse tempo, houve uma queda da devoção, e se conta que o Bem-Aventurado Alano de la Roche, que é um dominicano, também recebia visões de Nossa Senhora e de São Domingos. Ele foi incumbido
de restaurar essa devoção do Saltério Angélico, que é a prática do Rosário. E lá ele conta as visões que ele tinha, as conversas que ele tinha com São Domingos e Nossa Senhora. É conhecido isso. Também, veja, primeiro uma questão doutrinária com os cátaros; depois, uma questão doutrinária também, mas aqui já envolvendo uma coisa concreta: uma batalha, uma briga, uma guerra que era contra a invasão dos turcos otomanos, a famosa Guerra de Lepanto. Graças às orações do Rosário é que os católicos venceram na Guerra de Lepanto, impedindo a invasão dos turcos otomanos. E por conta disso,
São Pio V institui a festa de Nossa Senhora do Rosário. Você vê que até o termo já vem carregado, que seria uma corrente de rosas oferecidas para Nossa Senhora; cada Ave Maria seria uma rosa, né? Isso é muito bem explorado, muito bem desenvolvido por São Luís de Montfort no livro "Segredo do Rosário". Por fim, no século XIX e no século XX, temos aí Nossa Senhora de Lourdes e Nossa Senhora de Fátima, são duas grandes aparições de Nossa Senhora em que ela explicitamente diz que a solução para os problemas do mundo, para a salvação dos pecadores,
é a recitação do Rosário. No caso de Nossa Senhora de Lourdes, é uma coisa até interessante que na biografia de Santa Bernadette se conta que ela rezava junto com Nossa Senhora, e daí ela contava: “Mas, é estranho porque ela não reza o Pai Nosso e ela não reza a Ave Maria, mas chegando no Glória, ela reza.” Daí o comentador diz: “Mal ela sabia que estava falando um fato teológico aí, porque Nossa Senhora jamais poderia rezar o Pai Nosso. Pai Nosso nós rezamos: 'Perdoai as nossas dívidas'; Nossa Senhora não tem por que rezar. Ave Maria, ela
não ia rezar para ela mesma.” Então, ela ficava em silêncio, mas o Glória sim, Glória. Ela dava glórias a Deus nosso Senhor, à Santíssima Trindade. Então, nesse momento, ela rezava junto. E com Lourdes, ela diz expressamente para que se reze o Rosário. Já no século XX, com Nossa Senhora de Fátima, os três pastorinhos, eles também devem rezar. Eles recebem até uma reprimenda de Nossa Senhora porque, como é que eles rezavam? Isso é muito, muito, muito engraçado, né? Porque são crianças, eles iam assim: “Ave Maria, Ave Maria, Ave Maria, Ave Maria, Ave Maria, Pai Nosso, Ave
Maria.” Pronto! Quer dizer, o Rosário, o terço. Vou brincar agora, né? Nossa Senhora fala: “Não pode rezar assim. Reza direitinho!” Então, eles passam a rezar, e Nossa Senhora diz para eles: “Eu quero que vocês rezem o terço todos os dias.” Tá, tudo bem, essa é a parte histórica. Então, você vê que desde o começo, com a saudação Angélica até o Rosário, levou um certo tempo, tempo de maturação, tempo de desenvolvimento orgânico até chegar como nós recebemos hoje. Isso então, no mínimo, tem aí uns 16, 17 séculos de história, né, do Segredo do Rosário. Como eu
disse, ele já coloca ali essa tríade de mistérios, divisão em três partes, 150 divididos por 3 dá 50. E ele coloca as razões por que se divide em três. Deus faz tudo com número, peso e medidas, né? Nada é por acaso. Se diz que o símbolo, o que simboliza o número... Três é a ordem espiritual que é uma alusão exatamente à Sagrada Trindade, né? Então, não é à toa que, para honrar a Sagrada Trindade, é que o Rosário é dividido em três. Mas são, louvado seja Deus, coloca mais; é para honrar a vida, a morte
e a glória, a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, as três fases de Nosso Senhor Jesus Cristo. A outra razão é porque é para imitar a Igreja Triunfante, que está no céu, já na glória, para ajudar com a reza, com a recitação, a Igreja Militante, que estamos aqui na terra. E também rezar pelas santas almas do purgatório, para diminuir o sofrimento da Igreja Padecente. E mais, para imitar o Salmo. Sim, nos Salmos, aí eu já não conheço. Estou apenas repetindo aqui o que São Luís diz, né? Existem três blocos nos Salmos que têm relação com
a via purgativa, a via iluminativa e a via unitiva. Isso aqui também é colocado nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, né? E, por último, o três aí tem a ver com receber as graças para a nossa vida aqui na terra, para nós termos a paz na hora da morte e para a glória na eternidade. Então, a divisão de 150 por três do Rosário, esses três grandes blocos, faz todo sentido, claro, porque a matriz aí é a Trindade, é o três. Então, tem várias coisas conexas aí que podemos obter, seja de graças, seja como
agradecimento para Deus, nosso Senhor, para Nossa Senhora, seja para aplicar as orações para quem está sofrendo ou as almas do purgatório, ou rezar por alguém. Faz todo sentido que seja três. E São Domingos, aqui no Segredo do Rosário, São Luís que conta, né? Já se fala aqui dos 15 mistérios; são 10, perdão, são 10 Ave Marias, uma dezena. Então, são 150 Ave Marias divididas por cinco, cada bloco. Então, eu tenho aí um total de 15 mistérios, né? Cinco mistérios em cada bloco. Esses 15 mistérios nos dão um quadro de várias cenas da vida de nosso
Senhor e da vida de Nossa Senhora. Isso serve para nós como exemplos a serem seguidos; são os nossos modelos. Se, como nas meditações, nós pensarmos assim: puxa, se fosse Nossa Senhora, ela faria o que nessa situação? Estou com uma aflição aqui, estou passando um aperto. Como é que ela agiria? Como é que Nossa Senhora agiria? Então, esses 15 mistérios nos dão um quadro, uma lembrança de como que foi a vida deles, que são os exemplos para nós. Mas São Luís de Montfort coloca ainda assim como 15 tochas de fogo, que são como guias para a
nossa vida aqui na terra; são os nossos luminares que nos vão orientar para onde ir, o que evitar. São 15 espelhos luminosos, porque, além de conhecer como é nosso Senhor e Nossa Senhora, por contraste, nós conhecemos como nós somos ruins diante deles; é um espelho inverso. Mas, vendo a vida deles, isso nos leva a quê? A ter um modelo de como eu devo me corrigir, como eu devo me adequar para ser um espelho fidedigno. 15 fogueiras flamejantes, ou seja, são labaredas para acender o amor maior a Deus, nosso Senhor. 15 flores perfumadas da roseira mística;
a Rosa Mística é Nossa Senhora, né? Essa roseira mística é o Rosário, são fontes de néctar em que, é um comparativo que se faz, né? Eu me lembro aqui só de São Francisco de Sales, para sermos como abelhas que vão beber desse néctar para produzir um mel para oferecer para nosso Senhor. Então, São Luís de Montfort também aproveita e explora isso no Segredo do Rosário. Esses 15 quadros, 15 tochas, 15 espelhos são muitas coisas; é toda uma... não sei se está certo dizer uma teologia. Todas são meditações feitas, tudo em cima disso, algo que a
Igreja já tinha sedimentado na época aqui, Alain de la Roche. Você vê que eu estou, eh, insistindo aqui na questão do número. Quando os fiéis rezam as 150 Ave Marias e os 15 Pais Nossos, muito me agradam, e essa devoção é muito eficaz para obter graças. Aqui é Nossa Senhora falando com esse bem-aventurado Alain de la Roche. Ele também é um dominicano, ele que foi incumbido de restaurar a devoção ao Rosário, né? Mas Nossa Senhora continua, a eficácia aumenta muito mais, e me agradarão mais ainda se, enquanto se rezar, meditar na vida, paixão, morte e
ressurreição de Jesus. Pois a meditação é a alma dessa devoção. Naquele livro "A Virgem Maria", do Padre Antônio Rói Marim, fala uma coisa bem interessante, para quem conhece. Aqui, né, tudo é feito de matéria e forma. Ele diz assim, pegando aqui, eu acho que essa tradição teológica colocaria assim: a matéria do Rosário seriam as orações e a alma do Rosário são as meditações feitas em cada mistério. Se eu tiver só um, é bom; é bom que tenha os dois, né? Por isso que se fala que o Rosário é uma oração tanto vocal quanto mental, né?
Que você pode rezar vocalmente e pode meditar também. Daí, então, mesmo Nossa Senhora dizendo 150 Ave Marias para se meditar os mistérios, e já se sabia que os mistérios eram em três blocos. Aqui o Padre Antônio Rói Marim cita no livro dele, né, que Nossa Senhora de Lurdes exatamente já está presente no Rosário. E ela diz para Santa Bernadette para que reze pelos pecadores, rezando o Rosário. Rosário mesmo, né? Então, aí lá se encontra rezando junto com Nossa Senhora. E aqui eu aproveito para citar as memórias da Irmã Lúcia, que eu também utilizei, e Nossa
Senhora disse para os três pastorinhos, né? Para Irmã Lúcia, no caso, quando rezais o terço, dizei depois de cada mistério... Meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno; levai as alminhas todas para o céu, principalmente aquelas que mais precisarem. Porque eu tô colocando isso? Isso aqui é uma oportunidade. Quando recebi esse tema para desenvolver aqui, porque hoje se reza um pouco diferente. Isso aí, as pessoas rezam um pouquinho diferente. Nas Memórias da Irmã Lúcia, não está desse jeito como rezam hoje. Hoje eles rezam, se não me engano, levai as almas para o céu, socorrei e
socorrei aquelas que precisarem da sua misericórdia. Mudaram alguma coisa? Mudou. Depois, vou até comentar uma coisa aqui, não é o escopo da aula, mas vou comentar: mudaram o que? Irmã Lúcia, você colocou ali nas memórias, não é isso? Por isso que eu tô dizendo isso. Então, assim como uma vez já me perguntaram: vocês não rezam? Você não reza os Mistérios Luminosos? Me perguntaram por que você reza diferente. É porque você falou para rezar assim, né? Entendeu? Você que tá rezando diferente. Mas até você falar assim: vê lá no livro, né? Então, eu aproveitei a ocasião
para colocar aqui. Nossa Senhora diz para os pastorinhos em Fátima: "Diz a todos que eu sou a Senhora do Rosário." É interessante porque, assim como não, né? Então, por analogia, Nosso Senhor disse: "Eu sou," em Lourdes, Nossa Senhora diz: "Diga que eu sou a Imaculada Conceição." Em Fátima, ela diz: "Diga que eu sou a Senhora do Rosário." Quer dizer, o que? Ela, lá atrás, com São Domingos, entregou para São Domingos; aqui, ela está, digamos, reafirmando a propriedade. "Eu sou a Senhora do Rosário. Eu dei para São Domingos; aqui, eu tô reafirmando. Aqui, eu quero que
vocês rezem também." Disse para a Santa Bernadete, tá dizendo agora para os pastorinhos também. Em seguida, disse: "Continua todos aqueles" — isso é Nossa Senhora falando — "todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem 1/3, um sobre três, e me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário." A Senhora do Rosário dizendo: "Meditem os 15 Mistérios do Rosário com o fim de me desagravar. Eu prometo assisti-los na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas." A própria dona do Rosário,
ela só não colocou o objeto por empréstimo nas mãos das pessoas; ela tá dizendo qual o modo; tá dizendo como eu devo usar esse instrumento. "Eu devo meditar os 15 Mistérios do Rosário durante 15 minutos, rezar um terço após a Sagrada Comunhão, em ato de desagravo às ofensas do meu Imaculado Coração." Então, ela mesma falando. Não sou eu agora. Não é só uma questão de uma tradição, uma tradição aqui com "t" minúsculo, né? Uma tradição que é uma prática devocional. Não é a tradição enquanto doutrina da Igreja, né? Não é só uma questão mais de
tradição que se sempre fez; é um costume que é meio que Nossa Senhora mesmo legislando sobre uma coisa que é dela. "Façam assim. Se fizerem assim, as graças necessárias virão para vocês, para a salvação das almas." E aqui, ela tá falando de todas as almas, porque ela queria que isso se propagasse pro mundo inteiro, né? E o padre Antônio Rio Marim, ele dá agora uma parte sobre, digamos, o magistério da Igreja, que vários papas falaram sobre o Rosário. Ele dá destaque, se não me engano, porque vários comentam isso. O destaque é para Leão XIII, que
começou com várias encíclicas. 1/3 das encíclicas de Leão XIII foram sobre o Rosário. Ele cita João XXIII, que João XXIII coloca a importância do Rosário na vida de um católico. Ele coloca, para os clérigos, Santa Missa e o Breviário, depois o Rosário para os leigos. A frequência aos sacramentos e o Rosário. Veja, então, que o Rosário é comparado, digamos assim, né? Ele é colocado quase que no mesmo patamar dos sacramentos, da Santa Missa e pro Breviário, pros clérigos, de tamanha importância disso. Então, não é uma mera devoção de piedade de um fiel; tem uma grande
importância aí. E eu me arrisco a dizer que sim, tem uma grande importância, dado até esse histórico aí, né, que apareceu lá e foi se consolidando, foi sedimentando, inclusive até com um ato oficial dos papas de ter uma oração ao Sagrado Nível, como é Nossa Senhora, o Sagrado Nível da divindade, né, pela união hipostática que ela que foi que gerou nosso Senhor Jesus Cristo. O culto devido a ela já não é de latria para Deus, mas tampouco é de dulia para os santos; é um culto de hiperdulia. É uma coisa que está quase ali, né?
Aqui me parece que é uma coisa, um paralelo que vai nesse sentido. Paulo VI escreveu duas encíclicas e uma exortação apostólica, Marialis Cultus, que eu vou voltar daqui a pouco, tá? Curiosamente, e esse livro do padre Rio Marim foi editado no ano 2000, assim, e, como é que fala, na década de 2010. É uma coisa recente, o livro dele. Curiosamente, ele não coloca, ele para aqui em Paulo VI, não. Ele vai até o Vaticano II. Eu achei até um pouco estranho, porque ele coloca alguns trechos do Vaticano II como fazendo alusão a que o Vaticano
também exortou os fiéis para que rezassem o Rosário, mas nenhum documento do Vaticano II coloca explicitamente o termo; só coloca práticas devocionais marianas que tiveram a chancela dos sumos pontífices. Uma coisa muito genérica. Assim, ele coloca e para por aí. Pois vocês vão entender por que eu tô comentando isso. Como eu disse, então a matéria do Rosário seriam as orações e a alma do Rosário são as meditações e ele coloca como... Se sabe que os mistérios se dividem em três grupos de cinco: os mistérios da Alegria, que são os mistérios gozosos; as dores inevitáveis da
nossa vida, os Dolorosos; e os mistérios onde gozaremos para sempre uma sublime e incomparável glória. Ele está fazendo um paralelo, ou seja, os mistérios que falam sobre Nossa Senhora encontram paralelo conosco, né? Aquela ideia do espelho que São Luís coloca, né? São 15 espelhos luminosos em que nós podemos ver e tomar como modelo de vida. Dessa forma, todos os aspectos da vida humana — com suas alegrias e penas, suas dores e esperanças — ficam santificados e orientados às alegrias inefáveis que nos esperam lá em cima, na eternidade bem-aventurada. Quer dizer, esses três grandes grupos de
cinco mistérios são como um guia; são como nós olharmos a nossa meta, o nosso objetivo, aquilo que a gente quer para a nossa vida, né? Que a gente deve buscar. Voltando aqui para as Memórias de irmã Lúcia, sabe-se que no final das aparições de Fátima, então, quando se dá o milagre do Sol, a irmã Lúcia vê no céu três imagens, né? Uma São José com o menino, Nossa Senhora; uma outra que é Nossa Senhora das Dores; e uma outra que é Nossa Senhora do Carmo. Três, de novo, três cenas. Não há como você não traçar
um paralelo já que ela é Nossa Senhora do Rosário, né? Um paralelo com os mistérios. E, de fato, São José com o menino e Nossa Senhora lembram os mistérios gozosos, os Dolorosos; Nossa Senhora das Dores; e do Carmo, com os mistérios gloriosos da salvação. Só que eu confesso que eu mesmo, particularmente, fiquei um pouco intrigado de falar, mas no primeiro e no segundo quadro, nos primeiros mistérios, eu consigo ver uma relação direta. Agora, os mistérios gloriosos, colocar como Nossa Senhora do Carmo, por quê? Por que isso, né? Eu fui dar uma olhada sobre a promessa
de Nossa Senhora do Carmo, que é o santo escapulário, e lá no santo escapulário está dito, né, que Nossa Senhora apareceu em 16 de julho. Daqui a pouco, vamos comemorar essa festa. Nossa Senhora apareceu com o menino Jesus e apresentou para Santo Estêvão, Santo Simão O escapulário, prometendo-lhe que todo aquele que com ele morresse não padeceria do fogo eterno. Ou seja, quem estivesse usando o escapulário com toda a devoção que é prescrita ia ser salvo. De fato, isso tem uma correspondência com os mistérios gloriosos. Então, a correlação aí é direta, não há problema nenhum. Ele,
pois, o escapulário é um sinal de salvação seguro nos perigos, uma aliança de paz e de pacto sempre eterno. Disse a Mãe de Deus, "seja isso aqui um sinal seguro de que você vai ser salvo; é só você cumprir aquilo que está prescrito", né? Então, o Santo Rosário, que é rezado desde sempre, que Nossa Senhora de Lourdes manda rezar, Nossa Senhora de Fátima manda rezar, Nossa Senhora do Rosário manda rezar daquele jeito que ela mandou, tem tudo a ver com a nossa vida, nossa vida espiritual. Tem tudo a ver com os destinos do mundo porque,
afinal de contas, com o Rosário, a guerra de Lepanto foi favorável aos católicos. Vários papas, em particular, Pio IX, Pio XII, né, exortaram para que se rezasse o Rosário para obter a paz do mundo, que vivia em guerra, né? Então, tanto no âmbito particular de cada um, seja no campo coletivo, essa é a arma por excelência para se conseguir as graças necessárias, né? Aqui, umas notas que eu encontrei aqui. Isso aqui foi lá no livro "GL de Maria", de Santo Afonso de Ligório. O Papa Bento XIII, lá em 1726, proibiu qualquer mudança na forma de
recitar o Rosário. Eu não estou querendo aqui colocar escrúpulos em ninguém, já temos uma guerra litúrgica; eu não quero fazer uma guerra devocional, mas assim, os paralelos me parecem evidentes. Quer dizer, muitos citam nessa guerra litúrgica a bula "Primore Tempore", né, que não pode alterar a missa. Certo? Aqui, Bento XIII proíbe qualquer mudança na recitação do Rosário. Um papa novo, ele pode, ele tem que se submeter a um papa anterior. Ele tem pleno poder. Mas todos nós falamos: "Puxa, mas é um papa que naquela época, né, é santo." Ainda o rigor teológico, doutrinário, era muito
maior, né? Então, não seria muito conveniente, não seria muito prudente, né? Que se fizesse de novo? Não estamos questionando a legitimidade e o poder pleno que um papa tem, mas todos os católicos devemos obediência à tradição, à Sagrada Escritura, à doutrina da Igreja; inclusive, o papa também é católico, né? Mas, é curioso isso. Então, Santo Afonso coloca isso lá no "Tratado da Verdadeira Devoção". O Padre Feiber, ele coloca que em 12 de maio de 1853, tudo aquilo que foi escrito por São Luís de Montfort estava isento de erro para a causa da canonização dele. Tanto
que, salvo engano, isso eu esqueci de procurar, ele tem um título de Doutor Mariano. Não é doutor, mas ele é, digamos assim, a referência, né? Ou seja, isso também recebe a chancela. Quer dizer, tudo que está escrito lá não está errado, ok? Agora, vamos começar a entrar, depois de todo esse histórico. Veja, eu coloquei todo esse histórico para mostrar que a recitação do Rosário, a devoção ao Rosário, o Rosário não é uma coisa qualquer, uma devoção secundária, embora não goze do status de revelação divina, né? Todos nós sabemos disso, mas não é uma devoção ordinária,
digamos assim. É uma devoção singular que envolve aí o destino de uma alma. São práticas devocionais que envolvem o destino de uma alma, né? Que têm conexão direta com Nossa Senhora, que ela interliga com... Até o escapulário, também, né? Também é uma devoção mariana, então não é à toa. Eu entro agora na exortação apostólica, numa carta apostólica do Paulo VI. Veja, não é a ocasião aqui, mas todos nós sabemos da questão de Paulo VI, né? O Papa Paulo VI presidiu o Concílio Vaticano I; ele que promoveu a mudança da missa. E, nessa exortação apostólica, vamos
ver o que ele diz sobre o Rosário. Aqui, ele trata sobre o culto mariano, várias coisas ali, várias devoções. Em particular, ele fala sobre o Rosário, foi observado, Paulo VI dizendo que a tríplice divisão dos mistérios do Rosário não só coincide de maneira perfeita com a ordem cronológica dos fatos, mas, sobretudo, reflete também o esquema primitivo do anúncio da fé e evoca o mistério de Cristo, daquele mesmo modo como ele é visto por São Paulo no célebre hino da Epístola aos Filipenses: despojamento, morte e exaltação. Três aí. Então, ele está dizendo aqui: olha, dividiu o
Rosário em três grupos de mistérios. Tem tudo a ver, inclusive, com um fato teológico que é de São Paulo na Epístola aos Filipenses. O Rosário, terço, coroa da bem-aventurada Virgem Maria, segundo a tradição que foi acolhida e autorizada, proposta pelo nosso predecessor São Pio V, consta de vários elementos, que são quatro, dispostos de modo orgânico. De novo, não é uma coisa fabricada, é uma coisa que foi gestada ao longo do tempo. Existe uma organicidade aí, existe um entrelaçamento que forma isso um todo: a contemplação em comunhão com Maria de uma série de mistérios da salvação,
sapientemente, sabiamente, de maneira inteligente, distribuída em três ciclos. O segundo elemento orgânico é o Pai Nosso, né? O terceiro elemento orgânico é a sucessão e a litania de Ave Marias, a repetição de Ave Marias é uma característica própria do Rosário, e o seu número de 150 apresenta uma tal ou qual analogia com o saltério, os salmos, e é um dado que remonta à própria origem do piedoso exercício. Mas esse mesmo número, de acordo com o costume comprovado, dividido em dezenas coligadas a cada um dos mistérios, distribui-se nos três grupos acima mencionados, dando lugar ao conhecido
terço de 50 Ave Marias. Claro, porque 1/3 de 150 é 50. Estou enfatizando isso aqui para vocês, qualquer um vai pesquisar na internet e encontrar algumas pessoas que ridicularizam essa questão, falando: "Vocês, tradicionalistas, ficam se apegando a essa questão de 150, mas tem mais 50, é 200 e não é 1/3." Mas aqui não sou eu que estou falando, é Paulo VI que está falando. Paulo VI, e repito, aqui, nosso Senhor faz tudo com número, peso e medida. Tudo tem um porquê, nada é à toa com Deus. Nosso Senhor nada é à toa, né? Não é
por um acaso que faz o Espírito Santo e Nossa Senhora guiando as coisas, dando lugar ao conhecido terço de Marias, o qual entrou em uso com medida normal do mesmo exercício, e como tal foi adotado pela piedade popular e sancionado pela autoridade pontifícia, que o enriqueceu com numerosas indulgências. Então, a prática devocional, depois, com a chancela da Igreja, tornando oficial, não foi uma coisa fabricada. Isso é uma coisa que faz parte do crescimento da Igreja. O quarto elemento é o Glória e, por fim, ele conclui: "Esses são, pois, os elementos do Santo Rosário. Cada um
deles tem a sua índole própria que, acertadamente compreendida e apreciada, deve refletir-se na recitação, a fim de que o mesmo Rosário exprima toda a sua riqueza e variedade." Então, minha gente, do jeito que Nossa Senhora colocou, que ela ensinou, se nós rezarmos tal qual ela ensinou, com os três mistérios, três grandes grupos de 50 dezenas, nós teremos aí a expressão de toda a riqueza e variedade que ele tem. A gente nem sabe os benefícios, né, que podem acontecer conosco. A gente não tem nem ideia disso. Esses são os elementos que compõem o Rosário. Isso aqui
é Papa Paulo dizendo que o Padre Mar citou em seu tratado. Chegamos, finalmente, em João Paulo I. Curiosamente, João Paulo I não é citado nesse tratado do Padre Antônio R. Marim. João Paulo I também escreveu uma exortação apostólica chamada "Rosário, Virgem Maria", tratando do Rosário. E é aqui que começa, acho que, de fato, o nosso assunto, porque é nessa carta apostólica que ele, vamos ver, propõe um novo conjunto de mistérios. Vamos ver lá agora. Por quê? Qual foi o motivo dele colocar mais um grupo de mistérios a serem meditados? Tem problema meditar os mistérios. Ele
coloca lá o batismo no rio Jordão de Nosso Senhor Jesus Cristo, ele coloca a pregação que ele fez na Judeia, na época. Ele coloca o milagre das bodas de Caná. Todos nós podemos e devemos meditar sobre isso, sim, não tem nenhum problema, mas ele coloca para meditar dentro do contexto do Rosário mais um grupo de mistérios, aí, mais 50 dezenas a serem meditadas. Aí fica estranho já começar assim. Tanto é que o blog que eu li, a crítica que ele faz aos tradicionalistas, ele fala assim: "Vocês se apegam à questão de um terço, mas assim
é uma questão de língua, de idioma, de palavra. Se sua palavra não tem nenhum significado, 1/3 de 150 é 50. Se você vai rezar mais 50 a parte, ainda dá 200, né? Mais 1/3." Então, fica uma coisa meio esquisita. Aí, o que João Paulo II diz nessa exortação apostólica? A oportunidade desta iniciativa, o Ano do Rosário, porque ele proclamou em 2002 o Ano do Rosário, emerge de distintas considerações. Pode haver também, porque ele coloca duas considerações aí, por que ele está colocando o Ano do Rosário e tudo que ele vai desenvolver nessa exortação apostólica. O
segundo motivo... É que pode haver também quem tema, tenha medo que o Rosário se revele pouco ecumênico. Olha só, ó que coisa esquisita, né? Nós todos conhecemos que os protestantes odeiam Nossa Senhora, tudo que se relaciona a ela. Ele diz assim: "Eu quero fazer o ano do Rosário 2002 porque tem gente que tem medo que o Rosário é pouco ecumênico." Mas, de fato, é pouco ecumênico e ele está dizendo que não, pelo seu caráter marcadamente mariano. Na verdade, situa-se no mais claro horizonte de um culto orientado ao centro cristológico da fé cristã. Tudo bem, isso
é verdade. Nossa Senhora, a devoção que nós temos a ela, automaticamente nos leva para nosso Senhor Jesus Cristo, para a Santíssima Trindade, para maior glória de Deus. A devoção a Nossa Senhora não para nela. Aliás, ela é a primeira que não quer que pare nela, né? Isso é automático. Até que tudo bem, se adequadamente compreendido, o Rosário é, corretamente, certamente uma ajuda, não um obstáculo para o ecumenismo. Eu fiquei pensando como que pode ser para mim; isso não fecha. Mas tudo bem, ele está falando, né? João Paulo II. Ok, vamos continuar. De tanto os mistérios
na vida de Cristo, o Rosário, tal como se consolidou na prática mais comum, confirmada pela autoridade eclesial, aponta só alguns mistérios. Olha, ele coloca tantos mistérios da vida de Cristo, de acordo com a prática que vem até agora e com o que a Igreja, eh, eh, aprovou, só tem alguns mistérios. Então, ele está dizendo que tem mais. Ah, tudo bem, tem mais, mas está dizendo que isso seria insuficiente. Tal seleção foi ditada pela estruturação originária dessa oração, que adotou o número 150 como dos Salmos. Sim, até aí, chendo molhado. Considero, no entanto, mas todavia, para
reforçar o aspecto cristológico do Rosário, seja oportuna uma inserção que, embora deixada à livre valorização de cada pessoa e de cada comunidade, lhes permita abraçar também os mistérios da vida pública de Cristo entre o batismo e a paixão. Então, ele diz assim: "Olha, os mistérios ali são válidos, mas são poucos." Isso aí foi tudo limitado por causa do 150 Salmos. Olha, mas tem mais, né? Então, para reforçar aí a parte cristológica, a parte cristocêntrica, eu fico pensando será que isso aqui é que iria facilitar a promoção do ecumenismo com os protestantes? Porque aqui o acento
cai em cima de Cristo. Se a gente observar os mistérios luminosos que ele está propondo, batismo no Jordão, a vida pública de Nosso Senhor, as bodas de Caná, até tem Nossa Senhora, os outros eu não me lembro quais são. É só sobre Cristo. Nossa Senhora não está aqui, aqui, de fato, é um acento cristológico como para que eles considerem-se mais plenamente. Porque o Rosário é um compêndio do Evangelho, é um resumo do Evangelho, mas ele diz para se considerar mais plenamente. É como se não fosse. Então é pleno ou não é? É mais pleno? É
conveniente que, depois de recordar os mistérios da Alegria, o da dor, da Glória, a meditação se concentre também sobre alguns momentos particularmente significativos da vida pública de Nosso Senhor Jesus Cristo? Os mistérios da luz, esta inserção de novos mistérios, sem prejudicar nenhum aspecto essencial do esquema tradicional, sem prejudicar desta oração, visa fazê-la viver com renovado interesse na espiritualidade cristã. Para quem já teve a paciência de ler algum documento do Vaticano II, vai ver que o linguajar é o mesmo. É meio assim: "Olha, é pleno aqui, só que aqui vai ficar mais pleno ainda. Aqui a
gente pode melhorar, né?" Como ele diz aqui, existe um renovado interesse para propagar tudo assim, tudo colocando atenuantes para justificar essa novidade. Porque não é uma prática devocional que nasceu no povo ou que nasceu na liturgia e que a autoridade eclesiástica do Papa recepcionou e aprovou. Não, isso vem de uma iniciativa dele. De novo, não estou questionando a legitimidade dele fazer isso, mas em linguajar técnico, eu diria assim: será que é conveniente, oportuno que se faça isso? Enfim, recordei na carta apostólica Novo Milênio, lá de 2000, que existe hoje, mesmo no ocidente, uma renovada exigência
de meditação que se vê às vezes promovida em outras religiões, com modalidades cativantes. O Rosário se insere nesse quadro universal da fenomenologia religiosa. Ele está dizendo que, no ano 2000, começou a ter um interesse por meditação. Isso é verdade, né? Com as meditações orientais do esoterismo oriental, ele diz que o Rosário se enquadra também nessa categoria de uma fenomenologia religiosa, mas apresenta características próprias que correspondem às exigências típicas da especificidade cristã. Puxa, mas está colocando no mesmo nível a meditação oriental esotérica com a meditação católica. Para quem não sabe, a meditação católica exige que você
pense nos mistérios, cada mistério: Anunciação, a crucificação do Senhor, a coroação de Nossa Senhora. Para você pensar nisso, como eu disse, é um quadro, uma cena que você medita sobre aquele fato, você pensa naquilo. Isso não tem nada a ver com a meditação esotérica dos orientais, que manda você esvaziar sua mente, não pense em nada. Professor, ele está dizendo aqui que a meditação católica tem uma finalidade, tem um objetivo muito claro, ao contrário da meditação oriental esotérica, que não é para você atingir o nada, porque você vai esvaziar sua mente. Nós sabemos que o homem
é conhecido por ser animal racional, tem um corpo an racional. Se você deixa de pensar, esvaziar sua mente, não pensar em nada, você vira o quê? Animal, né? Ao sabor das paixões, né? Então, não me parece muito oportuno, muito conveniente essa formulação aqui, essa motivação aqui. Mas vamos continuar. Mas o Santo Terço, o Rosário e a prática do Rosário abonam em seu favor a experiência de inumeráveis santos. Sim, vários santos pregaram o Rosário, se santificaram pelo Rosário, combateram heresias, combateram, inclusive, fisicamente, guerras religiosas. Né? Isso, porém, não impede... Que seja melhorado. Tá? Dizer: "Olha, tá
muito bom, mas pode ser melhorado ainda." Tal é o objetivo da inserção da nova série dos Méis Lutos. Então, olha, tá bom, né? Três mistérios, mas pode ser melhor. Vou colocar mais um aí, mais um grupo: Os Mistérios Luminosos, juntamente com algumas sugestões relativas à recitação que propõe nessa carta. Não é Nossa Senhora que sugeriu que se recitasse de tal maneira? É que está sugerindo através delas, embora respeitando a estrutura amplamente consolidada desta oração. Queria ajudar os fiéis a compreendê-la nos seus aspectos simbólicos, em sintonia com as exigências da vida cotidiana. Só que não para
por aqui! Existe uma motivação a mais. Olha só o que ele coloca. Então, eu acho que dá para melhorar. Vamos colocar mais um grupo de mistérios. Eu sugiro aqui algumas coisas sobre a recitação, mas, se eu não quiser fazer isso, o que ele acabou de colocar como sugestões sem a meditação dos Mistérios Luminosos? O Rosário corre o risco não só de não produzir os efeitos espirituais desejados, mas até mesmo o terço, com que tradicionalmente é recitado, acaba por ser visto quase como um amuleto ou um objeto mágico, com uma adulteração radical do seu sentido e
função. Quer dizer que pode ser melhorado, mas se você não fizer, você corre o risco de não produzir os efeitos espirituais desejados. Bom, primeiro que a gente não quer nenhum efeito espiritual desejado, né? A gente quer uma graça, né? Aqui parece: "Será que a gente quer alguma magiquinha?" Não é o caso, e corre o risco do terço ser visto como uma amuleta. Mas como assim? Não pode ser assim! O Rosário e o terço, como tal, produziram muitos efeitos espirituais; muitas graças foram dadas, muitos fatos históricos concretos, muitos santos atestaram isso, vários papas atestaram a eficácia
da recitação do Rosário. Isso já é provado há 14 séculos, já, né? Mas aqui ele tá colocando como se: "Olha, se você não fizer assim, pode ser que não dê certo." Puxa vida, eu fico um pouco desconfortável com essa formulação, né? Com todo respeito ao nosso Papa, porque eu não estou querendo aqui fazer o papel de São Paulo, né? Resistindo em face, porque se São Paulo era o último dos apóstolos, eu sou o último do nada, né? Mas assim, resgatando o começo, né? Começamos aqui essa exposição. A motivação aqui é mais para obter elementos para
responder àquela pergunta que nos fazem e que já me fizeram, enfim, no cotidiano, e com relação agora à prática em si, à devoção, onde se podem inserir os mistérios da luz. Porque nós sabemos: nas segundas-feiras, nós fazemos os mistérios gozosos; terça-feira, os dolorosos; quarta-feira, os gloriosos. Aqui tá o ciclo de vida: nascimento, paixão, morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Tá marcado aqui: três dias, pá. Segundo, Tero e quarta. Quinta-feira é um novo ciclo: quinta-feira, mistérios gozosos; sexta, por excelência, dolorosos; sexta-feira Santa, né? E sábado, os gloriosos, com uma especial, vamos dizer, devoção que
está dedicada a Nossa Senhora. E domingo repetimos. Até como, como é que eu vou dizer, a questão das oitavas, né? Nós repetimos e rezamos os gloriosos domingo também. Agora, com os mistérios da luz, o Papa mesmo coloca isso na exortação apostólica. E onde se pode inserir os mistérios da luz? Vamos lá! Atendendo aqui os mistérios gloriosos, são propostos em dois dias: sábado e domingo. E que o sábado é tradicionalmente um dia de intenso caráter mariano, parece recomendável deslocar para ele os mistérios da luz, a segunda meditação semanal dos mistérios gozosos, nos quais está mais acentuada
a presença de Maria. E assim, então, fica livre a quinta-feira precisamente para a meditação dos mistérios da luz. Então, o que ele está propondo aqui: olha, sábado e domingo tem gloriosos, né? Sábado é marcadamente mariano, quinta-feira, como é mais acentuada, mariano também, tira ele e põe os mistérios luminosos. Já me parece uma formulação muito desconfortável também dizer assim: "Está mais acentuada a presença de Maria, então vamos tirar." Como assim? E mais, né? Então fica: gozosos, segunda; dolorosos, terça; gloriosos, que é na glória, no céu, quarta; e quinta, os mistérios da luz. E o que são
os mistérios da luz? A vida pública de nosso Senhor. Fica um anacronismo aí; você perde o sentido da história, digamos assim, né? O começo é a anunciação, o final é a glória no céu. A vida pública deveria estar no meio, mas o que ele propõe é colocar na quinta. Então, até aí fica uma coisa um pouco esquisita, fica descasado, né? Onde eu li na pesquisa que eu fiz, se vê que as pessoas não se importam com isso, né? Para elas, olha, mas são mistérios a mais. Qual que é o problema de rezar? Não tem problema,
né? Mas você quebra toda uma tradição, todo um costume, toda uma prática devocional, com resultados, você quebra tudo isso aí, dizendo assim: "Não, vamos mudar." Nós aprendemos que quem estudou, Deus é imutável. Ele é aquele que é, eu sou. Ele foi numa igreja em cima de um ser humano que, embora seja humano, mas por graça, é uma pedra: São Pedro, pedra imóvel, sólida, imutável. Assim como a verdade é imutável. Mas vem mais um conjunto de coisas: não vamos mudar para ficar mais plenamente um renovado interesse, para melhorar? Porque ele coloca assim: "Vamos melhorar, já tá
bom assim, é verdade, mas vamos melhorar." Dá para melhorar mais? Puxa vida, né? E, exatamente isso, por fim, eu coloco como conclusão que me parece que não é uma prova cabal sobre isso, não é uma impugnação ao Papa, não se trata disso. Mas por que eu não rezo os mistérios luminosos? É por tudo isso aí. Toda uma história, toda uma tradição, toda uma eficácia já comprovada e até por uma questão numérica matemática que não faz sentido, e por uma questão, eh, cronológica de história que não faz sentido. Eu rezo na quinta-feira, depois da Glória, os
mistérios Luminosos, né? Nós já vimos anteriormente alguns pontos em que a igreja tem a missa que nós chamamos hoje em dia, que não deveria ser assim, mas enfim, é necessário dizer que hoje em dia a missa de sempre, os sacramentos têm os seus ritos próprios. O Credo, Pai Nosso, Glória são orações; o calendário litúrgico com os Santos em cada dia, com razão de ser aquele dia; o breviário romano, que todos os padres e religiosos têm obrigação de rezar, feito lá por São Pio V. Curiosamente, né, uma coincidência, a missa de sempre também é conhecida erroneamente
por missa de São Pio V, mas é que ele foi compilado naquela época, foi, eh, como fala, saneado naquela época, né, consistindo numa barreira contra os protestantes, contra a heresia. Curiosamente, o breviário coloca o Ave Maria também ali, contra os protestantes, né. Havia um processo de canonização que, segundo alguns juristas, a parte jurídica era o processo perfeito, era um processo jurídico perfeito, e o código também perfeito. O direito canônico nós já vimos em outras ocasiões e com eh, outras aulas de outros professores, vídeoaulas no YouTube, eh, livros. Tudo isso aí mudou, agora é Missa Nova.
O sacramento tem novos ritos, o Credo se reza a mansão dos mortos, no Pai Nosso se reza ofensas e ofendido em vez de dívidas e devedores; o Glória não se reza mais inteiro, curiosamente. Eh, onde eu trabalho tem uma adoração perpétua lá, ainda algumas pessoas rezam o Glória inteiro: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, assim como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos dos séculos. Amém! Cumprido, mas o comum, salvo engano, é Glória ao Pai, Filho e Espírito Santo, assim como era no princípio. Ponto. Amém! Mudaram isso também. Mudaram
o calendário litúrgico, não é mais tempo de Pentecostes, é tempo comum. Mudaram o breviário, não é mais breviário, é Liturgia das Horas. Mudaram o processo de canonização, tanto que surgiu até um livro chamado "Fábrica de Santos", porque ficou muito mais fácil o processo de canonização. E mudaram o código de direito canônico, isso na década de 80, com João Paulo I. Também mudaram tudo. Há quem diga que tentaram mudar alguma coisa do Rosário na época de Paulo VI, mas isso eu não consegui confirmação, por isso que eu não citei. Mas agora, digamos assim, por uma sugestão,
ainda uma sugestão, eh, mudou-se o Rosário colocando um novo mistério. Aí, como disse um amigo meu, eh, isso é um princípio jurídico: quem pode mais, pode o menos. Bom, mas se mudaram a missa, por que não iam mudar o resto, né? Claro que mudaram o resto. Agora, eu achei curioso o seguinte: mudaram as palavras do Pai Nosso, algumas palavras do Credo, suprimiram, encararam; Glória mexeram, a ti. Sugestão no Rosário, mas a Ave Maria tá intacta! Deus me livre! Mas até agora ninguém mexeu, ninguém mexeu, né? Por fim, coração triunfará, né? Essa é nossa esperança. Mas,
recentemente, eu estive numa missa, antes disso, quando a gente faz apostolado, eh, eu já tive isso, acho que é comum. As pessoas falam assim: "Mas o grupo de vocês, eles são de outra igreja?" "Não, não, nós somos católicos!" "Ah tá, nossa, mas aqui é, né, um pouco diferente." "Tá ok." Eh, recentemente eu estive numa missa de bodas de prata e a mulher que cuida da igreja estava lá assistindo, e eu expliquei algumas coisinhas para ela. E na consagração, justamente na hora da consagração, ela vira assim para mim e fala: "Mas que religião que é essa
de vocês? Não é católica, né? Aqui é Nossa Senhora." Tudo bem. "Ah, nossa, porque é tão diferente, né?" O que quero dizer: mudaram tudo. Então, eh, por essas vozes de pessoas leigas, leigas mesmo, que não estudam como a gente estuda as coisas, mas veja como é que elas concluem, assim. Elas estão concluindo que, ó, é uma outra religião. Então, é uma coisa que é para se pensar, né? Porque, infelizmente, infelizmente, uma coisa que não deveria ser; nós somos filhos da mesma mãe, Nossa Senhora. Por conta disso, existe uma um quê de divisão entre nós, né?
Mas que eu sou obrigado a dizer para as pessoas: "Não, eu não rezo os mistérios Luminosos por causa disso." Uma coisa que eu não vejo conveniência, né? Só por uma questão disso, conveniência. Porque olha, tem tantos pontos que nós colocamos, né? Acho que o mais grave seria assim: Nossa Senhora colocou isso aí. Então, eu com todo respeito, ficou: "Nossa Senhora, tá bom, era isso." Vamos rezar: em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém! Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto
do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém. Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. [Música]
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