na sala de espera da África não significa somente falar da história de um continente significa falar sobre como a história se estabelece como um discurso científico e como esse discurso científico entende a trajetória Histórica de um continente que de maneira geral é visto de forma muito negativa Eu sou Professor Otávio e hoje a gente vai conversar sobre os pilares epistemológicos da história da África e sobre a intelectualidade africana que atualmente busca redesenhar essa tradição histórica tão negativa é a primeira coisa que a gente tem que levar em consideração é que no geral história da África
é entendida como um nicho temático da historiografia tal como a história antiga história medieval História Moderna a história da América e assim por diante Então como um campo temático a história da África entra nos currículos escolares e universitários de maneira muito pouco problematizada isso claro porque a definição de início temático faria com que a narrativa do passado africano Continental fizesse parte tão somente de uma estruturação de uma história mundial mais Ampla uma parte que estaria submetida aos mesmos métodos investigativos da historiografia acadêmica aos mesmos valores aos mesmos moldes isso permitiria que a história do Continente
fosse Vista a partir de processos eurocentrado SUS uma vez claro que os métodos da historiografia nascem a partir das IES e acadêmicas e científicas europeias ao se europeizar entre "os métodos de análise da história da África passado africano vai ganhando contornos negativos e atrasados Então se os métodos historiográficos europeus privilegiam a escrita com uma grande fonte documental a gente Vire a África como um continente obviamente sem escrita e portanto a histórico se essa historiografia eurocentrada privilegia as formações sociais imperiais estratificados a partir de aristocracia as áfricas se tornam continentes em sociedades complexas baseado em tribos
primitivas e assim por diante se essa historiografia tradicional sempre busca entender grandes personagens líderes escritores e Generais a África se torna um continente baseado numa coletividade sem qualquer agência criativa por isso a imagem de um continente selvagem sem história atrasado congelado no tempo é usado por tribos e comunidades familiares é tão comum fora da academia mas também dentro da academia Afinal eu tenho certeza que pouca gente saberia citar culturas e sociedades da África antes da modernidade europeia e ao sul do Saara sem antes consultar algum livro não é à toa também que a ficar tratada
muito mais como um grande país do que como um continente plural diverso e histórica e culturalmente muito rico essa ia ia do desenvolvimento histórico nasce junto com as primeiras formulações e uma história mais ou menos acadêmica e racionalizante depois do século 16 os humanistas e os iluministas europeus vão formulando discursos científicos que vão tentando ordenar o mundo natural e o mundo social então enquanto a gente tem os Viajantes e os naturalistas europeus categorizando plantas e animais a gente tem filósofos e pensadores categoria em vários passados presentes e Futuros autores famosos e canônicos em qualquer currículo
Universitário de ciências humanas como de kart vou ter Vico Condor secante hi girls eles vão criando um paradigma eurocêntrico de leitura de mundo que que significa significa que eles estabelecem uma crença generalizada em que o modelo de desenvolvimento europeu ocidental seria uma fatalidade desejável entre aspas para todas as sociedades e nações então o eurocentrismo das ciências humanas é um discurso um processo totalizante que tem como característica singular a sua reprodução como uma estrutura mental consciente ou não né que serve para classificar o mundo ou seja como a gente falou um pouco antes às particularidades da
história europeia se torna uma régua para medir o mundo e nessa régua a história da África já nas é como um campo em defasagem rei que eu por exemplo que é considerado um dos nomes mais importantes para se pensar a história EA filosofia da história diz que a África é a terra criança que fica além da Luz da história autoconsciente in coberta pelo negro manto da noite o caráter tipicamente africana por isso de difícil compreensão Pois para prendê-lo temos que renunciar ao princípio que acompanha todas as nossas ideias Ou seja a categoria da universalidade é
esse tipo de assertiva que vai criando o instrumental teórico que rebaixa os envolvimentos históricos do continente africano e é muito importante que a gente tem atenção é isso esse instrumental teórico eurocêntrico tá na base da história em consciência Isso significa que o eurocentrismo vai criando não apenas discursos históricos mais formas de leito e históricas são as leituras históricas que esperam que sociedades necessariamente tenham escrita forma impérios e grosso modo hajam como as comunidades europeias agiram para que ela se torne integrantes então de uma narrativa histórica Universal esse instrumental eurocêntrico que cria a defasagem na historiografia
sobre a África começa a ser criticado no século 20 em especial após a Segunda Guerra Mundial e essa crítica coincide também com o questionamento do Imperialismo Europeu e com o início das lutas de libertação na África Então a partir dos anos 1950 Começam a surgir periódicos especializados em história da África Começam a surgir livros voltados especificamente para a história do continente africano em perspectivas históricas amplas e é nesta época também que surge uma intelectualidade africana que passa buscar o diálogo de igual para igual e os estudos feitos na Europa Talvez o primeiro grande nome dessa
intelectualidade africana do pós-guerra seja o senegalês cheik anta diop que criou uma corrente de interpretação histórica chamada afrocentrismo um dos principais argumentos do afrocentrismo ride op defende em vários dos seus livros foi a ideia de que o Egito era uma civilização negra de origem Subsaariana E que esse jeito negro teria sido responsável pela origem cultural do mundo mediterrânico e mesmo do mundo europeu até dessa ancestralidade negra do Egito também atua na criação de uma unidade cultural que médica O que significa significa que em alguma medida todas as sociedades negras da África compartilharia uma mesma origem
egípcia e que mete era o nome que os egípcios davam a sua terra por isso se ha ha o advém da unidade cultural egípcia estaremos falando de uma história que médica e segundo diop as grandes características do kemetismo seriam as estruturas sociais matriarcais o coletivismo o idealismo religioso entre outras características que a gente poderia encontrar em sociedades africanas ao sul do Saara enquanto o Dió propunha o afrocentrismo que médico como chave de análise cultural para a compreensão da África o historiador guinéu de breu tamsir niane chamava a atenção para a necessidade de se entender Os
relatos orais africanos como Fontes tão importantes e válidas quanto os documentos escritos Então a partir desse binômio de cultura do diop e oralidade doniani vai se criando uma linha de interpretação que vai tentar renovar aquele instrumental teórico como a gente viu o mercado pela especificidade europeia ainda nos anos 1950 e1960 a gente tem também a presença de africanos diasporicos na construção dessa intelectualidade pós-colonial e talvez o mais célebre nome desse período seja Frantz fanon que foi um pioneiro no debate sobre a colonialidade e o colonialismo especialmente a partir do seu livro Os Condenados da terra
apesar da importância do diabo doniani e do fandom a historiografia africana Ainda teve dificuldade para se desenvolver nas décadas seguintes de um lado havia uma série de dificuldades políticas econômicas que não permitiam um forte estabelecimento Universitário e do outro havia Claro o peso dos nomes e das instituições europeias e norte-americanas que seguir um firmes criando a sua própria história da África e mais recentemente como os diversos avanços dos estudos pós-coloniais de coloniais e das constantes mudanças de paradigmas nas ciências humanas mais nomes da intelectualidade africana tem vencido as adversidades do mundo acadêmico eurocêntrico e ganhado
tração especificamente para os fins da nossa discussão e para que a gente possa entender os contornos gerais da intelectualidade e da historiografia africana hoje eu vou estar três desses nomes valentão e eles mudem b o Iron que o Igor me e achille mbembe a Claro vários intelectuais que desde os anos 1960 1170 vem construindo importantes estruturas de análise histórica e política sobre a África como Joseph ki-zerbo amadou hampate ba com a mesma cor uma muda-se o INCA Elite anbu colou e Paula rotundi mas eu acredito que mudem B o'gummy MB é bem o aporte teórico
fundamental para que a gente pensa o passado o presente eo futuro dos estudos africanos o filósofo congolês valentão odb é um dos grandes responsáveis por permitir que o campo dos estudos africanos seja compreendido de forma crítica e entendido a partir da sua génese eurocêntrica na sua obra a invenção da África mudimbi nos mostra como a África pensada a partir de uma biblioteca Colonial Ou seja a partir de saberes e discursos e interpretações e nascem A partir dessa visão hierárquica e colonizadora europeia por isso se diz que mudem B faz para os estudos africanos o que
Eduardo Side fez para os estudos sobre o Oriente ele dissecou os espaços e os argumentos de poder que efetivamente inventam uma África dos sonhos coloniais em outras palavras o moringa aplicar as ferramentas críticas que a gente encontra nas obras de Michel ficou ou Eduardo saído a construção dos conhecimentos sobre a África como mundo inteiro é um filósofo preocupado com as epistemes ou seja com as condições que possibilitam a criação de conhecimento e seus modelos discursivos ele também critica os modelos de análise estáticos do afrocentrismo como aqueles que a gente comentou do cheik Anta diop porque
a gente entenda Então o que muda em B chama de agnosia africana isso é um conhecimento que é independente da biblioteca Colonial eurocêntrica Ele explica que as tradições africanas precisam ser vistas em seus movimentos suas culturas suas alterações e o que que significa final significa que prumo de bebê as tradições e os saberes africanos são conhecimentos Store Ah e por isso são mutáveis e com gerenciais romper com o congelamento da biblioteca colonial de um lado e do afrocentrismo essencialista do outro é a maneira que o mundo em B encontra para historicizar o pensamento e o
conhecimento africano ou melhor os pensamentos e os conhecimentos africanos seguindo essa mesma linha após Colonial a gente tem também a socióloga nigeriana oyeronke oyewumi que assim como mudb escreve sobre categorias inventadas para a África e no caso dela o gênero ela é autora de um livro fundamental chamado a invenção da mulher e o seu principal argumento é o de que as Visões de gênero ocidentais são tão dependentes do binômio biologia construto social que elas não dão conta de explicar sociedades africanas como por exemplo a sociedade de Ubá a grande contribuição da Yumi a contar como
análises ocidentais mesmo aquelas que são comprometidas com a libertação e com o questionamento das estruturas dominantes criam discursos universalizantes que como sempre apagão e submetem as especificidades africanas ela deixa isso evidente apontando como nas antigas e contemporâneas sua cidade de Ubá as construções de gênero não eram necessariamente presentes e nem eram sistemas de opressão ou de iluminação principal elemento de organização social nas sociedades yorubá era a idade e não gênero essa desconstrução dos argumentos de gênero e dos argumentos biológicos colonizantes é possível através de uma investigação do vocabulário e das estruturas discursivas africanas algo que
também é muito caro ao método do mudb então com o olho Volume 1 o bebê a gente começa a perceber aquilo que foi falado no começo dessa conversa a compreensão que se cria da África é um discurso de poder que possui origem e que possui razão histórica seja na história seja na cultura seja na relação de gênero o que a gente encontra é um longo e bagunçado emaranhado de discursos coloniais né que são a biblioteca Colonial da qual a gente falava um pouco antes e por fim a gente tem também o filósofo camaronês Achei um
bebê que é provavelmente o mais conhecido intelectual africano hoje e responsável por conceitos recorrentes como pós-colônia afropolitanismo e o mais famoso deles negro política de maneira bem geral um bebê é um intelectual preocupado em pensar África hoje e o ceticismo que ele apresenta com categorias clássicas do pensamento o estado o tornam uma figura polêmica na África por exemplo o ensaio as formas africanas de Alto inscrição por exemplo ele critica tanto que ele chama de nativismo que são as análises culturais monolíticas como aquelas do cheik Anta diop na opinião dele quanto as leituras africanas que buscam
um eterno paradigma de resistência e Triunfo para conseguir lidar com a realidade do colonialismo bebê Então é quase um pessimista em sua leitura do mundo africano com tudo aqui nos interessa pensar que assim como mundo em b e ao e gumi Um Bebê aposta na pluralidade e na fragmentação para conseguir entender a história EA realidade da África ou melhor das áfricas o seu conceito de afropolitanismo por exemplo é uma sumarização desta pluralidade entender a história da África é entender a história o ventos é não buscar os essencialistas ou as categorias congeladas no tempo porque isso
apenas trocaria a cara das leituras coloniais mas elas ainda estariam ali por isso um bebê privilegia o conceito de afropolitanismo no lugar por exemplo de panafricanismo ou de Negritude porque ele acredita que a no movimento na contradição que se pode fugir dos essencialistas de compreensão obviamente que isso não significa dizer que um bebê ignora o racismo sistêmico inerente do colonialismo e é aí que o conceito de necropolítica entra para explicar as políticas de vida e de morte que surgem dos escombros do Imperialismo Europeu no mundo mas em termos de compreensão do campo da história da
África e dos estudos africanos talvez a maior contribuição do bebê seja o debate sobre o afropolitanismo e o debate sobre as formas de alta inscrição é a forma com que as áfricas compreendem suas próprias origens e suas próprias histórias então para concluir a gente pode fazer uma síntese do que foi dito a história da África não é um campo neutro e nasce a partir do eurocentrismo que dá origem ao instrumental analítico da historiografia Esse eurocentrismo é gestado desde o Iluminismo e segue firme e pouco questionado até o fim da segunda guerra mundial para tentar Balancear
os estudos eurocêntricos a gente começa a ver a partir dos anos 1950 e1960 intelectuais africanos que trazem novas possibilidades de análise histórica como por exemplo a anta diop com o afrocentrismo e o que mitismo que buscam assinar lá uma origem comum gráfica Negra e também de bruniane que garante autoridade documental para Os relatos orais africanos e há muitos outros nomes também fora da África que a partir da segunda metade do século 20 buscam seguir os passos problematizadores do Dior e doniani mas para essa discussão aqui eu trouxe três nomes africanos recentes então valendo teu mundo
em B que fala sobre uma biblioteca colonial e sobre as possibilidades de nós africana o Eron que o Ivo me que fala sobre a invenção da mulher colonial e critica os estudos de gênero que ocidentalização as sociedades africanas e apagam suas especificidades e achei bem bebê que fala do afropolitanismo e da necessidade de se entender a história da África em seus movimentos constantes mesmo aqueles que possam parecer negativos ou contraditórios o que a gente pode tirar dessa discussão é a necessidade de sempre manter a postura crítica e cética com relação às ciências humanas ea a
cidade de não sei essencializar o congelar as categorias de análise africanas é preciso trabalhar com a pluralidade com o movimento e com a contradição alguns conceitos-chave para essa discussão foram paradigma eurocêntrico afrocentrismo biblioteca colonial e nós Africana e Afro puritanismo Você pode ler mais sobre isso consultando a bibliografia que está na tela e que estará disponível também no palete da disciplina de História da África um Muito obrigado e vamos estudos