[Música] [Música] eu tenho duas maneiras de responder essa pergunta primeiro eu não diria que tecnologia é uma ferramenta eu acho que a tecnologia de uma certa forma é uma extensão da nossa da nossa humanidade eu acho que do ponto de vista do potencial de fato a gente tem potencial para transformar tudo que a gente conhece hoje a gente tem potencial para resolver todos os problemas da sociedade de hoje com a tecnologia que a gente tem hoje mas quando a gente olha para a história de como a tecnologia surge de como ela é distribuída parece não
haver um processo de distribuição e de acesso para todas as pessoas de uma maneira a mais igual então eu acho temeroso de certa forma discutir a tecnologia apenas pela perspectiva do potencial que ela têm de transformação que é um potencial gigantesco nesse sentido ela pode ajudar com diferenças sociais assim como uma série de outros problemas mas acho mais interessante analisar tecnologia de maneira contextualizada do ponto de vista histórico político social e cultural obviamente porque a partir disso que a gente entende como ela é aplicada a decisão sobre a aplicação é sobre a utilização da tecnologia
não é tecnológica humana ea contingenciada por todo esse contexto então o potencial existe mas na realidade pelo menos uma perspectiva histórica ele não parece ser distribuído de forma igual pra todo mundo então contingências políticas culturais históricas parece ser muito mais definitivas para utilização da tecnologia e para a realização ou não desse potencial imenso que ela parece até a princípio você sabe eu tenho uma certa dificuldade pra lidar com esse tipo de pergunta se a tecnologia faz alguma coisa porque eu tenho sempre a tendência a pensar que atrás de qualquer elemento tecnológico e em seres humanos
a minha resposta inicial seria seres humanos fazem coisas junto com a tecnologia se aproveitando dela sendo influenciados por ela a tecnologia sozinha ela não tem poder mas as utilizações que nós fazemos podem transformar a tecnologia tanto instrumento de controle como instrumentos de transformação de maneira que a gente possa por exemplo encontrar pessoas que também queiram melhorar algumas coisas na sociedade também queiram transformar algumas coisas para melhor então a tecnologia em si ela não tem um potencial nem para melhorar nem para piorar a sociedade mas ela pode potencializar e ampliar e reverbera idéias e como a
gente sabe ao longo de quase toda a história poucas coisas são mais fortes do que uma idéia na hora certa no lugar certo reverberando por uma quantidade maior de pessoas talvez nisso a tecnologia tem um potencial que nós ainda estamos aprendendo a utilizar ao longo dos últimos 20 anos desde que a internet entra no nosso cotidiano nós ainda estamos aprendendo e percebendo que ela pode tanto nos levar para um momento mais comunitário momento de encontro um momento de aproximação com o outro quanto para o radicalismo para a negação do outro para o fechamento na própria
bolha é uma opção de cada uma e cada um que usa transformar esse tipo de tecnologia num potencial para aquilo que a pessoa é às redes digitais a tecnologia tem exatamente a dimensão do ser humano em relação aquilo que nós quisermos fazer dela porque como toda técnica ela tá ligado a algo maior os sentidos e os significados que nós humanos damos para essa técnica lidar com isso talvez seja um grande desafio para as próximas duas décadas [Música] ótima questão difícil de responder pelo seguinte a gente precisa tomar um certo cuidado para lembrar que a transparência
total significa também a vigilância total e o segredo ele nem sempre é ruim como às vezes a gente pode imaginar porque cada um é cada um de nós tem direito à sua privacidade a transparência absoluta ela acabaria tirando a idéia de uma privacidade que é um direito individual é um direito dos grupos é um direito da própria democracia o direito de fazer algumas coisas sem precisar dar conta delas uma vez que eu não estou fora da lei não há nada de errado simplesmente não precisa ser vigiado o tempo todo talvez um dos desafios que a
tecnologia nos coloca seja justamente pensar até que ponto o excesso de transparência não acaba se tornando uma espécie de vigilância e aí tem uma questão que a gente pode se colocar também essa transparência não é só nos dispositivos nas câmeras nos dispositivos de reconhecimento que estão fora de nós de certa maneira com as mídias digitais nós também estamos fazendo parte dessa alta exposição será que quando eu coloco toda a minha vida nas redes digitais e não estou falando de cátedra não faço exatamente a mesma coisa mas será que a gente também não está colocando uma
transparência em excesso que acaba se tornando uma espécie de auto vigilância eu tenho que mostrar isso eu tenho que mostrar aquilo eu tenho que criar é de certa maneira uma persona que vai aparecer nem dentro dessa transparência então eu acho que nesse sentido o controle da informação ele está ligado diretamente às questões de vigilância e transparência e ligados fundamentalmente a liberdade de você dentro das normas da lei e da ética do respeito ao outro fazer aquilo que você quiser sem a necessidade de prestar contas absolutamente de cada minuto porque isso tiraria o nosso direito à
liberdade eu não gostaria por exemplo ser filmado em casa de chinelo e pijama no domingo à tarde porque é um espaço que é meu tem alguma coisa errada no meu filho é lindo mas não é o espaço que eu quero ser visto então eu me parece que a idéia de transparência ela precisa ser pensada porque o excesso de transparência talvez possa criar problemas para uma das divisões mais importantes uma das grandes conquistas da modernidade a divisão entre o público eo privado isso é entre um espaço onde você está sendo visto e você vai para ser
visto em um espaço da sua intimidade aonde você vai ter o cuidado de si não sei até que ponto todo mundo precisa ficar sabendo a cor da nossa escova de dente mas se alguém tiver dúvida é azul eu acho que são capazes de destruir a democracia de transformar a democracia como a gente conhece a gente pode retomar a questões de segurança privacidade e liberdade para falar sobre transparência existe uma questão fundamental que a gente está vivendo hoje que é o questionamento desse elemento de representatividade da democracia então caso de corrupção por exemplo demandam uma resposta
de uma transparência maior só que não me parece existir uma relação linear entre transparência e menor quantidade de problema ou democracia mais eficiente na minha visão é um processo muito mais complexo eu acho que a transparência é extremamente útil para determinados contextos a disponibilidade de informação é extremamente útil para determinados contextos mas eu não vejo isso como aquela bala de prata que vai nos salvar de todos os problemas eu acho que o avanço tecnológico e às vezes carrega esse elemento tópico de que a próxima tecnologia é aquela que vai nos salvar todos os problemas a
internet já foi isso há 50 anos atrás a internet já foi sinônimo de uma ágora digital que a gente estaria livre de todas as questões a política ea gente de resolveria tudo junto digitalmente em computadores conectados a gente já viveu essa utopia e parece que a gente vai empurrando essa utopia para as novidades que que vão chegando no futuro né então eu não é o olho pra transparência de informação enfim como um elemento importante contextualizado dentro das situações e cenários em que isso de fato precisa ser útil possa ser útil mas eu não acho que
é a solução para todos os problemas porque transparência total e vigilância total são coisas que às vezes andam juntos né transparência total tem um elemento totalitário que não é democrático atrelado então acho fundamental discutir estas questões de maneira muito contextualizada porque senão a gente tem uma visão pode ter uma visão enganosa a respeito de um potencial muito puro por pastas e tecnologia finep com 3 traz do contexto de óleo que se pode fazer parece algo incrível mas isso nunca se dá fora de um contexto que a gente está vendo tudo isso acontecendo no mundo hoje
com tecnologias já vimos coisas no passado na tecnologia atômica enfim tantas outras coisas então a gente tem que falar muito do potencial e do uso contextualizada dentro de uma sociedade e uma época de uma cultura e assim por diante essas coisas não podem andar separadas então transparência bom acesso à informação é crucial são temas cruciais em temas muito importantes mas se levados ao extremo eles podem sem dúvida nenhuma mais prejudicado que ajudar a democracia [Música] essa é uma ótima pergunta eu acho que a questão de ler e transgressão tem um pouco a ver com controle
estabilidade institucional por um lado é e por outro lado a transgressão de uma certa forma tem um elemento criativo atrelado né então tem vários movimentos históricos a gente pode falar sobre questões do feminismo gente pode falar sobre questões de direitos trabalhistas que tiveram origem em elementos ou atitudes ou movimentos transgressores então eu vejo um aspecto criativo na transgressão ao mesmo tempo eu entendo que existem uma série de elementos de controle que interessam para poderes instituídos para quem o pouco acesso à pouca visibilidade ou a pouca mobilidade pouca chance de mudança ajuda a conservar o elemento
institucional de poder que está na mão daquele grupo específico naquele momento né tem uma série de governos totalitários ali no século 20 que podem ilustrar muito bem o meu ponto então eu acho que a gente vive de uma certa forma um paradoxo entre um elemento transgressor criativo que em um determinado período e vai questionar uma lei uma visão um consenso estabelecido e ele aparece nessa função questionadora como algo fora da lei entre aspas só que existe um processo histórico é mais amplo né muito mais amplo sentido temporal principalmente que vai ajudar e eventualmente transformar isso
que hoje a gente vê como uma transgressão como algo visionário ou o originador de novos direitos no futuro um pouco mais distante né e os dois exemplos que você tem anteriormente eles ajudam a ilustrar esse ponto eu acho que esse paradoxo entre a transgressão a gestores a transgressão ea lei é um paradoxo que vai acompanhar a sociedade para sempre né nosso arcabouço jurídico legal ele é sempre relativo e não proativo eu crio lei depois que eu tenho um problema novo foi assim com questões digitais por exemplo está sendo assim com a legislação da privacidade né
as leis de privacidade na europa o que o brasil está trazendo para cá também que deve começar a valer provavelmente no meio do ano que vem oficialmente nada mais é do que surge algo completamente novo que sem dúvida nenhuma começa a transgredir ea rompeu uma série de paradigmas tradicionais aí a gente constrói um novo entendimento sobre o que é a privacidade no mundo hiper digitalizado e a gente cria um arcabouço legal um novo pra cuidar desses problemas novos então eu vejo a transmissão até como um elemento de mutação da sociedade que vai ajudando a transformar
ao longo do tempo e ajudá la a a reagir né aes adaptar a desafios novos ou a corrigir questões históricas como grupos que por muito tempo foram marginalizados mas começam a tentar transgredir as leis para conseguir ter um espaço de fala pra conseguir ter respeito para conseguir ter direito então acho que a transgressão é estaria para a sociedade assim como mutação está para a sobrevivência de uma espécie tem um elemento criativo interessante e um papel crucial um processo histórico com dourado num contexto mais amplo basicamente eu acho que a gente tem algumas coisas embutidas essa
pergunta primeiro o acesso aqui informação já colocaria uma distinção importante o acesso à informação de interesse público aquela informação que mesmo que eu não queira mexe com a minha vida essa informação geralmente vinculada a espaços públicos essa precisa estar acessível porque ela é parte da democracia e parte do exercício da cidadania assim como é preciso preservá as informações que não são de interesse público por exemplo a privacidade das pessoas coisa que às vezes a gente perde a noção por exemplo quando a gente devassa a vida de alguém só para saber com quem a pessoa está
ficando com quem está namorando infelizmente nós já tivemos exemplos muito ruins alguns até que terminaram em tragédias por essa falta de respeito no limite do conhecimento então eu faria uma distinção bastante é até meio radical aquilo que é de interesse público precisa obrigatoriamente está a vir a público estar disponível para que a gente possa discutir ea discussão respeitosa e saudável é uma das bases da democracia ao mesmo tempo é necessário preservar o sentido da intimidade no sentido de uma vida privada que como eu mencionei alguns segundos atrás no vídeo é uma das grandes conquistas da
modernidade que seria muito triste perder e aí a gente pode se perguntar mais uma vez será que misturando essas fronteiras a gente não tá dando um passo um pouco arriscado até para a concepção de ser humano que a gente conquistou com tanta dificuldade no exercício da democracia ao longo dos últimos 100 200 anos quer ser uma pergunta que fica e aliás você podia responder aqui nos comentários que a gente volta a falar sobre isso gostou desse vídeo então aproveite porque tem muita coisa boa esperando aqui inscreva se [Música]