Psicologia do Desenvolvimento - Aula 04 - Cognição e afetividade

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Aula 04 - Cognição e afetividade Disciplina: Psicologia do Desenvolvimento - RPD 001 Curso de Licen...
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[Música] Olá a todos e a todas eu sou a professora Valéria Arantes para mim é um prazer enorme estar aqui com vocês novamente para tratar de um tema né que eu vejo como tão relevante tão importante Quando se diz respeito a entender sobre o desenvolvimento humano né pois bem Ah sobre a temática de hoje né cognição e afetividade nós temos como objetivo para essa aula abordar as intrínsecas relações entre afetividade e cognição na Perspectiva do funcionamento psíquico tá então nós temos como princípio norteador da aula entender como se dão essas relações entre a dimensão afetiva
e a dimensão cognitiva no funcionamento psíquico pois bem Eu gostaria de começar a essa aula me remetendo algumas ideias básicas do Iluminismo que influenciaram durante muitos anos né as teorias psicológicas então eu vou tomar a liberdade de voltar um pouquinho na história e trazer algumas ideias até pra gente entender como que isso influenciou a psicologia pois bem o programa Iluminista concebia o ser humano como um sujeito autor de si mesmo e capaz de determinar livre e racionalmente sua conduta o sonho inusitado da autodeterminação implicava em conceber o sujeito sobre um modelo de razão em sua
natureza alheias afeições emocionais entendidas como transtorno e alteração da necessária serenidade do Espírito pois bem com isso né A reflexão sobre sentimentos e Emoções estava muito mais centrada na numa moral do seu controle do que mesmo de entender na sua natureza na natureza humana a influência das emoções e do sentimentos né dito de outra forma com esses princípios se voltar para o sujeito com uma ideia Clara de que as emoções deveriam ser evitadas né Elas eram indesejáveis para o bom funcionamento eh psíquico pois bem durante muitos anos eh Esse princípio norteou muito as teorias psicológicas
por exemplo eh na psicologia comportamental durante muito tempo eh se reduzir as emoções ao estudo do comportamento pois bem alguns autores clássicos romperam com essa dicotomia e tentaram eh em suas pesquisas né e sinalizar em suas pesquisas o quanto isso era incorreto e defenderam ao longo das suas obras essa integração eh entre essas duas dimensões cognição e afetividade eu vou me remeter aqui três autores clássicos né alguns de vocês já devem conhecê-los Ou pelo menos já devem ter ouvido falar que de um modo ou de outro sinalizaram essa essa intrínseca relação entre cognição e afetividade
então eu vou falar de três deles tá o primeiro deles era piag né o biólogo e epistemólogo suíço né Eh Um clássico da Psicologia que influenciou muito a psicologia da educação e para piag claramente todo comport comporta uma dimensão afetiva e também aspectos cognitivos uma dimensão afetiva e uma dimensão cognitiva e piag claramente defendeu isso nos seus textos e em suas teses né então só para registrar aqui piag defendia a ideia de que não existem estados afetivos sem elementos cognitivos assim como não existem comportamentos puramente cognitivos com isso né para piag cognição e afetividade apesar
de diferentes em sua natureza são inseparáveis são indissociáveis tá eh piag por exemplo numa determinada obra ele afirma o seguinte é o interesse e assim a afetividade que fazem como com que uma criança decida seriar objetos e quais objetos seriar pois bem né Eh piag defendia que enquanto a cognição era essa dimensão eh da decisão afetividade era funcionava funciona num comportamento humano como uma energética né como uma motivação o interesse e essa ideia foi um Marco mesmo na psicologia pois bem também encontramos essa premissa né dessa indissociação entre cognição e efetividade num outro autor clássico
também muito conhecido autor Russo né vigotsky para quem as emoções integram-se ao funcionamento mental geral tendo uma participação ativa em sua configuração tá então vigotsky por exemplo Trabalhou muito com linguagem e ele definiu por exemplo dois componentes importantes do significado da palavra ele dizia que a palavra tem dois componentes um que ele chamava de significado que para ele era o sistema de relações objetivas mesmo da palavra e uma outro componente que ele falava do sentido né que era o significado da palavra para cada pessoa tá portanto eh essa essa divisão feita por vigot definida por
ele eh deixou claro de novo essa integração né como ele trabalhou muito com linguagem ele definia a palavra tem a dimensão do significado e tem a dimensão do sentido e é justamente nessa dimensão do sentido que ele incorpora as emoções e os sentimentos vigotski dizia o seguinte a forma de pensar que junto com o sistema de conceito nos foi imposta pelo meio que nos rodeia inclui também nossos sentimentos Tá então eu tô só selecionei algumas afirmações que deixam claro como esses autores sinalizavam né a a necessidade da gente buscar essa integração um outro autor clássico
que nós também não podemos esquecer foi valon né que eh cuja obra Nós também identificamos Essa visão integradora entre cognição e afetividade valon dizia o seguinte a evolução da afetividade Depende das construções realizadas no plano da Inteligência assim como a evolução da Inteligência Depende das construções afetivas tá e uma citação do do valon desculpa é as emoções podem ser consideradas sem dúvidas como a origem da consciência pois bem na obra do do valon o que chama a atenção é que apesar dessa indissociação ele vai defender que existem momentos que predominam estados afetivos e momentos que
predominam estados mais cognitivos muitos autores eh estudiosos do valon eles vão dizer que eles usam uma expressão para ilustrar que me parece bem interessante que é assim a razão nasce da emoção e vive da sua morte né então assim eh esse estado eh afetivo ele muitas vezes antecede esse outro estado mais elaborado portanto a ideia de que nasce da emoção e vive da sua morte tá então só para ilustrar três autores da Psicologia três clássicos vocês vão ter isso na bibliografia e tal né três autores clássicos que de maneiras diferentes com objetos de estudo diferentes
no fundo H tinha algo em comum que era essa integração entre essas duas dimensões pois bem embora não seja nosso campo e nem nosso objetivo eu queria muito mencionar um um estudioso um autor da no campo da Neurologia né que tem influenciado muito os estudos no campo da psicologia e que muitos de vocês já devem ter lido que é Antônio Damásio né então no campo da Neurologia tem uma obra que é um Marco sobre essa discussão que é o erro de descart né então Damásio defende nessa obra que os sentimentos e as emoções são uma
percepção direta de nossos estados corporais e constituem um elo essencial entre o corpo e a consciência para Damázio emoções bem direcionadas e bem situadas parecem constituir um sistema de apoio Sem o qual o edifício da Razão não pode operar a contento bom por que que eu disse para vocês que essa obraem embora não né esteja no campo da Neurologia ela é um Marco também para os estudos da Psicologia porque Damásio a meu ver rompeu eh radicalmente com uma ideia cartesiana né da de Uma Mente separada do corpo tá então na obra do do Damasio para
mim O Marco é quando ele critica veementemente a ideia né de descart que penso logo existo né e ele vai sugerir que a gente substitua essa premissa pela ideia de que existo e sinto logo penso tá E com isso essa ideia de eh corpo e mente separadas ele vai de fato descartá-la bom não é nosso objeto aqui da aula mas eu resolvi trazer essa obra né até como sugestão de leitura inclusive porque de um modo ou de outro ela tem influenciado muitos estudos recentes no campo da psicologia Mas então voltemos aí ao campo da psicologia
e eu gostaria de mencionar três autores né contemporâneos que também vão avançar nessa discussão e vão fazê-la até num outro nível o primeiro autor que eu gostaria de de mencionar é na realidade psicoterapeuta americano greenberg para quem enquanto a emoção nos sinaliza a respeito do que está nos afetando e estabelece a meta para que possamos alcançá-la a cognição nos ajuda a dar sentido à nossa experiência assim como a razão nos ajuda a imaginar o melhor modo de Alcançar a meta tá como é que eu entendo as ideias né dessa psicoterapeuta greenberg vai defender assim como
Damázio a a ideia de que o etivo estabelece as metas para que o cognitivo os resolva a ideia de forma bem sucinta né É seria essa o afetivo estabelece os problemas para que o racional possa resolvê-los portanto é uma uma relação é uma uma relação intrínseca mas que existem uma papéis diferentes Ah e essa Razão Vai resolver na medida em que esse estado afetivo Ele é bem construído daí o fato né dela defender a ideia de que os esquemas afetivos não se baseiam unicamente na emoção implica uma síntese complexa de afeto cognição motivação e Ação
eu acho importante sinalizar que quando ela fala que essas emoções bem elaboradas favorecem a resolução né de um determinado problema é nesse prin tipo de bem elaborada É porque ela incorpora obviamente essa dimensão da cognição também tá então fica aqui uma uma referência que me parece ã importante uma outra referência muito em voga né que muitos de vocês devem conhecer é a teoria eh o acabolso teórico de H Garden que postula que a inteligência é uma atitude que se expressa por meio de sistemas simbólicos diferentes e isso supõe uma clara ruptura com a ideia de
inteligência como entidade única e abstrata pois bem a ideia de que a ideia do de Gardner né e toda a equipe da Universidade de Harvard na qual Ele trabalha eles vão defender eles vão romper essa ideia de que a função da inteligência tem a que a o ser humano desenvolve uma função única para a inteligência e aí um conceito que é muito conhecido certamente vocês já leram Ou pelo menos já ouviram né o conceito de inteligências múltiplas tá então ele vai ao romper com a ideia de que olha a inteligência não é uma função única
abstrata e absoluta ela tem diferentes facetas E aí ele vai defender a ideia das inteligências múltiplas tá com isso tem um um autor que é também é um Marco né No que diz respeito a relações entre inteligência e afetividade que é Daniel Goldman quando defende na esteira do que do que garne defendeu ele Ele defende o conceito de Inteligência Emocional aliás é um bestseller né se vende e se vendeu muitíssimo das obras desses autores e finalmente um terceiro autor que eu queria mencionar rapidamente que é o fra que vai defender essa intrínseca relação entre cognição
e efetividade trazendo aqui o conceito o o significado das emoções então para fría enquanto pensamento racional não é suficiente para razão as emoções induzem as pessoas a atuarem de uma determinada maneira tá para fria os sentimentos estão apoiados na emoção tá portanto as emoções sofrem muita influência dos sentimentos Tá então são três autores mais recentes que eu gostaria de trazer para vocês porque eu acho que tem uma contribuição importante pois bem entre todos esses enfoques eu gostaria também de incluir né eu trabalho nessa área eu sou uma estudiosa né sobre esses processos cognitivos E afetivos
H alguns anos eu gostaria de trazer um modelo teórico que também vai defender essa intrínseca relação entre cognição e efetividade e que tem sido né nas minhas pesquisas nos meus estudos o instrumento teórico metodológico da maior valia tá tanto para as reflexões conceituais como para análise de dados empíricos né que permite uma análise muito fina do pensamento humano esse modelo né que é cujo nome é a teoria dos modelos organizadores do pensamento como o próprio nome diz né a ideia de modelos a ideia de que nós construímos modelos em todo em qualquer situação tá essa
teoria tem uma forte influência da teoria piagetiana e também uma forte influência da psicologia cognitiva tá a ideia de modelo mas rompendo com a ideia de modelos locais daí a influência do piag porque incorpora muito conceito de experiência tá essa esse modelo teórico as autoras que são autoras da Universidade de Barcelona e também né de Genebra né pessoas que trabalharam diretamente com piag elas vão defender que os modelos organizadores do pensamento são conjunto de representações que as pessoas realizam em situações específicas e que as levam a compreender a realidade e a elaborar seus juízos e
ações pois bem a ideia Clara é a seguinte ah Nós criamos uma realidade dito de outra forma a realidade nada mais é do que aquilo que eu vejo obviamente a forma como a gente vê o mundo a forma como a gente organiza o mundo é limitada até pela nossa Constituição física né Eu costumo dizer se eu tô nessa se eu estou nessa posição Eu tenho um cenário na minha frente que é limitado portanto a forma como eu vejo o mundo a forma como eu represento o mundo é sempre limitada é sempre simplificada né Então nesse
admitindo a ideia de representação elas vão as autoras vão defender o quê que esses modelos que nós construímos da realidade são construídos não só somente a partir da lógica subjacente à estruturas do pensamento né mas incorporam desejos sentimentos afetos representações sociais valores etc etc com isso como eu disse para vocês tem sido um modelo teórico que tem nos ajudado muito a a entender né Essa complexidade do pensamento humano sem reduzi-lo por nos permite incorporar aspectos culturais aspectos sociais valores crenas estados emocionais enfim eu acho que tem é um modelo mais abrangente e tem contribuído muito
para as pesquisas no campo ah da psicologia Ah nesse sentido São autores né os que Eu mencionei aqui que defendem de um modo ou de outro com cada um com suas especificidades cada um com suas particularidades cada um com o seu objeto de estudo defendem a ideia de que pensar e sentir são ações indissociáveis tá E aqui eu termino né deixando a ideia Clara para vocês defendendo mesmo que as emoções não são obst obstáculos que devem ser evitados muito pelo contrário né eles devem ser trabalhados e para a escola isso é de muita importância tá
para mim Eu Vou defender a ideia de que devemos incorporar a dimensão dos sentimentos dos afetos né na no cotidiano escolar E por quê Porque sim acredito que a organização do pensamento influencia nosso sentimentos tanto quanto o sentir influencia a forma da gente pensar muito [Música] [Música] obrigada ah [Música]
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