Luciano Subirá - A RELAÇÃO ENTRE FÉ E FAMÍLIA | FD#69

Esta é a segunda aula onde eu quero tratar do assunto da família. Na aula anterior falamos da importância da família e agora eu quero estabelecer a relação entre fé e família e que também nos ajuda a seguir mensurando a importância da família. É lógico que é um desafio falar de um assunto tão rico, abrangente em pouco tempo.

Digo isso porque escrevi um livro inteiro intitulado "O Propósito da Família", onde falo a respeito dessas verdades além da visão de Deus para o casamento e da vida conjugal. Junto com a minha esposa escrevi um outro livro intitulado "Como Flechas", que fala só sobre criação de filhos. Então, além desses dois livros, temos três cursos na nossa escola um sobre o propósito da família, que é o assunto estamos tratando aqui, um outro curso onde a gente fala do casamento dos sonhos, isso é, plano de Deus para o casamento, e o terceiro curso falando só sobre criação de filhos.

Vamos falar a respeito da relação entre fé e família e o nosso texto, nosso ponto de partida será a afirmação do apóstolo Paulo em primeira Timóteo, no capítulo cinco e no verso oito, onde ele diz o seguinte: "Se alguém não tem cuidado dos seus e, especialmente, dos da própria casa, esse negou a fé e é pior do que o descrente. " Quando a palavra de Deus fala sobre cuidado aqui, nesse capítulo cinco de primeira, Timóteo está falando sobre o cuidado material. A ideia começa no versículo quatro, quando ele diz: "Se alguma viúva tem filhos ou netos, que esses aprendam primeiro a exercer piedade para com a própria casa e a recompensar seus pais, pois isso é aceitável diante de Deus.

" Depois, no verso 16, ele vai dizer: "Se alguma mulher crente tem viúvas na sua família, socorra-as para que a igreja não fique sobrecarregada e possa socorrer as viúvas que não têm", que não têm arrimo de família. Então é nesse contexto que a ideia de cuidado dos familiares vai surgir, ou seja, está falando de cuidado material. Está falando de botar comida na mesa, vestir o corpo, dar um teto sobre a cabeça.

Mas a ideia de cuidado mais abrangente na escritura, aliás, inclusive olhando para a própria epístola de Paulo a Timóteo, em primeira Timóteo no capítulo três, nos versículos 4 e 5, o apóstolo Paulo vai falar sobre um nível de cuidado da casa, que é governo, que é cuidado espiritual, que pastoreamento dos filhos, então a gente pode pegar o conceito bíblico de cuidado e dizer: ele é abrangente, é mais do que cuidar do material, envolve cuidado espiritual. Também não precisamos deixar de fora, saímos da primeira carta de Paulo a Timóteo e olhamos a Bíblia como um todo, a ideia do cuidado emocional. Jesus tinha 30 anos de idade quando foi batizado por João e houve uma declaração de amor do Pai celeste, que é pública: "Esse é meu Filho amado, em quem eu tenho prazer, em quem eu me comprazo.

" Não era uma declaração: "Gente, esse é o Messias, O Cristo. Acreditem nele. " Era apenas uma expressão do amor e do prazer de Deus.

O que me leva a dizer às pessoas: se Cristo, diferente de nós, sem as mazelas emocionais que muitos de nós carregamos, o Pai olha para Ele e diz: "É importante que Ele entenda o quanto é amado e que tem a apreciação, afirmação emocional", a pergunta é: e os nossos filhos, cujas personalidades ainda estão em desenvolvimento? Toda a estrutura psicológica, emocional deles em desenvolvimento? Então, eu queria colocar no bolo aqui a ideia de cuidado espiritual, emocional e físico como parte do mesmo pacote.

Mas a ideia a ser explorada é: por que a negligência do cuidado com a família leva alguém a estar numa condição que a Bíblia diz negou, uma tradução diz renegou a fé e é pior do que o descrente? Se dissesse que é igual ao descrente, já não seria uma boa classificação, mas pior? Por que o assunto da família é tão sério a ponto de existir uma relação .

. . porque as pessoas costumam fazer essa dicotomia, essa separação.

Eles botam a fé de um lado e quando falo de fé, não é crer para a resolução de um problema, mas é toda a nossa relação com Deus. Alguns botam fé de um lado e botam família do outro. É comum a gente ver gente que vai para a igreja, para o culto, adorar a Deus, chutou todo mundo em casa, às vezes não literalmente e ele simplesmente acredita que são coisas que estão desconectadas.

E eu sempre digo as pessoas não estão desconectados. A Bíblia está dizendo: Se você não cuida da sua casa, você está ferindo sua fé, sua relação com Deus e vários outros textos apontam na mesma direção. Então o apóstolo Pedro diz: "Maridos, tratem as vossas esposas com honra, como vaso mais frágil.

" E ele termina dizendo: "para que não sejam pedidos as vossas orações. " Ele não está só dizendo: "Maridão, se você não tratar bem sua esposa, o clima não vai ficar legal. Você não vai ser tão feliz ou realizado.

" Ele não está falando desse tipo de consequência. Já seria um bom motivo para levar a sério a ideia de tratar bem a esposa. Mas a Bíblia está falando de algo que é de ordem espiritual: "para que as suas orações não sejam interrompidas.

" Em outras palavras, a Bíblia está dizendo que uma desconexão na horizontal com a família gera uma desconexão na vertical para com Deus. Então nós não podemos ignorar essas declarações. E, aliás, Pedro não é o único que falou sobre oração interrompida.

Em Malaquias no capítulo dois, no verso 13, nós vemos Deus por meio do profeta, protestando contra a nação de Israel e dizendo: "Vocês cobrem o meu altar com gemidos, com choros, mas eu não vos ouço. " Como não ouve? O Deus que diz: "Invoca-me e te responderei" agora está dizendo: "Não ouço a oração, o choro e o clamor de vocês"?

E aí o texto continua e diz: "E vocês questionam, perguntam: por quê? " E aí Deus vai responder. Ele diz: "Porque o Senhor foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal.

" Deus está dizendo: "Camarada, você não honra nem a aliança conjugal agora acha que chorar no pé do meu altar vai fazer com que eu te atenda? " É quase como se em outras palavras, falando em linguagem contemporânea, Deus tivesse respondendo: "É ruim que eu vou te dar alguma atenção ou alguma moral depois daquilo que você fez contra a família. " Ou seja, nós estamos falando de diversos textos que mostram que a maneira como interagimos com família afeta nossa vida espiritual.

Muitas pessoas falam de avivamento como se fosse algo ligado apenas ao ambiente da igreja e dos cultos. Mas Deus disse em Joel, capítulo dois: "Derramarei do meu Espírito sobre toda a carne. " Na sequência Ele diz: "Vossos filhos e vossas filhas profetizarão.

" Deus está dizendo: "Eu quero entrar dentro da sua casa. Eu quero pegar a próxima geração, Eu quero visitar os seus filhos" e nós precisamos ter uma visão onde, em vez de separar fé de um lado, família do outro, a gente entenda a mescla. Através do profeta Malaquias Deus diz: "Eis que vos envio o sol da justiça", é uma profecia messiânica, fala da vinda de Cristo.

"Ele virá trazendo a cura em suas asas. " Depois de falar isso, a Palavra de Deus também diz, o Senhor diz: "Eu também vou enviar a vocês o profeta Elias. Ele converterá o coração dos pais aos filhos e dos filhos aos pais, para que eu não venha e não fira a terra com maldição.

" O que Deus está dizendo? Que o estado de espiritualidade que viveremos na sociedade, no ambiente do mover de Deus, do plano ou do cumprimento do plano divino para toda a humanidade, Ele está estreitamente relacionado com a forma como nós vivemos família. Ou seja, nós não podemos simplesmente separar essas coisas.

Então há uma relação entre fé e família. Isso é indiscutível na Bíblia. A pergunta é: Por que essas duas coisas se mesclam?

Por que elas estão tão misturadas a ponto de se alguém feriu uma, feriu outra? Isso só vai sustentar a ideia do assunto aula anterior da importância da família. Então, à medida em que explico isso, eu quero justamente justificar a ideia da importância.

Vamos lá. Em primeiro lugar, a gente precisa observar que, ao longo das Escrituras, Deus se revela através de figuras familiares. Então você olha desde a relação entre pais e filhos, como também a relação entre o homem e a mulher e você vai perceber Deus usando essas revelações como uma espécie de paralelo para que Ele mesmo possa se revelar a nós.

Então, vamos reconhecer alguns desses exemplos bíblicos. Em Isaías no capítulo 49, no verso 15, nós vemos Deus quando desejoso de revelar a intensidade, a profundidade do seu amor por nós, Ele toma um paralelo que todo ser humano conhece muito bem, que é o amor de mãe. O texto bíblico diz assim, Isaías 49.

15: "O Senhor responde: Será que uma mulher pode se esquecer do filho que ainda mama, de maneira que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, porém, não me esquecerei de você. " Então a gente segue lendo o verso 16: "Eis que eu gravei você nas palmas das minhas mãos; as suas muralhas estão continuamente diante de mim.

" Então Deus está dizendo: "Será que a Mãe pode esquecer da criança, do filho que ainda mama? " A resposta implícita é não. Mas porque vez ou outra, raramente, mas por que vez ou outra pode ter alguma mãe desnaturada Deus diz: "Ainda que essa se esqueça, Eu não me esquecerei de vocês.

" Então, o que é que Deus está dizendo? Quando o amor de mãe, o amor materno, que é o mais sagrado, sacrificial e profundo nível de amor que o ser humano conhece Deus diz: "Quando esse falar o meu não falha. " E nós precisamos, de fato entender que Deus está estabelecendo um padrão.

Por outro lado, quando Deus quer falar a respeito do cuidado Dele para conosco, Deus não apela para a figura materna. Deus apela para a figura paterna, porque os pais e agora estamos falando principalmente dos pais, cujo coração é voltado ao Senhor, entendem as Escrituras, nasceram de novo, demonstram o caráter de Cristo, os pais têm um zelo pela sua casa. E o texto bíblico é Mateus, capítulo sete dos versículos 9 a 11.

Jesus diz assim: "Ou quem de vocês, se o Filho pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ora, se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem?

" Então a ideia aqui é: se nós, enquanto maus, damos coisas boas aos filhos, Deus está dizendo: "quanto mais o Pai celestial". Aqui é mais do que comparação, é contraste, dizendo: "Ele está num patamar de bondade incomparável e acima da nossa" e Ele está preocupado com o cuidado de cada um de nós muito mais do que qualquer pai esteja preocupado com o cuidado em relação aos seus filhos. Outro assunto que nós podemos trabalhar aqui é a ideia da disciplina dos filhos, porque isso também entra no paralelo do relacionamento que nós temos para com Deus.

Em Hebreus, lá no capítulo 12, nós vamos ler a partir do versículo cinco: "E vocês se esqueceram da exortação que lhes é dirigida, como filhos: Filho meu, não despreze a correção que vem do Senhor, nem desanime quando você é repreendido por ele; porque o Senhor corrige a quem ama e castiga todo filho a quem aceita. " Aqui, uma provável a citação de Provérbios, três versos 11 e 12. Então ele segue dizendo: "É pela disciplina que vocês perseveram.

Deus os trata como filhos. E qual é o Filho a quem o Pai não corrige? Mas, se estão sem essa correção, da qual todos se tornaram participantes, Então vocês são bastardos e não filhos.

Além disso, tínhamos os nossos pais humanos, que nos corrigiam, e nós os respeitávamos. Será que, então, não nos sujeitaremos muito mais ao Pai espiritual, para vivermos? Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para o nosso próprio bem, a fim de sermos participantes da sua santidade.

Na verdade, toda a disciplina", verso 11, "Na verdade, toda disciplina, ao ser aplicada, não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza. Porém, mais tarde, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, frutos" ou "fruto de justiça. " Nesse texto nós vemos Deus estabelecendo um paralelo da mesma forma como os pais precisam disciplinar os filhos, se fazem isso movidos por amor, Deus faz o mesmo para conosco.

Por que eu estou destacando que Deus se revela através de figuras familiares? Porque é importante a gente a reconhecer essa verdade a partir de uma outra percepção da Palavra de Deus que eu já vou apresentar na sequência. Antes de tentar terminar de montar a peça do quebra cabeça, que será a próxima a ser encaixada, deixe-me primeiro destacar aqui também a relação entre o homem e a mulher.

Deus usa essas figuras a fim de que ele possa se revelar. Isaías no capítulo 62, no verso 15, Deus fala a respeito do noivo. Eu acho interessante, não importa o ângulo em que a gente olhe isso, se é da experiência pessoal, se é de outros, se eu lembro da época em que eu, noivo da Kelly, pensava dessa forma, se quando eu olho para meu filho Israel, quando eu estava noivo, a empolgação toda dele se quando olho para perto da época em que Lissa, minha filha, estava para casar e Calebe, meu genro noivo, demonstrava a mesma empolgação, não importa se a gente fala da gente ou de outros, é meio que senso comum.

A Bíblia diz assim: "Porque como o jovem se casa com a moça, assim os seus filhos se casarão com você; como o noivo se alegra com a noiva, assim o seu Deus se alegrará com você. " Deus está tomando paralelos e um deles é: como o noivo se alegra, outra tradução diz: se regozija da noiva. A Bíblia diz: "Assim de ti se alegra" ou "se regozija o Senhor, seu Deus.

" Também podemos olhar para Efésios capítulo cinco, onde o apóstolo Paulo estabelece um claro paralelo da relação entre Cristo e a Igreja, e também do marido com a sua esposa. Ele fala de um mistério que é a comparação dessas coisas e, obviamente, o tempo todo a relação está estabelecida. Ou seja, o que precisamos entender sobre família precisamos também entender sobre a relação entre Cristo e a Igreja, e o que precisamos entender sobre a relação entre Cristo e a Igreja recisamos entender sobre a relação do marido com a sua esposa.

Podemos ainda citar a alegoria do livro de Cantares, que também tem uma alegoria profética que fala do relacionamento do noivo com a noiva, ou seja, de Cristo com a Igreja. Dito isso, que Deus se revela através figuras familiares, eu quero chamar a sua atenção para o fato de que Deus tem uma família, e daqui a pouco nós vamos entender a conexão entre uma coisa e outra. Em Efésios, no capítulo dois e no verso 19, a Palavra de Deus apresenta com clareza não apenas a ideia o o conceito de que Deus tem uma família, mas de que nós somos parte dessa família.

A Bíblia diz: "Assim, vocês não são mais estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus. " Depois, em Efésios, no capítulo três, nos versos 14 e 15 Paulo diz assim: "Por essa razão, eu me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toda a família, nos céus e na terra, recebe o nome. " Então ele está dizendo que Deus é Pai, que Deus tem uma família e que a família toda, terra e céus, recebe o nome desse Pai.

Então, somando Efésios 2. 19, que diz que nós somos concidadãos dos santos e membros da família de Deus, com a declaração de que Deus é o Pai de uma grande família que leva o Seu nome, nós precisamos reconhecer que Deus tem uma família. Quando falamos que Deus tem uma família, eu e você precisamos entender o conceito de família.

No momento em que gravo esse vídeo, eu e Kelly, minha esposa, estamos para completar 28 anos de casados. Quando eu comecei a minha família, se qualquer pessoa questionar e perguntar: Quando você começou a sua família? Eu vou dizer exatamente qual foi o dia, qual foi a hora.

Foi o dia do nosso casamento. Mas se alguém perguntar: Mas e os filhos? Eu vou dizer: Não, os filhos vieram depois.

Os filhos são o aumento de uma família já estabelecida e eles não determinam o início da família. Porque Kelly e eu nos casamos, os filhos depois se tornaram o aumento, a multiplicação da família. Então, debaixo da bênção da cobertura do matrimônio, os filhos foram gerados.

Infelizmente, nós vemos muitos jovens, não estou falando de quem se converteu depois e não teve ensino, mas mesmo gente que tem crescido dentro da igreja e tem permitido que os valores do mundo inundem e controlem a sua vida em vez dos valores divinos. Tem muita gente primeiro formando filho para casar depois. A ordem estabelecida na Escritura é: primeiro se casar e depois, debaixo da bênção, cobertura e proteção do casamento se gera os filhos.

Porque a família se forma com o casamento e os filhos deveriam ser a multiplicação da família. Por que estou dizendo isso? Se nós conseguimos entender isso a respeito da família terrena, a pergunta é: Por que não entendemos isso a respeito da família divina?

O que é que forma uma família? Jesus, em Mateus 19, Ele faz a citação lá de Gênesis e diz: "Deixará o homem seu pai, sua mãe se unirá à sua mulher e os dois se tornarão uma só carne. " Antes de casar, o homem é parte o outro núcleo familiar composto pela união dos seus pais.

Mas agora, no momento onde ele vai se casar, ele deixa os seus pais e agora unindo se à sua mulher e formam um novo núcleo familiar. O estabelecimento da família sempre está associado ao casamento. Agora, quando olhamos para as Escrituras, percebemos que a ideia dos filhos é de que eles sempre vêm como um aumento, uma expansão da família.

Então, o mesmo texto que fala sobre o homem deixar pai e mãe se aplicaria às próximas gerações, ele foi citado a respeito da união entre Adão e Eva, que não tinham pais para deixar, mas era a primeira união. Depois, em Gênesis, no capítulo quatro, no verso um, a Bíblia diz: "Adão teve relações com Eva, a sua mulher. Ela ficou grávida e deu à luz" e agora nós vemos o aumento da família por meio dos filhos.

Por que estou estabelecendo essa ordem? Durante muito tempo, quando eu pensava na família de Deus, que é o que estamos apresentando, eu achava que Deus só passou a ter uma família quando Ele criou os seres humanos. Então nós, os filhos, entramos no cenário.

Agora, porque existem filhos, Deus tem uma família. Mas se a ideia é que os filhos são o aumento da família e não determinam o início da família, por que quando o assunto é em relação a Deus, a gente acha que Ele só passou a ter uma família quando nós entramos no cenário? Eu sei que eu citei em um dos textos que fala da gente como filhos na terra e no céu, que leva o nome de Deus.

Mas isso não significa que o início da família de Deus surgiu apenas quando nós entramos no cenário. Nós precisamos entender que a existência do homem, que é a multiplicação ou o aumento da família de Deus, não determina o início da família. Então, deixe-me te dizer algo, esse assunto lá nas aulas 6 e 7 que demos no início do Fundamentos Doutrinários, quando falamos a respeito do mistério bíblico da Trindade, um só Deus se manifesta em três distintas pessoas, mas a Trindade é o mais perfeito modelo de uma família.

Quando falamos a respeito da família de Deus, nós não podemos deixar de levar em conta que a Trindade é o mais perfeito modelo de uma família e, aliás, uma família eterna pré existente. Existe antes da criação e da formação do homem e de toda a humanidade, que depois comporiam apenas o aumento de uma família que já existia. E precisamos pensar nisso, porque se Deus já tinha uma família quando Ele cria o homem para viver em família, ainda que nós não temos uma reprodução exata de todas as coisas na família celestial, Deus queria de alguma forma nos dar alguma coisa que fosse parecido com aquilo que Ele já tinha.

E nós precisamos entender que isso também nos dá uma percepção da importância que a família tem, porque Deus queria que vivêssemos algo parecido com aquilo que Ele tem. É lógico que temos coisas aqui na Terra que não se comparam com aquilo que se vive no céu. Por exemplo, Jesus disse que aqui na terra se casa e se dá em casamento.

Nos céus Ele diz que nós vamos ser como os anjos e isso não vai acontecer. Aqui nós temos distinção de gênero: homem e mulher, reprodução. Mas a Bíblia diz que em Cristo não existe homem, nem mulher, escravo, nem livre, porque no plano espiritual as coisas são diferentes daquilo que temos no natural.

Mas ainda que você considere algumas dessas diferenças e entre elas está, quando eu começo falar da Trindade como como família, eu não sei dizer quantas vezes, mas foram muitas, as pessoas já me abordaram perguntando algo que inclusive já ouvi isso de outras pessoas até antes de entender com clareza o que eu estou pregando agora: "Peraí, pastor. Então, se Deus é o Pai, Jesus é o Filho, então o Espírito Santo é a mãe? " E não há nada na Bíblia que chame o Espírito Santo de mãe.

Mas algo interessante é que às vezes nós estamos tentando entender a família eterna celestial, a de Deus, a partir da família terrena, que é uma réplica incompleta e imperfeita. Então a gente tenta achar lá o paralelo que nós temos de cá. E na Bíblia não tem nenhum lugar, nunca achei isso, onde o Espírito Santo é comparado com uma mãe.

Mas se você fizer a análise inversa e se você olhar a partir da família celestial e for procurar similaridades que a família terrena tem em relação à celestial, aí você vai descobrir que papeis que foram confiados à mãe na família terrena são atribuídos ao Espírito Santo na família celestial. Quem é o responsável pela gestação da vida na família terrena? A mãe.

Mas quem é o responsável por isso na família eterna? O Espírito Santo. Não importa se estamos falando da criação lá em Gênesis um, ou se estamos falando de um corpo que será formado para Jesus e o anjo anuncia a Maria: "Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra.

" Quem é a fonte de consolo na família terrena? A mãe. Normalmente nossos filhos já choram chamando a mãe.

Agora, quem é a fonte principal de consolo na família eterna? Deus é chamado de o Deus de toda consolação. Jesus é apresentado na Bíblia oferecendo consolação.

Não podemos dizer que isso é exclusivo, mas ninguém teve tanta ênfase nesse papel, nem recebeu o nome que foi dado ao Espírito Santo, O Consolador, porque a ele é atribuído esse trabalho de uma forma distinta. Então, quando reconhecemos que Deus tem uma família, nós podemos pensar que Deus nos criou para viver em família, tentando já estabelecer de antemão ilustrações que nos dessem uma percepção e uma compreensão de quem ele é. Então eu ouso dizer e aqui eu quero passar para o nosso terceiro tópico, o primeiro é que Deus se revela através de figuras familiares, o segundo é que há uma família de Deus e o terceiro é: o que a visão de família produz no nosso relacionamento para com Deus.

Então eu gostaria de dizer que a nossa visão de família é como uma lente que determina a revelação de Deus que eu e você teremos. Algumas pessoas infelizmente, tem uma lente de distorção e o que elas estão enxergando é uma espécie de caricatura. Outras, elas têm uma lente correta.

Então eu e você jamais entenderemos a família de Deus corretamente se a visão que temos de família é uma visão distorcida. E se dependerá da experiência da maioria de nós, a visão será distorcida porque ninguém nasceu, cresceu ou viveu numa família que fosse perfeita. Então a lente precisa ser estabelecida pela revelação da Palavra de Deus.

Qual é a visão de família que eu e você devemos ter? Aquilo que com clareza entendemos na Palavra e que devemos reproduzir. Então, quando Deus estabeleceu mandamentos familiares, como o marido trata a esposa, a esposa ao marido, os pais tratam os filhos, os filhos aos pais, Ele não está protegendo apenas a instituição família que Ele criou, Ele não está protegendo apenas a funcionalidade dos relacionamentos, mas Ele está nos ajudando a ter percepções corretas a respeito de quem Ele é.

Então, a visão que alguém tem de família vai afetar a visão que ele tem de Deus. Normalmente, pessoas, por exemplo, que viveram uma experiência ruim com os pais, têm dificuldades em relação à paternidade de Deus. As pessoas que tiveram um péssimo relacionamento com a mãe na prática, acabam tendo dificuldade de relacionamento com o Espírito Santo.

Pessoas que tiveram muito problema e dificuldade com os irmãos às vezes tem dificuldade de se relacionar com os irmãos na fé. Isso é fato. Estou falando de uma estatística de alguém que está praticamente 30 anos no ministério pastoral observando essas coisas.

Por quê? Porque se eu e você não tivermos uma visão sobre Deus maior do que a visão de família, a visão de família vai limitar no entendimento de Deus. No Salmo 27.

10, nós vemos Davi dizendo: "Ainda que o meu pai e a minha mãe me desamparem, o Senhor me acolherá. " O que ele está dizendo? Na família terrena nós podemos ter falhas, mas Deus, diferente da família terrena, não falha conosco.

Isso me leva ao quarto e último aspecto a ser abordado aqui Deus quer preencher lacunas familiares. Mencionamos no início, no Salmo 68. 5, que Deus é o Pai dos órfãos.

O que ele está dizendo? "Você, órfão que não teve pai, Eu quero ser seu pai. Eu quero preencher essa lacuna.

" Jesus nos ensina a distinguir o Pai celeste dos terrenos, colocando Ele num patamar de preocupação, de amor, de valorização gigantesco. O que ele queria com isso? Apenas que nós tivéssemos uma informação sobre Deus, ou que nós fôssemos impactados pelo entendimento de quem Ele é enquanto Pai?

Isso não significa, de forma alguma, que a Bíblia esteja diminuindo os nossos pais. Nos leva a um reconhecimento realista da limitação deles. Em Hebreus, no capítulo 12, no verso dez, a Bíblia diz que nossos pais nos corrigiam conforme melhor lhes parecia.

Acertaram em tudo? Não, com certeza não. Assim como depois nós, quando assumimos a mesma função que eles, ao criar os nossos filhos, também não acertamos em tudo.

E o que eu e você precisamos entender e compreender é que nesse ambiente familiar, muitas vezes as pessoas se ferem, se machucam. Por quê? Eu costumo dizer que a decepção é proporcional à expectativa e a família é um ambiente de muita expectativa.

Mas antes de definir isso apenas na esfera familiar, nós podemos olhar para o Salmo 55. 12, que diz o seguinte, vou ler do 12 ao 14: "Porque não é um inimigo que me afronta; se o fosse, eu suportaria; nem é o que me odeia quem se exalta contra mim, pois nele eu me esconderia; mas é você, homem meu igual, meu companheiro, meu íntimo amigo. Juntos nos entretínhamos e íamos com a multidão à Casa de Deus.

" O que Ele está dizendo? "Se fosse o inimigo, eu suportaria. Dá para esperar isso dele.

Se fosse o que odeia, o que me odeia, eu ia me esconder, porque dá para esperar algo ruim. " Ele diz: "Mas você, meu amigo? De você não.

De você não esperava algo ruim. " O que ele está falando aqui? Que a decepção é proporcional à expectativa e no ambiente familiar, enquanto filhos, nós esperamos muito dos pais.

Demora para cair a ficha e entender que eles não são super heróis, que eles não têm superpoderes. E talvez um dos motivos de uma grande crise se instalar na adolescência é que simplesmente aquela inocência e fantasia da infância desapareceu. E a gente constata que se os pais têm alguma coisa de herói, nós descobrimos foi a kriptonita deles e as suas limitações.

E em momentos como esse, muitas vezes a dor se instala e nós precisamos permitir que Deus encha os nossos corações não só de uma visão correta de que a família espiritual é diferente da terrena, mas inclusive de trabalharmos até a ideia de perdão. O Salmo 147. 3 diz que Deus sara os quebrantados de coração e cura-lhes as feridas.

Isso não exclui as experiências amargas e dolorosas que tivemos no contexto familiar. Estou dizendo isso porque precisamos tanto de cura para relacionamentos feridos como precisamos entender que quando Deus estabelece o tipo de marido e de pai que eu, por exemplo, tenho que ser, Ele não está preocupado apenas com a funcionalidade relacional da minha família, mas mais do que isso, ele sabe que esse meu comportamento vai impactar diretamente a visão que os meus filhos um dia terão a respeito de Deus. Então, isso precisa trazer temor ao nosso coração e nos fazer valorizar a família enquanto estrutura social mas enquanto o plano de Deus para ser o meio carnal da revelação.

Por que é que Deus usou figuras familiares para se comunicar? Porque Ele sabia que por meio delas poderia ser entendido. Mas quando a visão familiar está deteriorada, então, em vez de uma boa revelação, nós teremos uma distorção.

E a melhor forma de consertar, já que não tivemos famílias perfeitas, é nos voltar à Palavra de Deus e entender o padrão de relacionamento, levar isso a sério e pensarmos toda a nossa dedicação enquanto cônjuges ou enquanto pais ou filhos, ela pode não apenas honrar a Deus, mas preparar o coração dos demais familiares e em especial, dos filhos que crescem nesse ambiente para uma revelação correta e completa de Deus. Muitas vezes as pessoas me perguntam: "Pastor, os seus filhos têm o dom da fé? O senhor conta cada experiência extraordinária!

" Falo: "Não, eles tiveram um bom exemplo. Um pai que, apesar de imperfeito, cria: Aquele que jura com dano seu não muda. Falou, tá falado, não pode voltar atrás.

E quando eles olham para as promessas de Deus, eles têm um bom paralelo para dizer se nosso pai não voltava atrás, imagina Deus. " E nós poderíamos dar muitos exemplos de ordem prática, não é a minha intenção aqui. Aqui a ideia da aula é terminar com os fundamentos doutrinários.

Mas volto a insistir se você tiver interesse em uma ministração mais prática para a sua vida familiar, tanto o nosso livro "O Propósito da Família", como nossos cursos, "O Propósito da Família", "Casamento dos Sonhos" e mesmo livro e curso "Como Flechas", sobre criação de filhos podem te ajudar muito. Encerro te encorajando a buscar e entender na Escritura o modelo de Deus e permitir que seja essa visão que restaure a sua alma. Que Deus possa trabalhar restauração não só da sua família, mas da sua visão familiar, por meio do entendimento da Palavra e da obediência aos seus princípios, aos seus mandamentos familiares.