MILIONÁRIO CONVIDA MORADORA DE RUA PARA O JANTAR DE NATAL E, NO DIA SEGUINTE, A PEDE EM CASAMENTO...

um milionário convidou uma garota sem teto para jantar na véspera de Natal no dia seguinte ele a pediu em casamento Henrique Castilho tinha tudo o que qualquer pessoa podia imaginar ele morava em uma mansão gigantesca no bairro mais caro de São Paulo dirigia carros esportivos que custavam mais do que algumas pessoas ganhavam em uma vida inteira e seu guarda-roupa Parecia ter saído direto de uma passarela mas se alguém olhasse de perto veria que a expressão dele não combin nem um pouco com toda essa ostentação Henrique Estava sempre com um olhar perdido como se algo importante

estivesse faltando desde pequeno ele era treinado para seguir os passos do pai Roberto Castilho um empresário poderoso e influente a palavra não simplesmente não existia na vida de Henrique sua agenda era lotada com reuniões viagens eventos de gala e aulas particulares para garantir que ele fosse o herdeiro feito até o que ele comia era controlado não porque ele quisesse mas porque era esperado ele cresceu ouvindo que o mundo era dele mas parecia que a única coisa que ele não tinha era a própria vida mesmo com todo esse controle a família Castilho gostava de manter as

aparências eles adoravam ser vistos como perfeitos sua mãe Cecília era a rainha das festas beneficentes sempre sorrindo sempre Impecável mas com um jeito frio e controlador que fazia qualquer um pensar duas vezes antes de contrariá-la ela adorava dizer que tudo o que fazia era pelo bem da família mas na verdade ela queria o poder que vinha com as conexões sociais para Cecília manter o nome Castilho no topo era quase uma obsessão Henrique nunca teve escolha quando completou 25 anos as pressões ficaram ainda maiores não era só sobre ser o próximo na linha de comando era

sobre perpetuar a aliança entre famílias Poderosas foi aí que surgiu a ideia do casamento arranjado com Isabela Amaral ela era filha de outro magnata bonita e educada mas não passava de uma peça no tabuleiro assim como Henrique Isabela sabia que seu destino já estava traçado e ela parecia aceitar isso com naturalidade para Henrique no entanto essa aceitação era um peso insuportável apesar de toda essa estrutura de poder e riqueza a verdade era que Henrique sentia que estava vivendo dentro de uma prisão Dourada ele podia comprar qualquer coisa mas não tinha a liberdade de fazer o

que queria cada decisão que ele tomava passava pelo crio de alguém sua mãe seu pai ou até mesmo os conselheiros da empresa Henrique era como um boneco bem vestido uma versão de si mesmo moldada para agradar os outros ele tinha amigos claro ou melhor Pessoas que diziam ser amigas dele a maioria estava interessada em ficar ao lado dele por causa do que ele representava e não pelo que ele realmente era nos eventos era comum ouvir risadas forçadas e frases ensaiadas todo mundo queria um pedaço do império Castilho e Henrique sabia disso Isso só fazia o

vazio que ele sentia crescer mais durante os poucos momentos em que estava sozinho Henrique tentava se desconectar daquele mundo sufocante às vezes ele dirigia pela cidade sem rumo desligando o celular para escapar das cobranças outras vezes ele ficava olhando para o horizonte da sacada de sua cobertura imaginando como seria viver uma vida simples sem amarras sem tantas expectativas mas como sempre esses momentos eram interrompidos por um toque insistente no telefone ou uma batida na porta Henrique nunca estava realmente sozinho embora não fosse uma pessoa mal humorada ou antipática ele começou a se fechar para as

pessoas sorria educadamente cumpria suas obrigações mas raramente demonstrava algo Genuíno não era porque ele não queria era porque ele simplesmente não sabia mais como fazer isso Henrique tinha passado tanto tempo desempenhando um papel que nem sabia direito quem era de verdade Era véspera de natal e Henrique se preparava para mais uma dessas festas luxuosas que sua mãe o tema era o glamur dos anos 1920 e Cecília fez questão de transformar a mansão em um cenário digno de filme convidados importantes desfilavam pelo salão cercados por luzes cintilantes e decorações extravagantes para os outros era uma noite

de celebração mas para Henrique era apenas mais uma demonstração de como a vida dele estava fora de controle ele colocou o smoking mais caro que tinha ajustou a gravata borboleta no espelho e Desceu as escadas já ensaiando o sorriso que usaria durante a noite ao olhar para as pessoas que enchiam a casa Henrique não conseguia evitar a sensação de que todos estavam mascarados ele mesmo era um deles só que Diferentemente dos outros ele sentia um aperto no peito toda vez que se olhava no espelho Será que essa era a sua vida para sempre um Palco

onde ele precisava interpretar um papel a até o fim e assim naquela noite fria de dezembro Henrique se viu pela última vez diante de um mundo que parecia perfeito por fora mas que era completamente vazio por dentro O Natal estava ali com todo o seu brilho mas Henrique não tinha muito o que comemorar Ele só não sabia que essa mesma noite marcaria o início de algo que mudaria tudo Henrique dirigia pelas ruas de São Paulo naquela noite gelada de Natal ele não sabia bem para onde estava indo só precisava sair de casa tinha acabado de

escapar de mais um dos jantares obrigatórios da família lotado de convidados que não paravam de fazer perguntas sobre o casamento com Isabela para ele era como se ninguém se importasse de verdade eles só queriam saber como o evento fortaleceria os negócios era sufocante ele estava tão cansado que pegou o primeiro caminho que viu De repente saiu das Avenidas iluminadas e entrou numa parte da cidade que era completamente diferente do que estava acostumado ali não havia prédios luxuosos carros caros ou vitrines brilhantes as ruas estavam mal iluminadas E o frio parecia mais forte por ali Henrique

não costumava passar por aquela área mas algo o fez continuar Foi então que ele viu no canto de um beco Estreito havia alguém mexendo em uma lixeira ele quase não percebeu a primeira mas algo naquela cena o fez parar o carro era uma jovem o cabelo dela estava preso em um coque malfeito o casaco que vestia parecia velho demais para protegê-la do frio e ela estava segurando uma sacola de plástico cheia de latas vazias e restos de comida Henrique hesitou ele não sabia o que fazer aquela situação era completamente fora de sua realidade sua primeira

reação foi ignorar seguir em frente e esquecer o que tinha visto mas por alguma razão que ele mesmo não entendia Ficou ali parado olhando para ela talvez fosse porque pela primeira vez em muito tempo ele viu algo real não era um sorriso falso de uma festa de gala ou uma conversa ensaiada era alguém Lutando para Sobreviver ele desceu do carro Assim Que A Porta Se Abriu o barulho fez a garota olhar para ele seus olhos estavam arregalados e ela deu um passo para trás segurando firme a sacola como se estivesse prestes a defender o pouco

que tinha Ei calma eu só queria saber se você está bem disse Henrique sem saber ao certo o que falar ele não parecia ameaçador mas também não sabia como agir a garota o olhou desconfiada como se estivesse avaliando se ele era algum tipo de maluco eu tô bem sim pode ir respondeu ela com a voz firme Mas baixa era Claro que ela estava acostumadas a afastar pessoas que se aproximavam por curiosidade ou pior para fazer perguntas que não levavam a lugar nenhum Henrique deu mais um passo mas parou antes de chegar muito perto ele tirou

as mãos dos bolsos tentando mostrar que não queria causar problema Olha eu tô indo jantar agora tem um restaurante aqui perto se Se você quiser eu posso te levar você pode comer o que quiser Sem Compromisso Só quero ajudar a garota soltou uma risada curta sem humor o Tom dela era Ácido é isso que vocês fazem para se sentir melhor né jogam comida para quem tá na rua e depois vão embora com a consciência limpa Não obrigada Henrique ficou sem reação por um instante ele não tinha pensado que sua oferta soaria assim mas no fundo

ela tinha razão ele não sabia o que era viver daquela forma como alguém como ele podia entender mesmo assim ele não desistiu Talvez você tenha razão talvez eu não saiba nada sobre o que você passa mas eu tô aqui agora não vou insistir mas se você mudar de ideia minha oferta tá de pé a garota ficou em silêncio por alguns segundos encarando Henrique como se tentasse decifrá-lo porim suou ean cabe Tá mas só porque eu fome deade não quero caridade Ok Henrique deu um peo Sis e fez Umo para ela o segiss até carro ela

hesitou antes de entrar olando como seend alg desse erado noin eles não falaram muito Henrique tentou puxar conversa mas as respostas dela eram sempre curtas quando chegaram ao restaurante a diferença entre os mundos dos dois ficou ainda mais Evidente o lugar era um daqueles que Henrique frequentava com frequência cheio de luzes Garçons em uniformes impecáveis e mesas cobertas com toalhas brancas Júlia como ela se apresentou ficou claramente desconfortável eu acho que você trouxe a pessoa errada para esse tipo de lugar disse ela olhando ao redor não existe pessoa errada para jantar em um lugar você

tá comigo tá tudo certo respondeu Henrique tentando suar natural Júlia se sentou mas parecia que queria desaparecer quando o garçom trouxe o menu ela quase riu Eu não sei nem o que tá escrito aqui você escolhe Henrique percebeu que ela estava tentando disfarçar a vergonha Com sarcasmo mas não disse nada pediu algo simples e os dois começaram a comer em silêncio enquanto o jantar continuava a barreira Inicial entre os dois começou a diminuir Júlia falou um pouco sobre a vida dela seu pai Álvaro era um empresário antes de tudo desmoronar por causa de um escândalo

financeiro Depois disso ela e a mãe perderam tudo a mãe dela não conseguiu lidar com a situação e desapareceu deixando Júlia sozinha ela tinha aprendido a sobreviver do jeito que dava Henrique também falou sobre sua vida mas de forma superficial disse que estava preso em um casamento que não queria em uma vida cheia de expectativas que não escolheu quando ele terminou de falar Júlia soltou uma frase que o deixou pensando por dias engraçado né você tem tudo e se sente preso eu não tenho nada e sou livre vai entender eles continuaram conversando até o restaurante

quase fechar Henrique não sabia explicar o porqu mas sentiu que aquele encontro foi diferente de tudo que já tinha vivido enquanto levava Júlia de volta ele percebeu que pela primeira vez em muito tempo havia sentido algo real quando Henrique deixou Júlia naquele bec na mesma noite em que a encontrou algo dentro dele não conseguia relar ele voltou para casa para sua cobertura luxuosa com vista para toda a cidade mas o vazio parecia ainda maior o contraste entre o mundo de onde ele vinha e a realidade que Júlia vivia era algo que ele nunca tinha parado

para pensar Henrique Com tudo o que possuí se sentia mais perido do que nunca jlia com nada além da força para sobreviv ter uma clareza sobre quem ela era que ele invejava jlia por outro lado voltou para o lugar que chamava de casa um canto improvisado so a Marquise de um prédio abandonado enquanto mexia no saco de Comida que trouxe do restaurante ela pensava no cara estranho que tinha aparecido do nada Henrique era diferente de qualquer pessoa que ela já tinha conhecido ele não parecia arrogante mas também não parecia saber o que estava fazendo por

um momento ela até achou engraçado imaginar o quão fora de lugar ele devia estar ao seu lado nos dias seguintes Henrique não conseguia tirar Júlia da cabeça ele voltou para o bec on a encontrou mais de uma vez na esperança de vê-la de novo não sabia exatamente por estava tão interessado talvez fosse porque ela não o tratou como todo mundo fazia com adulação ou interesse em seu dinheiro ou talvez fosse porque ela o fez se sentir humano algo que ele não sentia há anos depois de alguns dias ele a encontrou e a Júlia estava sentada

no mesmo lugar mas dessa vez parecia mais cansada o olhar fixo no chão como se estivesse perdida em pensamentos quando Henrique se aproximou ela não parecia surpresa você de novo perguntou levantando uma sobrancelha é eu só queria saber como você tá respondeu Ele tentando não soar invasivo Júlia deu de ombros sem muito entusiasmo do mesmo jeito mas pelo menos tô viva né Henrique sentou-se no chão ao lado dela sem sear com o terno caro que estava usando ele sabia que podia parer estranho mas sentiu que não fazia sentido falar com ela de pé como se

fosse superior EUA pensando você quer sairi só por um tempo tem um café ali na esina meu convite aind vale jlia hesitou mas acabou ait algo nele a deixava curiosa E além disso ela não tinha nada a perder Eles foram até o café que era muito mais simples do que o restaurante onde jantaram da primeira vez Henrique parecia confortável ali talvez porque era um lugar onde ninguém sabia quem ele era dessa vez a conversa foi mais longa e mais honesta Júlia contou como tinha perdido tudo por causa das escolhas ruins do pai ele era um

empresário respeitado mas se envolveu em jogos de azar e acabou arruinado as dívidas destruíram família e quando ele morreu a mãe dela simplesmente desapareceu Júlia ficou sozinha e teve que aprender a sobreviv do zero Henrique por sua vez comparou mais do que apenas sobre sua vida de Luo ele falou sobre como Nuna teve liberdade para esc nada desde pequeno todos os passos dele Eros pelos pais mesmo agora o casamento com Isabela era mais uma decisão que ele não queria mas que tinha que aceitar porque era o certo para a família a diferença entre a gente

Henrique é que você vive para os outros e eu vivo para mim mesmo que isso signifique passar fome ou dormir no chão Pelo menos eu decido o que faço da minha vida disse Júlia encarando-o nos olhos essa frase mexeu com ele de uma forma que nem ela imaginava Henrique percebeu que mesmo com todas as dificuldades Júlia tinha algo que ele nunca teve controle sobre o próprio destino e de alguma forma isso o inspirava ele queria entender mais sobre como ela conseguia ser tão forte mesmo diante de tantas adversidades mas as diferenas entre os dois não

er fáceis de ignorar Júlia estava acostumada a lutar sozinha e não confiava facilmente em ninguém Henrique por outro lado sempre teve tudo entregue a ele e não sabia o que era lutar de verdade a convivência entre eles era cheia de momentos desconfortáveis onde o abismo entre seus mundos ficava Evidente em uma dessas conversas Júlia foi direta Por que você tá fazendo isso ajudando alguém como eu você tem tudo Henrique não precisa se meter com uma vida como a minha Henrique demorou um pouco para responder ele não sabia ao certo o que dizer mas quando finalmente

falou foi sincero talvez porque com você eu sinto que posso ser eu mesmo e isso é raro Júlia não esperava por essa resposta pela primeira vez ela ficou sem palavras não sabia o que pensar sobre Henrique ele era diferente sim mas ainda fazia parte de um mundo que ela desprezava mesmo assim havia algo nele quecia Genuíno e ela não podia negar que gostava da compania dele os dois continuaram se encontrando Henrique começou a levar Júlia para lugares que ela nunca tinha conhecido mas sempre com cuidado para não ultrapassar os limites dela ele queria mostrar a

ela que havia mais no mundo do que aquele Beco Onde Ela vivia mas também queria aprender com ela aprender o que significava ser livre ser verdadeiro Júlia por sua vez comeou a ver Henrique de uma maneira diferente ele não era apenas um cara rico e perdido ele era alguém tentando entender sua própria vida assim como ela e apesar de tudo os dois começaram a perceber que por mais diferentes que fossem havia algo que os conectava esse encontro entre os dois mundos não era fácil mas também era impossível de ignorar a cada dia que passava Henrique

e Júlia descobriam mais sobre si mesmos através do outro e no meio de tudo isso uma coisa ficava Clara nenhum deles Seria o Mesmo depois dessa colisão Henrique que não conseguia parar de pensar em Júlia quanto mais eles conversavam mais ele sentia que ela era diferente de todo mundo que conhecia com ela ele podia falar sem medo de ser julgado ou de que suas palavras fossem usadas contra ele mas havia Algo mais algo que ele ainda não entendia completamente mas que parecia puxá-lo na direção dela mesmo sabendo que aquilo não fazia sentido do outro lado

Júlia também não sabia como lidar com ele era tão diferente de tudo que ela já tinha visto tão fora da realidade dela que às vezes parecia impossível que ele pudesse entender o que era a vida de verdade mesmo assim ela não conseguia ignorar o fato de que ele estava tentando isso era mais do que qualquer outra pessoa rica e privilegiada que ela já conhecera tinha feito naquela noite Henrique a encontrou no mesmo beco de sempre Júlia estava sentada no chão com as pernas n cruzadas remendando uma bolsa velha com uma linha e agulha improvisadas quando

viu Henrique ela soltou uma risadinha você é persistente hein comeando a parer persegui disse ela sem desviar olar do trabalho e você ainda não Me expulsou então ao que isso quer dizer algis respu Henrique sentando-se ao lado dela Júlia suspirou guardando a linha O que foi dessa vez veio me convencer a comer em outro lugar chique Henrique riu mas logo seu Tom ficou sério não eu vim te fazer uma proposta uma ideia meio louca mas escuta antes de dizer não tá Júlia olhou para ele com uma mistura de curiosidade e desconfiança Vai fala logo tô

curiosa Henrique respirou fundo como se estivesse se preparando para um salto e se você se casasse comigo não de verdade Claro só por um tempo por alguns segundos Júlia ficou completamente em silêncio olhando para ele como se ele tivesse acabado de propor algo absolutamente insano Então ela começou a rir não um riso discreto ou controlado mas uma gargalhada que ecoou pelo Beco tá de brincadeira né casar com você ela mal conseguia falar de tanto rir não eu tô falando sério disse Henrique tentando parecer calmo mas claramente nervoso é o seguinte minha família quer que eu

me case com uma mulher que eu não amo tudo para manter os negócios e as aparências mas se eu já estiver casado eles vão ter que aceitar não vou precisar seguir esse plano deles e em troca eu ajudo você a sair dessa situação a risada de Júlia parou abruptamente ela olhou para ele com o senho franzido tentando entender se ele realmente acreditava que aquilo era uma boa ideia Espera aí você tá me pedindo para fingir que somos casados só para escapar de um casamento arranjado você sabe como isso soa maluco né eu sei é estranho

é absurdo mas pode funcionar eu não quero me casar com Isabela e você bom eu posso te ajudar um lugar para morar dinheiro começar é um acordo só isso Júlia cruzou os braços ainda processando tudo e por que eu deveria confiar em você você acha que só porque tem dinheiro pode resolver todos os meus problemas não é isso não tô tentando comprar você é só Henrique fez uma pausa buscando as palavras certas é só que eu vejo em você algo que eu não vejo em ninguém no meu mundo honestidade verdade e eu acho que nós

dois podemos ajudar um ao outro Ela ficou em silêncio por um tempo pensando a ideia parecia absurda mas ao mesmo tempo havia uma lógica estranha nela Henrique não parecia estar mentindo e mesmo que estivesse o que ela tinha a perder sua vida já era uma bagunça completa tá bom Digamos que eu aceite como isso funcionaria perguntou Júlia tentando soar indiferente mas não conseguindo esconder totalmente sua curiosidade Henrique parecia aliviado por ela não ter descartado a ideia de cara seria simples a gente se casaria no papel você ficaria comigo até eu resolver as coisas com minha

família e depois cada um Segue Seu Caminho enquanto isso eu garanto que você tenha um lugar seguro para ficar e dinheiro para começar uma vida nova sem nada forçado sem drama levantou uma sobrancelha e se eles descobrirem sua mãe não parece ser do tipo que engole qualquer coisa ela não vai descobrir você é inteligente Júlia mais do que qualquer um que eu conheço a gente pode fazer isso funcionar ela riu de leve ainda achando a situação surreal você sabe que isso é a coisa mais maluca que alguém já me propôs né Eu sei disse Henrique

sorrindo mas talvez seja exatamente o que nós dois precisamos Júlia ficou em silêncio novamente ponderando ela sabia que aquilo podia dar muito errado mas ao mesmo tempo era uma chance de mudar sua vida e mesmo que não confiasse completamente em Henrique algo nele fazia com que ela quisesse tentar tá eu topo mas tenho uma condição disse ela apontando o dedo para ele eu não vou ser sua esposa de verdade nada de sentimental ou dessas coisas é só um acordo eu fico no meu canto você no seu Henrique assentiu sorrindo combinado Sem drama Júlia ainda não

sabia no que estava se metendo mas tinha certeza de uma coisa sua vida nunca mais seria a mesma depois daquela noite Júlia acordou no dia seguinte ainda pensando na conversa que teve com Henrique a proposta dele parecia absurda quase impossível de acreditar mas ao mesmo tempo havia algo na ideia que fazia sentido ela estava cansada de viver daquele jeito na rua sempre na defensiva talvez só talvez aquilo fosse a oportunidade que ela precisava para mudar as coisas ainda assim o plano era arriscado e confiar em alguém como Henrique parecia loucura já Henrique do outro lado

da cidade estava tão nervoso quanto determinado ele passou a manhã andando de um lado para o outro na sala de sua cobertura pensando em como Júlia poderia reagir apesar de seu exterior confiante ele sabia que não era uma proposta comum quem em sã consciência concordaria em se casar com alguém que mal conhecia mesmo que fosse um acordo mas ele precisava tentar era a única saída que ele conseguia enxergar para escapar do casamento arranjado com Isabela e talvez recuperar algum controle sobre a própria vida quando eles se encontraram nov mente Henrique não perdeu tempo ele tinha

preparado tudo o contrato as condições até mesmo a promessa de não interferir na Liberdade de Júlia ele sabia que tinha que deixar tudo Claro sem espaço para Mal entendidos certo Júlia eu sei que isso parece uma loucura começou ele enquanto os dois estavam sentados em um café simples mas eu pensei bastante e coloquei tudo no papel assim você pode ter certeza de que eu não tô tentando te enrolar Júlia pegou o papel que ele entregou mas antes de ler olhou para ele com um sorriso de canto contrato é você leva isso a sério mesmo hein

eu só quero garantir que você saiba exatamente no que tá se metendo e que saiba que tem uma saída se quiser é só ler e me dizer o que acha ela começou a ler o contrato era direto Sem Rodeios basicamente hen um casamento no papel com duração de Se meses durante esse período ele se comprometia a cuidar das necessidades dela um lugar para morar dinheiro para se estabilizar e nenhuma interferência na vida pessoal dela em troca Júlia precisava apenas se comportar como sua esposa em eventos sociais para que a família dele acreditasse na história quando

terminou de ler Júlia colocou o papel sobre a mesa e cruzou os braços e o que acontece depois desses seis meses você vai simplesmente me deixar ir embora como se nada tivesse acontecido exatamente Depois disso você segue sua vida e eu sigo a minha sem amarras sem dívidas Sem arrependimentos Ela ficou em silêncio por um momento olhando pela janela do café a ideia ainda parecia maluca mas o contrato era Claro e Henrique parecia Genuíno ele não era como os outros ricos que ela tinha conhecido arrogantes condescendentes ou piores ele era de alguma forma humano e

havia uma parte dela que queria acreditar que ele estava falando a verdade tá bom Henrique Eu aceito mas eu tenho algumas condições também disse ela olhando diretamente para ele H Henrique respirou fundo claramente aliviado por ela não ter recusado de cara Claro quais são primeiro eu não vou me transformar em uma dessas bonecas de luxo que você tá acostumado a ver eu não vou mudar quem eu sou nem a forma como eu vivo se isso significa que eu vou ser um problema para sua família azaro deles justo respondeu Henrique concordando com a cabeça segundo Eu

quero um lugar só meu para ficar não quero dividir o mesmo teto com você a gente pode fingir nos eventos Mas na vida real cada um no seu canto hque hesitou por um momento mas concordou tudo bem eu entendo e por último você não vai em hipótese alguma tentar controlar a minha vida se eu quiser trabalhar eu vou trabalhar se eu quiser sair eu vou sair e você não tem direito de opinar Henrique sorriu surpreso com o quanto ela era direta fechado eu não teria coragem de tentar controlar você Júlia ela soltou um pequeno riso

ainda desconfiada mas sentindo que talvez isso pudesse funcionar Então tá acho que a gente tem um acordo eles apertaram as mãos sobre a mesa como dois sócios selando um negócio importante Henrique sentiu um peso sair de seus ombros ele sabia que o mais difícil ainda estava por vir convencer sua família de que o casamento era real mas por enquanto estava aliviado por Júlia ter aceitado para Júlia o acordo era um salto no escuro mas ela estava acostumada a riscos e por mais que ela não quisesse admitir havia algo reconfortante em saber que pelo menos por

um tempo ela teria um lugar seguro para ficar e uma chance de recomeçar mesmo assim ela prometeu a si mesma que não baixaria a guarda não importava o quanto Henrique parecesse diferente ela sabia que confiar demais em alguém podia ser perigoso os dois saíram do café com sentimentos mistos Henrique esperançoso de que aquilo pudesse ser a solução para seus problemas Júlia com uma sensação estranha de que estava entrando em um mundo completamente desconhecido apesar de tudo o acordo estava fechado e ambos estavam prestes a descobrir que nada sairia exatamente como planejado o acordo estava feito

nos dias seguintes Júlia e Henrique começaram a colocar o plano em prática e logo Ficou claro que os mundos deles não apenas colidiam Mas explodiam eles vinham de realidades tão diferentes que até as interações mais simples acabavam cheias de tensão e muitas vezes momentos cômicos era como juntar água e óleo e tentar fazer funcionar Henrique acostumado com tudo pronto e organizado pensava que levar Júlia para o apartamento que ele tinha reservado seria o começo tranquilo de sua parceria mas quando Júlia entrou pela porta do imóvel ela ficou parada no meio da sala com os braços

cruzados olhando ao redor como se estivesse em um museu ele esperava que ela ficasse impressionada mas o que ouviu Foi algo completamente diferente isso aqui parece uma loja de Exposição tá tudo tão perfeito que eu tenho até medo de encostar em alguma coisa disse ela enquanto caminhava até o sofá de couro Impecável e sentava de um jeito desajeitado você acha mesmo que eu preciso de tudo isso eu só queria um lugar simples Henrique não um comercial de revista ele coçou a cabeça sem saber exatamente como responder pela primeira vez alguém estava ream de ter algo

que era bom demais Foi então que percebeu jlia não queria Luo Ela só queria um lugar ondee ela mesma apesar das Diferenças iniciais os dois comearam a se austar à Nova dinâmica mas ISS não signific que asis eram fáceis o primeiro grande teste veio quando Henrique decidiu levar Júlia a um evento de gala ele precisava que ela parecesse sua esposa perfeita mas nada naquela situação parecia natural para Júlia quando ele chegou para buscá-la encontrou-a vestindo um vestido que ele havia mandado entregar mas o olhar no rosto dela dizia tudo eu me sinto uma fralde esse

vestido esse salto tudo isso grita que eu não pertenço aqui como você pode achar que alguém vai acreditar que isso é real perguntou ela claramente desconfortável Henrique tentou tranquilizá-la dizendo que ninguém ia desconfiar mas no fundo ele sabia que Júlia estava certa ela não era como as outras pessoas que frequentavam aqueles eventos e era isso que o fazia respeitá-la ainda mais mas convencer Júlia disso era outra história quando chegaram ao evento Júlia parecia uma fortaleza o olhar dela era firme os movimentos calculados mas Henrique podia sentir a tensão ela estava cercada por pessoas que viviam

em um mundo onde cada palavra e cada gesto tinham segundas intenções Júlia não era assim e isso fazia com que ela se destacasse e ironicamente Era exatamente isso que atraía a atenção enquanto Henrique a apresentava para algumas pessoas importantes Júlia tentava ao máximo manter a compostura Mas então veio a pergunta inevitável vinda de uma sociality curiosa demais então Júlia como você e Henrique conheceram ela parou por um instante olhou para Henrique e depois voltou a encarar a mulher com um sorriso irônico no rosto foi uma daquelas histórias de destino sabe ele estava precisando de uma

dose de realidade e me encontrou no lugar certo na hora certa a resposta deixou Henrique tenso mas ao mesmo tempo ele não pode deixar de sorrir Júlia tinha uma habilidade única de transformar qualquer situa desconfortável em algo memorável mas o que ela não percebeu foi que ao ser honesta de um jeito tão Sutil havia criado uma curiosidade genuína entre as pessoas ali depois do evento Henrique elogiou a forma como Júlia lidou com tudo mas ela não parecia convencida você acha mesmo que sua mãe ou qualquer uma dessas pessoas acreditou que eu faço parte do seu

mundo perguntou ela enquanto tirava os sapatos no carro você pode ter o dinheiro para me colocar ali mas não pode me fazer pertencer Henrique ficou em silêncio por um momento antes de responder eu não quero que você pertença Júlia quero que você seja quem você é isso é o que faz de você diferente ela não sabia o que responder parte dela queria acreditar que Henrique estava sendo sincero mas outra parte continuava desconfiada ela já tinha lidado com pessoas ricas antes e na maioria das vezes tudo que elas diziam tinha uma segunda intenção no entanto o

que ninguém esperava era que os primeiros sinais de uma conexão verdadeira começassem a surgir ali no meio de todos os conflitos Henrique começou a perceber que Júlia o fazia questionar tudo o que ele havia considerado importante na vida até então enquanto isso Júlia mesmo sem querer começou a ver que Henrique não era apenas mais um milionário mimado ele tinha suas próprias suas próprias dores mas essa conexão Inicial também vinha com um preço cada vez que eles se aproximavam as diferenças entre eles ficavam ainda mais evidentes Júlia tinha medo de ser sugada por aquele mundo enquanto

Henrique lutava para provar que não era apenas um produto dele e no meio disso tudo as primeiras faíscas começaram a voar deixando claro que aquele acordo estava longe de ser apenas um plano estratégico o convite para o baile de gala chegou com uma formalidade que fazia parte do cotidiano de Henrique mas parecia absurda para Júlia era um envelope Grosso dourado com letras tão elegantes que ela quase riu quando Henrique entregou para ela é sério que você quer que eu vá nesse negócio perguntou balançando o convite como se fosse algo Alienígena Henrique Sabia que não seria

fácil convencê-la ele também sabia que a presença de Júlia era essencial para solidificar a ideia de que eles eram real um casal o Baile era no Rio de Janeiro e seria um dos eventos mais importantes da temporada era o tipo de festa onde os negócios aconteciam e as alianças eram reafirmadas para Cecília sua mãe seria uma oportunidade de observar a nova nora de perto algo que deixava Henrique mais tenso do que ele queria admitir eu sei que não é o seu tipo de coisa Júlia mas é importante se a gente quer que isso funcione você

precisa estar lá e Olha eu prometo que vai ser rápido chegamos fazemos presença e saímos ela olhou para ele com uma mistura de descrença e irritação Júlia odiava a ideia de estar no meio de pessoas que a julgariam com o olhar ainda assim ela sabia que o acordo dependia desse tipo de sacrifício com um suspiro pesado ela finalmente cedeu Tá bom mas se alguém fizer um comentário ridículo eu não vou me segurar hein hque tô avisando no dia do baile Henrique reservou um jatinho particular para levá-los ao Rio algo que Júlia achou exagerado durante o

voo ela ficou inquieta olhando pela janela e mexendo nos dedos Henrique percebeu mas não comentou ele sabia que a situação era desconfortável para ela e qualquer tentativa de aliviar a tensão provavelmente só a irritaria mais quando chegaram ao local do evento a grandiosidade do lugar era de tirar o fôlego um Casarão histórico no alto de uma Colina iluminado por dezenas de refletores com tapetes vermelhos estendidos por todo o caminho até entrada Júlia sentiu um frio na barriga ao descer do carro mesmo vestindo o vestido Impecável que Henrique havia providenciado ela ainda se sentia deslocada é

agora disse para si mesma respirando fundo antes de seguir Henrique até a entrada o salão era ainda mais impressionante do que o exterior lustres de cristal música ao vivo tocada por uma orquestra e pessoas vestidas como se essem saído de um filme Júlia olhou ao redor tentando disfarar o desconforto tudo ali parecia falso como se fosse um teatro onde cada pessoa desempenhava um papel Henrique por outro lado parecia no controle ele cumprimentava as pessoas com sorrisos polidos e conversas rápidas mas Júlia sabia que ele também não gostava daquele ambiente era algo que ele fazia por

obrigação não por prazer a primeira grande provação da noite veio quando Cecília apareceu vestida em um longo preto que exalava autoridade ela se aproximou com um sorriso que não chegava aos olhos Júlia sentiu o peso do Olhar dela antes mesmo de ela dizer qualquer coisa então você é a famosa Júlia disse Cecília com uma voz Suave mas cheia de intenção é parece que sou respondeu Júlia mantendo o Tom firme e o olhar direto Cecília arqueou uma sobrancelha claramente surpresa pela falta de submissão Henrique tentou intervir mas Júlia não precisava de ajuda ela sabia que a

mãe de Henrique estava tentando medir suas fraquezas e não daria esse prazer a ela a conversa foi curta mas tensa Júlia saiu com a sensação de que havia passado por um interrogatório enquanto Cecília foi embora com um sorriso enigmático como se estivesse planejando sua próxima jogada conforme a noite avançava Júlia começou a perceber que apesar do ambiente hostil ela era mais forte do que imaginava quando outras pessoas vinham falar com ela interessadas em saber mais sobre a mulher que conquistou Henrique Castilho ela respondia com uma mistura de honestidade e sarcasmo cada palavra dela era uma

provocação Sutil mas nunca o suficiente para parecer ofensiva Henrique observando tudo de perto não conseguia evitar um sorriso Júlia não apenas estava lidando com aquilo mas estava surpreendendo todos ao redor ele sabia que ela era especial mas vê-la naquela situação só reforçava o que ele já sentia no fim da noite Júlia estava Exausta mas não demonstrava enquanto caminhavam de volta para o carro ela finalmente quebrou o silêncio seus amigos são interessantes me pergunto quantos deles estavam esperando que eu tropeçasse no meio do salão Henrique rio aliviado por finalmente estarem longe de todos Você Foi incrível

Júlia acho que nunca vi ninguém enfrentar minha mãe daquele jeito ela sorriu de lado com um toque de orgulho talvez ela precise ouvir umas verdades de vez em quando mas sério Henrique eu nunca mais quero pisar em um lugar como esse não faz o menor sentido para mim Henrique não respondeu de imediato ele sabia que aquele mundo não fazia sentido para ela e honestamente nem para ele mas a diferença era que ela tinha coragem de admitir isso enquanto ele passava a vida inteira fingindo que se encaixava enquanto o carro os levava de volta ao Hotel

Henrique olhou para Júlia e percebeu algo que ele não tinha notado antes ela não era só alguém com quem ele havia feito um acordo ela era alguém que o desafiava que o fazia questionar tudo e no fundo ele sabia que aquele baile não seria a última vez que ela surpreenderia todos ao seu redor com o baile de gala no passado as coisas entre Henrique e Júlia começaram a tomar um rumo inesperado o acordo ainda estava de pé com os dois cumprindo suas partes do combinado mas era como se algo visível estivesse mudando entre eles pequenos

gestos conversas mais longas e principalmente os momentos de silêncio compartilhado começaram a dizer mais do que qualquer contrato jamais poderia prever Júlia que sempre se orgulhou de sua independência começou a perceber que Henrique não era apenas aquele Playboy rico e mimado que ela tinha imaginado no início ele tinha suas inseguranças suas frustrações e apesar de toda a fortuna estava tão perdido quanto ela em a difer era que el nunc tinha tido a Ch de realmente explorar Quem era porque sempre viu as expectativas da fam e de o mais Human olos Henrique por out lado via

J como for daza ergm queha oor que vida podere eeso assim continuava em p não com arrogância mas com uma determinação quieta quase desafiadora ele começou a se perguntar como alguém tão diferente dele podia ao mesmo tempo parecer tão familiar um exemplo disso aconteceu Numa manhã comum quando Henrique apareceu no apartamento que tinha alugado para Júlia com a intenção de discutir os próximos eventos que eles precisariam comparecer ele estava carregando uma sacola com croaçã frescos e café achando que seria uma forma simpática de começar a conversa mas ao entrar ou Júlia sentada no chão cercada

por papéis e rabiscos Você tem certeza de que quer viver nesse caos perguntou ele enquanto tentava abrir espaço para colocar a sacola na mesa isso não é caos é planejamento respondeu ela sem levantar os olhos tô tentando organizar como vou usar o dinheiro que você tá me pagando para Recomeçar não vou ficar dependendo de você para sempre Henrique esse acordo tem prazo de validade lembra ele ficou em silêncio por um momento admirando a maneira como ela pensava enquanto a maioria das pessoas que ele conhecia tratava dinheiro como algo garantido Júlia via cada centavo como uma

ferramenta para construir algo maior ela não estava ali para aproveitar a vida fácil ela estava ali para construir uma nova você é diferente de qualquer pessoa que eu conheço disse ele quase sem querer Júlia finalmente levantou o olhar com uma sobrancelha arqueada isso é um elogio ou um aviso perguntou com um leve sorriso um elogio definitivamente um elogio esses pequenos momentos foram se acumulando criando uma nova dinâmica entre os dois não era apenas uma parceria de conveniência era uma troca genuína de experiências e aprendizados Henrique começou a levar Júlia a lugares fora do Círculo social

dele como cafés escondidos e pequenos eventos culturais onde ela podia se sentir mais à vontade em troca ela o convidava para ver o mundo dela mesmo que isso significasse algo tão simples quanto caminhar por um parque ou visitar uma feira de rua essas experiências fizeram Henrique perceber o quanto ele tinha vivido em uma bolha pela primeira vez ele se permitiu relaxar rir sem reservas e até cometer pequenos erros sem medo de ser julgado e Júlia por mais que tentasse manter sua postura fiada começou a baixar a guarda era como se ela finalmente pudesse acreditar que

nem todo mundo tinha uma agenda oculta Mas nem tudo era perfeito as diferenças entre eles ainda causavam atritos Henrique por exemplo tinha o hábito de tentar resolver tudo com dinheiro o que deixava Júlia Furiosa num desses episódios ela explodiu depois que ele ofereceu pagar uma dívida antiga que ela tinha com um conhecido você a queiro é respostao né Eu não quero que compre minha vida Henrique eu quero que você respeite o fato de euzinha disse vo eu senter meun como antes deir resend asis do seu jeito esse tipo de discussão era difícil mas também necessário

cada briga servia para mostrar a eles que apesar das Diferenças havia algo que os unia algo que ia além do acordo Inicial Um dia enquanto os dois estavam sentados na varanda do apartamento de Henrique olhando para as luzes da cidade ele finalmente disse algo que vinha aguardando há dias você já parou para pensar que talvez a gente esteja se tornando algo mais do que esse contrato maluco que a gente fez jlia virou a cabeça para olhar para ele surpresa pela honestidade na voz dele se você tá me perguntando se eu confio em você a resposta

é ainda não disse ela sorrindo de leve mas se tá me perguntando se eu acho que isso aqui é mais do que um acordo Talvez ele riu aliviado Talvez seja um bom começo Júlia não respondeu de imediato em vez disso ela voltou a olhar para a cidade sentindo algo que não conseguia explicar pela primeira vez em muito tempo ela não se sentia completamente sozinha as coisas entre Henrique e Júlia estavam caminhando de forma Inesperada o acordo que no início parecia algo frio e puramente estratégico agora parecia quase natural Eles não eram exatamente um casal mas

estavam começando a se entender de uma forma que surpreendia os dois para Henrique Júlia era como um sopro de ar fresco para Júlia Henrique era uma espécie de desafio mas nem tudo estava fluindo tão bem quanto parecia no fundo Júlia sabia que sua história o motivo que a levou até aquele Beco na véspera de natal ainda era um segredo que ela guardava com unhas e dentes ela não queria que Henrique ou qualquer outra pessoa usasse isso contra ela já tinha sofrido bastante quando seu pai Álvaro Campos destruiu a vida de sua família ao se envolverem

um escândalo financeiro que virou Manchete nos jornais por outro lado Isabela a ex-noiva de Henrique estava longe de aceitar a derrota ela não acreditava no relacionamento de Henrique e Júlia e ainda mais importante não acreditava que Júlia fosse quem dizia ser Isabela era o tipo de pessoa que não deixava pontas soltas e sua desconfiança a levou a contratar um investigador particular para descobrir a verdade sobre Júlia para ela aquela mulher misteriosa era mais uma golpista tentando tirar vantagem da Fortuna dos Castilho o investigador não demorou muito para encontrar o que estava procurando Júlia não fazia

questão de esconder seu passado mas também não falava sobre ele uma busca rápida em arquivos antigos revelou o nome do pai dela Álvaro Campos e o colapso público que ele sofreu depois de arruinar sua empresa com dívidas em jogos de azar e fraudulentos foi o suficiente para Isabela criar uma bomba em uma tarde ensolarada durante uma reunião familiar organizada por Cecília Isabela apareceu sem ser convidada ela estava Radiante como se tivesse acabado de ganhar um prêmio e carregava um envelope em mãos H Henrique sabia que a presença dela Não significava coisa boa mas não teve

tempo de agir antes que ela começasse a falar hen querido você deveria saber quem é a pessoa que anda ao seu lado e Cecília acho que você também vai querer ouvir isso disse Isabela com um sorriso malicioso o clima na sala mudou instantaneamente Cecília que já estava desconfiada de Júlia desde o início levantou a cabeça com curiosidade Henrique tentou interromper mas Isabela continuou acho que vocês vão achar interessante saber que a nossa querida Júlia Campos é filha de Álvaro Campos aquele ário Que destruiu a vida de centenas de pessoas quando sua empresa faliu lembram dele

foi capa de jornal durante semanas o silêncio que se seguiu foi quase ensurdecedor Júlia que estava sentada no canto da sala congelou ela sabia que esse momento podia acontecer mas nada podia prepará-la para a sensação de ter seu passado jogado na cara de todos daquela maneira Cecília foi a primeira a quebrar o silêncio Então é isso você é filha daquele criminoso meu Deus Henrique o que você estava pensando Henrique tentou argumentar mas Júlia se levantou antes que ele pudesse dizer qualquer coisa ela não ia ficar ali para ser julgada por gente que não sabia nada

sobre sua vida ou suas lutas sim meu pai cometeu erros erros que arruinaram minha família mas eu não sou ele eu não sou responsável pelas escolhas dele disse Júlia com a voz firme mas com os olhos brilhando de raiva e se vocês acham que isso me define então talvez esse lugar Nunca tenha sido para mim ela saiu da sala antes que alguém pudesse responder e Henrique foi atrás Cecília tentou impedi-lo dizendo que ele estava cometendo um erro mas ele a ignorou encontrou Júlia no Jardim respirando fundo como se tentasse Manter o controle Júlia espera não

deixa eles fazerem isso com você você não precisa se explicar para ninguém disse Henrique tentando acalmá-la Henrique isso nunca vai dar certo o seu mundo e o meu são incompatíveis eu sabia disso desde o início mas fui burra o suficiente para achar que podia ser diferente respondeu ela tentando segurar as lágrimas não é assim que eu vejo as coisas Júlia você não é seu pai e ninguém tem o direito de te julgar pelo que aconteceu com ele Você pode achar isso Henrique mas sua família nunca vai pensar assim eu não sou uma delas e nunca

serei jlia se afastou antes que Henrique pudesse dizer mais alumais ela sabia que el queria ajudá-la mas também sabia que o peso daquele passado Seria algo que sempre estaria entre eles por mais que ela quisesse acreditar que poderia deixar isso para trás momentos como aquele deixavam claro que o mundo não estava disposto a esquecer enquanto Henrique ficava parado assistindo Júlia ir embora algo dentro dele mudou ele sabia que tinha que fazer algo não por causa do acordo não por causa das expectativas da família dele mas porque pela primeira vez ele sentia que precisava lutar por

alguém além de si mesmo o segredo de Júlia tinha sido revelado mas para Henrique isso não mudava quem ela era se algo fazia com que ele a admirasse ainda mais depois que Júlia saiu da reunião com o segredo de sua família exposto Henrique Sabia que não tinha como evitar o confronto que estava prestes a acontecer ele voltou para a sala onde sua mãe Cecília estava de pé ao lado de Isabela ainda segurando o envelope como um troféu o silêncio era pesado mas a expressão no rosto de Cecília deixava Claro que ela estava apenas esperando para

soltar tudo o que estava pensando hen ficou no centro da sala olhando de uma para outra por dentro estava furioso Mas sabia que para enfrentar a situação precisava manter a calma alguém quer me explicar o que foi isso perguntou Henrique tentando controlar o tom de voz Cecília cruzou os braços e olhou para ele como se fosse uma professora prestes a repreender um aluno foi um alerta o Henrique Você está se envolvendo com alguém que claramente não pertence ao nosso mundo e agora sabemos porquê Ela é filha de um criminoso você realmente acha que essa é

a pessoa certa para você Henrique respirou fundo ele estava cansado de ouvir a mesma ladainha sobre quem era certo ou errado para ele durante toda a vida ele seguiu as regras da família mas ali diante daquela situação percebeu que não podia mais continuar assim ela não é o pai dela mãe e você sabe disso O que aconteceu com a família dela não define quem ela é como pessoa você sequer a conhece Isabela Aproveitou a brecha para se meter Henrique vamos ser honestos Júlia é uma oportunista ela está se aproveitando de você e do seu nome

para se reerguer você não vê isso ela está usando você hou para Isabela os olhos brilhando de raiva você falar sobre ela assim você nem sabe o que ela passou Aliás o que você acha que ganha expondo ela desse jeito Isso não é sobre Júlia é sobre você não aceitar que as coisas entre nós acabaram ação na sala era palpável Isabela ficou sem resposta mas o olhar no rosto dela dizia tudo Era exatamente sobre isso mas ela nunca admitiria Cecília tentou tomar controle da conversa novamente Henrique isso não é sobre Isabela é sobre você estar

colocando nossa família em uma posição vulnerável você acha que ninguém vai investigar quem é Júlia assim que descobrirem a ligação dela com aquele homem vai ser um escândalo você realmente quer manchar o nome Castilho por causa de um capricho Henrique deu um passo em direção à mãe os olhos fixos nos dela você sempre fala como se o nome Castilho fosse a coisa mais importante do mundo mas sabe Mãe eu estou começando a perceber que essa obsessão com o nome da família só me trouxe uma vida que eu não escolhi você quer que eu me case

com Isabela porque acha que é bom para os negócios não porque você se importa se eu sou feliz e agora você quer usar o passado de Júlia como uma desculpa para afastá-la isso não é sobre proteger a família é sobre controle e eu não vou mais jogar esse jogo Cecília arregalou os olhos ela não estava acostumada a ver Henrique falando com tanto firmeza Ele sempre foi o filho obediente O Herdeiro que fazia o que era esperado mas naquele momento ele parecia alguém completamente diferente Henrique Cuidado com o que você diz você está esquecendo quem você

é e o que sua posição exige de você Ele riu mas não havia humor no som eu nunca esqueço quem eu sou mãe vocês fazem questão de me lembrar disso todos os dias mas sabe o que eu percebi ser o Henrique Castilho significa viver para vocês para os negócios para as aparências e eu Estou farto disso a sala ficou em silêncio mais uma vez Cecília estava claramente abalada mas tentou manter a compostura Isabela percebendo que não conseguiria mais manipular a situação saiu da sala sem dizer mais nada Henrique por outro lado sentia uma mistura de

raiva e alívio ele sabia que finalmente tinha falado a verdade mas também sabia que aquilo vinha com consequências el olhou para a mãe mais uma vez antes de sair eu não abandon a jlia por cus do que você Pens se vocês não CONSEG Ener quem ela realmente é o não de você com essas palavas sa da sal deix ceclia sozinha ela ficou parada por alguns minutos tentando processar o que tinha acab de acontecer nunca em toda a vida Henrique tinha falado com ela daquela forma e pela primeira vez ela sentiu que estava Perdendo o Controle

sobre o filho enquanto isso Henrique foi direto ao apartamento de Júlia ele sabia que ela estaria se sentindo exposta talvez até arrependida de ter aceitado o acordo quando chegou bateu na porta e esperou Demorou alguns segundos antes de ela abrir Júlia parecia cansada mas não estava surpresa ao vê-lo você veio para me dizer que sua família tem razão as perguntou ela com a voz baixa não eu vim para te dizer que eles estão errados eu não ligo para o que aconteceu com seu pai Júlia eu sei quem você é e é isso que importa para

mim ela olhou para ele por um longo momento tentando encontrar algum sinal de dúvida nos olhos dele mas não havia pela primeira vez Júlia sentiu que alguém estava realmente do lado dela sem segundas intenções você tá cometendo um erro Henrique um erro que pode custar tudo para você talvez mas se for um erro é o único que eu estou disposto a cometer Júlia sabia que ficar ao lado de Henrique depois de tudo o que aconteceu seria um erro mesmo com as palavras sinceras dele dizendo que não se importava com seu passado ela sabia que o

mundo dele não funcionava assim o que as pessoas pensavam importava o que os jornais escreviam importava e o que a família dele esperava importava mais do que qualquer outra coisa ela não podia fingir que isso não pesava naquela noite sozinha no apartamento que Henrique havia alugado para ela Júlia tomou uma decisão Pegou sua mochila a mesma que carregava desde que perdeu tudo e começou a guardar suas poucas coisas ela sabia que partir era o certo não porque queria mas porque era o único jeito de proteger a si mesma e de certa forma proteger Henrique também

quando o sol nasceu Júlia deixou o apartamento sem olhar para trás não queria arriscar mudar de ideia pegou um ônibus para Curitiba uma cidade onde ninguém a conhecia onde ela poderia recomeçar longe de julgamentos e das sombras do passado enquanto a paisagem mudava pela janela do ônibus Júlia sentiu uma mistura de alívio e tristeza alívio por finalmente estar se afastando de tudo aquilo mas tristeza por deixar para trás a única pessoa que realmente tentou entendê-la Curitiba a recebeu com um frio que combinava com seu humor Júlia não tinha um plano concreto mas estava acostumada a

viver um dia de cada vez encontrou um pequeno quarto para alugar em um bairro simples e começou a procurar formas de se sustentar ela já tinha passado por situações piores então sabia que conseguiria se virar durante os dias que se seguiram Júlia começou a frequentar cafés pequenos e movimentados não para comer ou beber mas para tocar a música sempre foi uma parte importante da sua vida antes de tudo desmoronar quando criança ela passava horas ao piano aprendendo melodias que seu pai adorava ouvir mas depois que a tragédia atingiu sua família Júlia nunca mais havia se

permitido tocar em um desses cafés havia um piano velho no canto com algumas teclas desafinadas era quase como se ele estivesse esperando por alguém que o trouxesse de volta à Vida Júlia começou tímida tocando uma melodia suave enquanto os clientes conversavam e tomavam seus cafés aos poucos a música Foi chamando atenção e logo o dono do café se aproximou Você toca muito bem se quiser vir aqui Algumas Noites por semana podemos arranjar algo disse ele com um sorriso amigável Júlia aceitou não era muito dinheiro mas era o suficiente para pagar o aluguel e as pequenas

despesas que tinha mais do que isso tocara ajudava a sentir que finalmente estava recuperando uma parte de si mesma que achava ter perdido as noites no café se tornaram uma rotina Júlia tocava enquanto as pessoas entravam e saíam algumas deixando moedas ou notas na caixinha ao lado do piano muitas vezes ela fechava olhos enquanto tocava mergulhando completamente na música era o momento do dia em que ela se sentia mais Viva como se cada nota fosse um lembrete de que ainda havia algo dentro dela que valia a pena mas a solidão ainda a acompanhava embora tivesse

conhecido algumas pessoas no Café Júlia mantinha uma distância segura ela não queria que ninguém se aproximasse o suficiente para fazer perguntas ou descobrir seu passado era mais fácil assim simples e sem complicações mesmo tentando seguir em frente Júlia não conseguia tirar Henrique da cabeça às vezes pegava se imaginando o que ele estaria fazendo ou se ele sentia sua falta ela sabia que provavelmente ele já havia voltado à sua vida cheia de eventos e compromissos familiares Mas uma parte dela queria acreditar que ele ainda pensava nela Foi numa dessas noites enquanto tocava no Café que um

cliente deixou um bilhete jun junto com uma nota de R 20 na caixinha quando Júlia terminou de tocar abriu o bilhete e Leu você tem um talento incrível não deixe isso morrer procure pelo Conservatório de Música de Salvador eles têm bolsas para pessoas como você Júlia ficou com o bilhete na mão por alguns minutos pensando ela nunca havia considerado a ideia de estudar música de forma séria mas a ideia de Salvador de um novo começo em um lugar completamente diferente era tentadora talvez fosse hora de dar mais um passo em direção a algo maior nos

dias seguintes ela pesquisou tudo sobre o conservatório descobriu que as inscrições para a bolsa estavam abertas e que havia uma audição no próximo mês isso a deixou animada mas também com medo era um grande salto e ela não sabia se estava pronta para isso mesmo assim decidiu tentar enviou sua inscrição e começou a praticar ainda mais dedicando cada minuto Livre Ao piano Júlia sabia que o caminho que escolheu era Solitário Mas pela primeira vez em muito tempo sentia que estava no controle ela não sabia o que o futuro reservava mas estava disposta a descobrir Henrique

acordava todos os dias sentindo um vazio estranho desde que Júlia partiu Ele percebeu o quanto a presença dela havia mudado tudo na sua vida antes dela sua rotina era cheia de compromissos obrigatórios reuniões intermináveis e eventos sociais onde todos pareciam usar máscaras mas com Júlia ele havia experimentado algo diferente algo real agora Sem Ela Tudo parecia ainda mais sem sentido ele se pegava revendo as últimas conversas que tiveram tentando entender onde havia errado Será que ele poderia ter feito algo diferente talvez tivesse dito a coisa errada ou deixado de de fazer o suficiente Henrique sabia

que Júlia havia partido porque achava que nunca se encaixaria no mundo dele e isso o fazia questionar aquele mundo era realmente o lugar dele Cecília sua mãe claramente achava que sim desde que Júlia foi embora Cecília vinha tentando retomar o controle sobre a vida de Henrique ela fazia comentários constante sobre o erro que ele havia cometido e como era importante voltar ao plano original o casamento com isab para Cecília o rompimento com Júlia era uma oportunidade para recolocar o filho nos trilhos em um jantar com a família Cecília trouxe o assunto à tona de maneira

direta Henrique estava sentado à mesa mexendo distraidamente na comida quando ela disparou já que agora você está livre de complicações acho que é hora de reconsiderar o noivado com Isabela é o melhor para todos nós Henrique ele largou o garfo e olhou para a mãe com uma expressão que misturava cansaço e indignação você não entende mãe eu nunca quis esse noivado eu nunca quis viver essa vida que você planejou para mim e honestamente não sei se consigo continuar Fingindo que isso é o que eu quero Cecília arregalou os olhos surpresa pela firmeza na voz dele

Henrique sempre foi o filho obediente que fazia o que era esperado mas ali algo havia mudado ela tentou argumentar Henrique isso não é só sobre você é sobre a família é sobre tudo o que construímos você tem responsabilidades ele respirou fundo tentando manter a calma eu sei que tenho responsabilidades Mas isso não significa que eu tenha que sacrificar quem eu sou ou o que eu quero para viver de acordo com as suas expectativas eu estou cansado mãe cansado de tentar agradar todo mundo menos a mim mesmo o silêncio na mesa era palpável Cecília tentou uma

última vez mudando o Tom para algo mais emocional Henrique eu só quero o melhor para você você acha que essa rebeldia vai te levar a algum lugar Olha onde suas escolhas te trouxeram Júlia foi embora e sabe por quê Porque ela sabia que nunca poderia se encaixar no nosso mundo as palavras de Cecília o atingiram como um soco mas ao mesmo tempo algo dentro dele se acendeu Henrique se levantou da mesa olhando diretamente para a mãe você tem razão ela nunca se encaixaria no nosso mundo e sabe por quê Porque o nosso mundo é podre

mãe é superficial cheio de pessoas que só se importam com status e dinheiro e francamente eu não quero mais fazer parte disso Cecília ficou em silêncio chocada Henrique deixou a mesa sem olhar para trás ele sentia uma mistura de raiva e alívio como se finalmente estivesse começando a se libertar das correntes que o prendiam nos dias seguintes Henrique Começou a tomar decisões que há muito tempo adiava ele encerrou o noivado com Isabela de forma definitiva deixando claro que não havia chance de reconciliação Isabela tentou argumentar dizendo que eles podiam voltar ao normal mas Henrique foi

firme não existe normal para nós Isabela isso nunca foi real e eu não vou fingir Mais ele também começou a delegar mais responsabilidades na empresa da família afastando-se do controle direto dos negócios embora soubesse que era o herdeiro natural Henrique decidiu que não queria viver exclusivamente para a empresa ele precisava de espaço para descobrir quem ele era fora das expectativas que carregava desde sempre certa manhã enquanto olhava pela janela de sua cobertura Henrique pegou o telefone e fez uma ligação que vinha adiando Pai preciso de um tempo vou me afastar por um tempo viajar Sei

lá eu preciso pensar e não dá para fazer isso aqui Roberto seu pai ouviu em silêncio antes de responder você tem certeza filho isso pode complicar as coisas na empresa Henrique sorriu um sorriso triste mas determinado pai as coisas já estão complicadas e pela primeira vez eu quero o responsáv por complicar a minha própria vida senti-se mais leve do que havia sentido em anos nos dias que se seguiram Henrique comeou a planejar sua saída não sabia exatamente para onde iria Mas sabia que precisava sair de São Paulo se afastar de tudo o que representava o

velho Henrique no fundo ele sabia que não estava apenas fugindo estava indo atrás de algo ou melhor alguém ele não tinha certeza se Júlia queria vê-lo novamente Mas sabia que precisava tentar ele não podia mais viver sem ao menos lutar pelo que realmente importava depois de semanas reorganizando sua vida e cortando os laços que o prendiam ao passado Henrique decidiu que precisava fazer algo diferente algo que que simbolizasse o que Júlia representava para ele mesmo que ela estivesse longe a influência dela ainda era forte em sua vida ele sabia que não podia obrigá-la a voltar

ou mudar o que ela sentia mas podia mostrar a ela e ao mundo o quanto ela havia impactado sua jornada foi assim que ele teve a ideia de organizar uma homenagem não seria um evento cheio de luxo como os que ele estava acostumado Seria algo verdadeiro algo que refletisse a cidade e a beleza da alma de Júlia Henrique queria criar um espaço onde sua música pudesse ser ouvida por todos como um tributo ao talento e a força que ela carregava a ideia surgiu de forma simples mas a execução exigiu mais esforço do que ele imaginava

Henrique queria montar um concerto ao ar livre em um parque no centro de São Paulo onde qualquer pessoa pudesse aparecer e ouvir ele sabia que isso seria uma ruptura completa com o tipo de evento que sua esperava dele mas isso só tornava a ideia mais importante a primeira coisa que ele fez foi encontrar um piano que tivesse significado e não era qualquer piano decidi levar o mesmo piano que jlia havia usado na cobertura aquele onde ela havia tocado uma melodia simples e marcante uma noite como se estivesse expressando tudo o que não conseguia dizer em

palavras para Henrique aquele piano simbolizava o ponto de conexão mais forte entre eles organizar o concerto foi um desafio Henrique não tinha experiência com eventos públicos e para sua surpresa Descobriu que era preciso lidar com autorizações logística e até uma equipe técnica mas ele não desistiu cada obstáculo que surgia só o fazia lembrar de Júlia e de como ela enfrentava as dificuldades com determinação quando o dia do concerto Finalmente chegou Henrique estava nervoso o palco improvisado no parque esta montado o piano havia sido colocado no centro e o som estava ajustado ele contratou um pianista

para tocar músicas que Júlia amava mas também deixou espaço para improvisação A ideia era que as melodias contassem a história dela de resiliência de luta Mas também de esperança no início o público era pequeno algumas pessoas se aproximavam curiosas outras sentavam-se no gramado com suas famílias apenas para aproveitar o som Henrique estava no fundo do público observando de longe enquanto o pianista começava a tocar as notas suaves preenchiam o ar e pouco a pouco mais pessoas começaram a se juntar parecia que a música tinha um jeito de atrair quem precisava dela Henrique não sabia se

Júlia estava em São Paulo ou se ela ouviria falar do conserto mas para ele isso não importava era mais do que uma tentativa de chamar a atenção dela era sobre Honrar quem ela era e tudo o que ele havia aprendido com ela enquanto a música fluía Henrique começou a se lembrar de momentos específicos que haviam marcado sua relação com Júlia ele se lembrou da primeira vez que a ouviu tocar de como seus dedos pareciam dançar no teclado mesmo quando ela dizia que estava enferrujada lembrou-se das Noites em que eles conversavam e ela falava sobre o

quanto a música Era uma fuga e cura ao mesmo tempo e mais do que tudo lembrou-se do Sorriso raro e Genuíno que ela dava quando estava completamente envolvida no que fazia o conserto durou mais de Du horas quando terminou o pequeno público que se formou aplaudiu calorosamente Henrique sentiu uma mistura de alívio e realização ele sabia que não podia mudar o passado mas naquele momento sentiu que havia feito algo certo depois do evento Henrique ficou sozinho no palco olhando para o piano ele passou os dedos pelas teclas como se estivesse tentando sentir a presença de

Júlia ali não sabia se ela sabia o quanto ele a admirava Mas mesmo que nunca tivesse a chance de dizer isso a ela novamente pelo menos o mundo agora sabia enquanto recolhia suas coisas uma mulher se aproximou dele era uma das pessoas do público uma senora que esse concerto foi lindo quem quer que tenha inspirado isso é alguém muito especial disse ela Henrique apenas sorriu sentindo um nó na garganta Júlia era especial e sempre seria independentemente de onde estivesse Júlia chegou a Salvador com pouco mais do que coragem e um sonho que ainda parecia distante

a viagem havia sido uma mistura de ansiedade e expectativa desde que recebeu a notícia de que tinha aceita com uma bolsa integral no Conservatório de Música ela sabia que aquele era o Recomeço que tanto precisava mas mesmo com a felicidade da Conquista Júlia também sabia que não seria fácil ao descer do ônibus na rodoviária Salvador a recebeu com um calor intenso um contraste com a frieza de Curitiba e São Paulo o ar carregava o cheiro de mzia e o som das pessoas conversando rindo e vendendo coisas criava uma música própria jia ficou parada por alguns

minutos absorvendo a energia do lugar ela ainda não sabia como mas aquele lugar já parecia mais vivo do que qualquer outro em que esteve nos últimos anos o conservatório ficava em um prédio antigo de paredes brancas e janelas largas que deixavam o sol entrar sem cerimônia no primeiro dia Júlia sentiu um frio na barriga ao atravessar os portões ela nunca havia estudado música formalmente e sabia que estaria Cercado por pessoas com muito mais experiência e preparo mesmo assim ela se lembrou do que sempre dizia para si mesma você já passou por coisas piores Então vai

em frente na recepção um professor chamado Marcelo foi designado para orientá-la nos primeiros dias ele era um homem de meia idade de cabelos grisalhos e um sorriso fácil que parecia entender o nervosismo de Júlia antes mesmo de ela dizer qualquer coisa você é a bolsista certo seja bem-vinda aqui o mais importante é sua dedicação o resto a gente aprende no caminho disse ele enquanto a conduzia pelos corredores e mostrava as salas Júlia ficou encantada com a sala de pianos havia instrumentos de todos os tamanhos e tipos desde os mais simples Até um imponente piano de

caluda que parecia brilhar Sob a Luz Que entrava pelas janelas quando colocou os dedos nas teclas de um deles pela primeira vez sentiu uma onda de Emoções era como reencontrar um velho amigo os primeiros meses foram intensos Júlia passava horas praticando muitas vezes até tarde da noite ela sabia que precisava compensar o tempo perdido e alcançar o nível dos outros alunos havia momentos em que sentia que não era boa o suficiente que talvez nunca alcançasse o que esperavam dela mas toda vez que essa dúvida surgia ela se lembrava de onde começou nas ruas no no

beco no café com o piano desafinado cada passo até ali era uma vitória e ela se recusava a desistir embora estivesse focada na música Júlia também encontrou tempo para explorar Salvador aos poucos a cidade começou a se tornar parte dela ela adorava caminhar pelo Pelourinho com suas ruas de paralelepípedo e casas coloridas gostava de sentar à beira do mar sentindo a brisa e ouvindo as ondas como se fosse uma música composta especialmente para ela Salvador tinha uma energia vibrante que parecia dizer aqui você pode ser quem quiser no conservatório Júlia começou a chamar atenção não

só pela dedicação Mas pelo estilo único com que interpretava as peças Enquanto muitos alunos seguiam as partituras a risca ela colocava algo próprio em cada nota algo que vinha de sua alma Marcelo notou isso e numa aula comentou Você tem algo especial Júlia não é só técnica é sentimento isso não se ensina e é por isso que você está aqui as palavras dele a emocionaram pela primeira vez ela sentiu que não estava apenas perseguindo um sonho mas vivendo a música começou a preencher os espaços vazios que ela carregava desde que sua vida desmoronou cada melodia

que tocava era como uma peça do quebra-cabeça de quem ela era se encaixando lugar certo mas mesmo com tudo isso havia Noites em que Júlia ainda pensava em Henrique ela se perguntava onde ele estava O que estava fazendo Será que ele havia seguido em frente será que ainda pensava nela esses pensamentos a deixavam inquieta mas ela se forçava a afastá-los Salvador era o lugar onde ela precisava estar Henrique era parte do passado e por mais que fosse ela precisava deixá-lo lá um dos momentos mais marcantes para Júlia foi quando participou de sua primeira apresentação oficial

no conservatório o auditório estava lotado E ela sentiu o coração acelerar ao entrar no palco por um momento tudo parecia grande demais assustador demais mas quando seus dedos tocaram as teclas ela se lembrou de por estava ali a música fluiu de uma maneira que ela Nunca havia sentido antes como se toda a sua história estivesse sendo contada pelas notas quando terminou o público aplaudiu de pé Júlia olhou para as pessoas e por um instante sentiu algo que não sentia há muito tempo orgulho de si mesma ela havia chegado até ali contra todas as probabilidades e

naquele momento Salvador deixou de ser apenas uma cidade tornou-se um lar enquanto cam Ava para casa naquela noite com o som do mar ao fundo Júlia finalmente entendeu algo importante recomeçar não era apenas sobre esquecer o passado mas sobre transformá-lo em algo que a fortalecesse Salvador não era o fim de sua jornada era apenas o começo depois que Júlia partiu a vida de Henrique parecia funcionar em modo automático ele acordava cedo Ia para a empresa participava de reuniões e eventos mas tudo sem realmente estar presente era como se estivesse assistindo à própria vida de longe

incapaz de sentir qualquer coisa real ele sorria para quem esperava um sorriso assinava documentos quando era necessário e dava respostas educadas mas o silêncio dentro dele era ensurdecedor no começo Henrique achava que o tempo iria ajudá-lo a seguir em frente afinal ele era Henrique Castilho O Herdeiro de um império o homem que sempre soube resolver problemas mas não importava o quanto tentasse se distrair tudo o que fazia parecia vazio Júlia havia deixado uma marca que ele não sabia como apagar e ele não tinha certeza se queria apagar Cecília sua mãe notou a mudança mas como

sempre não abordou isso com delicadeza durante um almoço em família ela comentou de forma casual mas incisiva você tem estado tão introspectivo Henrique talz seja na hora de pensar no futuro de encontrar alguém que realmente se encaixe na sua vida Henrique largou o garfo e olhou para a mãe sem esconder a frustração Talvez eu esteja introspectivo porque pela primeira vez estou pensando no que eu quero e não no que você acha que eu devo querer Cecília arqueou as sobrancelhas surpresa pela resposta ela esperava que Henrique fosse apenas concordar como sempre fazia mas ele estava mudado

e para ela essa mudança era uma ameaça ao controle que ela havia mantido sobre ele por tantos anos os dias seguiam lentamente Henrique evitava eventos sociais sempre que podia preferia passar o tempo em lugares onde ninguém esperava nada dele começou a visitar cafés pequenos andando pela cidade como alguém comum em busca de algo que nem ele sabia o que era às vezes ele apenas se sentava em um banco de praça ouvindo as conversas ao redor e tentando encontrar algum sentido em sua nova realidade uma noite enquanto organizava alguns papéis em sua cobertura encontrou um guardanapo

dobrado com anotações era uma lista que Júlia havia feito durante uma de suas conversas ela estava planejando o que faria com o dinheiro que Henrique havia prometido pequenos itens como alugar um quarto comprar roupas novas e economizar para um piano estavam rabiscados mas o que mais chamou sua atenção foi uma frase no canto inferior reaprender a confiar Henrique leu aquelas palavras repetidas vezes ele sabia que Júlia carregava feridas Profundas mas nunca tinha percebido o quanto ela estava tentando se reconstruir e ele sentiu uma culpa pesada como se tivesse falhado em protegê-la da forma como prometeu

ao mesmo tempo aquele simples pedaço de papel reacendeu algo nele Júlia não tinha desistido Então por que ele deveria uma das poucas coisas que Henrique fazia com frequência era tocar piano ele havia começado a praticar depois que Júlia foi embora não porque era particularmente talentoso mas porque queria se sentir conectado a ela de alguma forma toda vez que sentava ao piano lembrava-se de como ela tocava de como cada nota parecia carregar um pedaço da Alma dela certa manhã enquanto praticava ele percebeu que não podia continuar vivendo daquela forma o silêncio que ele carregava não era

apenas a ausência de Júlia era a ausência de propósito ele precisava fazer algo não apenas por ela mas por si mesmo Henrique começou a pesquisar sobre bolsas de música e programas de apoio a jovens talentos queria criar uma Fundação em homenagem a Júlia algo que pudesse dar a outras pessoas a chance de recomeçar assim como ela estava tentando fazer mas por mais que tentasse preencher o vazio com ações Henrique sabia que algo estava faltando noite quando tudo ficava em silêncio ele ainda pensava em Júlia onde ela estaria Será que havia encontrado o que estava procurando

ele não sabia se ela pensava nele mas para Henrique ela nunca havia partido completamente ela estava presente em cada decisão Em cada música em cada momento em que ele se perguntava quem ele realmente era o natal chegou mais rápido do que Henrique e Júlia esperavam para os dois a data não tinha o mesmo brilho de antes havia muito a ser processado e as festas que normalmente representavam um momento de celebração agora pareciam um lembrete de tudo o que haviam perdido e ainda precisavam encontrar em Salvador Júlia passava o Natal sozinha em seu pequeno apartamento não

era algo novo para ela desde que perdeu a família a data se tornou apenas mais um dia no calendário mesmo assim ela tentou fazer algo diferente colocou uma música calma no rádio preparou um prato simples e sentou à mesa tudo parecia estar em ordem mas o vazio era inevitável Ela olhava pela janela observando as luzes de Natal piscando em outros apartamentos e imaginando as conversas que aconteciam por trás das Cortinas apesar de todo o progresso que havia feito no Conservatório de cada pequeno passo que a levava mais perto de seus objetivos aquela noite fazia parecer

que algo ainda estava faltando não era o luxo ou o conforto que ela havia perdido mas a sensação de pertencimento de ter alguém com quem compartilhar tudo isso do outro lado Henrique passava o Natal em São Paulo cercado por pessoas mas sentindo-se completamente sozinho Cecília organizara um jantar extravagante como sempre e a mansão estava cheia de convidados Henrique no entanto Mal falou durante a noite sentou-se no canto da sala segurando um copo de vinho e observando o ambiente ele sabia que deveria estar interagindo sorrindo para manter as aparências mas simplesmente não conseguia sua mente estava

em outro lugar mais precisamente em outra pessoa ele se lembrava daquele Natal da noite em que conheceu Júlia naquele beco escuro mesmo naquela situação difícil havia algo sobre ela que o marcou profundamente agora um ano depois ele se perguntava O que teria acontecido se as coisas tivessem sido diferentes se ele tivesse lutado mais insistido mais talvez ela ainda estivesse por perto enquanto isso Júlia do outro lado do país tentava ignorar os pensamentos Que invadiam sua mente ela se perguntava se Henrique ainda pensava nela se ele havia seguido em frente ou se estava no mesmo lugar

tentando encontrar sentido em meio ao caos ela odiava admitir mas sentia falta dele não do mundo dele cheio de regras e expectativas sufocantes mas de quem ele era quando estavam sozinhos a maneira como ele a ouvia como a olhava sem julgamentos como fazia com que ela se sentisse Vista naquela noite Henrique tomou uma decisão impulsiva saiu do jantar sem dizer nada a ninguém pegou seu carro e dirigiu sem rumo pela cidade as ruas estavam cheias de luzes mas ao contrário do brilho exagerado da manção de sua família aquelas luzes pareciam mais reais mais próximas de

como ele se sentia ele parou em frente a um pequeno café o mesmo onde havia levado Júlia pela primeira vez Ficou ali sentado no carro olhando para a entrada mesmo fechado o lugar parecia carregado de memórias ele se perguntou o que faria se tivesse a chance de vê-la novamente o que diria como explicaria tudo o que estava sentindo Henrique percebeu que nunca foi bom com palavras mas sabia que precisava encontrar um jeito de fazer com que ela entendesse o quanto era importante para ele já em Salvador Júlia terminou sua refeição solitária e foi até o

piano que tinha no canto da sala Começou a tocar uma melodia suave quase melancólica algo que vinha direto de seu coração Ela fechou os olhos e por alguns minutos esqueceu tudo esqueceu o peso do passado esqueceu a distância esqueceu até mesmo o futuro naquele momento só existiam ela e a música enquanto as horas passavam e a meia-noite se aproximava tanto Henrique quanto Júlia encontraram um pouco de clareza Em meio às reflexões Henrique percebeu que não podia continuar vivendo preso ao que os outros esperavam dele ele precisava tomar uma atitude mesmo que isso significasse sair de

sua zona de conforto e correr atrás do que realmente queria Júlia por sua vez sentiu que ainda havia algo inacabado em sua história com Henrique por mais que tentasse seguir em frente sempre havia uma parte dela que voltava a ele Como se algo ainda precisasse ser ouvido não era apenas sobre o passado era sobre o que ela queria construir para o futuro quando o relógio marcou meia-noite os dois olharam para o céu ao mesmo tempo embora estivessem em lugares diferentes era quase como se soubessem que de alguma forma seus caminhos ainda estavam conectados mesmo que

não soubessem como ou quando se cruzariam novamente Júlia Sabia que não poderia evitar São Paulo para sempre depois de tanto tempo construindo sua nova vida em Salvador ela sentia que algo ainda precisava ser resolvido era como se uma parte dela tivesse ficado para trás e mesmo com todas as conquistas recentes esse pedaço não permitia que ela se sentisse completa o Natal havia passado mas o peso das reflexões daquela noite ainda acompanhava ela comprou a passagem com um aperto no peito o barulho da rodoviária as malas nas mãos de estranhos e as conversas soltas a faziam

pensar no quanto havia mudado desde a última vez que pisara naquela cidade agora ela não era mais a mesma pessoa que vivia nas ruas ou que aceitava ajuda com um misto de desconfiança e orgulho ferido ela era alguém diferente alguém que sabia o valor do próprio esforço e entendia o poder que a música tinha para curar chegando a São Paulo a cidade parecia ainda maior do que ela se lembrava o céu era cinza o trânsito caótico e a energia frenética a atingiu Como Uma Onda Que ameaçava engol Ila ainda assim havia algo reconfortante naquele caos

era como se a cidade estivesse dizendo você está de volta agora o que vai fazer com isso o primeiro lugar que visitou foi o centro onde costumava passar horas antes de conhecer Henrique as ruas estavam cheias de gente apressada carros buzinando e vendedores gritando suas ofertas Júlia caminhou sem rumo deixando As Memórias surgirem à medida que seus passos a levavam de um lugar a outro passou por um pequeno café onde tocou pela primeira vez para um público antes de ser convidada para o conservatório senti uma pontada de nostalgia mas também um orgulho silencioso aquela Júlia

cheia de dúvidas e medos agora tinha uma nova história para contar durante a tarde Júlia se viu diante do prédio da cobertura de Henrique não sabia exatamente por foi parar ali talvez quisesse se despedir de vez daquele Capítulo da sua vida ou talvez no fundo Esperasse vê-lo mesmo sabendo que era Improvável ficou parada por alguns minutos olhando para o alto antes de continuar andando não era hora de voltar ao passado enquanto isso Henrique estava na cidade mas seu dia estava longe de ser ele tinha passado as últimas semanas se preparando para um evento especial um

recital beneficente que havia organizado para jovens músicos era a extensão da ideia que começou com o conscerto no parque para ele Essa era uma forma de continuar conectado a Júlia mesmo que indiretamente ele não sabia que ela estava na cidade mas de alguma forma a presença dela ainda era palpável em tudo o que fazia Júlia sem saber do acabou caminhando até uma praça onde ouviu música ao vivo curiosa aproximou-se e viu que era um Palco simples montado para um evento público havia jovens tocando diferentes instrumentos suas notas ecoando pelo ar fresco da noite ela ficou

ali misturada à multidão absorvendo a música e sentio uma paz que não experimenta H tempos no palco Henrique estava nos Bastidores supervisionando tudo quando saiu para agradecer ao público Júlia congelou ela não esperava vê-lo ali tão à vontade tão diferente do homem que conhecera ele parecia mais leve como se tivesse deixado parte do peso que carregava para trás Henrique por sua vez não percebeu que ela estava ali fez seu discurso rápido agradecendo aos jovens músicos e pessoas que haviam apoiado o evento quando terminou ele desceu do palco e comeou a circular pelo público cumprimentando algumas

pessoas Júlia se escondeu na multidão o coração batendo rápido ela não sabia se estava pronta para falar com ele mas algo dentro dela dizia que o momento estava chegando a noite terminou e o evento foi um sucesso Henrique voltou para casa com um sentimento de realização mas ainda com a mesma pergunta de sempre ecoando em sua mente onde estaria Júlia ele não sabia que naquele exato momento ela estava sentada em um banco da praça olhando para o palco vazio e tentando reunir coragem para enfrentá-lo novamente era uma noite comum em São Paulo mas para Júlia

parecia que algo estava prestes a acontecer depois de assistir ao recital na praça e ver Henrique no palco ela não conseguia tirar a imagem dele da cabeça ele parecia diferente mais à vontade quase como se tivesse encontrado algo que ela sempre desejou para ele paz mesmo assim Júlia hesitou em ir até ele parte dela sentia que não tinha mais lugar na vida de Henrique enquanto outra parte queria desesperadamente descobrir se ele ainda pensava nela no dia seguinte sem saber exatamente porquê Júlia Decidiu ir a um restaurante que Henrique havia mencionado em uma das poucas vezes

que compartilharam histórias era um lugar discreto Não tão luxuoso quanto os que ele costumava frequentar com a família mas especial para ele ela não sabia se ele estaria lá mas de alguma forma sentiu que precisava ir ao entrar Júlia foi recebida por uma atmosfera acolhedora luzes quentes pendiam do teto e o som de conversas baixas e talheres criando uma melodia casual a fez relaxar ela escolheu uma mesa no canto com uma boa vista do salão e pediu um café enquanto esperava passou os olhos pelas pessoas ao redor mas não esperava o que aconteceu em seguida

Henrique entrou pela porta ele parecia distraído como se estivesse imerso em pensamentos estava sozinho algo que Júlia nunca tinha visto antes Ele olhou ao redor como se procurasse um lugar para sentar e então parou seus olhos encontraram os dela e por um instante o tempo pareceu congelar nenhum dos dois sabia o que fazer Henrique ficou parado na entrada claramente surpreso enquanto Júlia sentiu seu coração disparar Ela pensou em desviar o olhar talvez fingir que não o viu mas era tarde demais ele começou a caminhar em direção à mesa dela seus passos lentos mas determinados quando

ele chegou ficou de pé por alguns segundos olhando para ela como se quisesse ter certeza de que ela era real Júlia ele finalmente disse a voz quase um sussurro você está aqui ela tentou sorrir mas o nervosismo a fez baixar os olhos para a xícara de café eu não sabia que você viria só precisava de um lugar para pensar Henrique sentou-se na cadeira em frente a ela sem tirar os olhos do rosto dela por um momento nenhum dos dois falou parecia que havia tanto a ser dito que as palavras simplesmente não vinham Você está diferente

ele disse finalmente Quebrando o Silêncio Mas é claro que está É como se eu estivesse vendo outra pessoa mas ao mesmo tempo ainda é você Júlia ergueu os olhos para ele tentando entender o que estava sentindo ele parecia tão familiar tão próximo mas ao mesmo tempo havia algo novo nele e você também está diferente Henrique mais calmo talvez mais você Henrique sorriu de leve mas havia algo de melancólico no sorriso dele eu tive que mudar depois que você foi embora percebi que não podia continuar sendo quem eu era você me mostrou que havia outra maneira

de viver que eu podia escolher por mim mesmo Júlia sentiu um aperto no peito Eu só queria que você fosse feliz Henrique que você encontrasse algo que realmente importasse eu encontrei ele respondeu sem mas perdi ao mesmo tempo Júlia desde que você foi embora tudo o que eu fiz foi tentar encontrar um jeito de seguir em frente mas a verdade é que eu ainda sinto sua falta todos os dias as palavras dele apegaram de surpresa ela não sabia o que responder durante tanto tempo tentou enterrar os sentimentos que tinha por ele convencendo-se de que eram

parte de um passado que não podia carregar mas ali na frente dele era impossível fingir que não sentia o mesmo Henrique eu fui embora porque achei que estava te atrapalhando Achei que você merecia algo melhor alguém que realmente pudesse fazer parte do seu mundo ele Balançou a cabeça os olhos cheios de intensidade eu não quero alguém que se encaixe no meu mundo eu quero alguém que me ajude a criar um mundo novo e esse alguém é você Júlia ela sentiu as lágrimas se formarem mas piscou rapidamente tentando segurá-las eu não sei se consigo voltar Henrique

tenho medo de me perder de novo medo de perder quem eu me tornei Henrique estendeu a mão sobre a mesa sem tocar a dela mas deixando claro que estava ali eu não quero que você perca nada Júlia só quero que você saiba que seja qual for o caminho que escolher eu vou estar aqui não porque você precisa de mim mas porque eu quero estar ao seu lado as palavas dele a desarmaram pela primeir vez senti que Henrique realmente havia não comoé precis Dee como igual olou para vendo o mesmo homem tambémé Noé havendo poreso eu

não vai acontecer Henrique ela disse finalmente mas talvez seja hora de descobrir juntos depois do reencontro inesperado no restaurante Júlia e Henrique decidiram continuar a conversa em um lugar mais tranquilo caminharam até uma praça próxima onde as luzes dos postes iluminavam suavemente os bancos e as árvores ao redor a noite estava silenciosa e o som distante da cidade criava uma espécie de trilha sonora para o momento eles se sentaram em um banco lado a lado mas com um espaço entre eles como se ainda houvesse um abismo precisavam atravessar Henrique começou a voz baixa mais firme

eu sei que é tarde para desculpas mas preciso dizer sinto muito por não ter feito mais por não ter lutado mais quando você foi embora Júlia olhou para a frente os braços cruzados Como se quisesse se proteger do Peso daquelas palavras você não tinha o que fazer Henrique eu fui porque precisava ficar teria destruído e talvez tivesse destruído você também ele franziu a testa claramente incomodado com a ideia mas foi exatamente o que aconteceu Júlia quando você foi embora eu me senti perdido Tentei continuar com a minha vida fazer o que era esperado mas nada

fazia sentido foi como se você tivesse levado uma parte de mim com você ela respirou fundo lutando contra a emoção que ameaçava transbordar eu também me senti assim por muito tempo Henrique pensei que nunca conseguiria me reerguer mas a verdade é que eu não queria depender de você para isso eu precisava provar para mim mesma que era capaz de ficar de pé sozinha Henrique virou-se para ela os olhos buscando os dela mas Júlia Manteve o olhar fixo no chão e você conseguiu você não precisa me dizer eu vejo isso em você mas sabe o que

eu percebi que você nunca precisou nada para mim eu sempre soube o quão forte você é eu só queria estar ao seu lado enquanto você descobria isso essas palavras a atingiram com força Ela fechou os olhos por um momento tentando conter as lágrimas eu não sabia como aceitar isso Henrique não sabia como confiar em você em mim em nós depois de tudo que passei eu aprendi que a única pessoa em quem podia confiar era eu mesma Henrique abaixou a cabeça absorvendo o que ela dizia e eu entendo isso agora eu só queria que você soubesse

que eu nunca quis ser alguém que te controlasse ou te prendesse eu queria alguém que estivesse com você porque queria não porque precisava finalmente Júlia se virou para ele o olhar cheio de uma mistura de dor e gratidão e isso foi o que mais me assustou Henrique porque quando você quer estar com alguém assim significa que você também tem algo a perder e eu nunca soube lidar com essa ideia Sempre achei mais fácil ficar sozinha do que arriscar perder mais uma vez o silêncio que seguiu foi pesado mas necessário ambos estavam Processando o que haviam

acabado de compartilhar as feridas expostas entre eles como peças de um quebra-cabeça que nunca tinham conseguido encaixar antes Henrique estendeu a mão desta vez tocando suavemente a dela Júlia olhou para o gesto mas não afastou você não precisa decidir nada agora ele disse a voz mais suave só quero que saiba que não importa o que aconteça eu estou aqui e sempre estarei Julia apertou os lábios sentindo a verdade nas palavras dele Henrique eu tenho medo medo de que Se tentarmos acabe sendo mais do que podemos suportar eu já perdi tanto e a ideia de perder

você me assusta mais do que eu gostaria de admitir ele assentiu entendendo perfeitamente eu também tenho medo medo de não ser bom o suficiente para você de não conseguir te dar o que você merece Mas eu prefiro tentar e falhar do que passar o resto da vida me perguntando E se ela Finalmente deu um pequeno sorriso um sorriso triste mas real Você sempre foi bom com palavras sabia que rio de leve o som parecendo mais um suspiro de alívio nem sempre com você às vezes eu nem sei o que dizer talvez isso seja bom talvez

a gente não precise ter todas as respostas agora ela respondeu olhando para ele com uma expressão que misturava esperança e cautela eles ficaram sentados ali por mais um tempo sem precisar falar a presença um do outro parecia suficiente como se naquele momento eles estivessem começando a preencher os espaços vazios que os separavam não havia promessas apenas a certeza de que apesar de todas as feridas ainda havia algo forte o bastante para mantê-los conectados aquela noite na praça marcou algo importante entre Henrique e Júlia depois das confissões e das feridas abertas eles sabiam que não podiam

simplesmente voltar ao que eram antes ambos haviam mudado carregavam novas experiências e atrizes que os tornavam diferentes mas ao mesmo tempo ainda havia algo ali uma conexão que nem o tempo nem a distância haviam conseguido apagar e por mais complicado que fosse os dois estavam prontos para enfrentar isso juntos ou ao menos tentar nos dias seguintes Henrique não conseguiu parar de pensar no que Júlia tinha dito sobre o medo dela de se perder de arriscar e principalmente de depender de alguém novamente ele entendia isso mais do que ela imaginava Porque durante meses ele também teve

medo medo de não ser suficiente medo de que o que ele sentia por ela não fosse o bastante para superar as barreiras que existiam entre eles mas agora ele sabia que precisava agir Não podia simplesmente esperar que as coisas se resolvessem sozinhas Júlia por outro lado estava lidando com suas próprias dúvidas embora Henrique tivesse mostrado que estava disposto a lutar por ela ainda hav hav uma voz em sua cabeça que insistia que o mundo dele era grande demais complicado demais para que ela pudesse fazer parte dele sem se perder mas ao mesmo tempo o jeito

como ele olhava para ela como a ouvia e como nunca a julgava fazia com que ela quisesse acreditar que talvez houvesse um caminho foi Henrique quem deu o primeiro passo ele a convidou para um jantar mas dessa vez não era em um restaurante sofisticado ou em algum lugar cheio de expectativas era um lugar simples em um bairro tranquilo onde ele sabia que poderiam falar sem distrações eles se sentaram em uma mesa no canto longe do barulho e pediram algo simples pizza e cerveja para Júlia aquilo já era um alívio ela odiava os ambientes onde sentia

que precisava provar algo para as pessoas Henrique parecia mais calmo mas J Ava o nervosismo nos pequenos gestos ele mexia no guardanapo ajustava a posição da garrafa na mesa e de vez em quando olhava para ela como se estivesse ensaiando algo em sua mente Júlia ele começou com um suspiro eu sei que a gente ainda está tentando entender o que aconteceu entre nós e sei que as coisas não vão ser fáceis Mas eu não quero perder isso não quero perder você ela o olhou o olhar sério mas suave eu também não quero Henrique mas o

que isso significa porque eu ainda não sei como fazer isso funcionar ele assentiu como se já Esperasse essa resposta eu pensei muito sobre isso sobre como nós dois somos tão diferentes mas ao mesmo tempo como fazemos sentido juntos e a verdade é que eu não quero que você mude quem você é eu não quero te tirar de onde você chegou ou do que conquistou eu só quero estar ao seu lado Júlia ficou em silêncio esperando que ele continuasse Henrique respirou fundo antes de falar de novo então eu tenho uma proposta nada de contratos ou expectativas

irreais nada de tentar forçar você a entrar no meu mundo ou me adaptar completamente ao seu só um compromisso de sermos nós mesmos de enfrentarmos isso juntos sem pressa SEME pressão Júlia arqueou uma sobrancelha como se estivesse avaliando cada palavra sem contratos hein Você tem certeza porque o último contrato que você fez comigo deu muito trabalho Henrique rio relaxando um pouco dessa vez eu prometo que não tem cláusulas escondidas ela sorriu mas havia algo de cauteloso no sorriso isso é diferente Henrique você sabe disso né não é só um acordo para enganar sua família é

real eu sei ele respondeu olhando diretamente nos olhos dela e é por isso que estou aqui porque eu quero algo real quero você Júlia com todas as partes boas e complicadas que vem junto ela olhou para ele por um longo momento tentando entender o que estava sentindo parte dela ainda queria correr se proteger mas outra parte uma parte que ela não sentia há muito tempo queria arriscar finalmente ela suspirou e se inclinou um pouco para frente Tá bom Henrique mas só ten uma condição ele inclinou a cabeça curioso qualquer coisa eu não vou ser só

a mulher ao seu lado se a gente vai fazer isso funcionar você tem que entender que eu tenho minha vida meus sonhos e que eu não vou abrir mão deles nem por você nem por ninguém Henrique sorriu como se estivesse esperando Exatamente isso eu nunca pediria isso de você Júlia é uma das coisas que mais admiro em você sua coragem de seguir em frente de ser quem você é ela soltou uma risada curta mas genuína bom então acho que temos um acordo ou sei lá um compromisso compromisso soa ótimo Ele respondeu levantando a garrafa para

brindar Júlia ergueu a dela e enquanto os dois brindavam percebeu que pela primeira vez em muito tempo sentia algo que não sentia antes Esperança Júlia e Henrique não tinham ilusões sobre o que estavam prestes a enfrentar reconstruir o que haviam começado meses atrás não seria fácil havia mágoas dúvidas e um longo caminho para aprender a confiar plenamente um no outro mas pela primeira vez ambos estavam dispostos a tentar de verdade sem subterfugios sem jogos e sem as máscaras que a sociedade ou suas próprias inseguranças os obrigavam a usar o primeiro passo foi simples passar tempo

juntos sem as pressões externas nada de jantares em restaurantes caros ou eventos sociais cheios de gente analisando movimento deles Henrique a levou para um parque tranquilo em São Paulo podiam caminhar sem pressa e falar sobre qualquer coisa durante a caminhada ele perguntou sobre as aulas no conservatório e Júlia contou sobre os desafios de se adaptar ao ambiente acadêmico depois de tanto tempo vivendo à margem ela descreveu os professores as horas dedicadas ao piano e a sensação de finalmente estar construindo algo próprio você deveria ter visto minha primeira apresentação disse Júlia com um sorriso orgulhoso eu

estava apavorada mas quando toquei a primeira nota tudo se encaixou Henrique a ouviu atentamente com os olhos fixos nela Ele amava ouvir Júlia falar sobre música Era como se ela ganhasse vida de uma forma diferente como se cada palavra carregasse o mesmo ritmo e paixão que ela colocava em suas melodias eu queria estar lá ele respondeu Mesmo longe sempre pensei em como você estava queria ter visto você brilhar ela parou por um momento olhando para ele você sabe que eu precisava fazer isso sozinha né eu sei Henrique disse com um pequeno sorriso Mas isso não

significa que eu não queria estar lá por você a reconstrução do amor deles aconteceu de forma lenta e cuidadosa cada encontro Parecia um pequeno tijolo sendo colocado em um muro que em vez de separá-los os unia Henrique começou a compartilhar mais sobre suas próprias lutas algo que nunca havia feito antes ele contou como foi difícil enfrentar sua família como se sentiu perdido após a partida dela e como decidiu mudar sua vida por completo criando algo que o fizesse sentir orgulho eu não queria que meu nome fosse só uma marca ou uma herança ele disse em

uma tarde enquanto tomava um café em um lugar simples queria que significasse algo real e foi você que me fez enxergar isso Júlia ficou em silêncio por um momento antes de responder eu nunca quis mudar você Henrique só queria que você visse que podia ser mais do que esperavam de você ele assentiu e eu vi agora quero ser mais para mim e para você apesar do Progresso também houve momentos difíceis em um jantar na casa de Henrique Cecília apareceu de surpresa embora ele Tivesse deixado Claro que não aceitava mais as interferências da mãe ela ainda

tinha dificuldade em aceitar Júlia foi uma noite tensa com comentários passivo agressivos de Cecília e respostas curtas de Júlia que tentou ao máximo manter a compostura depois que Cecília saiu Henrique se desculpou ela não deveria ter vindo eu vou falar com ela não precisa Henrique disse Júlia suspirando eu sabia que seria assim só preciso de tempo ele segurou a mão dela olhando nos olhos dela eu não vou deixar ninguém nos afastar de novo nem mesmo ela outro momento desafiador aconteceu quando Júlia foi convidada para tocar em um evento do conservatório e Henrique quis ir para

apoiá-la embora estivesse animada por ele querer estar lá Ela também sentia o peso de ser julgada não apenas como artista mas como a mulher ao lado de Henrique Castilho no final ela decidiu que valia a pena arriscar na noite da apresentação enquanto tocava olhou para ele na plateia e viu algo que a tranquilizou ele não estava ali para julgar e sim para aplaudir independentemente do que acontecesse depois do evento enquanto caminhavam de volta para casa Júlia finalmente falou sobre algo que vinha aguardando sabe nrique eu ainda fico com medo não de você mas do que

isso tudo significa a ideia de ser vulnerável de deixar você entrar de verdade é assustadora ele parou de andar segurou a mãoa e a puxou suavemente para mais perto eu também tenho medo mas acho que às vezes o medo é um bom sinal significa que importa ela sorriu o tipo de sorriso que era raro mas verdadeiro Você tem razão eu só preciso de você comigo eu nunca fui embora ele respondeu e nunca vou com o passar dos meses Eles foram descobrindo uma nova forma de estar juntos construída em respeito e compreensão não era perfeita e

talvez nunca fosse mas era real e para os dois isso era tudo o que importava era uma manhã Clara e tranquila e o som do piano preenchia o pequeno salão no centro cultural onde Júlia costumava praticar Henrique estava sentado na última fileira observando a tocar ele não queria interrompê-la apenas ficar ali capturando o momento havia algo quase Mágico em vê-la tão concentrada os dançando sobre as teclas como se cada nota fosse um pedaço de sua história Depois de alguns minutos ela parou e olhou para ele vai ficar me espiando ou vai falar alguma coisa Disse

com um sorriso no rosto Henrique riu levantando-se e caminhando até ela desculpa mas é difícil interromper quando você está tão incrível Júlia revirou os olhos mas o sorriso permaneceu você di isso porque nunca viu os erros que cometo quando você não está por perto então acho que preciso vir mais vezes para ter certeza de que está tudo perfeito respondeu Ele brincando apesar do Tom leve da conversa ambos sabiam que estavam em um lugar completamente diferente de onde começaram era como se finalmente tudo estivesse no lugar certo o passado havia deixado suas marcas mas eles aprenderam

a usá-las como um mapa para o futuro não era sobre esquecer o que aconteceu mas sobre criar algo novo juntos Júlia fechou o piano e sentou-se ao lado de Henrique sabia que tem algo que eu queria te perguntar há um tempo pergunte o que quiser ele respondeu curioso Você realmente acredita que conseguimos fazer isso dar certo quero dizer sem nos perdermos pelo caminho Henrique olhou para ela sério mas com um brilho de certeza nos olhos eu acredito sim porque dessa vez não estamos tentando agradar ninguém não estamos seguindo regras que não são nossas estamos apenas

sendo nós Ela ficou em silêncio por um momento absorvendo As palavras dele eu ainda me preocupo sabe com as expectativas com as coisas que podem dar errado e eu também admitiu Henrique mas sabe qual é a diferença agora estamos dispostos a enfrentar isso juntos não há mais eu ou você a nós Júlia sorriu tocando de leve a mão dele você Tem se tornado bom em falar essas coisas sabia anos de prática Ele respondeu rindo mas falando sério Júlia eu nunca estive tão certo de algo na minha vida eles saíram do Centro Cultural juntos caminhando pelas

ruas de São Paulo a cidade mais viva do que nunca ou talvez fosse apenas o Estado de Espírito deles que mudava a percepção passaram por lugares que traziam memórias boas e ruins e cada uma delas Parecia um lembrete de como haviam chegado até ali algumas semanas depois decidiram dar um passo ainda maior Júlia recebeu um convite para tocar em um evento importante em Salvador e Henrique a incentivou a aceitar você sempre disse que Salvador é onde você encontrou a si mesma ele disse então talvez seja o lugar perfeito para mostrar ao mundo quem você realmente

é Júlia hesitou no começo não era apenas sobre a performance era sobre voltar ao lugar onde começou sua reconstrução mas com Henrique ao seu lado ela sabia que podia enfrentar qualquer coisa no dia do evento o teatro estava lotado Henrique estava sentado na primeira fileira os olhos fixos nela enquanto Júlia subia ao palco ela respirou fundo antes de começar a tocar deix a música contar sua história cada nota era um reflexo de sua jornada as lutas as perdas as conquistas quando terminou a plateia explodiu em aplausos e jula sentiu uma onda de emoção que quase

a derrubou Henrique foi o primeiro a encontrá-la nos Bastidores Ele não disse nada apenas a abraçou e naquele momento ela soube que tudo estava bem eles tinham encontrado um equilíbrio uma forma de serem inteiro sem perder quem eram individualmente mais tarde naquela noite enquanto caminhavam pela orla de Salvador Júlia virou-se para Henrique acho que finalmente entendemos como isso funciona como assim ele perguntou olhando para ela eu e você respondeu Júlia Parando para olhar o mar não é sobre mudar um ao outro é sobre aceitar quem somos e construir algo a partir disso Henrique sorriu passando

o braço ao redor dela sempre soube que você era mais sábia do que eu ela riu descansando a cabeça no ombro dele então acho que estamos prontos para começar um novo Capítulo e estavam não porque tinham todas as respostas mas porque pela primeira vez estavam dispostos a escrever a história juntos uma página de cada vez ah