POR QUE A VERDADE VALE MAIS QUE A OPINIÃO? Prova histórica

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Bruna Torlay
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Video Transcript:
Todos nós temos opiniões; poucos de nós alcançam a verdade. Contudo, os homens mais marcantes na história do mundo são aqueles que alcançam a verdade, e os homens mais facilmente esquecidos são aqueles que exprimiram um sumo da opinião de seu tempo, ou seja, aqueles que não foram além das opiniões de seu tempo e que não puderam alcançar a verdade. Vou te demonstrar isso com um fato histórico.
Quem não me conhece, eu sou Bruna Torlai, professora de Filosofia. E eis aqui o paradoxo entre a verdade e a opinião: de que forma elas impactam o coração humano? Eu provo para você que a verdade impacta o coração humano de uma forma que as opiniões gerais, imprecisas e que não exprimem a verdade, jamais impactam.
Veja só: você já ouviu falar de Hípias? Você sabe quem foi Hípias? Ninguém sabe quem foi Hípias, e ninguém se importa com Hípias.
E Sócrates? Quando a gente fala o nome Sócrates, todo mundo pensa em algo; mesmo alguém que não tem apreço pela filosofia sabe quem foi Sócrates, sabe que Sócrates foi o pai da filosofia, o filósofo mais eminente, aquele condenado a tomar cicuta por ter falado boas verdades na Atenas de sua época. Agora, eu vou dizer uma coisa para vocês: Hípias, cuja memória só nos foi legada porque Platão escreveu sobre ele um diálogo — na verdade, dois —, foi um sofista da época de Sócrates.
Platão escreveu um diálogo chamado "Hípias Maior" e outro chamado "Hípias Menor", em que Sócrates interroga o sofista a respeito de assuntos diferentes, e só por isso a gente sabe quem ele foi. Na verdade, há alguns registros, alguns documentos, que o consideram um sofista importante, mas as pessoas, em geral, são poucas aquelas que conhecem Hípias; apenas os estudiosos de filosofia, história ou que estudam a sofística. De resto, Hípias não é importante, e muito menos o que ele pensou, porque o que ele pensou não foi suficiente para causar o impacto eterno no coração das pessoas.
Já Sócrates. . .
Sócrates é alguém que sempre será lembrado. Mas, na época, as coisas eram diferentes: Hípias era muito celebrado, muito famoso e tinha muito dinheiro. Ele era algo como um grande influencer hoje, que acumula milhões e milhões de seguidores e, evidentemente, tira disso o partido financeiro.
É algo desse tipo, e esses grandes influencers são espécies de veiculadores das opiniões gerais de seu tempo. São pessoas que têm uma enorme habilidade em entregar aquilo que os demais querem ouvir ou desejam ouvir; são justamente os promotores da opinião de sua época. Já as pessoas que falam a verdade têm uma relação diferente com os homens do seu tempo e uma relação parecida com aquela que teve Sócrates.
Sócrates foi aquele que reverenciou a verdade com mais seriedade em sua época. Sócrates serviu à verdade, e justamente por isso ele não era muito querido pelos seus contemporâneos. Diferentemente de Hípias, que acumulava seguidores, audiência e alunos, Sócrates foi condenado a tomar cicuta.
E vejam: só hoje em dia a gente sabe que foi Sócrates e pouco queremos saber de Hípias, porque as opiniões de uma época morrem com essa época; já a verdade, ela é imortal e atravessa o tempo. E é por isso que a vida de Sócrates, aquilo que ele viveu, aquilo que ele professou, aquilo que ele pensou, tem um valor eterno. O que tem valor eterno, no final das contas, é a verdade à que ele serviu, e por isso que nós nos lembramos dele: sabemos quem ele foi e sempre saberemos, enquanto que Hípias, por outro lado, assim como todo o conjunto de opiniões da sua época, já estava desde o início fadado a ser esquecido.
E essa é uma prova prática do valor distinto entre a verdade e as demais opiniões, opiniões que passam muito ao largo da verdade, que são rasteiras e que, em geral, nada mais são do que modismos de uma época ou visões passageiras incapazes de alcançar aquilo que a gente chama de verdades eternas. Os filósofos são pessoas que procuram alcançar essas verdades eternas porque sabem que elas são realmente valiosas no campo do conhecimento, do discurso, da conversa, do ensino, daquilo que nós podemos trocar uns com os outros. E os grandes, digamos assim, opinadores são apenas pessoas que buscam fazer sucesso, ter audiências e aumentar o seu poder.
E o paradoxo é o seguinte: eles podem ter tudo isso em sua época, mas tudo isso morre com eles. Aqueles que serviram à verdade, unicamente os que estão a serviço da verdade, podem, por outro lado, deixar à posteridade algo digno de não ser esquecido e, com isso, integrarem o que a gente chama de civilização. Quem você admira mais?
Ponha nos comentários para mim: Sócrates ou Hípias? E que tipo de pessoa você deseja ser? Diga sinceramente: você prefere ter tudo o que você puder, todo poder, toda influência, enquanto você estiver vivo, ou servir à verdade e conseguir viver para aquilo que existe de mais valioso, e, com isso, se tornar parte do que é eterno?
O que você prefere? Me diga nos comentários.
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