A inteligência humana nem é angélica, nem é angelical, nem é como a dos anjos, como quereriam Platão ou Descartes; nem é como tantos querem hoje. Apenas um modo de conhecer, animal melhorado. A diferença de grau seria só de grau entre a inteligência humana e o que eles chamam de inteligência animal, mas não é nenhuma coisa, nem angélica, nem um algo animal melhorado.
Está sim estreitamente vinculada à nossa inteligência, ao nosso corpo e, em particular, ao nosso cérebro. Depende dele, do cérebro, como causa antecedente ou causa predisponente, mas tem uma operação que lhe é própria e que não se confunde com a operação cerebral. Diga-se isto contra o que diz a maioria dos neurocientistas, naturalmente.
Como diria, em linguagem técnica, Santo Tomás de Aquino: nossa inteligência é perda por acidente sensível, mas é essencialmente espiritual e é de uma complexidade imensa, não só em si mesma, senão que em sua relação com o nosso corpo e, em particular, com o cérebro. A interação entre cérebro e mente, entre cérebro e inteligência, é quase constante. Daí os reflexos psicossomáticos de acidentes cerebrais e coisas que tais.
Então, repito: nem somos de inteligência angélica, nem de inteligência animal, apenas melhorada, um grau superior. Não é algo próprio; isto eu explico em particular em meu novo livro "Do Verbo Mental ao Verbo", escrito né? Mas o que importa dizer hoje aqui é que nossa inteligência não é redutível a algoritmo.
Nossa inteligência não é binária, ou zero ou um; ocupa de modo potencialmente infinito tudo quanto haja entre zero e um. Não é binária. Por isso é que a chamada inteligência artificial não é inteligência.
A inteligência artificial é redutível a algoritmo e é binária. Tudo quanto possa parecer prodigioso na inteligência artificial depende de um exército de inteligências humanas a programá-la, a operá-la. Não tem autonomia, não é por si; é uma obra artificial e, nesse sentido, o nome artificial está bem, né?
Pode admitir-se o nome inteligência por certo aspecto, desde que se compreenda que se trata de algo artificial, produzido, programado por inteligências humanas verdadeiras. Nada, absolutamente nada do que faça a inteligência artificial deixa de ser, de algum modo, programado pela inteligência humana. Nada, absolutamente nada.
Este é um mito urbano, o de que a inteligência artificial se iguala ou se igualará à inteligência humana. Este mito está expandido já há muito tempo. Lembrem-se do computador com vontade própria do filme "2001: Uma Odisseia no Espaço", né?
São mitos. Se algum dia a inteligência artificial derrotar um ser humano, é porque outro ser humano a programou para tal. Um amigo disse-me que a inteligência artificial lhe tinha mentido várias vezes e, ao cabo disto, lhe tinha pedido perdão, sim, porque a amaram para que assim agisse.
Então, deixemos de contos de fadas urbanos modernos como este. Os próprios neurocientistas são unânimes em afirmar que a inteligência artificial não é inteligência, embora a maioria deles continue a afirmar que a nossa inteligência se reduz ao cérebro, ao cérebro, coisa que está equivocada. Mas um deles diz que não pode.
A inteligência artificial não é inteligência porque a inteligência é um resultado orgânico, é o oposto. Nossa inteligência não é produto do organismo, do corpo humano, da matéria de que se compõe o corpo humano. Mas, deixando-o de lado, e como o assunto hoje é a inteligência artificial, repita-se que isto é mito urbano, né?
Naturalmente, muitas profissões se acabarão com a inteligência artificial, assim como muitas profissões acabaram com o simples computador; nenhuma novidade nisso, é parte da economia, é uma questão econômica. Mas atenção: assim como o computador em geral, mas muito mais gravemente, a inteligência artificial tem servido e servirá para coisas falsas, para lançar livros escritos não por homens, mas por inteligência artificial, livros traduzidos não por tradutores, inteligência artificial, com resultado pífio, desonesto, que, no entanto, enganarão sempre muitos incautos na internet. Em geral, é o reino do fake, do falso, da mentira.
Quanto mais não o será, é o reino da inteligência artificial. Então, é um problema real, é um problema real. Mas isto não quer dizer absolutamente que todos os prodígios de que seja capaz a inteligência artificial sejam resultado de uma inteligência.
Não ser que se entendam que são resultado de uma inteligência verdadeira, que é humana. Repito: a inteligência artificial se reduz a algoritmo e é binária, coisa que absolutamente a inteligência humana não é. Aliás, nem sequer o cérebro animal o é, nem sequer o cérebro animal o é.
Mas raciocinem um pouquinho. Creio que seria consensual que a inteligência artificial não poderia brotar do nada, por si mesma. Seria impossível, no deserto do Saara, aparecer a inteligência artificial por si mesma.
Há de ser produzida, há de ter sido produzida por uma inteligência. Pois bem, pergunte-se você honestamente se assim é: de onde surgiu a inteligência verdadeira? A inteligência humana brotou do nada, num deserto, como resultado das forças cegas da matéria?
É o que quer o ateísmo e o evolucionismo atual. Mas, obviamente, isto é um absurdo. Pergunte-se você a si mesmo, você que cai na conversa do evolucionismo.
Pergunte-se a si mesmo como teria podido surgir a inteligência humana, se nem sequer isto que se chama, só de certo modo, inteligência e que é artificial, é incapaz de surgir por si mesma. E isto que é muitíssimo inferior, pode-se dizer quase infinitamente inferior à inteligência verdadeira. Isto que não pode surgir por si, como teria sido que aquilo que a produz tivesse surgido por si ou como resultado de forças cegas da matéria?
Não é possível. Mas fico hoje por aqui. É um breve vídeo e apenas insisto: não se impressionem com os prodígios da inteligência artificial, porque, em verdade, em verdade, são prodígios, são resultado da inteligência humana, para o bem ou para o mal, mas resultado dela.
Muito obrigado pela atenção e até nosso próximo vídeo.