oi bom dia e aí é bom chegamos ao final do nosso curso democracia pode ser assim história formas e possibilidades e coube a professora lucília de miguel a realização da última aula que se sente a tua formas de organização política partidos sindicatos e movimentos sociais hoje nessa aula luiz felipe discutir as múltiplas formas de organização política e seu papel na construção dos sentidos atuais da democracia além disso explorará a maneira como os partidos políticos sindicatos e movimentos sociais organizados se posicionam entre si e perante as instituições em processos movidos por contradições professor luís filipe miguel
é professor titular da universidade de brasília coordenador do grupo de pesquisa democracia e desigualdades o demo de bom e é autor entre outros entre outros do livro democracia representação dominação e resistência este publicado pela pela boitempo em 2018 e o colapso da democracia no brasil pública desse ano a aula vai tem duração de ir por volta de uma hora e em seguida a gente passa as questões de vocês obrigada pelo seu carinho e aí e obrigado daniela primeiro lugar bom dia a todas é um para mim é um é uma satisfação tá aqui também desafio
a responsabilidade de encerrar um curso que contou nas aulas anteriores com a participação de pessoas estão respeitadas tão importantes do pensamento crítico no brasil e o meu tema o tema que me coube é formas de organização política é um é um tema bastante amplo e apresentar de uma maneira neutra mais o meu interesse é um é o na organização política voltada a transformação do mundo certo quer dizer a organização política dos grupos dominados aqueles que carregam o projeto de construção de uma sociedade diferente isso não apenas por um ar por uma posição é política mas
também porque a questão da organização política é muito mais crucial para esses grupos para os grupos dominados do que para os grupos dominantes porque afinal os grupos dominantes ele já organizam o próprio mundo social os seus interesses ele já estão refletidos nas as instituições de gentes é nesse mundo social então é para eles para os grupos dominantes é muito menor necessidade de uma organização política própria para expressar seus interesses por exemplo necessário um movimento organizado para a produzir a reprodução do sexismo na nossa sociedade é a o sexismo já se reproduz nas próprias instituições os
comportamentos que são produzidos por essa pelo mundo social tal como existe no entanto para as mulheres lutarem contra o sexismo é necessário uma organização própria certo para lutar contra a dominação masculina para obter os seus direitos da mesma forma a gente pode pensar que o capital a rigor não precisa de partidos políticos para expressar os seus interesses na verdade isso é algo que já é lembrado há muito tempo grande escreveu isso que deu o capital se organiza diferentes formas com diferentes agências não precisa ser partidos enquanto tá os próprios partidos que expressa o interesse do
capital eles vão sendo substituídos conforme é olá e as circunstâncias do momento na verdade o capital articula os seus interesses de diferentes maneiras dentro e fora de partidos mais o trabalho é por outro lado precisa de estruturas que funcionam em de maneira a que o que ele defina o que são seus próprios interesses e encontro e formas de agir em defesa deles que organiza e portanto a sua atividade política ah é então feito esse esse breve preâmbulo eu diria que o drama que a gente vive hoje e a minha aula que vai se estruturar interno
dos desafios do momento atual ea partir desse desafio recuperar um pouco a história dessas organizações mas então o drama atual é que a gente tá vivendo um momento que é o momento de agravamento das contradições do capitalismo tá com a exacerbação dos elementos mais regressivos dessa ordem social com ampliação da desigualdade com a ampliação da violência mas ao mesmo tempo que a gente vive um momento de crise também das organizações políticas com projeto nasci para tório das organizações políticas vinculadas aos grupos sociais é dominados são ambos fenômenos globais é mas que se expressam no brasil
com características peculiares então é para situar um pouco essa condição atual é o observa que nas últimas décadas a gente vive um agravamento das contradições do capitalismo cujo indício mais evidente é uma crise é bastante profunda da economia global e uma crise continuada o seu último momento de agudizamento dura já mais de 10 anos certo com a dificuldade de uma retomada do crescimento econômico ao mesmo tempo esse capitalismo se apresenta como uma ordem social sem rivais com colapso do mundo suave ético o final do século passado tornou-se um lugar comum de que não existiriam alternativas
possíveis ao capitalismo e isso vem combinado os dois os dois fatores eles de alguma maneira dialogar entre si com o avanço de uma visão de mundo que a gente chama da visão de mundo neoliberal que é eu vou voltar ela mas que tem como uma de suas características pelo seu desprezo pelos valores da igualdade social uma de suas características é fazer com que o apetite das classes proprietárias aumente ou seja que aqueles que já sempre ganharam eles reivindiquem para cima fatinha da maior da riqueza produzida na sociedade então a gente tem uma situação de ampliação
nas últimas décadas pelo mundo afora e da desigualdade da concentração da riqueza e uma pauperização é da das parcelas mais de favorecidas da sociedade e isso com estado capitalista atuante uma maneira cada vez mais aberta em favor dos interesses dos proprietários com as políticas de austeridade que são na verdade políticas de transferência da renda dos mais pobres para os mais ricos as políticas de austeridade sendo adotadas e tendo como um dos seus principais e mais imediatas consequências o desmonte dos estados de bem-estar social que era exatamente aquelas medidas que é ao longo da história de
um sido construídos para garantir algum grau de segurança para a classe trabalhadora e para os mais pobres bom então o que a gente tá vivendo uma situação em que a classe burguesa está estreitando o espaço que ela conseguia para o apaziguamento do conflito social ou seja se reduz a parcela de concessões da classe burguesa é e a população trabalhadora aos mais pobres as concessões tenham menos nos países centrais garantinha algum grau de integração social e algum grau de estabilidade ao sistema então o avanço diz que a gente chama de a doutrina neoliberal a visão de
na liberal ela vai estender ao paroxismo a lógica socialmente predatória do capitalismo negando validade a qualquer uma das tentativas de controlar essa lógica predatória a partir da defesa de outros valores considerados socialmente é importantes então os mecanismos de proteção aos mais vulneráveis mecanismo de bem-estar vão é recuando em nome não apenas de pretensos imperativos econômicos mas em nome também de uma nova moralidade baseada na competição no mérito individual uma moralidade que é e ao apresentar concorrência interpessoal como sendo o único fator existentes na sociedade organizar as relações sociais nega espaço a qualquer forma de solidariedade
ii e na vida política em sentido mais estrito esse é o momento daquilo que está sendo chamado de desdemocratização é quando as instituições da democracia liberal vão se tornar cada vez mais apenas uma fachada para um sistema que se torna absolutamente incapaz de responder às pressões das maiorias elas nesse inscrições então elas são desprovidos de efetividade na medida em que decisões centrais por exemplo sobre a condução da política econômica elas são retiradas do espaço de influência democrática e são submetidas a uma lógica diferente e eventualmente essas instituições podem inclusive ser descartadas quando por algum motivo
os seus resultados não agradam aos grupos dominantes então nós temos casos em que por os resultados de plebiscitos são deixados de lado plebiscito na grécia em 2012 é o caso mais conhecido a população votou contra a política de ajuste fiscal e no dia seguinte essa política foi implementada ou resultado de eleição em são descartados presidentes eleitos são derrubados em procedimentos que podem seguir formalmente a as regras vigentes mais que na sua essência contrariam o espírito da da democracia liberal tá o brasil evidentemente é um exemplo e aproveitando essa esse momento aí de confusão e de
uma ampliação até mesmo desespero no mundo social a extrema-direita tem avançado no mundo todo e como a gente sabe no brasil é também no nós e no caso brasileiro a gente vive uma versão particularmente violenta desse processo inclusive porque na verdade nós nunca tivemos completamente formadas as instituições que estão sob ataque tá então no caso brasileiro a democracia liberal o império da lei o regime de direitos o estado de bem-estar social nada disso esteve plenamente constituído sempre foram precários a gente estava vivendo ainda um processo bastante contraditório bastante é e conflituoso de construção dessa institucionalidade
quanto vem o golpe de 2016 com todas as suas consequências chegando por fim a eleição viciada por elas ilegalidade de 2018 é vitória tu jair bolsonaro a gente é tem um processo de acelerar a destruição de algo que na verdade ainda não havia sido concluído ela tem uma canção do caetano veloso do final do século passado em que ele fala das ruínas de uma escola em construção e eu acho que essa metáfora serve porque a gente vive no brasil hoje a gente está nas ruínas de uma democracia em construção certo que está sendo destruído nunca
tinha sido concluído então nesse momento mais do que nunca são necessários instrumentos para organizar as a criativa para fazer a disputa dos corações e das mentes em suma instrumentos que sejam capazes de portar o projeto de emancipação social e de torná-lo é passível de efetivação na realidade no entanto e essa acho que é uma angústia é compartilhada por muitos esses instrumentos tem no brasil de hoje se mostrado muito aquém daquilo que a conjuntura está exigindo existe revolta existe indignação essa revolta indignação às vezes explodem em grandes manifestações públicas mais existe uma dificuldade muito grande de
converter essa insatisfação numa ação política continuada é em muitos círculos então impera um desânimo impera o fatalismo impera a desconfiança em relação às o rosto deveriam ser capazes de liderar essa luta e os grandes instrumentos políticos que nós herdamos do século 20 estão em crise que são partidos e o sindicato ah eu acho que isso é algo é o planeta já conhecido vai ser o que eu vou procurar desenvolver é aqui e nós temos ainda é completando o título dessa fala os movimentos sociais que um rótulo na verdade bastante heteróclito né a gente tem aí
é um rótulo não preciso que designa uma grande quantidade de fenômenos às vezes bastante diversas entre si mas que nesse momento eu vou também desenvolver um pouco isso esses movimentos sociais embora muitos deles sejam capazes de absorver uma parcela das energias transformadoras presentes na sociedade e eles ainda encontra dificuldade para dar voz a um projeto alternativo global é é é de sociedade ah então não é que falsa ativismo eu acho que o que falta é coordenação a coordenação é insuficiente e portanto a efetividade da ação se mostra em boa parte dos casos em satisfatório existe
um amplo espectro de organizações menos ou mais formalizadas a gente tem associações têm coletivos têm redes é que podem estar direcionados a mudanças mais abrangentes ou mais localizadas pode se vincular ou não a visões ideológicas é mais amplas podem focar em ação direta ou é um processo de conscientização podem buscar parcerias com com outros agentes seja parte da área ou seja no próprio estado ou podem fugir dessas parcerias então existe uma multiplicidade de organizações e que isso evidentemente não é um fenômeno novo mais que tem adquirido nas e as características é próprias inclusive porque essas
organizações e isso é um ponto que eu acho que é importante a gente pensar essas organizações elas vão se pautar por um conjunto bastante diverso e por vezes com pouco diálogo entre si de agendas e de pautas e isso vai ser discutido na literatura da ciência política já a partir um dos anos 60 e 70 do século passado vai se difundindo uma parte da sesa política a noção de que o mundo social estava sendo tomado por novos tipos de ativismo político que teriam como elemento central da sua novidade o fato de que as suas preocupações
eram preocupações mais culturais ou mais identitárias como se vai dizer depois e menos materiais tá então é um cientista político influente ou empurrar ele vai cunhar o rótulo de movimentos pós-materialistas a gente estaria passando por uma situação em que as questões materiais elas ficam em segundo plano e as preocupações são preocupações então mais culturais mais o ou para usar a palavra do próprio angel heart estéticas das teresópoli tica estetizada tá e um dos principais componentes dessa reorientação seria a aspiração por auto-expressão bom então nós temos cada vez mais com o motivação para são política à
vontade individual de cada um de se expressar no mundo é social e essa tese é uma tese que tem uma série de apostas subjacentes algumas são explicitados outras permanecem implícitas mais uma das mais importantes dela seria que o pós-materialismo essa nova motivação para ação política ela viria da prosperidade nos países capitalistas centrais as prosperidade que era verdade a condição necessária para que a gente possa ter uma política pós-materialista para as pessoas já teriam as suas questões materiais resolvidas tá então é claro quer dizer nessa visão ainda que o capitalismo permaneça ainda que permanecendo o capitalismo
permaneçam os fenômenos da exploração do trabalho fenômeno da alienação isso é desimportante porque o que é necessário é garantir as pessoas um grau de segurança o material então a visão para materialista entende que as estruturas e distribuição da propriedade da riqueza elas não são mais um tema político central é porque o conflito em relação a elas já teria sido superado superado pela difusão na sociedade de uma certa é de uma certa prosperidade tá essa visão de base é uma visão ele sentimento equivocado já era equivocada quanto foi expressa nos anos 70 do século passado e
mais com a crise da economia global consequente aumento da desigualdade o material e também da pobreza mesmo nos países capitalistas centrais o a ilusão da forma atualidade já fica mais é do que evidente ah mas por que que eu tô me referindo a essa visão que a meu ver é uma visão já claramente vem cida porque ela influencia muito do entendimento que existe hoje sobre a organização política mesmo a esquerda tá eu vou apresentar dois pontos que eu acho que são centrais que mostram como nossa visão é de alguma maneira contaminada pelas velhas teorias do
pó materialismo primeiro existe uma confusão entre a observação de uma capacidade fraco uma capacidade de descendente de uma determinada clivagem organizar a luta política pensa aqui na questão de classe certo é nós temos ao longo das últimas décadas uma redução da capacidade que a divisão de classe tem que se expressar politicamente ah tá é e essa contratação ela vai levar e essa confusão a postulação da sua efetiva e relevância política e no entanto não é porque a gente tem uma maior dificuldade de expressar politicamente a divisão de clássica divisão de classe se tornou politicamente relevante
nós podemos pensar na verdade exatamente o contrário tá a dificuldade de expressar politicamente o conflito de classe é a demonstração de um determinado triumph de lógico que apenas reitera a central a centralidade da divisão de classes na explicação do mundo social se a gente pensa assim até do povo materialismo deve ser analisado então não como esforço científico de compreensão do mundo social mais comuns dos dispositivos ideológicos que trabalham para esvaziar a relevância do pertencimento de classe na produção das adesões é política e o segundo ponto que é talvez ainda mais importante essa é a divisão
que se tornou em alguns círculos quase um senso comum entre as chamadas pautas identitárias e as pautas materiais que são basicamente as pautas de classe tá fica implícito em boa parte dessa discussão que nas lutas e dentárias o objetivo principal é a busca por reconhecimento certo reconhecimento das identidades que devem ser socialmente valorizadas ea luta por redistribuição material fica em segundo plano então se torna cada vez mais frequente a percepção que vem aí determinadas correntes da filosofia política de que o motor do conflito social do conflito social é a busca por reconhecimento é e a
busca por reconhecimento por parte daqueles que não recebem reconhecimento dos outros a sociedade e por não receber esse conhecimento deixam de ser tratados como seres humanos iguais aos outros e são portanto vítimas do desrespeito e sofrem se diz respeito e esse desrespeito que os mobiliza para a ação é a política então acesso à riqueza material acessa a luta por redistribuição da riqueza material aparece na verdade nessas visões como algo secundário seria um seria buscado porque o acesso à riqueza é um índice do reconhecimento social ah tá se eu sou condenado a privação é porque os
outros não me reconhecem como ser humano igual aos outros eu não sou aceito plenamente como igual por isso a minha privação ela é aceitável essa virada em favor do da primazia do reconhecimento sobre a redistribuição material ela se tornou tão influente que até mesmo autores é vinculado ao marxismo mais ortodoxo alguns se rendem a ela e tentam apresentar marx como o grande precursor da defesa do reconhecimento como motor da luta social e eu tô me referindo aqui ao recentemente falecido autor italiano domenico losurdo tá eu acho que sob certo ponto de vista essa disco e
ela é meio meio sem sentido tá porque na verdade a buscar por acesso ao bem-estar material e o sentimento de desrespeito a minha humanidade quando esse acesso minha negado costuma andar juntas o não reconhecimento tanto pode ser o motivo da recusa a garantir o acesso à riqueza alguns quanto pode ser a justificativa criada para legitimar essa é a recusa no entanto para a prática política dos grupos dominados a primazia é concedida ao reconhecimento tem consequências e a primeira consequência que ela pode levar a privilegiar a busca do reparações simbólicas busca por melhoria de status social
na expectativa de que a redistribuição da riqueza é automaticamente se seguir a essas separações é simbólicas em suma o que existe a disseminação de uma compreensão de que a disputa relativa ao controle da riqueza ea organização do mundo material não é o principal elemento de definição dos conflitos políticos e quando eu falo não é para alguns pensadores nunca foi para outros não é mais mas seja como for hoje é não seriam as vezes isso é vinculado a noção de como eu falei já está ultrapassada de que a prosperidade se generalizou por tantos a disputa pela
riqueza material se torna menos relevante às vezes é vinculada a uma visão de que a economia mudou a ideia de economia e material que a maior fonte de tinta riqueza é o conhecimento não for a entrar nisso mas independentemente das razões que sustentam essa percepção eu creio que a gente pode falar que ela está baseada numa compreensão muito restrita do que é a materialidade tá porque em que medida as pautas dos movimentos considerados identitários não são materiais certo pegar por exemplo movimento feminista em que sentido as pautas do movimento feminista deixaram de estar na coradas
no mundo material e tá mesmo que a gente considere que nós sociedades ricas é o movimento de mulheres deixou de reivindicar por exemplo salário igual para trabalho igual o creches e outros equipamentos públicos é que permitam o acesso das mulheres à esfera pública é isso não é verdade não deixou de reivindicar essas faltas continuo mas é a luta pela transformação na divisão sexual do trabalho a luta pela autonomia sobre o próprio corpo a luta contra violência são pautas evidentemente materiais certo são pautas são coradas da materialidade da eu falei aqui do movimento feminista mas eu
poderia falar do movimento lgbt podia falar do movimento negro são movimentos que evidentemente tem um componente nós podemos o estádio que se orientam pela obtenção de direitos mas as suas faltas não estão desvinculados da materialidade seja no sentido da integridade física de um componente importante da materialidade seja no sentido do acesso é a riqueza social e mesmo movimento ambientalista que vai ser apresentado uma parte da literatura como exemplo de um movimento é o que está afastado da maternidade é o movimento profundamente material tem a ver com a relação da humanidade com o mundo natural eo
ambientalismo consequente é a e aí grandemente tem que confrontar o capitalismo certo outro dia a rita rato que a deputada é uma deputada portuguesa ela deu uma entrevista uma frase que ela disse que é o ambientalismo que não pensa na luta de classes é jardinagem eu achei essa frase lapidar porque é isso mesmo que ele será a questão ambiental está profundamente indicada com o problema o problema dos efeitos da economia capitalista no mundo que a gente vive ah é então na verdade o que você tá falando quando se fala da superação da agenda material na
verdade é o que está querendo dizer é que a clivagem de classe deixou de ser relevante certa divisão de classe deixou de ser organizadora do conflito político por motivos que se vinculam a mudanças tanto na estrutura social quanto na paisagem e ideológica do mundo capitalista tá mas existe aí também um gradiente de posições que a gente deve levar em consideração lugar que a desigualdade de classe não é mais capaz de explicar toda a disputa política e é bem diferente de julgar que ela se tornou irrelevante tá porque não apenas a questão de classe não se
tornou relevante é como ela é importante para produzir agenda emancipatória também de grupos definidos por outros eixos de dominação e de opção tá como os eixos de gênero ou de raça ah eu acho que basta a gente evocar o pensamento da silva frederico eu da angela davis para citar duas autoras presentes nesse seminário para sustentar a necessidade de incluir classe como categoria central seja uma reflexão feminista seja na reflexão anti-racista é bom então essa peça da forma materialidade que já era precisa quando foi formulada a assistir ao curso da história a partir do final do
século 20 mesmo dos países da europa ocidental o desmonte dos estados de bem-estar social vai acirrar novamente conflito distributivo e vai atingir a disputa política de elementos encontra o gás a mente materiais e classes as mesmo que expressos de maneiras complicadas tá então o que eu quero dizer que mais do que um eventual o salto na pós materialidade mas ou na superação da importância do conflito de classes é o que esse cenário está nos mostrando é uma crise generalizada do vínculo representativo que ligava as organizações tradicionais da esquerda e as suas bases em particular partidos
e sindicatos e se trata mais do que simplesmente uma crise da representação política eu acho que existe uma crise de representatividade no sentido que as identidades sociais não parecem mais serem apreendidas pela gramática representativa o pingente que aquela que a gente herdou é do século 20 ah tá é então se a gente pensarmos na carinho representativos que a gente herdou das batalhas políticas do século 18 19 e finalmente se configuram se cristalizam no século 20 elas pressupõem formas de produção do conflito e formas de produção das identidades individuais e coletivas que vão corresponder menos cada
vez menos ao tecido social contemporâneo temos refiro em particular a três questões primeiro a ideia de que a luta política ela se está disposta em um único eixo bidimensional ah tá então nós temos um paulo aqui outros paulo aqui e a disputa política cidade esse único este segundo o postulado de que cada pessoa vai ser capaz de produzir uma identidade única unívoca que vai portanto permitir que ela tenha uma decisão política também unívoca e em terceiro o enquadramento dos problemas na moldura dos estados nacionais ou menos esses três elementos eles estão saindo do lugar vamos
dizer assim então primeiro a bidimensionalidade da política da qual um disso é o uso da metáfora esquerda direita certo então a metade fica direita é um exemplo de que a gente leia a política ainda como sendo é bidimensional ela se vinculava ao fato de que os principais elementos de divisão política ele se sobrepunham e de uma maneira quase perfeita tá então tem uma série de extinção do norberto bobbio que foi o cientista político italiano de que o que define o eixo esquerda direita é a questão da igualdade ah eu acho que como uma definição operacional
ela é bem razoável quando a gente vai dar igualdade substantiva para igualdades oportunidades a igualdade de oportunidades para a defesa da desigualdade como reveladora de méritos diversos a gente de fato a caminho da esquerda para a direita tá mas quando a gente inclui outras categorias centrais como por exemplo a defesa mais os interesses do trabalho dos interesses do capital ou a defesa da laicidade do estado que são os elementos que vão estruturar a disputa por isso no século 18 19 em grande parte do século 20 a gente tem uma sobreposição clara entre o polo da
esquerda é e o polo da direita que tem esquerda representa aria um o amálgama mais ou menos homogêneo de posições e direita o seu polo oposto essa homogeneidade estaria em crise e isso vai ser discutido por diferentes vertentes da teoria política então tem autores por exemplo se tá aqui o muriqui beck que é um cientista político alemão que em vez da questão igualdade desigualdade ou trabalho capital ou já política se organizaria em torno das questões seguro ou inseguro é dentro ou fora e assim porque eu acho isso muito mais uma cortina de fumaça eu prefiro
entender que na verdade a gente pode ressignificar a esquerda e direita como sendo polos vinculados às visões antagônicas em relação aos padrões de dominação presente no mundo social certo então direita e a representarem um projetos emancipatórios ou projetos de reprodução das dominações vigentes no momento em que cresce a percepção de que esses padrões de dominação estão vinculados a diferentes eixos de desigualdade ou seja que eles não derivam automaticamente da divisão de classes a unidade desses polos se torna mais complexa então passa a ser necessária é crucial sobretudo para a esquerda uma capacidade de articulação entre
pautas diversas que construa um programa à esquerda capaz de vincular esses múltiplos polos é estritamente ligada a isso tá o segundo ponto que eu indiquei que é relativo a construção de sujeitos quer dizer a organização bidimensional da disputa política ao mesmo tempo refletia e favorecia a emergência de identidades políticas que também espelhavam único eixo de diferenças quando isso entre crise quando as nossas identidades elas passam a incorporar diferentes é o eixos é se torna mais difícil que eu me sinto representado por um único líder por um único movimento por uma única organização porque eu mesmo
não me esgoto nessa identificação parcial tá então quando a gente reconhece a relevância de múltiplas formas de dominação presente na sociedade fica claro que a dominação de classe deixa de ser suficiente no centro ela não seja mais necessária mas deixa de ser suficiente para alavancar a ação política tem alguma maneira e isso é fruto das conquistas do próprio movimento operário tá então que quando alguma simplificação né mas é preciso dizer que quando o capitalismo impõe a jornadas de trabalho de 16 horas diárias e um salário limite da subsistência faltava o proletário a condição de ocupar
qualquer papel na sociedade que não fosse de proletário certo é a condição operário absorvo ia é integralmente bom então na medida que esse cenário muda e o trabalhador se liberta parcialmente da condição operária ganhando mais tempo livre tendo acesso a condições materiais um pouco melhores ele está livre para assumir outras posições de sujeito que vão ser então ganchos para outros engajamentos políticos diversos e mesmo é potencialmente contraditórios o nosso modelo de representação política eles são cora no pressuposto do indivíduo que tem o interesse único e inclusive a regra da democracia né é uma pessoa um
voto a ideia de que eu tenho a expressão de uma vontade política é única quando as identidades são mais de centradas esse mecanismo ele se torna cada vez menos incapaz de expressar politicamente aquilo que eu é quero então quando a gente está falando de política de identidade tudo de identidade ela não pode ser entendido como resposta essa crise na verdade ela sinaliza que múltiplas identidades estão disputando presença na esfera política mas os seus porta-vozes são sempre representantes em completos das suas próprias bases porque suas bases são formadas por indivíduos que não se esgotam naquela faceta
específica do seu ser no mundo social é uma crise portanto é uma crise só do movimento operário mas é uma crise de toda hra a política fundada na presunção da unidade de grupos entre os grupos sociais homogêneos e seus porta-vozes e oi e o terceiro elemento que vou falar muito rapidamente se liga ao fato que a despeito dos brados de internacionalismo que vende desde o século 19 as organizações políticas elas tendem a permanecendo coradas nos territórios nacionais o que é razoável porque os locais formais de poder continuam também acorados nos estados nacionais mas os problemas
são cada vez mais compreendidos como ultrapassando essas fronteiras que não são problemas portanto resolvíveis dentro dessas fronteiras e ao mesmo tempo com novos fluxos de comunicação novos fluxos de informação novos processos de formação de sociabilidade os é as próprias identidades e alguma maneira se transnacionalização mais os mecanismos representativos continuam restritas aos espaços nacionais e então ocorre dois fenômenos convergentes por um lado existe uma consciência crescente dos problemas dos mecanismos de representação política tá que eles são capturados por interesses específicos que eles são permeáveis à influência do dinheiro que os representantes tendem a se tornar independente
das suas básicas chamada crise da representação mas por outro lado existe uma crise dos pressupostos que sustentavam os mecanismos representativos que é o que eu chamo então de crise de representatividade é do mundo social dito isso eu vou partir para algo mais focado na crise o primeiro dos grandes instrumentos de ação política com intenção é de resistência de transformação que é a crise do sindicalismo ah tá aqui também não é exclusiva do brasil certo e que possui causas múltiplas é a primeira causa que é importante lembrar que o sindicato como diz a sociologia o sindicato
é um organizador secundário da classe trabalhadora a classe trabalhadora organizada primeiramente pelo capital na forma de força de trabalho a fim de produzir a riqueza depois disso é que a classe trabalhadora busca organizar a si mesma e daí se formam e sindicatos com objetivo de defender os seus direitos e embora o capital zinha depois da formar os seus próprios sindicatos patronais eles são mesmo relevo menos relevante porque afinal os patrões não têm grande dificuldade de identificar o que querem tá eles querem a ampliação para seu próprio lucro já os trabalhadores precisam definir a cada momento
o que que vão priorizado a sua agenda se aumento salarial você tempo livre a segurança no emprego você melhoria das condições de trabalho por exemplo e portanto os trabalhadores precisam de instrumentos de diálogo entre si mesmos é para produzir a sua própria agenda política e o sindicato é em primeiro lugar a organização que vai propiciar esse diálogo tá bom então primeiro alimento para a gente entender a crise do sindicalismo é a mudança acelerada na organização primária da classe trabalhadora isto é da maneira como capital dispõe da força de trabalho para produzir riqueza tá as relações
de trabalho tem se modificado muito e muito rapidamente nas últimas décadas sobre o impacto paralelo da revolução tecnológica e da chamada globalização e são mudanças que fragilizam a posição do trabalho diante do capital está gente tem uma aumento do desemprego estrutural a gente tem uma facilidade relativamente maior de transferência das plantas produtivas de um local para o outro e a gente tem a difusão de novas relações laborais relações flexíveis que na verdade são relações precarizados tá esse fenômeno tem sido muitas oi querido com o nome de uberização do trabalho certo é só mudanças todas que
aponta na direção da fragilização da capacidade de reação do trabalho diante do capital os trabalhadores precarizados com trabalhos intermitentes no trabalho de tempo parcial têm maior dificuldade de organização e tem menor vinculação a própria identidade de classe são também por isso mais oneraveis ao discurso ideológico do neoliberalismo que vai procurar exatamente afastá-los cada vez mais de um entendimento de si próprio como trabalhadores a gente sabe que o trabalhador despido de todos os seus direitos do trabalhador na situação mais precário o trabalhador mais vulnerável ele é sempre levado a ver a si mesmo como um a
informação como um empreendedor certo então essas novas é relações laborais elas reduzem a produção de acidentado de classe e elas ao mesmo tempo como elas são feitas de forma mais isolada de forma mais intermitente elas atrapalha a formação dos laços interpessoais entre os próprios trabalhadores bom então isso impõe uma série de desafios para os próprios sindicatos como que eles vão ser capazes de cumprir as suas funções de organizar diz permitir o diálogo é a incluir esses novos trabalhadores e é importante observar que ao lado disso existe também o crescimento das políticas repressivas do patronato investido
do patronato contra sindicalização a que acontece pelo mundo afora e que no brasil dos últimos anos conta ainda com apoio do estado a esse processo que a gente teve várias medidas que dificultam a ação dos sindicatos sendo tomadas inclusive a retirada abrupta e não negociar das formas predominantes de financiamento do sindicalismo no brasil é mas por outro lado os sindicatos sofreram também um processo de burocratização certo esse processo tem diferentes dimensões é bom e no caso brasileiro esse processo vai ser acentuado com a incorporação de um grande contingente de lideranças sindicais a ao estado brasileiro
nas administrações do pt certo o estudo feito sobre o primeiro governo lula mostra aqui metade dos cargos de confiança do governo federal foram ocupados por sindicalistas naquele momento certo 2003 tá é claro que a presença desses e sindicalistas no governo federal abre espaços de negociação assinalava que haveria algum tipo de sensibilidade as demandas dos trabalhadores mas ao mesmo tempo inibe as formas de pressão mais é ostensivas então a gente viveu no brasil nos anos os governos de centro-esquerda um refluxo da mobilização da classe trabalhadora e esse fluxo tem vários motivos mas esse processo de incorporação
da liderança sindical no estado é um dos motivos desse refluxo da capacidade de mobilização é também ao mesmo tempo é os sindicatos é encontraram pouca penetração junto aos novos trabalhadores formalizados o que também ajuda a servir de indício dessa fraca disposição imobilizadora tá embora os anos os governos petistas tenham visto um aumento grande da parcela da população economicamente ativa com carteira de trabalho com relações de trabalho e formalizados que aquela parcela que pode ser sindicalizar tá ainda assim durante todo o período as taxas de sindicalização não quê e ela tem aparecendo patinando naquele patamar de
17 a 19 por cento da patamar histórico que é baixo muito baixo e não houve um crescimento apesar do crescimento da parcela formalizada e por fim é a ênfase da propaganda oficial dos governos do pt na ascensão a uma nova classe média como era sempre enfatizada a ideia de que o país está nos tornando uma licitação no país de classe média em suma esse trabalhador que ganhava direitos ao ter a sua condição formalizada que passaria de uma condição de sub proletário para proletário ele era levado a ver a si mesmo não como trabalhador mas como
classe média tá que ao que tem uma série de repercussões então isso evidentemente não contribuía para a produção de uma identidade de classe trabalhadora e fortalecer cia também o discurso ideológico neoliberal então a forma é sindicato tem uma crise é que tem a ver com diversos fatores mais que um motor é inicial são as transformações no próprio mundo do trabalho ea crise da forma partido não é menos grave do que a do sindicato certo a ciência política identifica desde o final do século 20 uma redução da centralidade dos partidos na organização das disputas políticas da
seriam as causas da crise prolongada da democracia representativa pelo mundo afora então ela disse casos como a itália em que a gente tinha um sistema de partidos organizados sobretudo na polarização entre democracia que eles têm partido o índice curto espaço de tempo no final do século 20 e sistema desaparece os principais partidos inclusive deixam de existir e você vive desde então numa fragilidade do sistema partidário ou onde os partidos não não não implodem e os parte se tornam cada vez menos capazes de amealhar lealdade continuada então em vez da gente ter é uma o partido
organizando as identidades políticas nós temos eleitores dispersos abertos a cada eleição a escolha no mercado eleitoral sem a lealdade partidária é produzida no brasil nós sempre tivemos partidos muito fracos tá isso é um lugar como os adjetivos mais usados na literatura internacional para descrever o nosso sistema partidário são fragmentário e gelatinoso tá e parecia no entanto em algum momento que ao menos na política nacional a gente tava caminhando para organizar a disputa entre os rumos da concorrência entre pt e psdb então a gente fazer caminhando um pouco na direção contrária do resto do mundo mais
essa ilusão também foi desfeita depois do golpe de 2016 evidentemente não é o efeito de enfraquecimento dos partidos políticos em geral na organização em disputas políticas dentro da ordem liberal democrático mas a crise de um tipo específico de partido o partido operário que ao longo do século 20 se firmou como instrumento por excelência da transformação política seja na forma mais moderada do partido social-democrata seja na forma mais radical do partido revolucionário leninistas tá e esses partidos vão entrando em crise também acentuada a partir do final do século passado com e é alguns motivos que nos
ajuda a explicar essa crise primeiro motivo é uma tendência a acomodação com a ordem e a burocratização que tem a ver com a próprio funcionamento da democracia eleitoral como é o sistema político tá então computados pela competição eleitoral os partidos têm fortes incentivos para se adaptarem a um determinado o jogo que é um jogo que premia a moderação e premia a preservação dos interesses dos grupos poderosos tão a democracia eleitoral é uma certa regra do jogo e como a gente sabe qualquer jogo e tem regras que balizam é a competição mais que elas favorecem alguns
grupos em detrimento é do outro às vezes se falar não tem que respeitar as regras do jogo como se as regras fossem neutras as regras nunca são neutras elas vão expressar uma determinada é correlação de forças é claro que o respeito às regras do jogo já era previsibilidade no cenário político permite que os diferentes grupos organizem suas estratégias mais elas incorporam vantagens e desvantagens ela qualquer jogo assim é tão uma partida de basquete box segue as regras do basquete ela vai ser considerada uma partida justa mas as regras do basquete favorece as pessoas mais altas
em detrimento das mais baixinhas assim como a competição eleitoral favorece os grupos dominantes favorece aqueles que já dispõe de recursos de poder como oi livre como acesso a mídia como contatos na própria aparelho político como é dinheiro então esses grupos eles saem com enorme vantagem seja na própria disputa eleitoral seja na capacidade de influência sobre os eleitos a própria disputa eleitoral então embora ela possa ser um espaço de disputa sobre visões de mundo e depois a ocupação de espaços de poder pode permitir que se pressione por mudanças mas ao mesmo tempo os detentores de mandato
ele não ser alçados objectivamente a posições sociais elite que os distanciam de suas bases e eles vão se tornar parceiros da administração de uma ordem social que no entanto eles hoje não mente desejariam transformar e a disputa eleitoral também tende a premiar com vitórias mais rápidas os discursos mais convencionais que investem menos a transformação das visões de mundo mais é arraigada a gente tem vários exemplos é para mostrar isso e a participação na institucionalidade impõe ônus adoção de outras formas de luta e outras formas de pressão é sensacionais que no entanto frequentemente são necessárias para
avançar em projeto de transformação social é um exemplo que a gente tem no brasil evidentemente as transformações do partido dos trabalhadores ao longo de sua história tá havia um projeto inicial de partido que era uma tentativa de uma organização é bastante vento lá das bases em que o partido era visto como um instrumento de expressão de vários tipos de movimentos a começar pelo movimento sindical mas a medida em que o pt vai ocupando posições mais centrais na política nacional ele vai perdendo suas características originais certo ele vai por exemplo desidratando a sua democracia interna e
isso é um efeito necessário da ampliação do peso do partido na vida política nacional porque ele passa a ser um interlocutor importante negociações que não vão esperar que os mecanismos democráticos internos sejam ouvidos ele vai moderando o seu discurso e vai ampliando o seu arco de alianças e isso é um incentivo básico do processo eleitoral em que parece que se a gente se deslocar um pouquinho só mais para o centro a gente consegue a vitória eleitoral que tá quase ao alcance da mão da mão então existe um estímulo para a adoção de posições cada vez
menos radicais aí os movimentos a relação com os movimentos sociais se inverte uma vez que a eleição parece ser o meio para se alcançar rapidamente o poder esses movimentos vão ser instrumentalizados pelo partido e não é o contrário então a participação nacionalidade democrática liberal ela leva e a vulnerabilidade a esses incentivos no sentido da diz radicalização dos programas políticas e há outro motivo da crise dos partidos e esse é o último ponto que eu queria colocar e eu vou falar dos partidos mas esse é uma mudança nas formas de produção de subjetividades que tem impacto
nas diferentes formas de organização política tem a ver com as mudanças é incomum as pessoas se veem como agentes políticos que ocorrem nos últimos anos tá que o a partir do se organiza como um instrumento de delegação de iniciativa política tá a sua eficácia está ligada à capacidade de garantir uma ação unânime de seus integrantes é essa capacidade de ação unânime que permite que uma massa de pessoas desprovidas de recursos ganhe peso a passo de tomada de decisão política é então a delegação da iniciativa política para a direção partidária central para eficácia dos partidos políticos
tal como eles existem e é isso que está em crise nas últimas décadas em particular pelo surgimento de novos espaços de expressão política então as pessoas tendem a promover essa delegação de uma forma mais condicional mais incompleta porque as pessoas se sentem como vi dadas a participar diretamente dos debates políticos com suas posições é pessoais e portanto tão menos inclinadas a responder as lideranças partidárias as formas como ocorria antes eu não tô dizendo que seja algo necessariamente ruim pelo contrário se a gente amplia capacidade de interlocução política se a gente reduza à disposição política das
pessoas e em geral isso deve ser visto como um avanço mas isso coloca um problema para a organização política é porque é existe é um uma tendência aqui a auto-expressão seja vista como meio e fim da intervenção no debate público a então existe uma desconfiança quanto à possibilidade de porta-vozes falarão por mim e a minha fala é um objetivo é em si mesmo e isso na verdade vai contra a própria ideia do que é fazer política certo porque a política ela não é uma atividade alto expressiva a política é uma atividade que tem como fim
promover uma determinado o efeito sobre o mundo ou um sentido transformá-la ou no cent e é desmantelo certo quando a gente vê a proliferação de forma de militância diz preocupadas com efetividade e mais preocupadas com a auto-expressão a gente é percebe um declínio dessa efetividade não se trata evidentemente de negar a legitimidade a essa vontade de auto-expressão mas o que é o desafio é como combinar um mundo em que as pessoas são incentivadas a e não se dispõe a abrir mão de auto-expressão com a organização coletiva que seja capaz de produzir a transformação social então
a gente vive no momento é frequentemente oscilando entre dois pólos ou a tentativa e é que parece fadado ao fracasso de recomposição das velhas estruturas políticas do século passado que a meu ver não tem condições de voltar a prosperar no mundo que nós temos hoje com essas novas produções da subjetividade e das vontade de participação é pessoal nas atividades e do no outro extremo formas é às vezes são chamadas pelo rato lhe preciso de autonomismo de fragmentação que abrem mão da necessidade de construir uma ação articulada e coletivizada é para política então acho que nesse
momento por conta de todas essas mudanças existe para quem luta pela transformação do mundo para quem luta pela emancipação humana uma série de desafios relacionados as formas de a redação que são necessárias para levar adiante essa luta é isso obrigado a tá bom vamos as questões são muitas e eu vou eu juntei aqui reunidas fui colocando elas por temas a gente já tem sete temas eu vou perguntando se você vai você vai me vendo que quando que da forma um bloco aí para e essa resposta a primeira seguinte se você luiz felipe pode explorar melhor
esse nexo entre movimentos de identidade ou identitários e a questão de classe se é possível estabelecer um ponto de aproximação entre essas duas dimensões da ação política e há uma das questões que tocou nesse ponto perguntas especificamente sobre a questão ambiental que é um tema que tem movido muita gente ao redor do mundo né mobilizações bem grandes multitudinárias e em que medida algo que se inicia como o movimento não conectado à questão social ou de classe pode se converter numa questão desse tipo é a segunda segundo tema e aí apareceu em outra apareceu ontem e
apareceu na aula do museu é a relação é pensar do ponto de vista dos movimentos sociais os governos da onda rosa os governos progressistas na américa latina em que medida qual é a proporção dentro desses governos da computação mas também da correlação de forças né dos limites que os movimentos sociais podiam avançar em países na américa latina de capitalismo violento legado da escravidão democracia nunca plenamente realizada então se é possível estabelecer algum tipo de proporção nesse sentido para fazer um balão balanço ah tá bom já dá jantar amigo você me corta a gente vai lançar
também então eu vou começar com a questão sobre a identidade de classe eu acho que essa dicotomia ela precisa ser é vista com uma certa desconfiança certo primeiro que como eu já tentei falar antes os movimentos chamados identitários ele na verdade eles não são movimentos simplesmente já afirmação de uma identidade mas eles têm agendas que são agendadas tanto é da produção de direitos quanto vinculadas à organização do mundo material por outro lado a classe também exige a produção de identidade certo na verdade eu não tenho capacidade de produzir uma ação política se a gente não
tem uma produção de uma determinada identidade coletiva é o que nos permite a mobilização bom então os elementos centrais do movimento operário ao longo de sua história foi exatamente a investir na produção de identidade de classe que permitisse aos trabalhadores se reconhecerem como trabalhadores tá isso que eu acho que tá em crise hoje também é mas é necessário a fim de que a gente seja capaz de transcender o nosso interesse individual localizado e participar de um determinado interesse coletivo qual é a diferença que eu acho que é importante a gente levar em conta é que
a identidade de classe trabalhadora ela vai ser um corada numa característica o que a capacidade humana do trabalho é aquela característica universal da humanidade tá certo então a classe trabalhadora ela construiu para si mesmo discurso de que ela podia portar em uma situação de toda a humanidade porque ela se definia como classe por aquilo que define a humanidade como espécie bom então o vínculo da identidade de classe com a universalidade era um vínculo quase que imediato e os novos movimentos que vinculados a outros eixos eles não tem esse acesso essa universalidade dessa maneira tão imediata
e justamente por isso não a fazer como um dos elementos centrais seu discurso muitas vezes a defesa da diversidade que também é o valor importante tá mas eu acredito que o nosso desafio hoje a entender que essas múltiplas identidades que surgem elas são legítimas como elementos de produção da ativismo político elas têm agendas que são legítimas não existe uma hierarquiza são a priori sobre essas agendas então nós vamos ter que como esquerda se você é capaz de conviver com essa diversidade é que é inexorável na deus não adianta sonhar com a volta de um mundo
em que existe essa arquisa são porque se mundo não volta bom e porque a ser a fixação significaria na verdade silenciar determinadas operações ou secundário salas na sociedade então é o livro do dos anos 80 olá cláudia mundo nenhum livro que eu gosto muito mas é eles têm uma frase que que deus me inscrever é necessário articular politicamente o projeto é da esquerda e não mais supor que ele deriva da posição da classe trabalhadora automaticamente porque essa esquerda é mais é plural hoje tá então acho que isso é assim é importante até essa percepção identidade
da regulação todos os movimentos políticos todos passam pela produção de identidades e em relação à questão ambiental eu vou falar muito rapidamente nós estamos numa situação tão bizarra no mundo e no brasil que alguns anos atrás a gente poder conversar de sendo que pelo menos da boca para fora existe uma preocupação unânime com a questão ambiental hoje nem isso porque a gente viu emergirem aí com importância é discursos políticos que negam a relevância da questão ambiental então a gente chegou várias casas aí nesse debate agora questão ambiental ela ao mesmo tempo que um guarda-chuva que
eles aquela história estamos todos no mesmo planeta não existe planeta b e coisas do gênero ela pode dar origem tanto a discursos de acomodação certo a discursos de salvação quem é e da ordem social tal como como existente que eu acredito que estão fadadas ao fracasso ou pode levar a uma conjugação da preocupação ambiental com o entendimento do impacto que as diferentes desigualdades sociais tem nos diferentes grupos relacionado a própria é crise e crise ambiental tá certo então evidentemente vários estudos vou mostrar isso existe impacto diferenciado daqueles ambiental para os diferentes lugares do mundo para
diferentes é populações definidas por classe definidos por renda definidas por raça definida por gênero certo impacto da crise mental diferente para mulheres e para homens é diferente para ricos e para pobres é diferente para moradores de determinadas regiões do mundo ou para moradores das periferias e moradores dos bairros chiques da estante gente vê isso é quando quando falta água certo para pegar o exemplo bem bem evidente então é necessário ser capaz e acho que a gente ainda tá avançando nisso mas é necessário você é capaz de fazer uma conexão que e entre os diferentes eixos
desigualdade ea crise é ea crise ambiental ea partir daí entender que os objetivos de salvar o capitalismo e salvar o planeta que na verdade é o projeto aquele se chama de desenvolvimento sustentável certo e subjetivos em que se mostram cada vez mais é incompatíveis entre si mas eu acho que o projeto disse que ia dar um qualquer que seja tem que colocar essa reflexão é centralmente tá eu acho que ela não dá mais para ignorar com a parte da esquerda fez ao longo de sua história esse é um dos momentos em que aquela ideia existe
um esse o bidimensional é mostra que não existe certo que a gente tem um registro a esquerda frequentemente muito negativo na questão ambiental tá e essa questão ela não é relevante muito pelo contrário e rapidamente sobre os governos da honda tô vendo muito diversos entre si tá mas eu acho que é e eu não gosto muito da palavra cooptação tá certo porque é a gente sai tá mas quando eu falei aqui dos sindicalistas no governo do pt eu tentei espero ter sido sede de evitar a palavra computação porque a rigor eles não foram computados ele
faz um parte de um projeto que chegou ao poder tá então é que ele foram puxados de fora tá mas ele sentiment significa uma mudança do mais do que eu acredito é que e não dá para gente a julgar que esses governos eles eu vou pensar pensamento no caso brasileiro que é o que evidentemente eu tenho a gente que a maior parte de vocês aqui também vai familiaridade é o governo dele fracassaram tá mas eles fracassaram por políticas de conciliação por ausência de radicalidade mas não quer dizer que uma política oposta tivesse dado certo ah
tá eu acredito que a gente vai fazer uma análise dos governos do pt e eu acho que não inicia o brasil se singulariza porque embora a gente tem a tito variações aí mas eu acho que foi o país em que houve menor menor esforço no sentido da transformação da correlação de forças no avião poder tá eu entendo o a experiência no governo do lulismo como uma compreensão bastante desencantada das possibilidades a transformação social no brasil tá e a busca de um caminho de conseguir alguma coisa que fosse possível no caso trocar a mente a a
redução da pobreza extrema e em troca de abrir mão de todo o resto tá eu não sou capaz de dizer que essa variação é uma avaliação correta mas o que ocorre aqui uma vez chegada ao poder ouvir um congelamento essa correlação de forças e mesmo nas condições em que havia a possibilidade de transformar essa correlação de forças para torná-la mais favorável ao campo popular essas possibilidades não foram aproveitadas que houve um medo permanente de enfrentamento mesmo as condições circunstanciais favoráveis hoje uma busca deliberada pelo menor nível de debate político possível tá a busca então de
apresentar tudo permanentemente como sendo um grande consenso nenhum tipo de enfrentamento então a minha principal crítica é essa experiência e por isso de caso o brasil cinco larissa por quê e de todos os países da honda rosa foi provavelmente onde a busca pela mudança da cor ação de forças foi menor tá então a minha crítica não é é dirigido a tanto ao esforço inicial de conciliação é mas ao congelamento da correlação de forças ea incapacidade buscar da passos a partir daquele momento inicial e a gente paga é claramente por isso e volta algo que eu
falei no final da minha fala inicial que é só as armadilhas da própria competição eleitoral certo quer dizer ovo essa falta de esforço para mudança da correlação de forças mas ao mesmo tempo houve investimento permanente nacionalidade nas regras do jogo então a ideia de que esse governo manter ia maiorias eleitorais e essas marinhas eleitorais garantiu sua permanência no governo até talvez o fim dos tempos e quando essas regras são quebradas pelo outro lado essa base ela não era capaz de agir politicamente nenhuma maneira não ser pelo fato então a gente tinha aí uma população é
em grande a resposta por exemplo a sufragar novamente o nome do lula se ele fosse candidato a presidente mas em capaz de qualquer outro tipo de ação é políticas tá e isso é uma aprendizado quer dizer se aprendizado foi feito todo com base na manutenção dos papéis políticos previstos pela nossa democracia é limitado a [Aplausos] e é bom então eu acho que a gente vai na verdade continua um pouco nesse nesses temas da conjuntura mas que estão certa forma atravessados pelo pela questão mais geral da organização da mobilização e das formas de representação né e
então eu penso que tem 33 questões que compõem esse bloco a primeira é que parte dessa conjuntura mais recente né brasileira as mobilizações de junho e todo o desenvolvimento da política nacional depois disso e aí tem três questões a primeira delas é se é possível aprender algo com os grupos políticos que se intitulam como renovadores da política após virem 2013 né tanto grupos como mbl renova brasil mas também a atuação das igrejas participação ampliada nos na esfera pública nas discussões sobre política há como avaliar a participação desses grupos na esfera da mobilização e da conexão
com com as classes trabalhadoras e a outra é como avaliar a crise dos sindicatos no brasil na para onde você acha que essa crise vai e você falou pouco isso na tua primeira fala mas a questão é pedir um pouco desdobramento dessa dessa crise e se possível se você acha que tem alguma conexão entre aqueles sindical e do sistema partidário ou se são coisas o processo totalmente diferentes nenhuma pergunta específica sobre a questão dos vazamentos dos partidos crise das organizações partidárias e e a terceira questão é qual é qual é o desafio na sua opinião
quais são os desafios na sua opinião da esquerda para a mobilização de massas hoje de um ponto de vista de retomada da consciência de classe do trabalho de base numa classe e uma classe trabalhadora muito modificada pelas pela flexibilização do trabalho pelas novas formas de trabalho e retirada de direitos na por onde por onde vamos para retomar essa conexão a vida tá bom mãe obrigado a resposta mais sincera para essa última questão para onde vamos é não sei certo mas ainda assim vou tentar elaborar alguma coisa eu vou começar vou fazer pela ordem de volta
e é os grupos de renovação da polícia renovação a palavra curiosa aplicada a esses grupos as primeiro que a gente tem que tem que entender que é não existem os meios de ação política bastante diferenciados certo a gente tem que pensar o primeiro presentada que foi aí bl o mbl ele surge apartamento financiado ele surge é eles chamam isso na é quem é a natureza política estadunidense de movimentos astro turf astroturf é uma marca de grama artificial certo então são movimentos que parece que são movimentos de raízes mas na verdade são produzidos artificialmente então o
mbl claramente isso é inclusive ele é um braço né dos estudantes pela liberdade brasil que é financiado pela atlas não deixam está mais que documentado e assim é é difícil imaginar que do nosso lado nós vamos ter esses mesmos recursos ele surge com uma simpatia da mídia então é um negócio impressionante tem vários estudos estão surgindo sobre esse processo como da noite para o dia o quem kataguiri vira uma personalidade central da política brasileira certo com espaço em todos os grandes meios de comunicação o e umbu de uma maneira o mesmo vale para as igrejas
certo na última pergunta foi falar trabalho de base muita gente fala que a esquerda abandonou por exemplo as periferias e as igrejas é que fazem o trabalho de base mas isso uma diferença muito forte também na maneira como isso ocorre porque essas igrejas é a esse trabalho de base na verdade uma forma de empreendedorismo certo é algo que gera recursos você tem amor a mobilização política captação de recursos andando junto e sentimento não é o que a esquerda é faz tá então mas ainda assim eu acho tem uma coisa que é importante aprender com esses
movimentos chamados inovadores tá e eu acho que essa essa lição a lição importante que é e é que esses movimentos eles partiram para e a disputa de valores nossa cidade e eles partiram para disputa ideológica ele não se acomodaram aos consensos eles afirmaram uma identidade de valores políticos própria e foram disputadas na sociedade eu acho que isso é o campo da esquerda é a grande mídia tem falhado tá a verdade é que existe uma acomodação com a linguagem dominante aí eu falei aqui sobre a propaganda seu país de classe média certo então existe uma acomodação
a linguagem do mercado uma acomodação é o medo de afirmar a posições diferentes e isso cobram preço então embora no curto prazo adesão a determinadas visões preponderante ela possa render frutos a longo prazo você não tem condição de disputar os sentidos do mundo social e essa disputa na disputa central a política então se a gente observar o que aconteceu no brasil para emergência dessa direita brasileira é claro que com esse financiamento que são importante da sustentação mas você tem um processo é de muitos anos da afirmação de um campo de sentido contrário acesso consenso que
existiam no brasil a partir sobretudo da constituição de 88 então vai ser produzindo uma disputa contra por exemplo valor da igualdade em defesa da desigualdade contra o discurso dos direitos e assim por diante essa disputa eles fizeram a gente pensar mais longo prazo próprio neoliberalismo e quando os grandes autores aí do neoliberalismo a escrever ela usando os 30 nos anos 40 do século passado hi aqui mis etc eles defendendo o livre mercado contra qualquer forma de ter vocês tá tal eles estavam escrevendo conta um consenso que existia e inclusive entre economistas era um momento em
que planejamento estatal era visto como a grande solução para as próprias economias capitalistas e eles produziram no contrapelo tá não se adaptaram e esses frutos vão ser colisão muitos anos depois então acho que o que é possível aprender isso é necessário fazer a disputa política de fato não dá para trabalhar com a redução do enfrentamento com a redução do debate on a segunda questão sobre a crise dos indicados eu não sei não tem resposta a provar nenhuma para isso mas eu acredito tá é tem uma convicção que uma convicção acho que de base que é
importante eu acho que a gente pega essa convicção a gente perde qualquer possibilidade de fazer a luta política é a nossa convicção é de que apesar de tudo apesar de todos os circuitos ideológicos apesar de todos os processos de desinformação apesar de todas as formas de manipulação as pessoas aprendem com a sua própria experiência e tá certo as pessoas têm acesso a realidade por meio da própria experiência elas vão aprendendo com a prova experiências essa aprendizado ele é complexo ele é tumultuado ele tem ruído mas as pessoas aprendem com a própria experiência e o significa
que não é possível que se mantenha indefinidamente o trabalhador precarizado se vendo como um prendedor o que tem um limite da vivência da exploração ela vai impactar na compreensão que essa pessoa tem da sua própria situação no mundo bom e com isso e a gente tem visto alguns elementos é de se eventualmente certo existem por exemplo no brasil ainda muito incipiente outros países um pouco mais forte processo sair de organização por exemplo motorista de aplicativo ah tá que passa a reivindicar o que ser reconhecido como trabalhadores tá é contra todo discurso ideológico que vem das
próprias empresas e vem é mesmo então acredito que vai surgir já está surgindo movimentos que vão levar a busca por novas formas de organização de um novo ou semi novo sindicalismo que seja capaz de incorporar esse trabalhadores nessas nessas outras condições eu acredito que existe a gente vê isso em vários lugares do mundo um esforço bastante ativo de uma parte da liderança sindical na busca de novas formas organizativas que sejam capazes de enfrentar as transformações no mundo do trabalho existe passividade essas novas formas não foram encontradas ou são incipientes mas existe um movimento na busca
nabos ah tá é é a relação da crise sindical e crise dos partidos eu vou sim passei e rapidamente por isso eu acredito que existem elementos comuns tá mas existe que que tem a ver com as mudanças então na formação de subjetividades é em como as bases é entendem a assim mesma tem outros elementos que são particulares de uma organização ou de outra mas eu acho que existe também uma crise da relação entre sindicatos partido tá que é uma relação que é e em muitos lugares do mundo sempre foi forte para a esquerda certo a
ideia de partidos e sindicatos como dois braços de um movimento mais amplo no brasil isso se reflete era parceria pt cut que é o exemplo mais mais evidente e existe aí principalmente uma desse parte do são capazes de chegar ao poder e chegam ao poder pressionados por circunstâncias que levam adaptações adaptações bastante pesadas e daí existe uma tendência de submissão do sindicato ao partido no poder tá que o leva ao desgaste de si próprio sindicato essa relação ela mostra então uma dificuldade de se reproduzir é mesmo aumento eu acho que eu não coloquei dessa maneira
mas quando eu falei da desmobilização do movimento sindical brasileiro do e do período do governo do pt é disso que eu tô falando certo então parece claro que a manutenção de um grau de autonomia dos sindicatos em relação aos partidos nesse momento se torna mais evidente tava e por fim a questão sobre desafios para mobilização de massa é eu acho que a gente tem visto no brasil não só no brasil mas eu pego o brasil como exemplo vários momentos em que as pessoas manifesta sua indignação ah tá a gente teve vários várias mobilizações massivas no
brasil e é por exemplo quando a vereadora marielle franco foi executada naquele momento em várias cidades do brasil ocorreram manifestações gigantescas de indignação e repúdio oi tá nós tivemos o ele não e é às vésperas da eleição do ano passado esse ano nós tivemos no primeiro semestre duas grandes manifestações nacionais mas as ações que muitas cidades foram muito grandes contra os ataques do governo a educação então existe acredito eu uma base aí de insatisfação de indignação a questão é como transformar isso em trabalho efetivo certo trabalho permanente não não basta ir à rua num determinado
momento pontualmente inclusive que isso mudou tu tá é com os processos que eu chamei aqui desde democratização nós temos governo cada vez menos responsivos então assim se manifestação de uma insatisfação localizada não é suficiente para que esses governos respondam governo bolsonaro é patente em relação a isso então é necessário formas de ação continuada ah tá é o que permita uma pressão mais efetiva e isso exige a recomposição das organizações é da esquerda se organização você não consegue isso tá então eu acho que a gente volta aqui a ao ponto de partida é necessário que essas
organizações se recompõem da forma como for ou como novas formas de partido ou como é rede de coletivos mas é necessário um trabalho continuado o trabalho permanente ou chamada aqui trabalho de base mas significa na verdade um esforço político articulado é permanente porque por exemplo pegando o caso da educação que a quase 7 mentir eu tô mais ligado embora exista uma indignação generalizada e muito forte com as políticas desse novo governo a gente tá tendo uma enorme dificuldade trans há uma resistência continuada ah tá e o governo tem avançado significativamente nós já temos hoje é
a ação sete instituições federais de ensino superior sobre intervenção e talvez seja cujo dirigente não foram eleitos pelas pelas comunidades e não existe satisfação nenhuma dessas instituições mas a maior parte dela a capacidade de opor resistência a esse internet todos foi muito pequena existe uma manifestação pontual explosão de satisfação e depois a incapacidade de manter uma longa continuada e isso precisa é de organização isso não se dá simplesmente na espera de uma ação espontânea das pessoas essas são espontânea ela necessariamente ela é pontual para que seja continuado tem que fazer um esforço de recomposição é
uma das organizações das organizações políticas e aí e aí o ok então para o nosso o bloco final result os outras duas questões uma delas faz um gancho com que você com a sua o final da sua fala agora tem a ver justamente a criminalização dos movimentos né com a dificuldade de resistência e também com o processo de avanço da repressão da perseguição que se manifesta das mais diversas formas inclusive com a prisão de lideranças né e que se abate especialmente sobre as pessoas periféricas mulheres a negritude se você não considera essas formas e criminalização
acerta o ponto emblematicas daquilo daquilo que se prepara para o próximo período né que a gente e quantas vezes a setorizar as formas de criminalização achar que elas estão localizadas quando na verdade elas têm um potencial de generalização né e como que você vê a questão da criminalização dos movimentos sociais hoje e na conjuntura atual e a última questão que deixei por último propositalmente ela faz um gancho com relação a aula de ontem que é a questão da transformação radical da sociedade se essa seja aspecto do problema não tá certa forma excessivamente ausente das discussões
sobre ação política hoje em trocando em miúdos nas aula de ontem foi sobre revolução e democracia qual é a evolução é parte da nossa do nosso léxico na está falando você você falou na sua fala reivindicou a questão da gramática da política revolução deve ser parte da nossa gramática política hoje como o e conectar dessa questão uma pergunta é muito interessante se a auto-expressão não tem um lugar dentro dessa gramática se ela não pode ser renovada dentro de uma gramática social e revolucionário e agora vai dar acho que essas duas com essas duas perguntas a
gente sai daqui com todas as respostas que precisamos ah sim claro obrigado é bom vou começar pelo aqui nalização é dos movimentos eu acho que importante a gente é crime te claro o que a violência contra os movimentos sociais movimentos dos grupos dominados ela nunca esteve ausente no brasil tá na nunca tivemos as garantias legais estendidas a todos certo e nós sempre tivemos formas bastante violentas bastante agressiva de reação contra tentativas de imobilização é nas periferias no campo então isso nunca nunca esteve ausente o que não quer dizer que a situação esteja piorando então é
importante às vezes a gente vê uma coisa que fica ou uma coisa ou outra né ou a gente vai ter uma visão é completamente polianica da democracia que nós perdemos oi tá aqui era o mundo perfeito que havia o estado de direito império da lei ou a ideia de que a gente nunca teve democracia então nada mudou e é na verdade não é nem uma coisa nem outra eu acho que a gente tem visto uma situação de generalização é dessa violência e é contra os grupos dominados nós temos um patrocínio estatal cada vez mais aberto
a essas formas é de violência e nós temos a redução dos passo dentro da profissionalidade de reação contra essas violências porque embora a gente nunca tenha tido uma situação em que por exemplo é não houvesse é o assassinato de lideranças camponesas no brasil tá certo valeu a pena semana ampliação desses casos e os números são é muito assustadores como nós temos admissão do espaço de protesto e de defesa que antes que antes ocorriam tá eu acho que é isso amplia as dificuldades de resistência quer dizer a violência à violência aberta contra lideranças contra movimentos sociais
ela não ocorre sem propósito e ela tem o propósito de ir o avisará os outros certo e não deve se engajar na luta política e isso é perfeitamente razoável ah tá as pessoas elas normalmente elas não são vocacionados para se tornarem mártires tá assim o risco de ser preso se o risco é de sofrer violência física ou eventualmente até de ser morto ele vai crescendo é natural que as pessoas é recolher então esse é um desafio mais que tem que ser colocado eu acho que a gente tem hoje no brasil uma situação bastante bastante grave
desse ponto de vista e mais uma vez aquilo que nos sobrou da experiência dos governos do pt nos ajuda a pouco ah tá é nós tivemos parte aí da criminalização de ativistas o pessoas vinculadas lá é a grupos sobretudo nas periferias vem no chá do governo dilma a gente sabe disso tá e isso não é é necessário enfrentar esse fato quer dizer no momento em que adianta terminado as pressões julgou-se que uma concessão possível lá a ser feita eram criar um espaço e criminalização para determinados grupos e movimentos isso é grave tá e por outro
lado o que existe de central no avanço aí da direita é um discurso positivista tá que ser feia é a as liberdades e os direitos e que ver a própria atividade reivindicativa o protesto como sendo indícios de um a desordem social a vida bom então o discurso da direita ele vai se radicalizando no sentido de recusar validade a ideia de direitos principalmente os direitos coletivos direitos manifestação dos direitos d de mobilização então acho que isso a gente tem é que levar em conta não é verdade mente para nós nos acovardar acovardamos tá mas é que
as estratégias de resistência tem que levar em conta que existe um processo deliberado de fechamento do espaço para manifestação para manifestação política eu acho que esse fechamento ele continua ocorrendo embora empresa generalizado ele continua incidindo de maneira de maneira diferenciada na conta dos grupos sociais ah tá e nesse sentido acho que é importante que aqueles grupos que continuem posição ainda menos vulnerável e tomem a iniciativa de usar os recursos de que dispõe para emprestar sua solidariedade na medida do possível algum tipo de proteção aos grupos em posição mais vulnerável a eu tô falando isso porque
eu estou num desses passos que ainda são mais protegidos que o espaço da universidade e eu vejo na universidade às vezes um enorme covardia e aproveitar nessa proteção que ainda tem preguiça sua voz na denúncia e na defesa dos grupos mais vulneráveis mas eu acho que isso tem que ser feito e e aí o e passando para a questão da transformação radical do mundo e eu acho que daniela evidentemente a ideia dessa transformação radical ela precisa ser colocada com centralidade dos nossos projetos tava eu acho que uma das armadilhas é também da luta institucional é
a redução dos nossos horizontes e não é uma questão simples porque ao mesmo tempo nós vivemos uma realidade em que existem premências que são absolutamente urgentes tá certo existem necessidades existem problemas que tem que ser enfrentados imediatamente eu falei aqui sobre como eu leio a estratégia do lulismo que foi abandonar tudo e troca de uma única coisa que era o combate à pobreza extrema no país não dá para negar que a pobreza extrema exige respostas imediatas bom e que a gente pensar que essa resposta só virá junto com uma transformação global do mundo a gente
tá impedindo a própria vida de muitas pessoas já tem um tem um é uma fala da da personagem do ar a deus diabo na terra do sol do glauber rocha esqueci o nome da personagem mas ela reclama do marido né que isso tem aquela visão milenares e tal e disse que ele está se desgastando na esperança tá então de fato todas as premências são muito gentis não dá para adiar a resposta por outro lado essas respostas frequentemente vão exigir uma acomodação com o restante da ordem social então como é que agente faz para o mesmo
tempo você capaz de ter um projeto político que de respostas às necessidades imediatas e que não abra mão de um horizonte de transformação radical que continua sendo necessário eu acho que esse nó também não tá desatado mas é preciso levar em conta isso e essa transformação radical da sociedade eu não vejo porque não chamá-la pelo seu próprio nome que é o nome de revolução i e a gente é acaba atribuindo a revolução a ideia de um determinado evento específico com determinadas categorias que vem no nosso imaginário mas a revolução é o que é o processo
de construir uma ordem social inteiramente inteiramente nova e se a gente tem a consciência de que a ordem social que nós temos hoje ela é por muitos motivos inaceitável ela é aceitável porque ela destrói a autonomia a esperança ea vida da grande maioria das pessoas era vai ser inaceitável porque ela aponta para impossibilidade da própria humanidade permanecer existindo e está cada vez mais claro então a gente tem que pensar na ideia de uma revolução acho que é sim é necessário um projeto os feitos que se assuma como projeto como projeto revolucionário não não tenho dúvida
quanto a isso eu acho que quando eu falei que a gente devia o que a gente podia prender com os movimentos renovadores da direita quer fazer essa disputa eu acho que recolocar esse projeto revolucionário no debate político é uma maneira muito clara de música e colocarmos da disputa política é política mais radicalmente não porque não é eu não tenho dúvida de que o sistema no qual nós vivemos ele é inconciliável e com a realização de uma e é de um leque do projeto mais denso de emancipação mano tá por isso eu acho que a revolução
não pode ser colocada fora do horizonte on é uma das dificuldades que a gente teve nesse processo de acomodação que vem nas últimas décadas foi exatamente zilar essa esse horizonte esse horizonte mais amplo e nesse sentido para pegar a última questão quem daniela colocou eu não acredito que a auto-expressão ela seja e eu queria contar um pouco para deixar mais claro eu não acredito que a suspensão ela seja ruim certo auto-expressão ela serve supre necessidades que nós temos auto-expressão ela pode ser positiva o problema é que a política não se faz com a auto-expressão se
ela permanece em si mesma a política exige que a gente passe do eu para o nós o discurso político é um discurso que têm necessariamente a pretensão de falar em nome de uma coletividade o que pode partir da experiência pessoal vivida mas tem que ser capaz de transcender a no sentido de englobar ao uma coletividade e construa uma identidade que vá len doeu doeu mesmo tá o que a gente tem visto e eu sei que isso é uma gente vai avisar são injusta mais é para o bem do debate eu vou colocar assim o que
a gente tem visto frequentemente é uma redução do discurso político ao testemunho pessoal tá o testemunho pessoal aparece com uma forma mais legítima de apresentação de alguma posição e não é que o testemunho não esteja relevante muitas vezes é e o testemunho serve de diferentes maneiras inclusive para criar a empatia para produzir a solidariedade mas a política não se esgota no testemunho testemunho tem que ser o ponto de partida para a construção de um discurso que sejam discurso g1 é capaz de global uma coletividade que a gente tem visto é numa certa exacerbação de determinadas
tendências de políticas identitárias vai ser uma singularização é a n philips dizia isso tempos atrás quando ela falava sobre a necessidade de presença política dos grupos subalternos ela defende a importância da presença política defende que os integrantes diferentes grupos estejam presentes nos espaços de debate político mas ela dizia que a gente cada vez que a gente percebe mais como os diferentes eixos de dominação de opressão e exploração na sociedade eles vão se sobrepondo e vão singularizando as posições a partir da situação de cada um desse conjunto de clivagens sociais a gente vai individualizando a pôs
e de expressão é política a tal ponto que no limite a gente volta para ficção liberal de indivíduos que são vistos como indivíduos separados dos grupos aos quais pertencem então a gente ao mesmo tempo que tem que ter a noção de que de fato existem essas diferentes formas de dominação e opressão se sobrepondo nas diferentes posições sociais a gente tem que ter a vontade de produzir um discurso político que seja agregador para produzir as identidades coletivas capaz de fazer a luta política então evidentemente é a minha porção é a apresentar um veto as formas de
auto-expressão política mas entender que a auto-expressão ela e ela está na ante-sala do discurso político é necessário é necessário mas ela tem que dar o passo para produção de um discurso capaz de é capaz de mobilizar uma identidade mais coletiva exata é isso gente obrigado eu queria agradecer nossas colegas que fizeram a tradução para libras aqui do lado a agradecer ao professor luís felipe miguel pela excelente aula e o debate e agradecer a participação de todas e de todos nesse curso que se encerra hoje e a programação continua ainda teremos algumas atividades aí no seminário
e até a próxima [Aplausos]