[Música] Olá seja muito bem-vindo a mais um money Minds eu sou a Juliana caveiro repórter do money times e hoje eu estô na companhia do Renato Carvalho editor chefe do money times E hoje nós vamos receber o Henrique Meirelles que foi ministro da Fazenda no governo temer e também foi o mais longevo presidente do Banco Central nós vamos conversar um pouco sobre as perspectivas para 2025 e o cenário atual pra gente poder entender um pouco sobre a opinião do ministro bom Ministro muito obrigado pelo seu tempo e a sua disponibilidade em est aqui com a
gente em conversar falar um pouquinho da sua visão do Brasil hoje ah queria começar o nosso bate-papo aqui justamente falando sobre esse último ano nós tivemos aí o mercado bastante apreensivo eh e também finalizamos agora o segundo ano do mandato Lula 3 queria que o senhor fizesse um uma avaliação de como foi esse ano Olha o o ano de 2024 Ah foi o ano onde a economia começou eh de fato a sentir os efeitos plenos das reformas que foram feitas no governo tema Ah então nós tivemos aí a reforma trabalhista tivemos a forma eh das
transações financeiras com que permitiu a criação do PX etc eh maor eh profissionalização das estatais com a lei das estatais etc Então tudo isso ajudou a a economia a economia se tornou um pouco mais produtiva durante o ano de 24 em função de todas eh estas eh mudanças reformas que foram feitas anteriormente eh Além disso houve também uma contribuição eh de uma expansão do gasto público eh que tem um efeito eh teve um efeito eh em 24 também ajudando o crescimento por outro lado eh isso gerou eh duas coisas a preocupação evidentemente com a dívida
pública eh a longo prazo com essa expansão de gastos eh isso também eh gerou a a um pouco a a subida da inflação o que tá levando o banco central evidentemente a ter que agir para controlar a inflação eh e eh evidentemente com isso esfriar um pouquinho a economia que tá batendo eh no estava batendo tá ainda batendo no limite não é e e desemprego muito baixo etc Então tudo isso são fatores eh que levam a inflação quando começa a passar do limite que é o o o o caso portanto nós estamos com a economia
Eh agora eh começando a a a eh ver os efeitos aí da subida ta que demora um pouco ainda a a impactar completamente a economia eh porque tem uma defasagem aí entre a subida da taxa de juros e o efeito da economia ou o contrário quando há uma quela taxa de juros o efeito disso também ah na economia Então existe esse ponto e existe uma preocupação que começa a aumentar um pouco o o o nível de risco o risco percebido eh eh da dívida pública a a prazo médio eh e isso tudo teve alguns efeitos
por exemplo uma saída muito grande no final do ano de eh capital estrangeiro né nós tivemos aí uma saída Record eh principalmente no mês de dezembro dezembro é um ano que Normalmente sai mesmo etc por conta de remessa de dividendos etc mas eh eh o ano passado foi um pouco mais eh forte ou bastante mais forte do que o padrão histórico e é isso é resultado das preocupações a a a olhando à frente da expansão fiscal e do efeito disso na sustentabilidade da dívida pública no futuro Ministro novamente obrigado por nos atender pelo seu tempo
pela sua disponibilidade Ministro O Senhor conhece bem o presidente Lula né foi nomeado por ele presidente do Banco Central eh e aí pegando esse gancho eh que o senhor levantou sobre as preocupações fiscais principalmente com a dívida pública né ela tá aí próxima de atingir um patamar de 80% do PIB né primeiro acho que seria importante o senhor H dar a a sua avaliação sobre ã Quais são os caminhos né para se eh diminuir essa esse nível de endividamento né E se o senhor ao mesmo tempo eu falei primeiro que o Senhor conhece bem o
presidente Lula para saber se o senhor acha que o presidente eh ele tem Eh vamos dizer a visão de que esse controle ele é realmente necessário e importante paraa economia do país no médio longo prazo como é que o senhor avalia primeiro ah essa visão do presidente Lula sobre a política fiscal E aí o senhor também D sua opinião sobre os possíveis caminhos para esse melhor controle das contas públicas olha ah eh no momento eh eh me parece que o o o presidente ainda eh não está reagindo digamos a esta eh subida eh dessa trajetória
de subida digamos da da dívida pública né ah e os efeitos disso eh a Médio prazo ah existe uma preocupação muito grande do Presidente com a questão da desigualdade social com todo o problema eh do do nível de renda da população brasileira e etc principalmente a todos aqueles que estão fora do mercado trabalho que é um número bastante significativo e mesmo aqueles que estão eh eh no mercado do trabalho mais uma posição de instabilidade portanto eh ele manifestando essa preocupação ele tá muito voltado a cumprir as suas promessas de campanha etc e atender através de
programas sociais eh eh todo esse público eh eh de baixa renda ou que está fora do mercado do trabalho agora as preocupações em relação à dívida pública evidentemente são a dos analistas estão olhando paraa frente dos investidores em geral principalmente investidores internacionais e vamos aguardar até que ponto o presidente vendo toda a a o essa saída de capitais etc eh ele possa eh entender também que eh tem limites aí a a digamos assim a a a ação social direta Ah ele até o momento ele não tá eh digamos eh acreditando que a motivação é exatamente
uma preocupação legítima eh com a a o crescimento da dívida ele ele acha que é no momento muito aconselhado pelos assessores lá atuais no Palácio de que eh isso aí é uma é uma pressão que o mercado tá fazendo eh nele eh para atender entre aspas o mercado e diminuir a a a os problemas eh sociais etc agora isso ah Eh vamos aguardar porque essa situação Vai prosseguir eh a minha opinião por exemplo é de que a é é importante manter eh digamos a sustentabilidade da dívida que permita o crescimento eh da economia que é
o que gera emprego e renda e como eu já tenho dito várias vezes não existe melhor programa social do que o emprego o emprego é o melhor programa social que existe E aí que é exatamente o que eh vamos aguardar até que ponto que isso seja incorporado eh pelo Palácio planal perfeito considerando eh a sua trajetória no banco central e também como Ministro a gente viu uma atuação bastante firme ali principalmente com a questão fiscal que hoje a gente vê que é um um problema ali neste governo eu queria entender do Senhor Quais são as
medidas fiscais que o senhor considera que são mais relevantes e essenciais hoje para poder ter uma contenção eh da dívida Olha a em primeiro lugar eh tem que haver cortes mais importantes né mais maiores mais fortes eh nas despesas né Eh houve alguns cortes pontuais etc que é positivo mas é necessário eh cortes eh um pouco mais substanciais um pouco mais fortes né agora o que realmente eh eh seria estruturalmente uma solução longo prazo e etc é algo muito difícil de ser feito pela resistência política e a resistência principalmente eh dos servidores públicos ou mesmo
das empresas que recebem fiscais que é uma reforma administrativa eh forte importante por exemplo o estado São Paulo em 22 a 21 na realidade eh para 22 fez uma reforma administrativa fortíssima que em São Paulo gerou um saldo eh de orçamento e de caixa de cerca de 53 bilhões de reais isto a algo nesse desse sentido oo estrutura feita no governo federal gera ganhos eh várias vezes eh isso considerando-se eh eh que a a a economia eh seria eh em todo o orçamento da União eh que é proporcionalmente Ah maior ainda do que a proporção
entre eh o PIB de São Paulo e do Brasil eh a a despesa o orçamento Público Federal é maior ainda do que essa proporção eh de dos pibs federais de São Paulo portanto esses 53 bilhões Poderia gerar aí resultado de 200 bilhões r50 bilhões deais por ano Ministro ainda sobre esse ponto eh o senhor eh teve essa experiência no no governo de São Paulo né de de uma reforma administrativa Ah que que como o senhor disse é sempre difícil né porque lida com muitos interesses Então acho que seria legal se eu contar um pouquinho mais
de como é que foi essa experiência aqui no governo de São Paulo e também eh como o senhor sentiu eh mais de perto essa essas dificuldades quando foi ministro do governo temer assim Acho que seria interessante para quem tá ouvindo a gente saber um pouco mais eh de quais são de como é enfrentar essas dificuldades na hora de fazer uma reforma como essa que como o senhor disse gerou uma economia bem relevante pro estado que poderia realmente e exponencialmente maior ser exponencialmente maior no governo federal né or Eh eh vou começar pela minha experiência Ah
bom aqui em São Paulo e depois no governo federal Ah aqui em São Paulo houve um uma são muito fortes eh principalmente dos Servidores Públicos houve manifestações em frente à Assembleia Legislativa que inclusive levou a violência etc conflitos e tudo isso ah as companhias também que dentro desta reforma eh tiveram diminuição cortes nos benefícios fiscais Ah também eh fizeram protestos importantes e etc então é uma resistência muito grande agora no momento em que ah isso começa a funcionar e começa a dar resultado ah da medida que e o saldo geral gerado começa a ser aplicado
em obras e etc isso tende a diminuir um pouco na na no governo federal eh eu tive duas experiências n ah a primeira o teto de gastos tá certo o teto de gastos quando eu apresentei o a proposta do Tet de gast que o presidente uou e o presidente mandou para para o congresso eh uma proposta de emenda constitucional Ah o fato é que em entrevistas como essa ou palestras aqui no Brasil ou no exterior as pessoas diz é uma excelente proposta aí o t de de gasto Mas é uma proposta que nós achamos praticamente
impossível Ser aprovada por que o parlamentar vai eh aprovar algo que limita a sua própria capacidade eh de gastar e de levar emendas paraas suas regiões etc etc etc eu digo Olha é uma questão de explicar bem para ele entender que esta situação atual tá levando a recessão tá levando o desemprego prejudica diretamente o eleitorado dele ah Brasil vocês terem uma ideia ele teve Ah uma recessão que uma queda do PIB em 2015 e uma queda do PIB em 2016 aí pouco acima de 35% cada mas se você tomar eh os 12 meses anteriores A
momento que eu assumi o ministério da fazenda por exemplo eh no caso aí de junho de 2015 a maio de 201 o PIB caiu Neste período ponta a ponta 5,2 por. que é uma das maiores quedas de PIB eh da história eh da humanidade recente ah de um país que não tá em guerra e nem está e não só guerra externa ou guerra civil porque evidentemente o país tá em guerra você vê a Ucrânia agora aí a bombardeio que destrói fábrica etc aí a a a queda de PIB astronômica mas eh países com tudo funcionando
como foi o caso do Brasil a o congresso funcionando a Imprensa Livre judiciário funcionando executivo tudo o país em paz sem crise etc Ah foi uma queda enorme então eh isso facilitou um pouco o entendimento ah por parte dos parlamentares então isso foi a o que permitiu a aprovação portanto do eh teto de gastos agora Ah para o teto de gasto ser sustentável era fundamental como eh mostrou-se posteriormente a a aprovação da reforma da Previdência que nós apresentamos na época e por razões políticas ela foi um pouco digamos demorou um pouco a Ser aprovada acabou
sendo aprovada eh e 2019 eh mas o fato concreto é que a reação são muito grande no caso aí eh ah dos Servidores Públicos principalmente que aí é o que nós estamos falando aqui eh da potencial reação aí a a uma questão de reforma administrativa eh tem a ideia houve manifestações e e e e os funcionários públicos chegaram Inclusive a ocupar diversos Ministérios ah inclusive o ministério da fazenda houve até um episódio a interessante porque eh em muitos Ministérios houve muito quebra-quebra etc principalmente eh no andar onde estava a sala do Ministro eh e como
houve a invasão também do Ministério da Fazenda eu fui despachar num outro prédio onde e funcionava inclusive A Procuradoria Geral da União que é e eh não procuraria Geral da Fazenda Nacional e que era num outro prédio e e e e e portanto que não estava invadido panto tava trabalhando mas depois eu eu me lembrei que eu tinha deixado uma pasta uma série de documentos etc eh no meu gabinete trancado mas no meu gabinete do Ministério da Fazenda e eu resolvi ir lá pegar minha pasta desaconselhado pela segurança falou Presidente muito perigoso etc fo Mas
vamos lá subir só que eu eh eh estacionamos no no na parte do fundo do do ministério Subir pelo elevador do fundo não o elevador central ou o elevador privativo mas o elevador elevador de serviço que tem no fundo subi por lá e vi vim passando eh pelo corredor cruzei o corredor todo do do prédio cheio de manifestantes não é mas eu fui cumprimentando um ou outro etc algum mais bravo falando comigo falei não você você eh tem todo direito de se manifestar Eu apenas ah alerto você que eh você e os seus colegas não
manifestavam a coisa mas não destruo o patrimônio público que em última análise é o patrimônio da população e seu também então Eh preserva o patrimônio público Apesar que a a manifestação é democrática apesar da invasão cheguei a a minha sala tava trancada eles não tinham quebrado a porta não tinham entrado eu abri peguei a mala a pasta fechei a porta tranquei e voltei eh no meio deles dizendo Até logo tal Bom dia espero que a manifestação corra bem eh sem destruição do patrimônio público etc eumo eh as manifestações são fortes mas tem que ser enfrentadas
com tranquilidade etc e com firmeza acho que isso é muito fruto Talvez né Ministro do do respeito que o senhor ganhou como presidente do Banco Central e como e até mesmo como na sua atuação como Ministro né porque Ah eu eu eu me lembro bem da de como de como o senhor pegou o país como presidente do Banco Central eh não é não não estava fácil não era uma situação tranquila né a gente hoje fala de inflação de 5% e fica arrepiado e eu lembro que o senhor pegou uma inflação de 12% né Ministro quando
quando assumiu o banco central né Exatamente é nós eh tivemos que dar um choque de juros né Logo no início Ah e eu precisava quebrar a expectativa de inflação porque a não só a inflação tava forte por uma questão eh eh de taxa de juros mais baixa do que o necessário na gestão anterior etc e e e também pelos gastos públicos muito eh eh que tinham sempre durante muito tempo no Brasil patamar elevado mas o fato é que a a a a inflação tava elevada E então nós tivemos que subir a taxa de juros fortemente
estava nesse nível aí que você mencionou a inflação e eh eu eh levei a taxa de juros a 26% n foi um um choque n foi interessante porque o ministro important do governo eh declarou chamou entrevista coletiva declarou que aquele era absurdo que o presidente Lula eh iria me dar uma ordem para baixar o a taxa de juros ou então eu seria demitido não é então H uma grande expectativa que seria a próxima reunião do E aí tem um ponto importante que é a questão de expectativa de inflação quer dizer a expectativa de inflação subiu
e isso gera a inflação então era necessário quebrar a expectativa de inflação que estava sendo influenciado muito influenciado a essa altura por essa declaração do ministro então para dar uma Clara eu não só não baixei a taxa de juros mas na realidade subi a taxa de é para 26,5 evidentemente que a partir daí a expectativa de inflação despencou e a inflação começou a convergir paraa meta a uma velocidade bastante boa ao contrário do Renato aqui não posso dizer que eu vi que Justamente não consegui ver mas a gente obviamente estudando aqui a gente acompanha exatamente
a trajetória e ã da da inflação e de todos os números aí que a gente tem visto eh mas justamente só o ministro foi elegante o ministro foi elegante não citou o nome do ministro a época Antônio palosi tá só para pro nosso para para quem tá nos vendo saber tá minist era o ministro em 2003 Quem começou o governo Lula foi Antônio palosi perfeito foi era era Ministro da Fazenda até 2006 quando assumiu o Guido mantea o Guido Mantega é isso perfeito eh a até aproveitando um pouco esse gancho do que a gente estava
trazendo é justamente o senhor trouxe aqui todas as façanhas do senhor para poder conseguir convergir aí a a inflação de conseguir diminuir a inflação colocar ela mais ali perto da meta e eu gostaria de entender Qual que é a principal diferença que o ministro vê hoje da sua atuação no banco central e do atual Banco Central Olha a a inflação hoje ela tá foi acima da Meta o ano passado e portanto Banco Central tá tá subindo a taxa de juros tem que subir porque para para que a inflação convirja para meta mas evidentemente nós estamos
falando de situações muito diferentes nós estamos falando aí eh eh não de uma inflação de dois dígitos né 11 12 13 etc e taxas de juros Como eu disse de 26 você falando aí de eh inflações de um pouco mais de 4% tem que ser controlar tá acima do teto da meta e portanto ah eh eh uma situação digamos eh que tem um desafio aí importante mas que é eh muito diferente da do problema do desafio eh daquela época tá né Eh quando eu assumi aí o governo porque naquela época existia uma preocupação muito grande
do que seria a o governo Lula nesse aspecto como é que seria o BC do PT que ele às vezes se chamavam e tal eh na realidade eh entenderam que não o PC era independente etc eh eh Tecnicamente como como foi o caso agora tem algumas eh situações que tornam uma situ situação a questão do Banco Central Um pouco mais confortável digamos primeiro hoje a a independência do Banco Central é definida por lei quer dizer naquela época não havia Independência formal a independência era um acordo que existia entre o presidente Lula e eu quando ele
me convidou eh eu disse que aceitaria desde que tivesse Total Independência ele acabou concordando com isso e e e foi apresentado um projeto de lei na época tornando o banco central independente não foi aprovado pelo congresso naquela época existia muita resistência a isso então eu reunão com o presidente falei Presidente nós temos um acordo né de independência eu vou honrar o acordo agora o senhor eh como a a lei não foi aprovada Senor o senhor tem a prerrogativa de me exonerar Mas isso é uma decisão sua não minha então eu vou continuar agindo Independente de
maneira normal e assim foi 8 anos agora existe uma Independência formal legal do Banco Central o Presidente da República não pode demitir a o presidente do Banco Central né o presidente eh do Banco Central portanto ele presta contas ao congresso a população o presidente mas ele é e a toda a diretoria ah independente né e isso é independente e e críticas e etc eh fora o fato é que eh eh issoão por exemplo houve muita crítica ao presidente anterior do Banco Central Roberto Campos Neto ISO não impediu que ele eh exercesse eh normalmente o seu
mandato Apesar que ficou uma situação muito conturbada mercados preocupados etc agora tem uma vantagem adicional que o o galípolo eh foi nomeado pelo eh presidente Lula como eu fui na época e portanto o presidente Lula tem mais tranquilidade me parece que é a grande preocupação dele eh de que eventuais subidas de taxa de juros etc sejam feitas de fato para controlar a inflação que em última análise é bom pro governo n é na médio praz não a curtíssimo mas por conta da segurada na economia mas no momento que a inflação converge paraa meta etc o
país cresce mais is é bom pro governo e que a as medidas do Banco Central não estão sendo feitas para prejudicar o governo mas sim porque é a melhor decisão pro país Então eu acho que tende também a tranquilizar um pouco mais a situação e portanto conjugando-se essas duas coisas eh eu acho que o b cesal tem condições de fazer a política monetária com base técnica etc e isso tende também a acalmar a inflação etc eh Apesar importanto dizer de que nós temos aí a pressão a inflação gerada pela expansão fiscal porque uma vantagem que
eu tive na época ex principalmente no primeiro Mandato do Lula Era exatamente que a a a política fiscal e a política monetária Andaram na mesma direção isso eh facilita pouco agora nós temos uma política fiscal expansionista e uma política monetária contracionista não é isso torna O processo todo um pouco menos eficiente mas isso o banco central já anunciou a que vai ter mais duas subidas de 1% ET então eu acredito tá na direção correta Ministro para pegar inclusive continuar nessa nesse assunto e pegar essa última ess esse último ponto que o senhor lembrou que foi
eh já o direcionamento dado pelo pelo Copom na última reunião né na última reunião de 2024 de que teremos mais duas ah duas altas da da celic e de um ponto percentual cada uma né e o que a minha curiosidade é porque a gente não pode esquecer que o galípolo ele foi diretor de política monetária ah nomeado também pelo presidente Lula né No começo de 2024 e eh e ele obviamente como diretor de política monetária faz parte importante dessa decisão sobre os juros o senhor acredita que esse foi um caminho também encontrado pelo próprio galípolo
né com a participação dele obviamente eh para tentar acalmar também o mercado sobre a a a gestão dele sobre o início da gestão dele frente ao Banco ao banco central já que por mais que haja uma Independência né o mercado se mostra preocupado por ser um presidente do BC nomeado pelo presidente Lula né eh como é que o senhor enxergou como é que o senhor enxerga essa eh essa atitude do Banco Central que não é histó icamente muito comum né o banco central antecipar eh movimentos de juros né em reuniões futuras do do COPOM eh
O que que o que como o senhor viu essa essa decisão do BC de antecipar mais duas altas de juros Olha eu acho que visou exatamente dá um direcionamento Claro pro mercado né o mercado estava em função de toda essa controvérsia aí Ah que houve principalmente eh em relação à à gestão anterior do Banco Central e o combate as crítica do presidente tudo isso ah o mercado exatamente tá preocupado etc então eh eh me parece uma atitude positiva do Banco Central e talvez até necessária de ser um pouco mais explícito do que o normal né
ah ao invés de dar uma indicação etc pode ser ver quer dizer prep par condicionar as expectativas por determinado lado lado do banco central foi eh eh foi específico né e três e subidas de 1% a primeira já houve e e e e duas próximas exatamente visando eh deixar claro pro mercado que isso Eh vai ser feito e o banco central não será alente com a inflação eh Devid a a proximidade a boa relação do galípolo com o Luna então Eh me parece que é isso mesmo e e é algo necessário quer dizer o banco
cal precisava de fato eh se firmar e e e ganhar confirmar confirmar isto e eh de fato ganhar credibilidade necessária para eh controlar as expectativas de inflação queria continuar aqui nossa conversa ainda né na falando da atuação do BC e ainda assim eh a do atual né Eh eu queria falar sobre justamente o dólar pressionado que a gente teve durante o final do ano passado que a gente chegou ali às 6:20 ficou muito próximo desse patamar durante todo todo dezembro eh e o banco central acabou fazendo várias intervenções durante esse período somando até 32 pouco
mais de 32 bilhões de Dólares eh foi uma intervenção recorde do BC queria entender Qual o seu ponto de vista em relação a essa intervenção eh E como que o o banco central ainda tem a contribuir ou o que que poderia ter sido feito de diferente nesse sentido olha de fato o o o Bal agil eh visando eh eh fornecer eh eh dólares ao mercado no momento em que Estava havendo eh uma saída muito grande de dólares do do país então o banco central tinha que fornecer moeda para isso para evitar uma crise eh cambial
ah poderia até ter contornos graves então Eh foi uma uma atitude eh que me parece adequada no sentido de ah atender a um fluxo de saída forte naquele momento que foi dezembro principalmente final do ano mas a principalmente em dezembro eh de saída de recursos do país agora evidentemente que a reserva não deve ser usada olhando agora à frente para controlar a taxa de câmbio né a taxa de câmbio é flutuante eh eh eh livre e e deve ser eh mantida assim o banco central eh tem que usar a reserva apenas para situações de crise
de não de taxa de câmbio Mas se tiver falta de fato de moeda no mercado por uma circunstância específica etc como ah aconteceu né nesse final de ano agora eh digamos estabilizando a questão dos fluxos cambiais eu acho que independentemente da taxa o banco central tem que ser aí eh eh cauteloso e e e e moderado aí e uso uso de reservas porque é muito importante para o país ter essas reservas para o uso em momentos de fato de crise e a própria existência da reserva ela dá Segurança ao país e aos mercados e aos
investidores de que o país tem recursos é uma diferença muito grande um país que tem reservas como o Brasil ou países eh vizinhos muitas vezes que entram em crise eh ou em outras regiões do mundo países emergentes etc e que eh não tem reserva tá isso é muito importante vamos lembrar também na Ministro sempre importante eu sempre acho importante dar esse contexto histórico da atuação do ministro Henrique Meireles porque Ministro também assumiu o banco central numa situação de reserva quase zero né Ministro eh era uma situação muito diferente da que a gente tem hoje né
o Brasil era devedor internacional né tinha acordos com a FMI e tudo mais e terminou a gestão eh do do ministro frente ao Banco Central e também a gestão do presidente Lula obviamente né ehs dois primeiros mandatos credor e com reservas né Ministro é bom a gente sempre lembrar e e é e é e é curioso e importante ver o senhor defendendo né essa posição que o senhor ajudou a construir né durante a sua gestão no banco central é realmente eh quando eu assumir nós tínhamos aí reservas muito baixas né e e que caíram mais
nos primeiros meses da medida que eu pagando dívid etc então quando nós chegamos em Maio 3 Ah nós tínhamos 15 Bilhões de Dólares de reserva e Devíamos 30 pro FMI Então tava no vermelho ah o o tava com 30 poucos Bilhões de Dólares mas eu tive que pagar uma série de dívidas etc chegamos a 15 em maio né e devendo 30 para FMI Ah e com a política de controle da inflação com a política de em função disso expansão do crédito porque eh eh a inflação elevada fazia com que o crédito do Brasil tivesse eh
num p mar muito baixo né Por exemplo o crédito do setor privado Era cerca de 20% do PIB quando eu saí era 46 né então o que que acontece no momento que controlou a inflação o o o o crédito começou a crescer fortemente isso permitindo uma série de coisas inclu aumento das exportações houve um dado muito importante que permitiu também a regulamentação do crédito agrícol e uma expansão enorme do crédito agrícola eh com a grande extensão de terra agriculturável que tem o Brasil tudo isso gerou eh uma expansão muito grande eh da exportação também eh
de grãos de commodities etc Ah e tudo isso gerou saldos comerciais importantes que nos permitiu a com muita disciplina construir as reservas e de fato eh quando eu eu saí do Banco Central as reservas estavam cerca de R 300 bilhões deais Ministro eh um um o senhor mencionou crédito aí e eu eu também me lembro que quando o senhor assumiu né a a presidência do Banco Central eh o sistema financeiro ele tava em movimento de consolidação né o senhor inclusive foi presidente do Bank Boston né Que que foi eh adquirido pelo Itaú depois né eh
e esse movimento de consolidação eh resultou no que a gente tem hoje de H uma uma grande concentração né em grandes bancos mas também por outro lado a gente tem aí o surgimento de bancos digitais e e o senhor foi responsável também pela estruturação do banco original né que é um desses bancos eh digitais eh como é que o senhor enxerga a ah essa essa nessa trajetória de 20 anos 20 e Poucos Anos Ah o sistema financeiro a como mudou o sistema financeiro Nacional desde que o senhor assumiu a presidência do Banco Central em 2003
até agora olha ã naquela época o Brasil tava ainda vivendo o final eh da grande crise bancária que tinha havido alguns anos antes né em que vários bancos eh sofreram intervenção e eventual liquidação pelo banco central tá e vários bancos de varo grandes etc eh e a partir daí Então nesse período houve Exatamente Essa consolidação eh do sistema financeiro etc ah onde os bancos eh todos eh foram eh se organizando etc de maneira que ficamos aí eh com cinco grandes bancos Ah três privados e e e os dois estatais né mas paralelamente isso que é
interessante nós tivemos a expansão eh exatamente eh das fintec dos bancos digitais e isso e houve portanto um movimento nesse sentido a ao movento contrário quer dizer descentralização muito grande do crédito não é Então hoje você tem eh bancos digitais com pções importantes aí eh na no mercado de crédito com eh posições grandes e e e e importantes etc Então isto fez com que houvesse essa descentralização eh e isso eh também ajudou a a controlar o que seria o risco seria tendo muito poucos bancos Eh concentrados aí a poder haver um aumento eh desproporcional de
spreads mas o fato é que essa concorrência de todo esse esse número grande de bancos digitais a eh controlou exatamente essa questão mantendo a competição e portanto controlando aí os sprids etc eo eh eh foi um movimento eh importante positivo eh exatamente do avanço da tecnologia no setor financeiro como você eh mencionou eu eh eh saí depois de um ano aí que eu tinha saído do Banco Central eu olhando V tive tempo etc durante esse período de quarentena para olhar e eu enxerguei e principalmente em outros países a a a expansão eh exatamente do do
os bancos digitais eu na realidade eh quando estava eh em em Boston eh alguns anos antes inclusive onde não se chamava de banco digital eh o que se chamava lá era do Internet Banking eh que era muito mais limitado era basicamente apenas contac corrente eh e eh eh eu no banco de Bosso fundei um dos dois primeiros Internet Banking do do dos Estados Unidos o cbank fez um e eu fiz outro eh no eh back b então eu tinha essa ideia então quando eu entrei eh vários anos depois né eh 9 anos depois quando eu
ah sair do banco central já tinha cumprido a minha quarentena depois de sair do banco central eh eu vi claramente a oportunidade de se criar aí um um banco completo eh digital que foi exatamente o projeto que nós eh iniciamos na época e que hoje está muito difundido aí com um número bastante grande de bcos digitais Então gostaria já para encaminhar pro final finalizar aqui nossa conversa justamente eh querendo saber do Senhor o que a gente pode esperar de 2025 o que ainda tá faltando pra gente poder conseguir alcançar aí h a meta né a
meta da inflação eh com que a celic siga caminhando aí para um caminho que faça sentido aqui pro Brasil eh e suas considerações finais também por favor poi não eu acho que eh 25 Ah é um ano onde Ah vários dos fatores que experenciar os anos 23 24 com as reformas eh o efeito das reformas do temp eh continuam ainda a produzir um efeito eh Positivo na economia então isso eh percia um pouco por outro lado o aumento eh da preocupação com a questão fiscal e etc tá levando aí um aumento aí dos prêmios de
risco eh o que e somado ao fato de que tem esse eh eh aumento da inflação em função exatamente dessa expansão fiscal nós temos o banco central subindo fortemente a taxa de juros que isso segura a economia né então ah olhar tudo isso eu acho que vai ter um crescimento Ah positivo aí Eh mas menor do que nós tivemos aí eh nos dois primeiros anos né o mercado tá precificando aí a uma coisa ao redor de dois por C um pouquinho menos até eh apesar de ter havido surpresas positivas em em 23 eh e 204
eu acredito que deve sim principalmente em função a da subida forte da taxa de juros nós devemos ter uma economia crescendo a taxas menores não é mas estamos ainda e vamos continuar com desemprego bastante baixo etc ah o o que de um lado é né do ponto de vista social tal de outro lado pressiona um pouquinho a inflação eh mas isso Banco Central tem instrumentos para controlar isso de forma adequada eh eu acho que nesse aspecto Estamos indo aí na direção correta evidentemente eh um um um um digamos assim um um controle fiscal um pouco
maior ajudaria muito esse processo todo né na medida em que possa mesmo não fazendo uma reforma administrativa que é o ideal mas eh muito difícil de ser feita Mita reação então eh eh o fato é que eh só necessário medidas adicionais de corte fiscal para que de fato nós possamos ter um 25 eh com tranquilidade o país podendo crescer de forma sustentável mas mas ah for isso como eu disse estão sumarizando as reformas estão ainda fazendo efeito As Reformas eh do governo tem o o o banco central tá controlando a Então vai baixar um pouco
a atividade econômica subindo um pouco mais a taxa de juros Exatamente porque tem uma política fiscal no sentido contrário e eu acho que vai ser essa direção um crescimento um um crescimento menor do que do os anos anteriores basicamente é isso Ministro só para fechar mesmo acho que é importante eh ter a sua avaliação você espera uma gestão técnica também do galípolo nesse sentido né quando a gente pensa em independência do Banco Central agora institucionalizada né Eh o senhor acredita que eh não haverá uma vamos dizer uma tendência política na gestão galípolo frente ao Banco
Central Sim eu acredito que sim porque o galípolo independente de qualquer coisa ele ele não é político não é é um técnico Ah tem mandato no banco central n é e portanto ele legalmente é protegido de eh influências eh pressões melhor dizendo políticas eh e ele já está lá no banco central um certo tempo diretor política monetária participou lá das decisões e e e e e da análise dos modelos e etc para se tomar uma desão técnica então ele tem todas as condições sim de fazer uma gestão técnica e não vejo razão para a qual
o que o levaria a fazer uma um decisões políticas eh principalmente porque a decisão política ela parece politicamente positiva no primeiro momento mas jorar de juro Ah é político todo mundo Goa só que aí so a inflação e isso é ruim pro país pra população e pro governo então uma política técnica e resisti pressões políticas de curto prazo em última análise beneficia a todos inclusive o próprio governo Ministro mais uma vez muito obrigado pelo seu tempo a sua disponibilidade de conversar aqui com mone times eu Agradeço também a todo mundo que nos assistiu e também
ao Renato por contribuir ainda mais aqui com a nossa Muito obrigado se você gostou desse vídeo comenta aqui embaixo e até a próxima