[Música] Vamos finalmente para a Tábua de Esmeralda. Já não era sem tempo. Mas, como falei de início, essa parte essencial fiz questão de fazer.
Talvez vocês achem muito longo, mas eu fiz questão de trazer para vocês as fontes. Isso é muito importante para que não trabalhemos com algo duvidoso, que nos pareça fantasia. Para que sintamos que estamos trabalhando com coisas sensatas, que têm um fundamento.
Agora quando entramos na interpretação disso, eu tenho que explicar também para vocês algumas coisas. Em primeiro lugar, esses são ensinamentos que, interpretá-los de uma maneira lúcida e completa, se é que isso é possível, não é para pessoas do meu tamanho. Helena blavatsky dizia que toda estrutura simbólica é uma casa de sete portas, ou seja, você poderia entrar aqui com uma chave cosmogônica, com uma chave geométrica, seja lá o que for.
Eu vou pegar uma pequena chave para pelo menos deslumbrar alguma coisa, que é a chave psicológica, e dentro do que eu entendo. Ninguém que seja sério, que eu conheci ao longo da minha vida pegaria um documento desse porte diria: vou esgotar o significado disso. Porque isso não seria um ser humano normal.
Ou é uma pessoa que não sabe bem do que está falando, ou é um ser que não deveria estar aqui, ou seja, não está muito acessível para a gente esclarecer completamente, se é que isso é possível. Porque eu acho que tem certa chaves nos mitos que são individuais. O que ela abre para mim, talvez não abra para você nunca.
E existem certos elementos que são sim genéricos para toda psique humana. Então aqui bem com os pés no chão, nós vamos trabalhar com uma interpretação baseada em várias tradições, e lógico, alguns elementos interpretativos feitos por mim mesma, mas sempre com a humildade e a sensatez de saber que estamos esboçando alguns elementos, para que vocês tenham uma noção de que isso aqui não é tão loucura quanto parece. Então vamos lá!
A primeira frase da Tábua de Esmeralda diz o seguinte: "É verdade, sem mentira, certo e muito verdadeiro. " Só isso. Ele anuncia o que virá dessa maneira.
Ele afirma quatro vezes a mesma coisa: É verdade, sem mentira, certo e muito verdadeiro. Percebam que essa reiteração toda é como se ele quisesse afirmar, juramentar aquilo que está dizendo. Eu fiz numa ocasião uma palestra, que vocês podem ver no YouTube, que era "Os versos de ouro de Pitágoras", onde Pitágoras fala alguma coisa parecida.
No seu 47º verso, depois de ter dado um monte de indicações para a vida, ele vai dizer o seguinte: 47. Eu juro por aquele que transmitiu às nossas almas, o Quaternário Sagrado. Ou seja, figuras como Hermes Trimegisto, seja lá o nome que ele tenha tido, figuras como Pitágoras, seja lá quem for que ele tenha sido, não juramentam as coisas em vão.
Eles desse nível de grandeza, com esse alcance de visão a ponto de marcar milhares de anos de história, porque aí tem dois milênios pelo menos para cada um, são seres que quando colocam a sua palavra empenhada em algo, ali existe mais do que um mero palpite, ali existe uma questão de honra. Para eles perjúrio era uma das piores coisas que poderia existir. Hoje, um juramento vale muito pouca coisa pelo nível de desrespeito que temos por nós mesmos.
Nós não conhecemos a nós mesmos e consequentemente não respeitamos a nós mesmos. Portanto, cometer perjúrio não é grande coisa, mas estamos falando de Hermes Trimegisto e Pitágoras. Apoiar algo dessa maneira é juramentá-lo.
Juramentar para um sábio egípcio ou para um sábio pitagórico, para o próprio Pitágoras, isso não era qualquer coisa. Então por aí você percebe que eles estão colocando algo que para eles é uma visão, algo imbuido de uma certeza muito profunda. Ou seja, por aí a gente já tem um tapete de entrada que indica: entre com respeito.
Não é qualquer coisa que vem por aí. Em seguida ele vai dizer o seguinte: "O que está embaixo é como o que está em cima e o que está em cima é como o que está embaixo, para realizar os milagres de uma coisa única". Ou seja, a primeira parte muito conhecida para quem conhece o Caibalion, o princípio da correspondência.
O que está em cima é o que está embaixo. O que está abaixo está acima. Ou seja, o mundo é um microcosmo, como dizia Platão, que reflete o macrocosmo.
Nós temos na tradição hebraica o tetragrammaton, YHWH, que é o nome de Deus, que na vertical é o corpo do homem: cabeça, tronco e membros. Nós temos a Bíblia dizendo que Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. Sempre uma mesma referência de que não é idêntico, mas similar o micro com o macro, ou seja, quem entende profundamente o homem entende muito próximo a estrutura do universo.
Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses. É a máxima do Templo de Delfos. E ele complementa com algo que já é original e diferente pra gente: O que está embaixo é como o que está em cima e o que está em cima é como o que está embaixo, para realizar os milagres de uma coisa única.
O que é essa coisa única? Nós vamos ver caminhando ao longo dessa história, que tem uma coisa única que opera a sua experiência dentro desse mundo manifestado, dentro daquele palco do tempo que é criado lá na imagem egípcia, aquele palco que se abre entre Shu e Tefnut, ou seja naquele espaço se traça o tempo no palco da manifestação. Tem um ser que está atravessando o palco da manifestação, uma coisa única.
E essa coisa única para essas tradições em geral representa a consciência. O universo se manifestou, segundo algumas dessas tradições, para gerar a consciência, porque a consciência nasce do contraste. No contraste entre duas coisas eu percebo ambas.
No contraste entre silêncio e som eu percebo ambos. No contraste entre aquilo que eu tenho e aquilo que eu perdi, eu percebo o valor daquilo que perdi. Ou seja, o contraste gera a faísca da consciência e o palco da manifestação seria um palco para que a consciência trilhasse o seu caminho.
Ou seja, essa relação entre céu e terra, entre o em cima e o embaixo permite a consciência ver no mundo concreto e vislumbrar no mundo espiritual e conferir no plano espiritual, ou seja, essa relação simbólica do mundo físico com o mundo metafísico são pistas para que a consciência domine os dois mundos. A coisa única que evolui é a consciência, não só a humana, a consciência em geral. Nós vamos ver que pra civilizações antigas, a consciência está presente desde o primeiro momento do universo nos seres mais rudimentares, e estará presente até o último.
A história da evolução é a história da consciência. Na terceira frase ele vai dizer o seguinte: "Assim como todas as coisas foram e procedem do Um, pela mediação do Um, assim todas as coisas nasceram desta coisa única, por adaptação. " Prestem bem atenção, assim como todas as coisas foram e procedem do Um, pela mediação do Um, ou seja, todo o universo veio da unidade e voltará para ela.
O próprio nome universo, Versus Uno, em torno do Uno. Segundo Pitágoras tudo vem da unidade e chega a década. um mais um era um de novo.
As coisas vêm e voltam para a unidade. A unidade é a única realidade por trás da multiplicidade que é ilusória. Isso é a base e vocês vão ver de várias civilizações ao longo da história.
O fato de estarmos separados é uma ilusão e essa ilusão, quando a gente acredita demais nela, nos tornamos violentos, invejosos, competitivos e começamos a destruir os outros que são uma parte de nós mesmos. E daí nascem todos os males do mundo. Isso é recorrente em várias tradições do ocidente e do oriente.
Então por trás da aparente multiplicidade, nós viemos do Uno, voltaremos para o Uno e no fundo somos Uno. Agora ele diz que assim como as coisas vêm e voltam para o Uno, ele coloca isso como exemplo como se fosse uma coisa aceita e compreendida por todo mundo. E ele em cima disso vai fazer um paralelo: assim também todas as coisas nasceram desta coisa única, que seria a consciência, por adaptação.
Ou seja, a consciência como chispa que permite perceber, entender as coisas a sua volta, que lança luz sobre as coisas estaria presente desde o ser mais primitivo. É comum, Helena Blavatsky fala muito disso na sua obra que faz um apanhado de várias civilizações, que para várias culturas, desde uma pedra já haveria ali algum tipo de sensibilidade, de consciência, até nesse movimento de expansão e contração, conforme a temperatura ambiente, já haveria algum tipo de percepção e de consciência sendo assimilado ali. A evolução nada mais é do que evolução da consciência.
Ou seja, a consciência se adapta. A natureza vai constantemente oferecendo para ela novos invólucros e ela vai entrando ali e a partir dali vendo o mundo a sua volta, colhendo informações e saindo dali e esperando o invólucro mais adaptado. Ela vai se adaptando às diferentes formas que a natureza vai oferecendo para ela.
Quando a consciência adquire toda a experiência possível dentro de uma forma, ela passa para outra. A tendência é que essa se extingua, que fique para trás. Entendam!
Vamos trazer isso para a nossa vida. Quando você vive uma experiência profundamente, por exemplo, ir a determinados lugares se divertir. Se você vive aquilo em profundidade, aprende tudo que aquele ambiente tem para lhe oferecer e supera, chega um determinado momento, que na maturidade, se alguém te convida a voltar para aqueles bailes da sua adolescência, tem algo em você que não suporta mais aquilo, está superado, morreu, ficou para trás.
A consciência se recusa a voltar atrás naquilo que ela já superou. Então, na nossa vida tem certos momentos que a gente teria que deixar que as formas morressem, porque já não são mais adequadas para a caminhada da nossa consciência. E isso que acontece em nós, no micro, também acontece no macro, na natureza.
Então a natureza iria oferecendo formas e a consciência transitando por elas para colher informações, se enriquecer, expandir. E a consciência é o eterno peregrino que trilha e atravessa o palco da vida desde o Uno até o Uno de volta. E ela voltará para casa do pai com os braços repletos de frutos, que é toda essa percepção que ela reuniu ao longo de todas as formas que a vida lhe ofereceu, que a natureza lhe ofereceu.
Parece enigmático isso, mas tudo aqui vai trabalhar em torno dessa ideia. Então pelo menos como obra de imaginação, tentem entender isso. É interessante quando ele fala a respeito da consciência adaptando-se a diferentes formas, porque se você se remeter ao Caibalion, tem um princípio, que é o princípio da vibração, que diz que a identidade de cada forma é exatamente o nível de vibração que tem essa consciência lá dentro.
Se eu quero saber quem é você, tenho que saber onde está vibrando a sua consciência, em que nível. Se vibra diante de atos de honra, se vibra diante da Justiça, da Bondade, ou se vibra só diante de apelos grosseiros, lugares violentos. Teu nome interno, a tradição do nome interno fala exatamente com a identificação da tua consciência.
Diante de que ela vibra? Ou seja, mais um ponto de comunicação com o Caibalion. Então essa ideia é que a consciência se adapta e se identifica temporariamente com as formas.
Depois segue subindo a sua escada. 4. "O sol é seu pai, a Lua é sua mãe, o vento o trouxe no seu ventre; a Terra o alimenta.
" Aqui existem versões. Há versões que dizem: a Terra é nutriz, a Terra é ama. 5.
"O pai de tudo, oThelesma de todo mundo, está aqui. " O que é isso? Repito: 4.
"O Sol é seu pai, a Lua é sua mãe, o vento o trouxe no seu ventre; a Terra o alimenta. " 5. "O pai de tudo, o Thelesma de todo o mundo, está aqui".
Isso não é uma coisa simples. Nós estamos diante da Tábua de Esmeralda. Nós vamos recorrer a várias simbolismos, inclusive o próprio egípcio, para entender isso melhor.
É evidente que dentro de uma tradição simbólica como o Egito, o Sol está relacionado, Amon-Rá, o Sol está relacionado com o pai espiritual. O pai espírito e a Lua como mãe. Por que a Lua?
A lua como substância primordial junto com o espírito primordial que se unem para gerar um filho, que vai ter traços do pai espírito, e traços da mãe, substância, matéria. Vocês podem me perguntar por que a mãe não é a Terra. Não é dela que nós tiramos a nossa substância, nossa matéria?
Aí vocês terão que usar um pouco de imaginação, porque isso não é simples. Helena Blavatsky fala bastante sobre isso. Mais ou menos a ideia seria essa, não só para o Egito.
Nós vemos muito isso lá para os lados do Oriente também. Se você pega por exemplo uma planta, ela seria filha do Sol e da Terra. Um animal seria filho do sol e da Terra.
Mas acontece que quando você cria o ser humano, a substância necessária para criar um ser humano, nem toda ela a Terra tem. Porque tem uma substância que distingue o ser humano, que é a mente. E mente para os egípcios e para várias outras tradições é muito mais do que cérebro físico, é um plano, é uma substância mental.
Essa substância mental a Terra não teria. Teria que vir algo mais amplo, de outro lugar para compor esse ser. O homem seria filho do Sol e da Lua, e a Terra seria como a ama, a nutriz, que dá para ele o seu alimento.
Mas ela não teria todos os componentes necessários para formar um ser humano. Conseguem entender isso? Ou seja, se você pegar por exemplo um conto de fada, gosto tanto deles, tem muito mais do que vocês imaginam aí, quando se fala do nascimento da Bela Adromecida, que as fadas vão lá e dão presentes para a princesa, é como se de uma certa maneira, essas tradições estivessem falando que para criar um ser humano precisa de alguma energia de fora da Terra, para poder dar alguns elementos, porque o ser humano é um ser complexo.
Não poderia ser filho só das substâncias da terra. Então parece que a lua contribui de alguma maneira para completar esse ser. Ou seja, é um simbolismo.
Estou colocando para você só algumas ideias dessas tradições. Não vou entrar em detalhes, porque nem eu conheço detalhes. Seria mais ou menos essa ideia que está muito bem expressa na teologia egípcia.
Existe a grande mãe Ísis, ou seja, uma grande mãe terrestre. Mas você tem Raptor que é a grande a senhora da vida, que tem exatamente chifres ou uma meia lua sobre a cabeça. Ou seja, seria uma substância primordial mais ampla do que simplesmente a terra.
E essa Raptor, que é a casa de Hórus, o nome dela significa isso, ela que é a responsável pela geração, junto com o Sol, do ser humano. E a terra dá a ele os seus alimentos. E aí vem um vento.
Que vento é esse? O vento o trouxe no seu ventre. Ou seja, a ideia do ventre é a ideia da vida.
O vento representa o ar. O pneuma, ou seja, o sopro de vida. Esse pneuma, esse ar, esse fôlego representa a vida que foi dada.
Contém uma semente da substância, uma semente do espírito que se juntam, vem o sopro de vida que passa por ali e dá a ele existência, e vem a terra que o alimento, sua ama, sua nutriz. E nesse processo, que ele vai dizer lá no final que é um processo de criação muito complexo, ou seja, que se a gente entendesse isso aí, entenderia tudo o que o Sol cria dentro do seu sistema, teria que ter a participação de todos esses elementos, nesse processo estariam os componentes necessários para a criação do homem sobre a terra. Esse homem que já tem um ponto de consciência elevado a ponto de querer entender as suas origens.
Complicado, né? Mas nós estamos trabalhando com o Egito. Estamos trabalhando com mais do que isso.
Vamos ver aqui Índia, Tibet, têm coisas bem parecidas. A ideia de todos esses elementos, que nós hoje tomamos só ao pé da letra. O sol é esse que está brilhando aí em cima.
A gente não toma o sol como um exemplo de doador de vida, de doador de luz. Esse exemplo do pai que muitas vezes está associada ao Espírito. Não tomamos às vezes nem a terra, nem a lua como exemplo de substância, de matéria.
Não estamos acostumados com o pensamento simbólico. Estamos numa civilização onde tudo é muito raso, tudo está muito na superfície. O simbolismo para a gente é uma coisa que dá dor de cabeça.
Então, se você quer entrar não só no conhecimento do Egito, está bom, deixa o Egito lá, faz de conta que tudo isso é uma lenda, mas quer entrar no conhecimento da sua própria vida, trate de desenvolver um pouco de mentalidade simbólica, porque a vida dos egípcios e a nossa têm o mesmo componente, é toda simbólica. Por isso que temos tanta dificuldade em entendê-los, não trabalhamos mais com símbolos. Pegamos tudo ao pé da letra, e ao invés de aprender com a dificuldade, nos sentimos feridos e simplesmente nos fechamos.
Então percebam que não é à toa que tudo aquilo que é simbólico é tão inexpugnável para nós, é tão complicado, tão hermético, hermeticamente fechado. Então, e o telesma? Telesma é uma palavra que está relacionada à rito, a sacralização, ao rito Sagrado.
Nós vemos que aí tem o Telesma, o rito que rege o processo da vida no nosso mundo e no nosso sistema. Tudo aquilo que é filho do Sol segue esse telesma, esse rito sagrado, que aliás é a mesma origem da palavra talismã. Esse rito sagrado que faz com que os seres venham à vida.
Particularmente no caso dos seres humanos, preciso de fadas, de elementos externos para completarem essa obra. Todo o sistema cooperando, todo o sistema doando elementos para que tudo exista. Isso me lembra uma coisa que hoje muita gente tem estudado nas florestas, mostrando que nas raízes há um intercâmbio de energia por parte das árvores.
E você vê na superfície uma árvore, e você não imagina que na existência daquela árvore contribuam tantas outras. A gente vê a superfície da vida. Talvez não perceba que por baixo da terra, por baixo das aparências, haja muitas coisas se trocando, haja um processo inteligente dentro do sistema, onde tudo contribui para tudo.
Quem sabe? ! Pelo menos tomar como possibilidade eu acho que é de bom alvitre.
Continuando. . .
na sexta frase vai se dizer o seguinte: A sua força permanece inteira quando se converte em terra. Sua de quem? Estamos falando do peregrino, da consciência.
Ou seja, você pega a consciência e embala ela com um monte de matéria orgânica, um corpo, ela não vai ficar cega porque está embalada pela matéria. Ela continua tendo a mesma força, a mesma visão, o mesmo discernimento. Ou seja, a consciência, quando se embala num corpo, toma esse corpo como o material sobre o qual refletir e trabalhar.
Aliás, parece que a consciência veio ao mundo para poder conhecer todas as possibilidades do mundo. Você coloca ela dentro de um corpo e ela continua atuante, com capacidade de visão dele e através dele. Ela pega as potencialidades que esse corpo tem de sentidos, de visão, talvez um aspecto do universo que ela não tinha visto até então, e continua sua viagem com essa bagagem que esse corpo lhe deu.
Esse corpo tem maneiras de apreender do meio um monte de informações. Ela pega essa bagagem. Ela vê o corpo e vê através dele e continua a sua viagem com essa bagagem que esse corpo lhe proporcionou.
Lógico, nós estamos falando de uma tradição que é reencarnacionista. Não estou aqui colocando isso como verdade nenhuma. Estou simplesmente mostrando para você.
Era assim que pensavam. Cada um tem o seu direito de analisar a realidade por todas as possibilidades. Aqui está a egípcia.
Não custa conhecê-la. Não é à toa que esse povo entrou para a história como tão enigmático e tão profundo. Algo deve ter para nos ensinar.
A sétima frase vai dizer o seguinte: 7. Separarás a terra do fogo, o subtil do espesso, suavemente e com grande habilidade; Exatamente a consciência que é capaz disso. Ela tem discernimento, separa o cerne das coisas, sabe distinguir o que cada um é, e distingue de uma maneira muito peculiar, quando a consciência já está num certo ponto de desenvolvimento.
Ela vê o que as coisas são e não o seu reflexo sobre as coisas, que é própria da ignorância. Lembram daquela frase do Caetano Veloso? "Narciso acha feio o que não é espelho.
" Nós olhamos para as coisas e se elas me agradam, elas são boas. Se não me agradam, são más. E o que elas são em si?
Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe. Você não tem nenhuma consciência desse objeto. Ele passou por você e você não o viu.
Isso é uma visão utilitária. O homem se acha importante demais, acha que todas as coisas existem para serví-lo e só vê as coisas quando podem lhe trazer algum proveito. A velha frase de Tolstói que tanto uso: a quem passe por uma floresta e só veja lenha para a sua fogueira.
Ou seja, a consciência quando está amadurecida o suficiente para não projetar um monte de desejos e interesses sobre as coisas, mas ver as coisas em si, era capaz de distinguir o cerne das coisas, do que elas são, e juntas e separadas, qual é a natureza das coisas. E isso também tem a ver com o atributo da inteligência, intelegere, escolher dentre. É capaz de ver a si própria, o corpo onde ela está instalada, ela vê a si própria como fenômeno consciente, e entender as coisas que estão a sua volta.
Esse é o primeiro elemento. Então ela tem discernimento, que é exatamente a capacidade de separar, escolher o bom grão. Separar o sutil do concreto, o que é do céu e o que é da terra, o papel, a identidade mais profunda de cada coisa no céu e na terra.
E na frase oito ele vai dizer: 8. Subirá da terra ao céu e de novo descerá à terra, deste modo recebe a força das coisas superiores e inferiores. Isso é exatamente o que já falamos tantas vezes.
É aquele ser, que o ser humano tem um nível de consciência amadurecida lhe permite fazer isso, estar com a cabeça nos céus e os pés na terra. Isso é um pontíficie, aquele que faz a ponte, ou seja, vive nos dois mundos, entende e aceita as leis dos dois mundos, mas é capaz de relacioná-los, de trazer daquilo que é do céu para iluminar as experiências da terra, e vice-versa, levar suas experiências terrestres para serem dominadas pelas leis do espiritual, pelas leis do plano das ideias, como dizia Platão, como vocês quiserem chamar. Isso está, como eu falei para vocês ainda há pouco, no Kalika Purana, na escritura indiana em geral, está em basicamente todas as tradições.
O homem que tem porte, tem estatura suficiente para isso. Não é estatura física, é estatura de consciência. Para tocar com seus pés a terra e a sua cabeça o céu.
Então ele sobe da terra ao céu e de novo desce à terra e recebe a força das coisas superiores e inferiores. E ali é os dois. E você tem a estrela de seia pontas.
Ali, as forças do triângulo superior com o triângulo inferior se entrelaçam. A frase número 9: 9. Por este meio obterás a glória do mundo e toda obscuridade se afastará de ti.
Quando você conseguir fazer essa ponte, sem negar nenhum dos dois mundos. Percebam que a gente tem ciclos e ciclos na história. Por exemplo, uma Idade Média, onde nós negamos tudo que é material.
Tudo que é material é pecaminoso. Você tem como se fosse o frontão de um templo, que uma coluna foi retirada. Lógico que vai desmoronar.
Aí você vai para uma época muito materialista, onde você nega tudo que é metafísico e espiritual. Também é um frontão desequilibrado. O que ele diz aqui é: tenha a coluna do espírito e a coluna da matéria, respeite cada uma delas e harmonize.
A consciência se harmoniza sobre as duas. Entendam os dois mundos e harmonizem. Exatamente os dois triângulos entrelaçados na estrela de seis pontas.
Então ele diz que por esse meio nós detemos a glória do mundo. O que é a glória do mundo? Se nós estamos exatamente buscando entender a unidade que é a realidade por trás de todas as aparências, que glória haveria?
Se eu compreendo, por exemplo, que o meu corpo é uma unidade, a minha mão ter mais prestígio que o meu pé não tem lógica. Tudo faz parte de um único corpo. Se eu sei que eu e você somos um único corpo, que glória haveria em você ter mais prestígio do que eu, ou vice-versa?
A glória do mundo é sabedoria. Caminhando dessa forma você chega à sabedoria, que é a única glória real que se pode chegar no mundo. E toda obscuridade se afastará de ti.
Obscuridade é ignorância. Ou seja, se obterá a glória da sabedoria e toda ignorância se afastará de ti. Isso é caminhada da consciência humana vitoriosa.
Obtém esse resultado. 10. É a força forte de toda força, pois vencerá toda coisa subtil e penetrará toda coisa sólida.
Assim foi criado o mundo. O mundo foi criado para que essa força forte, que a consciência, penetre em todas as substâncias. Não há nada que seja impermeável para ela.
Ela penetra desde a matéria mais densa, até os planos mais sutis na sua caminhada de volta para casa. E de tudo ela retirará a sua experiência. Vencerá toda coisa sutil e penetrará toda coisa sólida.
Assim foi criado o mundo. O mundo foi criado cheio de dualidades para que a consciência mergulhe em todas elas, e assimile todos os aspectos possíveis que se podem assimilar dentro da manifestação. Que a consciência transite por todas as possibilidades e saia recolhendo todos os ângulos de visão do universo manifestado, para compor com isso uma sabedoria de todas as luzes de um prisma, de todas as faces, e junte tudo isso novamente na unidade.
Leve mais e mais consciência para o plano da unidade. Até que novamente isso se recolha e se expanda num outro momento. Um processo progressivo de consciência, assim foi criado o mundo.
Sem verdades absolutas. Isso é uma tradição, como falava desde o início. Algo apenas para pensarem.
Uma reflexão a respeito de tradições antigas. Quem sabe eles não são tão primitivos assim. Tecnologia é uma coisa muito boa, quando nós temos tecnologia sobre coisas externas e sobre coisas internas.
Por que não unimos as duas? Ah, eles não tinham tanta tecnologia sobre coisas externas. Está bem!
Mas sobre as internas, parece que tinham mais do que a gente. E se tivéssemos os dois ângulos, as duas visões, como isso poderia aportar para nossa vida? Parem para pensar sobre isso!
Existe uma frase do professor Jorge Angel Livraga, que é o fundador da Nova Acrópole, que diz: o homem que andava de biga em Roma e o homem que anda hoje de avião a jato, progrediu o veículo. Será que o homem progrediu também? Podemos dizer que ele progrediu em honra, em princípios, em escrúpulos, em lealdade, em justiça?
Olha, bem duvidoso isso! E se progredisse ao mesmo tempo a máquina e o condutor da máquina? O que os egípcios estão fazendo é uma profunda reflexão sobre a consciência, que é aquilo que faz evoluir todos os seres, que lança luz sobre todos os seres.
Ou seja, o progresso do condutor, e não só da máquina. Frase 11. 11.
Disto se farão admiráveis adaptações cujo meio que está aqui. Disto se farão admiráveis adaptações cujo meio que está aqui. Ou seja, formas e mais formas a natureza criará pela lei da necessidade, para que a consciência habite todas essas formas e aprenda com todas elas, como se fossem disciplinas de um curso.
A consciência precisa aprender sobre tal aspecto. A natureza se incumbe de gerar uma forma pela qual a consciência pode ter contato com esse elemento. Que é necessário conhecer, guiado pela lei da necessidade.
Ou seja, admiráveis adaptações serão feitas, admiráveis construções nascerão, para que a consciência passe por todos os pontos que tem que passar para chegar a bom termo. Lógico que isso dá para aplicar o princípio da correspondência e colocar dentro da nossa vida. Nós, cada um de nós, temos que chegar a um certo nível de autoconhecimento e domínio sobre as circunstâncias, um certo nível de sabedoria.
Isso é próprio da nossa vida, sair da ignorância e chegar à sabedoria pelo menos em algum nível, um passo, dois passos, quantos forem possíveis. E é claro que a vida vai nos levar nesses pontos que precisamos passar para aprender. É claro que às vezes você se surpreende por uma mudança brusca na vida que te leva a um lugar que você não esperava passar.
Quem sabe não é vida te oferecendo uma nova forma, porque você tem algo de conhecimento, de sabedoria que tinha que pegar ali, para que a sua consciência continuasse o seu destino. Tudo isso dá para fazer uma reflexão dentro do campo psicológico, entender um pouco melhor a nossa própria vida. Os estoicos romanos falavam disso: nada acontece ao homem que não seja próprio do homem.
Ou seja, a vida nos leva às formas e circunstâncias necessárias para crescer. 12 12. Por isso sou chamado Hermes Trimegisto, porque possuo as três partes da sabedoria de todo o mundo.
Ele diz: por isso eu sou aquele que é chamado de Trimegisto ou Trismegistos, que também se usa. Porque eu conheço as três partes. Agora essas três partes, o que é exatamente o que ele está falando?
Ele pode estar falando das três etapas do universo, que é aquilo que na Índia se chama Trimúrti, a Construção, que é com Brahma, a Conservação, que é com Vishnu e a Renovação, a Destruição que é com Shiva. Ele pode estar falando dessas três partes. Ele pode estar falando das três naturezas dos seres, que são o corpo físico, o corpo psíquico e o corpo noético, espiritual.
De alguma maneira ele compartimentou as etapas de evolução no universo manifestado e disse "eu conheço as três". Pode ser no tempo, pode ser no espaço, não sei. Mas o fato é que ele dizia que conhecia essas possibilidades dentro do máximo que um ser humano pode conhecer.
E é isso que se espera de um sábio, conhecer o máximo que se pode conhecer da natureza humana e das suas possibilidades mais elevadas. Então ele diz: por isso sou chamado Trismegisto, porque possuo as três partes de toda a sabedoria do mundo. E por último: 13.
O que eu disse sobre a operação do Sol está completo. Ou seja, ele está se remetendo àquele momento do sol, da lua, da terra, do vento, do telesma, ou seja, eu dei a receita do bolo. Para criar dentro desse mundo, essa operação do Sol dentro do seu limite, que seria nem tanto o mundo, seria mais o sistema solar, para criar aí dentro, a receita é essa.
A operação é essa e o que eu disse está completo. Para bom entendedor, está tudo dito. Percebam que por muito que a gente caminhe, talvez nunca sejamos o entendedor completo.
Mais uma dose disso que entendamos já pode ter uma utilidade muito grande na nossa vida. Aquela velha história que eu sempre conto para vocês: Se eu não gosto do sol, fecho portas e janelas da minha casa porque eu não gosto dele, eu estou a uma distância X do sol. Se eu resolvo fazer as pazes com o sol e abro portas e janelas, a minha distância dele é mesma, X.
Mas só pelo fato de eu ter me colocado predisposta a fazer contato com ele, ele me ilumina onde eu estou. Se eu caminhar na direção dele, essa luz vai ser cada vez mais intensa. Mas só pela predisposição de me colocar em contato com o sol, ele me ilumina onde eu estou.
Ou seja, conhecimentos como esses são muito distantes, mas só predisposição de trabalhar com as premissas desse conhecimento, ou seja, buscar a unidade, aperfeiçoar a consciência humana, entender o mundo manifestado como simbólico de algo que há mais além, e fazer essa ponte entre esses dois mundos, a compreensão dessas premissas e aplicação na nossa vida já dá uma predisposição bem diferente, já temos sol dentro da nossa casa. Considerando que em qualquer ponto do caminho, se acreditarmos nessas tradições, que temos uma linha quase que infinita da unidade até a unidade, em qualquer ponto do caminho seremos sempre aprendizes. E aquilo que aprendemos nesse momento corresponde a necessidade que temos nesse momento.
Está de bom tamanho! O que não podemos nos permitir é passar pelas coisas de olhos fechados. Então, esse é o pouco que eu posso oferecer para vocês sobre a Tábua de Esmeralda.
Esse pouco pode, com certeza, em algum nível iluminar alguma possibilidade na sua vida. Eu acredito nisso. Havia homens de todos os tamanhos no Egito e para todos eles isso tinha alguma utilidade.
Se abolirmos o preconceito, sem loucura, com sensatez, e nos dispusermos a olhar isso com ânimo de apreendizes, com certeza aí há alguma coisa que pode nos ser bastante útil. E por fim, para encerrar: "Só é útil o conhecimento que nos torna melhores. " Ou seja, que tudo isso não seja uma mera especulação, embora eu tenha procurado fundamentar da melhor maneira que pude, para termos uma certa sensatez na nossa caminhada, porque um exagero para um lado é equivalente a um exagero para o outro, ou seja, nada é verdadeiro ou tudo é extraordinariamente verdadeiro são excessos.
Há que ver o que podemos verificar desses documentos de todas essas tradições, ver o que podemos entender sem muita fantasia, não nos considerarmos donos da verdade, mas sim, achar que aquele pouco que extraímos daí pode ser útil para nossa vida e aí sim se transforma num conhecimento verdadeiro. Nós não vivemos aquilo que comemos. Vivemos aquilo que assimilamos.
É mais uma frase do professor Jorge Angel Livraga, o filósofo que fundou a Nova Acrópole, que eu acho tremendamente útil. Nós não vivemos de tudo aquilo que ingerimos, mas só daquilo que assimilamos. Grande parte simplesmente passa por nós e é jogada fora.
Vai compor com outros seres na natureza mas não em nós. Essas são algumas reflexões que eu gostaria que vocês devagarzinho, com cuidado, pensassem um pouco a respeito. Mesmo na mais obscura Tábua de Esmeralda pode haver algum ensinamento que nos seja útil.
Quem sabe no futuro alguns tirarão alguma utilidade da nossa vida, aprenderão algo. Eu acho isso uma pretensão bastante justa e até nobre. É isso, então.
Um abraço a cada um de vocês!