[Música] curso livre de humanidades módulo 1 filosofia o empirismo e o [Música] ceticismo o sono dogmático da Razão com Roberto bouzan [Música] Filho eu vou falar de um filósofo que é David H um filósofo escocês do século [Música] XVI que apesar de estar cerca de 2000 2000 anos afastado comunga de várias ideias do chamado ceticismo grego cismo pirrônico grego eu vou então Eh fazer uma exposição sobre alguns trechos de uma obra de rilme que na verdade não é o Tratado da natureza humana deveria ser mas a obra Não foi bem recebida tive que reescrever a
obra escrever uma outra obra chamada investigação sobre o entendimento humano com um pouco mais de clareza de modo a que o seus leitores pudessem eh recebê-la melhor e eu vou então abordar alguns tópicos dessa obra eh a partir de um enfoque que é o enfoque que nos reúne aqui que é da relação entre ceticismo e empirismo né tentando mostrar que apesar desses 2000 anos que separam esse filósofo escocês do ceticismo grego há muito em comum entre essas duas filosofias embora Talvez nós tenhamos que reconhecer que nem tudo é comum né mas eh na filosofia as
coisas se dão desse modo não é a história da filosofia apresenta retomadas eh eh e nessas retomadas não se pode simplesmente dizer que que as filosofias do passado são retomadas 100% elas são retomadas na sua inspiração não é num contexto histórico que já é diferente mas que frequentemente leva os filósofos a adotarem posturas [Música] parecidas eu vou então fazer uma exposição muito muito introdutória tentando interessá-los convidá-los à leitura desse filósofo né Muito mais o que propriamente tentando eh ensiná-lo sobre ele eh abordando uma questão então que é fundamental nesse texto que eu mencionei a investigação
sobre o entendimento humano que é a questão dos limites do conhecimento humanos né esse é um tema fundamental na filosofia do século XI até onde o as capacidades humanas de conhecimento podem ir na sua tentativa de conhecer o mundo e vai então propor Como projeto nessa obra tentar resolver um problema que é um problema clássico da filosofia que é o problema da metafísica tema que o professor poch mencionou e descreveu rapidamente e que na época de rilme pode ser descrito como a tentativa de elaborar uma ciência sobre causas e poderes ocultos das coisas né Eh
no século X na época de nós temos filosofias vamos chamar de especulativas Para retomar o temo do do Porchat que dizem que a razão pode obter conhecimentos absolutamente Seguros sobre os poderes secretos dos objetos bom rme vai nessa obra propor que a metafísica não é propriamente uma ciência vai procurar mostrar que o entendimento humano ou seja a mente humana nas suas faculdades de conhecimento não está capacitada para alcançar conhecimentos que ultrapassem o domínio da experiência não é e nesse sentido então é que se pode falar de um empirismo na na no pensamento de Hil uma
das tarefas dessa obra será nos mostrar que quando a a a mente humana tenta falar sobre assuntos que ultrapassam aquilo que ela pode de fato alcançar ela fala sobre o vazio ela produz discursos mas nenhum desses discursos é capaz de se fundamentar de maneira segura e a metafísica eh na visão de hilme é um tipo de pretensa ciência que deve ser eh denunciada na sua não cientificidade basicamente porque eisto R me revela a sua a sua afiliação ao século XVII o a aquilo que se chama de ilustração ou iluminismo não é eh a metafísica esse
discurso complexo abstrato afastado da experiência funciona frequentemente como roupagem para a superstição o tema da superstição é um tema extremamente importante no século XVII tanto na ilha quanto no continente tanto na grã-bretanha quanto na França e o que se sabe sobre isso é que um dos projetos fundamentais desses filósofos do século XVI é justamente denunciar o quanto há de superstição por trás de certas verdades pretensamente estabelecidas via de regra não não necessariamente mas via de regra se estamos eh eh diante de verdades relativas à religião né então ril vai ser também eh um crítico bastante
forte da instituição religiosa por causa deste seu projeto de mostrar que a razão humana não consegue alcançar eh esse tipo de verdade que ultrapassa o seu ALC esse tipo de discurso que ultrapassa o alcance do entendimento humano serve então de abrigo de roupagem como ele diz para verdades supersticiosas para pseudo verdades né que frequentemente os homens aceitam sem saber que estão na verdade aceitando algo absolutamente enfundado Então o que leva R no século XV a fazer a crtica da metafísica é a necessidade de uma espécie de limpeza da filosofia de uma espcie de se entre
aquilo que é de fato passível de conhecimento pela pelo entendimento humano e daquilo que o entendimento humano não mais deve tentar encontrar não mais deve tentar buscar e deve portanto reconhecer a sua modéstia a sua incapacidade por isso então em vista desse projeto é que rme vai elaborar uma investigação sobre o entendimento humano ou seja fará uma análise sobre os poderes sobre as faculdades e as capacidades do homem de conhecer o o mundo E Ele dará a esse projeto de uma investigação sobre o entendimento humano o nome de uma geografia mental um trabalho de delimitação
de fronteiras e como se faz na geografia entre os países vamos delimitar as fronteiras entre as diversas faculdades do conhecimento a razão o sentidos a imaginação de modo a sabermos o que realmente o entendimento humano é capaz de conhecer repar então que nesse ponto hilme tem uma postura crítica em relação a uma parte razoável da filosofia não é essa parte que o professor por chamou de especulativa né também que se pode chamar de dogmática que o aproxima da versão original do ceticismo antigo né O que não quer dizer que ele ossaria 100% esse ceticismo mas
certamente a postura filosófica que move o seu pensamento também é crítica né também é de denunciar aquilo que parece conhecimento mas que na verdade não o É nesse jargão metafísico que caracteriza esses discursos especulativos não é então Eh nós encontramos pelo menos duas duas expressões que rilme vai analisar com bastante cautela e bastante cuidado e atenção nessa obra que são as expressões causas últimas e conexão necessária basica amente uma das tarefas da metafísica da filosofia especulativa é explicar como as coisas são recorrendo a causas que seriam as mais eh primitivas na ordem das coisas na
ordem do ser das coisas da mesma maneira descobrindo-se Quais são as causas últimas ou as mais fundamentais da da realidade podemos descobrir como as coisas se dão e Que tipo de necessidade impera no e Curso dos eventos né então a ciência tenta elaborar uma explicação dos acontecimentos digamos dos fenômenos e a metafísica pretende que nós podemos conhecer aquilo que torna necessário que esses fenômenos ocorram da maneira como ocorram né um dos termos para falar dessa desta ideia é a expressão conexão necessária Então essas são duas que eu gostaria de comentar vocês aqui a maneira como
rilme vai eh mostrar que não podemos de fato Pretender um discurso científico a respeito do mundo que nos dê causas últimas e Conexões necessárias das coisas ora a maneira como rilme vai fazer essa análise pode ser considerada tomando sempre o devido cuidado como porch lembrou com esse tipo de terminologia pode ser considerado empirista basicamente rilme vai dizer que nós estamos inevitavelmente eh limitados à aquilo que a experiência nos dá e o resultado dessa análise de cunho empirista nos leva a uma posição filosófica positiva que pode também ser aproximada de alguma forma de seismo n é
uma questão muito interessante e muito difícil que eu não pretendo absolutamente que resolver é a de saber se aquele tipo de es ceticismo que ril me propõe e ele de fato diz que a sua filosofia É cética pode ser realmente considerado como uma versão do século XVII que reproduz fielmente o o ceticismo grego uma questão fascinante e toda toda questão fascinante é difícil de resolver o que a torna fascinante e eu não pretendo evidentemente resolvê-la pretendo apenas mostrar a vocês como é que é possível 2000 anos depois que um filósofo eh na grã-bretanha pense certas
questões filosóficas que retomam um contexto filosófico dos céticos gregos e de uma maneira própria em vista de motivações que são postas pela sua época também chega a conclusões semelhantes n é bom essa eh essa limpeza da metafísica essa denúncia da do infundado que se encontra na nos conceitos de causa última e de conexão necessária vai por rilm ser analisada a partir de um conceito fundamental que é o conceito de causalidade ou a relação de causa e efeito ril me vai dizer que quando nós Pensamos a respeito de fatos quando nós raciocinamos a respeito de fatos
desde os fatos mais banais do nosso cotidiano até aqueles eventos que são objeto de conhecimento científico nós estamos eh fazendo uma leitura desses fatos a partir da relação de causa e efeito então um exemplo que R me dá eh se você estiver numa ilha deserta e encontra um relógio você infere que pessoas seres humanos estiveram naquela Ilha ora esta esta inferência que me faz passar de um fato que me é dado na sensação a visão do relógio para o pensamento de que embora eu não tenha visto eu tenho certeza de que pessoas passaram por aquela
Ilha se dá por um raciocínio de causa efeito posto que o relógio é efeito do homem né então o nosso pensamento sobre fato se dá a partir de uma associação que nos faz passar de um fato a outro muitas vezes falando de um fato futuro antes que ele tenha acontecido e dizendo que temos certeza de que ele acontecerá em virtude de uma relação de causa e efeito né Por exemplo se eu tomar um gole de água aqui eu o farei porque algum motivo me leva a a prever que o que está dentro deste copo aqui
terá o efeito de matar a minha sede né ao fazer esta previsão Eu estou fazendo uma associação por causa e efeito eu estou dizendo que o efeito da água é matar a sede de quem tem sede então realme parte dessa constatação básica ou a nossa nosso pensamento sobre os fatos da natureza e não apenas a natureza se dá sobre este formato da relação de causa e efeito que é um dos temas também bastante eh investigados pela metafísica né tanto que a metafísica dirá que nós temos acesso a causas últimas da natureza bom a estratégia de
R A partir dessa constatação será mostrar que não é possível nenhum tipo de conhecimento de causa e efeito que não seja dado pela experiência né quando eu Prevejo que a água que vou beber vai me matar a minha sede por isso eu a bebo eu estou me baseando em Fatos que já se deram na minha experiência passada estou me baseando no fato de que sempre que bebi água esta água que bebi matou minha sede então eu projeto que a água que está Diante de Mim semelhante às águas que tomei terão o mesmo efeito das águas
que tomei não é ora neste caso diz R tudo isso só foi possível porque tanto as causas as águas que bebi como os efeitos as sedes que essas Águas Mat se deram na minha experiência foram acessíveis aos meus sentidos a tese que vai então desenvolver a partir desse momento que é uma tese ousada é dizer que em todo e qualquer caso se não tivesse eu tido experiência não poderia inferir nenhum efeito de uma causa essa tese ela é facilmente aceita quando nós imagin eventos coms ninguém negaria se nunca tivesse visto ou ouvido falar de uma
substância como a pólvora por exemplo né é um exemplo que me dá ninguém negaria que só poderia saber que a pólvora é um pó que tem por efeito explodir quando nela aamos fogo se visse ou se alguém dissesse a essa pessoa que aquele pó se recebesse um fogo fósforo ele explodiria né ninguém nega que esse tipo de conhecimento que não é comum porque não é comum que a os pós em geral explodam né ninguém nega que esse é um evento que se não tivéssemos dele uma experiência não poderíamos saber eh que o efeito dele éa
explodir né ninguém negaria que era preciso que ouvíssemos isso acontecer ou que alguém nos relatasse o efeito da Pólvora para dizermos temos certeza de que a a pólvora se pusermos fogo nela Ela vai explodir R me diz que mesmo no caso da água que eu bebo ou Para retomar o exemplo que ele dá eh mesmo no caso de duas bolas de bilhar que se chocam um exemplo tão banal e tão cotidiano se nunca tivéssemos tido experiência do choque entre duas bolas de milhar não poderíamos saber que a segunda bola de milhar se moveria após o
choque com a primeira essa é uma tese mais difícil de defender porque estamos tão acostumados a ver bolas de bilhar baterem bolas de bilhar na verdade estamos tão acostumados a ver corpos se chocarem e a ver os efeitos que há no choque de dois corpos que não aceitamos assim tão tranquilamente que precisaríamos ter tido inicialmente uma experiência para isso somos levados a imaginar que é tão evidente que quando uma primeira bola de bilhar bate numa segunda bola de bilhar a segunda se moverá isto é tão óbvio que mesmo que nunca tivessemos passado pela experiência de
ver duas bolas de bilhar se chocando saberíamos prever que o efeito deste choque seria movimentar a segunda bola de bilhar né bom a tese de rilme é de que isto não é verdade a tese de rilme é que mesmo em acontecimentos tão frequentes como esses soltar uma caneta né todo mundo dirá que tem certeza que se ela for solta não é ela cairá fil me diz se nunca tivéssemos passado pela experiência de observar um corpo Solto No Ar não Poderíamos dizer com certeza que o efeito deste fato seria o corpo cair vejam que quando eu
falo da da queda da caneta sou me referindo a algo que é objeto de ciência né a queda dos corpos e me está dizendo que isso não é possível se não temos eh na na origem uma experiência fundamentando a nossa inferência Ou seja imaginemos que nunca passamos pela experiência de ver um corpo Solto No ar É verdade que isso é impossível para nós porque todos nós passamos pela experiência de ver inúmeros corpos soltos no ar aliás é por isso que temos certeza que eles caem quando soltos mas imaginemos que nunca tivéssemos passado por essa experiência
ril me diz estamos no domínio do raciocínio sem o auxílio da experiência então eu tenho uma caneta eu não sei o que é caneta eu nunca vi nenhum objeto Solto No ar e digo e me dizem eu vou largar esta caneta e me perguntam O que você acha que vai acontecer ou seja qual é o efeito né do fato de eu soltar esta caneta se nunca tive nenhum tipo de experiência sobre queda de Corpos sejam canetas ou seja lá o que for R me diz estamos no domínio do raciocínio a priori ou seja do raciocínio
antes da experiência a tese de rme então é a seguinte sem o auxílio da experiência podemos imaginar inúmeros efeitos possíveis para a caneta solta no ar antes que ela caia e nenhum destes efeitos que eu sou capaz de imaginar é menos razoável e menos concebível do que o efeito da queda do corpo nenhum efeito que eu imagino seria menos razoável do que outro eu posso então imaginar que a caneta solta cairá mas a queda da caneta solta é apenas um efeito que eu posso conceber entre outros e se eu não tenho experiência como critério para
me fazer preferir uma dessas concepções eu não posso dizer qual dos efeitos de fato ocorrerá em outras palavras quando eu digo se esta caneta for solta tenho certeza que ela cai eu me diz eu estou usando a experiência para preferir uma possibilidade que minha razão é capaz de conceber para efeitos possíveis desse deste fato e eu prefiro Esta possibilidade porque a experiência Me obriga me conduz me leva a dar esta preferência né bom se aceitamos este argumento de rme nós temos que concluir que todo e qualquer evento que envolve eh causas e efeitos exige a
experiência como uma condição necessária para que eu possa fazer inferências e dizer que tenho certeza que o efeito decorrerá daquela causa por trás dessa argumentação de hilme está um fato muito importante uma análise muito interessante que hilme faz que talvez seja um dos pontos mais originais da sua da sua da sua filosofia e que tem uma uma consequência muito importante no no seu pensamento eu sou capaz de pensar então que a caneta solta Subirá O que significa que a proposição uma caneta solta no ar Subirá e não cairá não é em si mesma contraditória ela
não é absurda ela é pensável Ela é concebível tanto é que se não fosse a experiência dizer que canetas soltas caem eu poderia imaginar Que canetas soltas Não Caem né bom essa ideia que realme desenvolve nesse texto investigação sobre entendimento humano é um ponto muito interessante porque real está em outras palavras dizendo que não há fatos contraditórios não tem cabimento não tem sentido imaginar que uma afirmação sobre fatos seja uma contradição por exemplo vou dar o exemplo que o próprio Rio me dá a afirmação o sol não nascerá amanhã não é uma contradição ela pode
ser um absurdo e de fato eu não acredito que o sol não nascerá amanhã eu tenho certeza de que o sol nascerá amanhã mas eu não posso dizer que a afirmação de que o sol não nascerá amanhã é em si mesma contraditória Isso significa que não posso tratar fatos a respeito de existências de objetos como eu trato por exemplo proposições das Ciências Matemáticas né eu posso dizer que é uma contradição a afirmação o quadrado é redondo porque a ideia de quadrado imediatamente e inevitavelmente torna impossível afirmar que ele é redondo no domínio então da matemática
eu tenho contradições rme dirá eu posso então fazer demonstrações no domínio dos fatos eu não posso afirmar que uma proposição é contraditória Talvez o sol não nasça amanhã porque talvez o universo exploda isto não é uma contradição Isto é pensável isto é concebível não é ora isto significa que mesmo quando eu imagino que esta caneta não cairá eu posso conceber esta proposição sem cair em nenhuma contradição portanto ela é razoável não fosse a experiência me dizer que canetas soltas caem porque se eu soltar canetas aqui durante a noite inteira todas elas cairão né o que
me faz dizer que a próxima caneta que eu soltar cairá não fosse isso eu teria que imaginar a possibilidade razoável no domínio da Razão sem o auxílio da experiência de que canetas não caiam e de que canetas subam isso significa então que a experiência aquilo que se dá para nós como experiência é é condição necessária e indispensável para fazer uma inferência de um efeito a partir de uma causa né então se eu quando estiver aqui falando começar a beber água mesmo que eu não esteja pensando nisso eu estou eu estou prevendo que o efeito desta
água será semelhante aos efeitos das águas que bebi e estou então tomando a minha experiência passada como uma maneira de projetando a dizer que o futuro será semelhante ao passado que as águas que não bebi e beberei matarão minha sede tanto quanto as águas que bebi estou fazendo uma inferência causal estou relacionando efeitos e causas e só estou fazendo isso porque a experiência está servindo como meu critério para eh fazer essa inferência bom eh Quando o rio diz que a razão ou o raciocínio sem o auxílio da experiência não pode nos dar conhecimento de causas
e efeitos ele afirma e a experiência é que nos dá isso porque a experiência nos apresenta constantemente conectados um efeito e uma causa né A Experiência me dá ligado à água o efeito de matar a sede eu tenho aí o que rio me chama de uma conjunção constante entre água que se torna a causa de um efeito que é matar a [Música] sede nesse ponto o rilme está eu acho que ele não sabe mas ele está retomando uma tese do ceticismo pirrônico que o professor porch aqui mencionou que é o fato de que um cético
pode mesmo sem se pronunciar sobre o valor eh científico das proposições que ele que ele afirma ele pode perfeitamente relacionar eventos como causas e efeitos baseado nas ocorrências frequentes em que esses eventos se dão o exemplo que ele deu foi o exemplo do ferimento de coração e de morte não é bom o que ril está fazendo com a bola de bilhar o que eu estou fazendo com o copo d'água não diferem disso né quando dizemos que um efeito é efeito de uma causa nós o fazemos porque a experiência apresenta ligados este efeito e esta causa
quanto mais vezes este efeito e esta causa se derem ligados na minha experiência com mais convicção preveri que no futuro este efeito e esta causa estarão ligados quanto mais água vezes eu beber água mais certeza terei de que a água que beberei daqui a pouco matará a minha sede né Quanto mais vezes eu ver o choque de duas bolas de bilhar mais certeza terei de que no futuro a segunda bola de bilhar se moverá ao impacto da primeira o que R está fazendo aí já é de certa maneira desmistificar o conceito de causalidade da metafísica
né antes de ver isso vamos ver a consequência que se pode tirar dessa tese de que a causalidade nada mais é do que uma conjunção constante que a experiência me dá de dois eventos Ora se eu só posso fazer inferências de causa e efeito a respeito daquilo que a experiência me dá o que fazer com as causas últimas da metafísica ou seja e aquelas causas que o discurso da metafísica afirma que podemos conhecer mas que estão além da própria experiência a consequência que rme tirará dessa sua análise da inferência causal é que se torna impossível
qualquer discurso consistente sobre causas últimas se causas últimas são causas que estão além da nossa experiência ora a metafísica diz que por definição aquilo que vai além da física além da experiência é a metafísica se essas causas últimas são causas ocultas que explicam como as coisas são mas não se dão no domínio de nossa experiência nós já sabemos que sem o uso da experiência nós estamos no domínio da Razão chamada or a razão sem e o auxílio daquilo que a experiência nos dá Ora sem o auxílio da experiência sabemos que a razão é capaz de
conceber várias possibilidades de causas para um evento como no caso da da caneta que eu que eu largo Imagino que poderia subir ou ficar parada só que sem o uso da experiência como critério para preferir um efeito em detrimento de outro no nível das causas as últimas da metafísica eu posso conceber uma série de causas possíveis nenhuma delas contraditória porque nenhuma proposição sobre fatos é contraditória mas eu não tenho mais a experiência como critério para escolher e dizer esta causa é atestada pela experiência como a causa última dos objetos em outras palavras todo o discurso
metafísico todo o discurso que vai além da experiência é razoável é possível mas nós não temos meios para saber qual discurso metafísico de fato expressa a verdade a respeito dos poderes secretos e das causas últimas de todas as coisas nesse sentido parece que nós podemos eh concluir que este empirismo de rilme ou seja o fato de que nosso conhecimento de causas e efeitos se dá no domínio da experiência leva a concluir e não sei se nós podemos aí dizer que se trata de es ceticismo no sentido estrito da palavra pela impossibilidade do conhecimento de poderes
secretos dos objetos estamos limitados à aquilo que nos é dado na experiência podemos fazer uma ciência a respeito daquilo que nos é dado na experiência podemos Alcançar aquilo que rme chama de causas Gerais mas as causas dessas causas Gerais que estaram além da nossa experiência são estão no domínio da arbitrariedade porque a razão humana pode pode conceber várias possibilidades mas não pode preferir uma em dento da outra porque não tem este solo fundamental que é a experiência nesse sentido então rilme detecta um limite do entendimento humano o entendimento humano não deve falar sobre causas que
vão além do conhecimento dado pela experiência outra consequência que se tira desta primeira constatação de que o entendimento humano deve ser Modesto o suficiente para não Pretender conhecer causas últimas dos objetos diz respeito ao conceito de conexão necessária ou seja não devemos mais dizer que sabemos o motivo que leva com que a água tenha o efeito de matar a sede não sabemos qual é a o poder secreto que faz com que seja necessário que haja uma relação entre água e matar sede podemos apenas dizer que a experiência nos dá sempre juntos água e matar sede
essa conjunção constante é suficiente e é apenas o que podemos obter para falar de caus e efeitos mas não devemos mais porque não conhecemos os poderes secretos e causas últimas dos objetos e imaginar que conhecemos Então o que torna necessariamente matar a sede um efeito da água a noção de conexão necessária então entre eventos entre objetos e acontecimentos se torna apenas uma ideia que podemos conceber porque em nós cria-se uma impressão a partir desta constante conjunção entre efeitos e causas dados na experiência mas não podemos mais dir a rilme imaginar que nós conhecemos de fato
a necessidade que vigora na relação que há entre uma causa e um efeito nesse sentido então eh o o ceticismo de rilme nós podemos dizer consiste num primeiro momento nessa nesta neste Alerta nãoé com relação a ao ao pretenso conhecimento metafísico e nesta sugestão de que e a ciência humana a ciência que o homem faz não deve eh Pretender mais do que o entendimento humano é capaz de conhecer o tema do limite do conhecimento humano é o tema fundamental aqui eh nesse período não só em R mas nesse período né é o tema de saber
até onde podemos ir O que podemos alcançar no nosso nosso conhecimento e sobre o que não devemos falar sob pena de falarmos arbitrariamente falarmos sem nenhuma base a metafísica para rilme é essa este sonho da Razão esta busca que a razão possui infundada inevitavelmente infundada porque por definição ultrapassando a experiência ela está fadada a arbitrariedade bom isso não significa no entanto que para real não se possa fazer ciência neste ponto o r se aproxima mais uma vez da da ição cética há toda uma crítica das pretensões metafísicas envolvidas na na na ciência mas não há
uma crítica propriamente de uma ciência que poderíamos chamar talvez de empírica de uma ciência que se Produza no domínio estrito da experiência Ola esta ciência que R me diz que pode ser feita este tipo de conhecimento que R me diz que pode ser alcançado porque restrito a experiência nada mais é para ele do que a física newtoniana né o que no fundo está tentando fazer é mostrar que a física newtoniana que para ele é a ciência que descobriu a verdade dos fenômenos não as causas últimas mas que conseguiu fazer uma leitura dos fenômenos físicos né
que a física newtoniana não precis de metafísica de que ela ela é perfeitamente comprens ela é perfeitamente efic sem a necessidade de falar de poderes secretos dos objetos então ele dirá que nós podemos conhecer causas Gerais por exemplo a gravidade né a gravidade para rme não é uma causa última a gravidade é uma Causa Geral que se obtém mediante observação de experiência por analogias e que nos dá um conceito que explica por exemplo a queda da caneta quer dizer eu sei que a caneta cai a experiência me faz ter certeza de que ela cai e
eu posso elaborar uma causa que explica a queda da caneta a noção de gravidade será então uma Causa Geral que valerá para as canetas que eu soltar ou para qualquer corpo que eu soltar né No entanto tentar saber era causa da gravidade significaria Ir Além da experiência e aí bom o entendimento humano des filme não é eficaz portanto há uma ciência possível esta ciência é a ciência é a física newtoniana que permanece no domínio da eh da da experiência Alguém poderia dizer afirma rilme que a matemática resolve o nosso problema das causas últimas né Alguém
poderia dizer que se aplicarmos a matemática no conhecimento dos objetos naturais dos fenômenos da natureza poderíamos então talvez descobrir as causas últimas R me dirá e nisso Certamente ele está tentando retomar Ah o procedimento newtoniano a matemática é um instrumento a matemática é uma linguagem mais ou menos como Newton fez né algebric a física né A Matemática é uma linguagem extremamente eficaz que me permite formular as leis mas que não me dá os conteúdos da ciência os conteúdos da ciência me são dá na experiência a matemática é uma linguagem simbólica e portanto bastante eficaz como
generalização que me permite formular muito bem as leis da natureza então Eh por exemplo a equação energia igual a massa vezes velocidade ela é para rilme a a formulação numa linguagem simbólica né na qual eu posso substituir estes símbolos por números de uma lei da natureza mas é somente a experiência que me diz que é m x a né que a relação entre m e a para que eu tenha a energia é de é de multiplicação não de divisão não de subtração e não de adição porque este é o conteúdo da experiência este conteúdo continua
sendo somente dado pela experiência a matemática é um instrumento extremamente eficaz portanto ela tem um uso ela tem uma aplicação na física mas ela não tem poder para R de descobrir aquilo que a experiência não nos dá nesse ponto certamente rilme está eh se contrapondo a uma certa tradição filosófica que eu vou chamar aqui também com muito cuidado de racionalista ou também de cartesiana rme está claramente se contrapondo essa ideia ele diz a matemática não é capaz de proporcionar método de descoberta de verdades ela é capaz de nos proporcionar a linguagem mais adequada para formular
as leis que a experiência nos dá né Eh isso tem muito a ver também com aquela ideia que eu há pouco comentei de que para rilme eh você não pode matematizar os fatos porque os fatos nunca são em si contraditórios quer dizer eu posso demonstrar o teorema de Pitágoras e quando eu demonstro o teorema de Pitágoras não tem importância se a hipotenusa do triângulo retângulo que eu utilizo tem 5 cm 5 m ou 5 km a relação entre o quadrado da hipotenusa e a soma dos quadrados dos catetos será sempre a mesma independente da contingência
do tamanho do triângulo retângulo que eu utilizo para fazer essa demonstração por quê Porque as verdades da Matemática não dizem respeito a fatos o teorema de Pitágoras era verdadeiro antes que tivesse existido um ser humano para demonstrá-lo e será verdadeiro se um dia não existir mais nenhum ser humano para demonstrá-lo porque a sua verdade é uma relação entre ideias para usar o vocabulário de rilme que não tem absolutamente nada a ver com os fatos é por isso que eu posso demonstrar Verdades da Matemática Ora eu não posso fazer demonstrações matemáticas a respeito de fatos eu
não posso tratar a proposição de que o sol não nascerá amanhã como se ela fosse absurda por quê Porque os fatos têm um tempo eles são contingentes eles se dão a respeito de existências é perfeitamente concebível que por algum motivo o sol amanhã não nasça eu tenho certeza que ele nascerá eu planejo amanhã de manhã dar uma bela caminhada na praça Buenos Aires perto de casa apostando que o sol estará brilhando mas eu não posso dizer que eu sou capaz de demonstrar matematicamente que ele nascerá amanhã né então é por isso que a matemática não
tem o poder para realme de injetar valor de verdade e descobrir causas que o ultrapassem o domínio da própria experiência a matemática quando não é geometria e aritmética quando ela é aplicada à física ela é um instrumento ela é um auxiliar indispensável mas ela não tem o poder de descoberta por si [Música] mesmo para resumir então o sentido que rme vê na ideia de ciência empírica e que tem muito a ver me parece com a concepção cética pirrônica ele diz de causas que aparecem semelhantes e esperamos efeitos semelhantes né desta água que é semelhante às
águas que bebi Espero um efeito semelhante à aos efeitos das águas que bebi matar a minha sede né da queda desta caneta espero o efeito semelhante à Queda de todos os corpos que já vi caindo é por isso que podemos fazer eh ciência a respeito destes eventos porque eles vem se se dando na nossa experiência de maneira repetida de maneira frequente essa frequência essa repetição essa conjunção constante é que nos proporciona a fazer inferências causais ora isso tem uma outra consequência importante eh com relação à crítica do chamado racionalismo Rio me dirá Na verdade o
que o que me faz esperar que o futuro seja semelhante ao passado o que me faz prever que esta água me me matará minha sede não é a razão é o hábito né não é nenhuma razão metafísica nenhum conceito de racionalidade que me demonstra que a água matar a minha sede mas é o fato de que a frequência com que é matar a sede vem associado à água me leva pelo hábito a esperar que isso continue acontecendo né bom nesse ponto o r me está realmente criticando fortemente uma a tradição filosófica anterior porque ele tira
da razão o o lugar né a função de explicar praticamente todos os eventos de nossa vida prática Né desde o beber a água até o comer o pão ao sair pela porta e não pela janela tudo isso para rme é efeito é resultado não do uso de um certo de um raciocínio lógico mas de um hábito que se instaura em nós em virtude do fato de que somos naturalmente inclinados a repetir eu me introduz um conceito que de certa maneira substitui o conceito de razão que é o conceito de natureza nós somos naturalmente dotados por
um um instinto do hábito a perceber detectar captar a repetição e projetá-la para o futuro é isso que faz com que tenhamos crenças de que eventos que não aconteceram acontecerão né eu tenho certeza que o sol nascerá amanhã não porque demonstro isso matematicamente Isto é impossível mas porque o sol tem nascido todos os dias isso está dado na minha experiência o hábito me leva a projetar com muita vivacidade que amanhã o sol nascerá mais uma vez olha bom isso tudo tem muito mais a ver com a com aquela concepção de técnica que o professor porch
descreveu aqui do cismo antigo né onde eu tô fazendo justamente uma uma codificação de fenômenos do ponto de vista da causa e efeito a partir da ocorrência desses eventos em conjunção do que propriamente com algum conceito eh de razão eh bom eu vou só para terminar mencionar eh que hilme julga que essa filosofia que ele elabora que é eminentemente crítica a respeito da da tradição racionalista e da metafísica deve ser considerada uma filosofia cética e como eu disse no começo da minha exposição se ela é cética realmente eh estrito senso ou se de fato r
diz alguma coisa que um cético antigo não diria essa é uma questão interessante que eu não pretendo aqui resolver mas o fato é que rme vê nessa posição que ele desenvolve positividade e não tem nenhum receio em dizer que esta filosofia que lhe parece positiva é cética né ora Qual é a positividade dessa filosofia que nos mostra o limite do conhecimento humano Ela abre os nossos olhos para o quanto de ignorância n está diante de nós então uma passagem muito famosa da investigação sobre entendimento humano diz mais perfeita metafísica nada mais faz do que nos
mostrar imensas regiões de ignorância quando tentamos fazer metafísica quando tentamos conhecer causas últimas deparamos com este com esta impossibilidade e temos a consciência da nossa ignorância a respeito desses assuntos ora esta consciência da ignorância é positiva né Ela é uma maneira de evitar a que a superstição se instale na nossa ciência é uma maneira de evitar que a pseudociência se instale junto daquilo que verdadeiramente é conhecimento R nesse ponto ele eu acho que esse é um outro ponto que o aproxima da do ceticismo originário ele vê a relação entre a filosofia e a nossa vida
comum como uma relação de continuidade não como uma relação de rompimento a filosofia não é uma esfera totalmente afastada das nossas preocupações da Vida Prática a filosofia não pode perder de vista nunca que ela deve se fazer assim como a ciência tendo em vista as nossas preocupações da Vida Prática né Eh isso para também é algo que se explica a partir da natureza nós somos seres para naturalmente voltados para a filosofia a curiosidade filosófica é algo natural e ao mesmo tempo devemos aliar essa curiosidade filosófica natural em nós com algo que também é natural que
é a nossa necessidade de satisfazer as nossas aos nossos apelos da Vida Prática né então uma passagem que pode servir aqui como como fecho deste meu comentário passagem que em que a natureza fala põe na boca da natureza as seguintes palavras ele diz diz a natureza ao homem satisfaz a tua pela ciência mas cuida que seja uma ciência humana com direta relevância para a prática e a vida social e a natureza então prescreve ao homem ser um filósofo mas em meio à Tua filosofia Não deixes de ser um homem a filosofia rumiana é eminentemente um
elogio da reflexão filosófica que nunca perde de vista as preocupações da prática i [Música] daav h