USP Talks Saúde Mental | Debate

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No retorno do USP Talks ao formato presencial, a discussão foi sobre um dos temas mais importantes d...
Video Transcript:
[Música] Christian Vanessa Muito obrigado pelas palavras vou dar o start aqui logo para gente aproveitar o tempo máximo possível na sua palestra eu entendo que existe um exagero no número de Diagnósticos e um exagero na prescrição de medicamentos para transtornos mentais que talvez não sejam transtornos sejam só uma situação de Sofrimento que poderia ser resolvido de outra forma quero saber se esse entendimento Está correto e como é como desfazer isso Isso é uma cultura médica que vai ter que ser revertida quer dizer como é que você trabalha para que não haja mais esse tipo de
exagero diagnóstico e tratamento de prescrever remédios que talvez não sejam necessários é preciso fazer uma extinção Clara né entre narrativo e sofrimento experiência e sofrimento e transtornos propondo é que esse sofrimento Especialmente quando maltratadas quando negadas quando na forma da vergonha da culpa da insuficiência são fatores fundamentais para indução né causação desses sintomas isso permite que a gente haja sobre isso de olha não vai sair de graça se você ver uma situação de Sofrimento né e deixa isso se perpetuar e às vezes a gente olha para isso com uma questão social como uma questão Econômica
eu tô dizendo E que chama também uma questão saúde mental é preciso a reforma a mudança reintroduzir gramáticas e reconhecimento de tratamento de atenção ao sofrimento ligadas à saúde mental isso tanto do ponto de vista diagnóstico quanto do ponto de vista do tratamento que eu tô questionando É hoje um estado de coisa não sei se a Vanessa vai concordar comigo e que é maior parte dos prescrições de medicação é feita por não psiquiatras a maior parte das reposições de medicação são feitas informalmente O que que significa uma cultura que assimilou a ideia de que se
eu sofro eu tenho que investir administrar uma substância porque esse sofrimento ele é interpretado como um déficit cerebral individual isso não tá errado porque os sintomas eles estão Associados com transformações No funcionamento neurofisiológico mas isso propiciou uma cultura em que o transtorno mental ele só deve ser tratado quando ele aparece na forma de uma depressão Então é só consigo falar dele dizendo isso é uma depressão e quando eu falo dele assim quando eu falo dele na escola na empresa o que que eu tô dizendo indiretamente Procure um especialista eu não sou especialista em depressão quem
pode receitar alguma coisa para você é aquela pessoa que pode ouvir a tua depressão aquela outra ou seja a gente se demite em função de uma espécie a maioria popular da saúde e da doença mental você usa o medicamento para tratar um sintoma mas não não resolve o problema causa do sofrimento que levou aquele sintoma então aí você começa a ter efeitos colaterais desta prática né que é hipermedicalização medicalização excessiva da infância medicalização crônica que é que o que a gente tem de melhor acaba virando um trato acaba virando uma política equivocada e isso envolve
então alocação de recursos formação de pessoal se envolve enfim reposicionar o âmbito da saúde mental e Vanessa mencionou que o Brasil é um dos Campeões aí tá no topo do ranking de ansiedade e depressão no mundo como é que como é que são esses rankings são feitos de onde que vem essas estatísticas E por que né O que que tem no Brasil que tá fazendo com que a gente tem esses números tão altos desses transtornos para você ver qual que é essa o que a gente é uma prevalência de transtornos mentais existem estudos Nos quais
os pesquisadores vão ativamente perguntar para as pessoas de acordo com questionários já estruturados existem estudos no qual a pessoa responde o que ela acha de si mesma outros você pode ver prontuários médicos pode ver qual que é o diagnóstico que o médico deu então vários estudos diferentes podem propiciar esses dados o que acontece é que existem talvez aí uma questão de que os estudos são diferentes e as respostas para eles também são diferentes os fatores de risco então bom a gente tem que falar que o Brasil tem um número de homicídios gigantesco né a gente
vive muitas violências a gente tem uma sociedade que também tem muito sofrimento Talvez seja um fatores que afetam as pessoas afetam a saúde mental cada vez mais esses estudos estatísticos epidemiológicos vão juntar com fatores sociais fatores psicológicos até da infância né eles estão ficando muito sofisticados mesmo eu acho que a gente vê é o seguinte uma em cada cinco pessoas tem um transtorno mental leve tá que daí a gente até pode incluir ansiedade depressão e também outros transtornos né então mesmo também seria um transtorno 1:20 tem transtornos psiquiátricos graves o que a gente percebe é
que existe muita heterogeneidade pacientes que são muito graves muitas vezes não recebem o tratamento que precisariam inclusive medicamentoso e às vezes pacientes leves recebem o hiper tratamento todos a gente tem que estudar com mais detalhe né para poder oferecer a quantidade de tratamento que uma pessoa necessita no momento que ela necessita Eu acho que a gente vai precisar inclusive de mais dados e mais estrutura de saúde mental de para oferecer para as pessoas a gente ainda não tem o suficiente a verdade é essa né com relação aos efeitos da pandemia Sem dúvida houve um período
longo de muito sofrimento para todos né que isso deixa digamos assim cicatrizes saúde mental quer dizer a pandemia tá quase tá sob controle a gente tem a vacina nós estamos aqui de novo nos reunindo presencialmente é uma coisa assim a vida tá voltando ao seu normal né esse sofrimento ficou para trás acabou não existe mais ou ter vivido esse sofrimento pode trazer sequelas a médio longo prazo também mesmo que a causa daquele sofrimento tem essa tem essa encerrado é tudo é uma interação né entre a pessoa e o que ela viveu porque tem pessoas que
sofreram grande Sofrimentos mas que conseguem transformar Aquilo em algo positivo em algo que eles dá força né algo que mostra que ela é capaz que ela conseguiu superar tem pessoas que já tinham muitas fragilidades antes né já tinham Muitas dificuldades e que podem também juntar com sofrimento que foi como se fosse a gota d'água para ela já não ela não aguenta mais né ela precisa de uma ajuda externa Precisa de algum tipo de alívio eu acho que é a gente vai tendo que ver individualmente se a pessoa ela pode o que a gente chama elaborar
né Pode pôr de pensar pode entender o que aconteceu já tá na história dela de uma forma mais tranquila eu acho que ela vai seguir a Vida Diante e na verdade eles mostra até tem essas depois de pandemia né a gente quer levar vida da gente tá vacinado vão para frente né não quer mais ficar pensando mas se aquilo ainda é fonte de um sofrimento eu fica voltando se é algo que ainda traz um desconforto eu acho que ela deve buscar ajuda né Eu acho que isso é o principal ela vai precisar de às vezes
de uma outra pessoa para conseguir pensar junto às vezes de remédio né às vezes de atividade física eu não sei o que ela vai precisar mas vale a pena ela ir atrás né vale a pena que são várias perguntas aqui relacionadas à políticas públicas estamos aí as vésperas de uma eleição Então vamos falar o que que precisa quais seriam prioridades aí em termos de políticas públicas para lidar com esse problema né começar por uma vamos dizer assim melhor institucionalização das leis dos decretos que Estão organizando a saúde mental no Brasil né por muito pouco o
governo bolsonaro o que ficou conhecido como revogaço não revogou quase a totalidade das medidas de renovação né da reforma psiquiátrica brasileira marcada pela lei Delgado de 2001 Ou seja é muito frágil o estatuto institucional segundo lugar a gente precisa é aplicar e definir melhor o sistema de Repasses e de aplicação de financiamento público para a realização dessa reforma eu tive em Altamira maior município do Brasil em termos de extensão não tinha nenhum psiquiatra contratado pelo Estado Ou seja a situação hoje e tal que a gente imagina que existe um serviço capilar parte do SUS em
Saúde Mental quando ele não existe não foi implementado completamente e isso deriva de problemas da no mecânico de financiamento malborados na Constituição de 88 e que foram se reproduzindo Isso é uma crise mundial né a gente investe menos do que a gente deveria que Saúde Mental é caro né a gente imagina que como é uma coisa que envolve sentimentos afetos vida interior Ah então a gente resolve na força de vontade a gente resolve por uma por uma por uma ação moral não é verdade custa caro e é difícil você conseguir convencer as políticas públicas de
que então isso precisa ser feito e em terceiro lugar acredito que a política pública de saúde mental ela precisa se capilarizar mais você não precisa chegar nas escolas precisa chegar nas empresas ela precisa ser parte da nossa cultura hoje ela ainda é visto como a Vanessa colocou né No Limiar para determinadas classes é quase que parte da sua forma de vida e para outras é algo estigmatizável é um problema é algo que vai vamos dizer assim afetar sua vida produtiva é a maneira que você é percebido pelos outros então isso merece investimento isso merece uma
transformação do posicionamento da questão da Saúde Mental na política em geral na cultura específicas públicas a gente vai precisar realmente de mais estrutura né então por exemplo 2019 a Organização Mundial de Saúde desde 2000 tá falando muito sobre prevenção do suicídio né sobre os investimentos em saúde por exemplo em Saúde Mental só dois por cento do que é investido em saúde é investido em Saúde Mental isso em vários países do Mundo no Brasil também é uma verba muito pequena né a gente precisa de mais a gente precisa de estatísticas vários tipos de estatísticas o que
se mostra por exemplo é que cada real investido em Saúde Mental reverte em r$ 5 para a sociedade é alguma coisa que vale a pena porque aquela pessoa ela pode voltar a ter uma vida com trânsito maior né uma vida mais plena e tanto uma entrevista de trabalho quanto ponto de vista humano Então eu acho que de fato a gente precisa de mais políticas 2019 por exemplo eu acho que foi um Marco as estatísticas sobre suicídio por exemplo agora elas são de notificação obrigatória então tem alguns avanços mas a gente tem que tomar cuidado sempre
pensando que essas esse investimento comunitário em políticas mais comunitárias é melhor do que o investimento em instituições de saúde de longa permanência né então isso a gente já sabe e eu acho que vale a pena reforçar e presta atenção maior que se deu a questão da Saúde Mental em função da pandemia nos últimos anos acho que já começa é uma coisa que vai ser assimilada vai ser perene quer dizer passa voltando a colocação a pandemia vai acabar fica para trás a gente vai passar negligenciar de novo essa questão Ou você tem uma Werner né uma
atenção realmente maior que vai trazer mudanças positivas daqui para frente eu acho que quando a gente começa microondas a gente não fica só no fogão né então qualquer avanço que a gente tem a gente não quer mais perder eu acho que é um avanço você poder pensar em Saúde Mental né pensar olha como é que eu faço para cuidar das minhas emoções como é que eu faço para que as emoções das crianças na escola né das pessoas e já acho que tudo isso são ganhos Eu imagino que as pessoas não vão querer mais voltar para
trás porque é uma vida mais plena uma vida mais interessante mas enriquecedora que você acha que esse estigma com relação a buscar ajuda e reconhecer que você precisa de ajuda tem um transtorno talvez precisa até de uma medicação esse estigma tá tá perdendo força que as pessoas estão se sentindo mais à vontade para procurar ajuda ou não e Ele está mudando de forma eu acho que num certo sentido a gente teve estigmatizações muito mais pesadas né quando o ambiente da Saúde Mental era ainda muito manicomial muito hospital no centro e Que bom desde os anos
50 60 né já se tem uma outra uma outra um outro entendimento de que essa arde mental ela não precisa ser tratada assim em que Pese fato de que ainda vale o resultado do estudo de 66 sobre o fato de que se você tem uma doença mental grave né na Tanzânia ou na Nigéria o teu prognóstico é o melhor que se você tiver uma doença mental na Austrália ou em Nova York explicar isso você faz e refaz experimento e o resultado é parecido seja ao que parece situações em que a doença mental ela é acolhida
de forma mais Comunitária ela se integra melhor né E em culturas que vão dar um espaço religioso vão dar um espaço vamos assim de não estigmatização isso ajuda muito o prognóstico e Em contrapartida né com as táticas mais individualistas de tratamento né e acho que um outro aspecto que a gente tem que considerar e que assim saúde mental pensada a partir do conceito chave de forma de vida e não de indivíduo ela se transformou muito com a entrada da linguagem digital forma de vida linguagem trabalho e desejo isso tem popularizado para o bem e para
o mal discursos enfrentamentos retórica saúde mental que diminui um pouco estímulo por outro lado se a gente for olhar para nossa forma de trabalhar o Burnout se transformou numa grande questão porque ele tá acusando uma relação entre você trabalha desse jeito você vai ter sintomas daquele outro jeito né esse tipo de relação tá ficando mais Evidente para as pessoas e isso vai mudar me parece substancialmente o problema do estigma possíveis causas de Sofrimento mal estar isolamento solidão com qual que é o papel das redes sociais e das mídias digitais de uma maneira geral nas pessoas
estão mais isoladas hoje em função de se relacionar e muito por meio de digitais e talvez não mais uma interação social mais direta Como qual que é o papel das mídias digitais Nesse contexto tem muitas pesquisas mostrando que sim né Acho que do 53 estados americanos só um não acusava uma relação direta entre aumento de uso de rede social e aumento do sentimento solidão e prevalência de transtornos mentais que na Flórida porque é um estado um assim mais Latino de fato a gente está diante de uma nova forma de linguagem uma nova tecnologia que tem
efeitos deletérios Mas a gente não sabe dizer exatamente como isso funciona se é indiretamente porque as pessoas têm mais amigos mas por exemplo você corrompeu população entre público e privados portanto você tem menos intimidade você fala mais mas não é o ambiente seguro você fala mais por exemplo você não se expõe principalmente daquilo que pode ser percebido como uma fragilidade uma fraqueza um transtorno mental isso não é bom né você se expõe Mas você se expõe através de um pseudônimo isso aumenta possibilidade de você agressivizar o seu discurso sem ser regulado pelo outro então é
como se a gente tivesse descobrindo o que que são boas práticas porque a boas práticas a boas práticas como a Vanessa mencionou né disputa atendimento online é e a práticas nocivas mas ainda não temos um bom consenso sobre isso a ponto de criar inclusive algumas regras algumas indicações de como lidar com isso na família na escola eu queria lembrar por exemplo que durante a pandemia né além da teleconsulta as minhas filhas viam os avós por vídeo assim contato com as pessoas foi permitido então tem algumas situações né parentes que estão distantes o vídeo o digital
permite alguns contatos eu acho que é uma ferramenta a gente usa né positivamente ou negativamente acho que as pessoas também estão tendo eu sempre pergunto né na consulta o que que você faz quando você quer relaxar Ah eu vou para rede social Talvez seja um exagero também né talvez a gente também tem que cultivar lazers que seja um pouco mais ativos né as pessoas ficam horas e horas e horas nas redes sociais também tem que ter um limite também né então acho que é pensando de tal pensa assim e tem sofrimento específico por exemplo o
Instagram é uma rede muito orientada para imagem vamos dizer assim traz malefícios para jovens mulheres as voltas com enfim filtros né todo mundo tá bonito todo mundo tá sempre sorrindo feliz né parece que não existe tristeza não existe sofrimento a gente sabe que não é assim é tem uma pergunta aqui bem objetiva sobre o que que é a cura para um transtorno como é que você define cura e ou não cura né pergunta difícil essa né A gente às vezes que nem o professor falou não existe não sofrer o que a gente busca durante o
tratamento do transtorno é que aquele aquela ponta do iceberg porque tem um sofrimento que é inerente tem um sofrimento que tem a ver com fatores mais específicos e tem uma ponta do iceberg que é quando o paciente começa a ter um sofrimento desproporcional um ciclo no qual ele não consegue sair começa a afetar o corpo e mesmo a mente né a mente dele já não consegue pensar em outras coisas tá fixa determinada área ele não não consegue crescer no desenvolvimento dele da personalidade dele tá estagnado e isso demora assim não é um dia não é
dois dias isso fica por um certo tempo então o objetivo do tratamento é tirar essa ponta do iceberg né que volte para o sofrimento comum das pessoas quando você atingiu isso com o seu tratamento Teoricamente ele foi eficaz Porque daí a pessoa vai lidar com os recursos que ela tem com as capacidades dela ela já se sente capaz de manejar aquilo já é capaz novamente de ter um ciclo Positivo né então ela olha para o problema ela fala tá difícil mas consigo pensar a respeito dele né consigo ir adiante consigo enxergar ou soluções ou pessoas
com quem eu vou ter um uma capacidade de dialogar para me ajudar ou eu vou buscar isso aquilo quer dizer ela ela consegue ver outras possibilidades né ou então ó consigo aguentar esse sofrimento ele é tolerável para mim porque as pessoas que têm o transtorno assim tem que é intolerável né aquilo tá dominando então ele é maior do que a pessoa dela então em vez da pessoa ter os seus sentimentos que tem a pessoa então daí eu acho que se você consegue voltar para um nível no qual a pessoa pode ela sente não eu eu
tô contente esse sofrimento aí eu acho que já cumpriu o objetivo daí já tá curada nesse ponto aqui também sobre recortes étnicos raciais e socioeconômicos os transtornos transtornos mentais ele ia cometem mais mulheres ou homens ricos ou pobres que dá para fazer uma distinção ou todo mundo tá igualmente vulnerável a desenvolver um relacionamento não existem pessoas que estão mais vulneráveis né então de fato e depende também do transtorno mas Vamos considerar os transtornos como depressão e ansiedade que são os que a gente falou aqui hoje então mulheres de Periferia mais pobres mais jovens elas de
fato estão mais vulneráveis a esses transtornos ansiosos e depressivos pessoas que são migrantes também tem mais chance de ter esses transtornos mentais né tem menos apoio menos rede social no lugar onde elas estão pessoas na cidade tem mais chance do que na zona rural então existem Sim vários várias características e é por isso que vale a pena a gente ter esses estudos vale a pena a gente ter estudados para focar exatamente nas pessoas que precisam mais para que elas recebam Mais ajuda eu queria comentar um pouco a pergunta sobre a cura porque eu acho que
é um conceito meio meio como é que eu vou dizer assim meio pragmático meio leve em medicina Por quê Vai ter uma recidiva vai voltar Parou os sintomas né a representação popular da ideia de cura eu acho que ela é muito mais forte do que o a importância da cura para prática médica efetiva né mas eu acho que é uma ideia muito importante porque o conceito de cura ele antes de ser médico filosófico primeiros gregos que no latim foi produzido como Cuidado então a cura não devia ser um estado né O Retorno é um estado
anterior uma dessas definições e saúde Então tá curado porque voltou a como você era antes a gente voltou como era antes da covid não porque agora nós somos nós e mais a história da covid as pessoas que perdemos o medo que ficou a inquietação que isso deixou Então a ideia de cura e ela pode deve ser vista no meu entender como processo né então relação com o tempo relação com o corpo relação com o outro isso tudo é objeto de cura né cura não é o estado final não o mais completo estado bem-estar social não
é isso é cura pelo menos estou criticando essa essa noção a cura é a uma certa atitude mais ou menos permanente de cuidado de atenção né de vamos dizer assim enfrentamento do conflito e tentativa de tornar o conflito mais mais produtivo de aceitação de certos Sofrimentos que são inamovíveis isso é muito importante quando a gente fala por exemplo no contexto de uma psicoterapia a gente diz assim a gente é hipocrático né curar o que pode ser curado sintomas nesse sentido m é o sofrimento que pode ser medicado pitigados diminuídos e não tentar curar o que
não é curável Ou seja o mal-estar existencial que a gente vai morrer as nossas leis são imperfeitas temos um corpo que envelhece se você tentar olhar para isso com esse conceito de cura voltar um estado anterior você vai criar mais sofrimento as questões raciais de gênero de violência social eu diria assim que talvez vale a pena a gente olhar para esse problema pensando assim indutores sagitais Tem coisas tratar o racismo é uma prática que são alimentar porque você tá indiretamente diminuindo aquele fator que é assim transversal que ele atinge todo mundo não é só nele
é também aquele que pratica racismo aquele que sofre com os temores da enfim imaginários ou reais em torno dessa questão né mas você tem também atenção para o que a gente podia chamar de fatores desencadeantes e eles curiosamente de vários tipos mas quase todos eles são com sementes a experiência de luta ou perda perda de um parente querido de solução de um casamento perda de uma lugar onde você mora migração imigração situações da pátrias perda de saúde orgânica perda de um grande amor quase todos os fatores vamos dizer assim de indução traumática né quer dizer
a partir daquele momento então eu desenvolvi uma depressão a partir daquele encontro a minha ansiedade piorou muito eles tem que ver com essa dimensão diz assim de como a gente elabora de como a gente estrutura estratégia de simbolização diagnostica fundamental ou luto saber perder e deixou nosso tempo está se esgotando queria tocar num tema difícil pesado mas que precisa ser abordado também e estamos aí como mencionei no Setembro né Amarelo os estatísticas que mostram o aumento muito acentuado né do número de suicídios no Brasil qual a análise que vocês fazem disso o que que pode
estar causando isso nós estamos prestando mais atenção no problema ou realmente a coisa tá piorando eu queria falar na verdade contextualizando mundialmente o Brasil é um dos países que têm menores taxas de suicídio do mundo tá então a gente está bem situado na estatística Mundial países da Ásia do leste europeu tem estatísticas muito maiores do que nós apesar de estarmos no topo do ranking de ansiedade e depressão isso então você vê que tem fatores que a gente ainda tem até que entender melhor mas em um polo de da quantidade menor de suicídios no mundo porém
está aumentando na América Latina como um todo a estatística de suicídios tem aumentado Em contrapartida na Europa tem diminuído então é possível isso acho que mostra que é possível intervir porque lá eles estão fazendo políticas públicas de prevenção suicídio muito intensas Então a gente tem que entender que na verdade a gente está um pouco atrasado a gente tem que correr porque a gente tem que fazer muitas estratégias para que essa subida Comece a ter um Topo e comece a cair e isso dá para fazer Então na verdade as pessoas o suicídio é um fenômeno muito
complexo é multifatorial pode estar relacionado a transtornos mentais ou não tá muito ligado também ao uso de álcool e drogas ele é sempre uma atitude de desespero é uma pessoa que está agindo porque ela não tá conseguindo pensar a respeito do problema muitas vezes ela quer fugir muitas vezes ela não quer morrer quando você vai ver as pessoas que tentaram não conseguiram muitas vezes ela não quer mas ela não tá conseguindo tratar saída tá ela não tá sendo capaz de de pensar o que fazer ela se sente muito sozinha ela tá se sentindo desamparada por
isso também então acho que tem as políticas públicas em relação ao suicídio mas também a gente poder estar Atento e ouvir a pessoa né que a gente acha que tá com algum risco isso também é uma função de todos nós não só dos profissionais saúde mental uma função de todos nós poder ouvir respeitosamente Com intenção de de entender o que tá acontecendo falar sobre isso né no sentido pode ser um reflexo da falta de atenção com a saúde mental um estágios mais eu comentaria um dado não sei se é 20 21 19 20 em que
aumentou 20% o a taxa suicídio no Brasil então muito difícil a gente não tentar uma combinação entre covid e uma percepção vamos dizer assim de que laço social se tornou perigoso se tornou o espaço público se tornou um lugar assim governado pela violência onde os mais fracos tem que ser eliminados esse discurso de estado né quando você começa a ter é uma uma autorização né discursiva da violência para tratar violência inclusive você começa a disponibilizar né em curtir nas pessoas métodos violentos para o que para tratar conflito qualquer conflito o outro com a do conflito
político de terra o conflito consigo mesmo olha só é assim que a gente resolve me muito difícil que não que essa taxa não tenha crescido também influenciado por isso nós vamos pegar dois focos de suicídio no Brasil um é a região da Serras Gaúchas e outro é Mato Grosso onde você tem o grande população indígena né você vai você vai olhar lá a cultura no fumo na Serra Gaúcha e você vai ver que a cultura do fumo ela é vamos dizer assim extremamente incerta né Você pode ficar rico num dia pobre no outro você pode
não ter como vender e é uma cultura onde você tem forte imigração alemã e uma forte retórica ou discursividade social que aposta no alto alto realização se você deu certo é porque você é uma pessoa superior aos outros é uma moralidade vamos dizer assim muito individualista e muito orientada para sucesso e fracasso você combina essas duas coisas você combina uma certa vamos dizer assim um certo conjuntos de valores morais e você tem ali um caldeirão para suicídio né dizer se você não teve sucesso se você não alcançou aquilo que é esperado de você a culpa
é só sua e não adianta falar a respeito então isso que a Vanessa colocou é muito importante maior parte do suicídio são evitáveis por práticas como cvv você falou com uma pessoa você não faz mas se você não tem alguém para falar aí a coisa tende a ficar muito grave por exemplo instruções simples como instruções para Os porteiros da ponte de Golden Gate em São Francisco não deixar a pessoa ir à noite ali que ela vai fazer a noite na ponte dizer pra pessoa você não vai lá você criar um intercurso é uma uma política
simples de alta evitação do suficiente agora sei dizer que essa taxa suicídio não tem algo que vem com em casa você colocar armas na casa das pessoas e depois diz assim incrível Aumentou feminicídio e suicídio por quê Porque naquela hora que aparece um conflito a pessoa tem um gesto impulsivo e desenvolver isso na raiz segundo a área de importância vamos dizer assim suicídio os índios Guarani que perderam as terras você tira priva as pessoas da sua terra onde está o cemitério então seus ancestrais se apaga a história se diz assim isso não merece ser ditoso
suicídio dois tipos de suicídio pensando em Durkheim né o altruísta individualista cada pessoa que se suicida ela tem sete segundos vítimas que são as pessoas em volta que tem um luto complicadíssimo é que sofre e que vão precisar de muita ajuda né que desenvolvem também transtornos mentais então é um fenômeno que afeta muito as pessoas logicamente a pessoa que faleceu mas também todos em volta fora também as pessoas que tentam suicídio não conseguem ficam muito sequeladas também é um problema muito sério de saúde estigmatizadas né inclusive pelo pelo pela ordem médica sempre os médicos são
muito tolerantes com isso que estão tentando salvar vidas né bom nosso tempo praticamente esgotado vou finalizar com uma pergunta bem prática Quais são os sinais de alerta sintomas que precisamos ficar atentos como podemos ajudar as outras pessoas Qual o melhor abordagem então a gente encerrar algumas dicas práticas aí olha vou falar se a pessoa tá se isolando né a pessoa não quer mais conversar com pessoas que ela gostava antes acho que isso é um sinal para a gente Estar atento a pessoa que deixa de fazer coisas que gostava de fazer né que ela não ela
perde o interesse Às vezes as pessoas comunicam Olha eu tô precisando de ajuda e elas não são ouvidas então às vezes tem uma coisa explícita ali né não vai passar não é coisa de momento coisa adolescente muitas vezes não essa é coisa da adolescência então minimiza Mas para que está sofrendo Você tem casa comida da onde vem isso né então fica uma sensação de compreensão e de dificuldade de ouvir então acho que esses são os sinais de que a pessoa está precisando de ajuda ouvir é algo muito difícil apesar de parecer banal né ouvir e
realmente Estar atento ou que a outra pessoa tá precisando é muito sofisticado a gente precisa treinar mais né porque a gente sempre tenta julgar a gente não se faz isso que vai dar certo muitas vezes aquela pessoa que precisa de mais ajuda de outras coisas vamos ver o que que ela precisa essa ajuda não necessariamente você é uma ajuda de um profissional pode ser uma ajuda quem tiver por familiar um amigo às vezes aquele familiar vai precisar de uma ajuda mais né então se uma pessoa está de ação suicida Provavelmente você vai precisar levar a
um profissional sozinho familiar não vai dar conta né porque é uma situação mais difícil mas perigosa outras não então eu acho que quem tiver por perto Pode ajudar e a partir daí vai buscar as ajudas a mais que serão necessárias para alguns casos vai sem precisar de profissional de saúde para outros vou acompanhar a Vanessa eu acho que é um fator de assim crucial para a saúde mental e a capacidade de pedir ajuda isso significa aqueles que conseguem pedir ajuda conseguem falar que tem algum lugar de endereçamento que é crucial no entender hoje a gente
desenvolver valorizar cultivar as práticas escuta né sim tem escuta profissional tem escuta qualificada mas tem escutadores práticos todo mundo se olhar em volta entre o sete vai ter aquela pessoa que ela oferece para você como escuta muito importante cuidar disso muito importante preservar isso muito importante ter isso vamos dizer assim como espécie de patrimônio e recurso Porque então invertendo se sinal de Saúde Mental é a capacidade de pedir ajuda quando o nosso problema aquele cara que não vem pedir ajuda que ela está lá no canto sofrendo mas ele tem medo de se apresentar ele tem
medo de falar ele tem medo inclusive de nomear o que ele tá sentindo resultado e esse desejo de buscar ativa esse é preciso da você precisa de óleos que não são os nossos dizendo Ah tem um cara lá perdido Alguém tem que enfim dizer indicar cuidar do outro então essa essa prática vamos dizer assim em rede Ela me parece crucial né Para a gente poder enfrentar e criar e um novo o Novo Horizonte para essa conversa a escuta ela começa com a escuta de si muitas pessoas vamos assim se complicam a situação saúde mental vai
vai tornando-se uma uma situação social uma situação de discutiva porque elas no fundo só tem duas terapêuticas uma é assim eu preciso mudar a realidade é importante às vezes mudar de emprego mudar de casamento mudar de país né é um pouco primitivo é um pouco assim vou mudar as regras do jogo agora não é mais xadrez é damas tudo bem política e a segunda política relata que é eu preciso alterar meu estado mental então eu tomo eu fumo eu compro eu jogo eu faço qualquer coisa né drogas lícitas ilícitas para que isso pare então depois
de um tempo você tem dois problemas uma depressão e o alcoolismo uma ansiedade e um transtorno de impulsividade Ou seja é urgente e colocar na pauta que além dessas duas políticas são as mais simples são os óbvias as pessoas precisam aprender a cuidar de si olhar para si e dizer olha Do que que é feito isso examinar os seus projetos tem uma perspetivação de futuro ser capaz de contar uma história você é capaz de escrever uma biografia entender os seus laços como laços conflitivos ou seja e essa essa ideia de cuidar de se implica que
se é uma tarefa não é uma coisa que inercialmente vai para um lado vai para o outro conforme as Exposições ou sociais ou comportamentais e só mudança mais difícil de fazer porque quem é que vai te dar isso é a literatura é o cinema é o teatro é a dança é a conversa vamos dizer assim qualificada sobre o que que é estar nessa experiência coletiva aqui chamada mundo enfatiza muito cuidado com o corpo né com o que você vai comer a saúde a estética tal mas poucas vezes fala também da parte psíquica em geral isso
a gente reputa assim isso é coisas religiões essa coisa moral isso é uma coisa que é especialista que não sou eu né estamos no momento em que isso pode ser feito de forma laica as religiões podem ajudar elas fazem parte disso como Cultura como como narrativa mas é um trabalho específico não tem que ver com fé necessariamente Lembrando que de fato o corpo quando não tá bem afectamente também tá ótimo Vanessa Muito obrigado Christian brigadíssimo gente Obrigado processo de comparecer papo foi ótimo estaremos de volta com mais um hospital no mês que vem ah esse
evento não foi transmitido mas está na gravado vamos compartilhar nas redes sociais na internet então todos que curtiram aqui por favor ajudem a compartilhar para que esse conteúdo esse conhecimento possa chegar por maior número possível de pessoas Então é isso Boa tarde a todos e até a próxima
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