As visões e ideias filosóficas de Espinosa - Aula com Clóvis de Barros Filho | Casa do Saber

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a aula que você vai ver a seguir é parte de um curso da casa do Saber mais plataforma Educacional com mais de 1000 horas de conteúdos desenvolvidos pelos melhores professores do país quer conhecer então clique no link que tá abaixo do título desse vídeo assine agora e tem acesso a outras aulas desse curso e também a um mundo de conhecimento eu tenho a impressão que todos os professores que chegaram aqui começaram dizendo que tratar o autor ou qualquer autor num encro é uma tarefa difícil e eu não vou fazer diferente evidentemente que é mais do
que difícil né Então eh eu acho que o sucesso do nosso encontro aqui vai depender do Sucesso do recorte que eu vou fazer para explicar Espinosa então eu eh adotei como critério eh identificar algumas questões que são fundamentais do pensamento de Espinosa eh naturalmente outras questões fundamentais não estão aqui por quê Porque a obra de Espinosa é vastíssima né Muito extensa mesmo é um dos autores que mais escreveu né na filosofia e portanto eh eh trabalhar esse autor eh num espaço curto de tempo exige mesmo uma escolha então a a minha escolha é por destacar
as questões centrais do livro ética né Eh esse não é o único livro de Espinosa mas talvez seja o mais citado livro de Espinosa né a ética que segundo eh algumas traduções a ética segundo o método geométrico né segundo outras traduções a ética de acordo com o método geométrico Ok então Eh talvez se nós eh conseguíssemos sair daqui hoje tendo entendido o que é a concepção de ética em Espinoza nós teríamos dado um passo muito importante né talvez ambicioso até pros limites eh desse encontro Mas é isso que eu me proponho tá quer dizer se
Espinoza colocou como título do Seu principal livro ética né caberia eh que eu esclarecesse a ele se refere Então esse é o objetivo do nosso encontro e eu tenho certeza que eh nós eh podemos alcançá-lo bom eh em primeiro lugar seria interessante eh estabelecer um contraponto Isto é eh para chegarmos a entender a singularidade do pensamento ético em Espinosa talvez fosse interessante partir de um pensamento que não é o de Espinosa porque com base nesse referencial ficará mais fácil entender Qual é a singularidade desse pensamento típico da modernidade que é o desse filósofo é importante
perceber que não é por acaso que Espinoza foi sem dúvida Sem dúvida junto com Maquiavel o filósofo mais odiado apesar de ter sido Talvez o mais digno de todos os pensadores né não é por acaso que eh Espinoza é considerado por muitos eh um verdadeiro Marco na história do pensamento ocidental né não é por acaso que Espinoza eh como diria Hegel eh é um autor Sem o qual não é possível fazer filosofia ou como diria Marx é um autor que dividiu a filosofia em dois né então evidentemente que não se trata de um autor eh
que pode passar desapercebido né então ele compõe bem o quadro nesse time nessa seleção que a casa do Saber escolheu bom o contraponto que eu queria usar para entendermos a singularidade da ética em Aristóteles em Espinosa é Aristóteles justamente porque Aristóteles é quem vai oferecer para eh a filosofia a concepção clássica de moral e de ética né Aristóteles escreveu três grandes livros sobre moral a ética anicom a ética eudemo e a magma moralia olha Eh desses três livros o mais citado é a ética nicômaco e nicômaco nada mais é do que o filho de Aristóteles
portanto as dificuldades não começam aí né nicômaco não é um conceito abstrato né E nesse livro ética nicômaco Aristóteles define moral e ele define moral como sendo não é a atribuição de um valor à ação humana perceba então que o objeto da moral é a ação humana e a atividade de moral é a atribuição de um valor então perceba se a minha palestra é uma ação humana qualquer reflexão valorativa sobre ela se ela é adequada ou inadequada boa ou má apropriada ou inapropriada é uma reflexão de natureza moral portanto a moral tem por objeto a
ação humana perceba Quando você diz Arlindo é um canalha esta frase até tem sentido no senso comum mas não tem valor filosófico por quê Porque Arlindo não é objeto da moral o que é objeto da moral é a ação concreta de Arlindo portanto dizer que Arlindo é um canália é associar a Arlindo a canalice do berço a cova O que é obviamente inaceitável então o objeto da moral é a ação que ação Quais são as condições da ação para que ela seja considerada objeto da Moral em primeiro lugar diz ar a ação precisa ser própria
em outras palavras a moral é uma reflexão valorativa sobre o eu em outras palavras a moral é o eu juiz do eu o eu que julga a própria conduta o eu que julga a própria existência você poderá perguntar mas eu não posso atribuir valor moral à conduta de terceiro aliás é o que a gente mais faz no cotidiano atribuir valor à conduta de terceiro quase sempre de maneira negativa porque se for positiva tem menos interesse para as relações interpessoais bom essa atividade de atribuir valor à conduta de terceiro não é moral mas é moralismo portanto
moralismo é uma espécie de primo né conceito eh eh eh vizinho do conceito de moral mas não é moral porque a moral se restringe a uma ponderação a uma reflexão sobre a própria ação sobre a própria conduta muito bem a segunda condição que Aristóteles apresenta para que uma ação seja objeto da moral é que esta ação seja livre perceba então que Aristóteles dirá é preciso que a ação humana seja contingente em outras palavras que ela tem tenha podido ser outra Isto é é preciso que no momento da ação tenhamos podido agir Diferentemente Eu gostaria que
você percebesse que o conceito de moral Portanto ele é inseparável do conceito de liberdade por quê Só há reflexão moral possível quando Há a possibilidade livre de agir Diferentemente em outras palavras a a minha palestra ela é do jeito que está sendo naturalmente isso é produto de uma deliberação livre Estou sentado porque quis Estou escolhendo esta temática porque quis estou falando sobre Espinoza porque quis e e neste momento também por que que isso ora tudo aqui é produto de uma deliberação livre portanto veja só quando eu refletir sobre minha própria palestra estarei fazendo segundo Aristóteles
um exercício moral atribuição de um valor à própria ação que poderia ter sido outra perceba curiosamente e diferente do que diz o senso comum a moral caminha de braços dados com a liberdade segundo a concepção clássica e não com a coação se você sair na rua e perguntar para as pessoas o que elas entendem por moral você pode apostar que elas associarão moral a castração a limitação a a a coação né a a impossibilidade de agir de outra forma e é exatamente o contrário que propõe a filosofia aristotélica que marcou o pensamento ocidental só há
moral possível quando eu tenho a possibilidade de agir Diferentemente Isto é só há moral possível quando a ação é contingente muito bem por razão esta introdução sobre Aristóteles era fundamental para entender a concepção ética de Espinosa por quê Porque a concepção ética de Espinosa não aceita nada destas reflexões E por que não aceita nada dessas reflexões antes de mais nada porque a concepção espinosana de existência no mundo não aceita a contingência e não aceitando a contingência não aceita o livre arbítrio que dela decorre eu me explico eu me explico eu acabei de dizer que para
Aristóteles é só a atividade moral possível quando eu livremente delibero sobre agir de uma forma ou agir de outra forma e portanto a atribuição de um valor moral depende desta possibilidade de agir de uma maneira que não Agimos Qual é a singularidade do pensamento deinos em relação a essa concepção é que não há Esta possibilidade de agir Diferentemente do que Agimos nunca em momento algum da nossa trajetória nós podemos agir Diferentemente do que Agimos em outras palavras a nossa existência não é marcada pela contingência ou seja pela possibilidade de ser outra mas pela necessidade pela
inexorabilidade nossa existência é como só poderia ser se a nossa existência é como só poderia ser toda e qualquer tergiversação toda e qualquer eh reflexão e ponderação sobre a nossa ação é absolutamente determinada por causas materiais eficientes e anteriores a ela de tal forma que não há em hipótese alguma a possibilidade de livremente escolher entre uma ação ou outra ação perceba a força do pensamento espinosano você dirá mas espera um minutinho como é que eu não tenho liberdade para escolher entre vir ou não vir paraa aula hoje como é que eu não tenho liberdade para
escolher entre tomar ou não tomar um café na hora do intervalo não é entre entre furar ou não furar o farol vermelho né como é que eu a cada instante pondero sobre a minha ação e quem diz ponderar sobre a própria ação diz ponderar sobre a própria existência porque não há existência que não seja ativa né pr pra Espinosa Então você percebe que essa essa essa possibilidade de ponderar e definir livremente entre vários caminhos possíveis não encontra espaço na filosofia de Espinosa por quê Porque somos seres naturais porque somos seres inscritos numa complexa rede de
causalidades materiais porque não divergimos de um rabanete porque não divergimos de um couve flor de um raio de um camelo ou de um porco os fenômenos naturais eles estão Inexoravelmente inscritos em nexos de causalidade material de tal maneira que eles são o que eles só poderiam ser um rabanete germinará apenas e quando as condições objetivas lhe facultar em germinar da mesma forma uma chuva Choverá Apenas quando as con naturais objetivas permitirem essa chuva e nós que não divergimos que não estamos apartados deste mundo natural que somos natureza pertencemos a essa complexa rede de causalidades e
p portanto nós como um rabanete como um porco como um trovão só poderemos agir como Agimos de tal maneira que de tal maneira que a minha palestra não poderia ser diferente da que é E se eu me levantar agora eu só poderia ter levantado agora e se porventura eu mostrar a bunda para vocês eu só poderia ter mostrado a bunda nesse instante tudo é como só poderia ser e toda toda reflexão que pudesse fazer crer na possibilidade de agir ou não agir simultaneamente é inaceitável por que inaceitável porque o que é apenas é e o
que não é não é a possibilidade é uma ilusão as coisas apenas são são como um rabanete são como a minha palestra são como um raio são o que são determinadas por causas que são o que são se eu tivesse a liberdade de agir Diferentemente Isto é dar a palestra sentado ou dar a palestra de pé seria preciso que eu pudesse romper com alguma causalidade material porque as causalidades do mundo ou determinam que eu me sente ou determinam que eu me levante se eu puder escolher entre me sentar e me levantar Em algum momento eu
rompi com alguma causa material Isto é dentro do materialismo inaceitável afinal de contas nós que somos matéria nós que somos átomos e nada não é nós que somos seres naturais como quaisquer outros nós só podemos ser o que somos e portanto não há a possibilidade de ser Diferentemente daquilo que as causalidades nos determinam você poderia me perguntar eu vou voltar a me sentar por uma exigência tecnológica você poderá me perguntar por Então eu tenho a nítida sensação de que escolho por eu tenho a nítida sensação que eu e eh eh posso optar uma jovem recebe
a corte de Joaquim e semprônio ela contempla os dois e tem algumas opções optar por um pelo outro pelos dois ou por nenhum já são quatro e ela tem a nítida sensação de que deliberou optei por sônio por que que eu optei por semprônio porque semprônio era esteticamente mais atrativo não é um capital estético que no final das contas num primeiro momento faz diferença né semprônio é um indivíduo mais articulado etc etc eu dou até as causas pelas quais eu optei Por sônio ora Por que então eu acredito ser livre Por que eu acredito ter
o livre arbítrio de optar por este ou por aquele se as coisas são como só poderiam ser e a resposta de Espinosa é contundente e violenta você percebe o livre arbítrio na exata medida em que é ignorante porque você ignora as causas materiais todas elas que determinam que a sua ação seja como só poderia ser por você ignora toda a complexa rede de afetos que o mundo marca sobre você definindo você encontro a encontro instante a instante porque você ignora não percebe Não vislumbra não pode observar tudo que te afeta porque você é ignorante porque
você é apenas parte da natureza e não toda a natureza porque você não pode saber tudo é que você não sabe por que a sua conduta é como só poderia ser porque você é limitado porque você é parcial porque você tem só um ponto de vista e não todos os pontos de vista possíveis porque você é é é visgo porque você é torto porque você é apenas o que é e não o todo porque você vê as coisas por esse viés sem poder enxergar os efeitos deste viés porque a Sua percepção dos afetos que o
mundo produz sobre Você é sempre limitada e seletiva você é ignorante e por ser ignorante você não pode entender porque a sua ação é como só poderia ser E porque você ignora as causas da tua ação você elabora um discurso você elabora um discurso explicativo da tua ação e crê que a razão livre deliberada e ponderada foi a causa da ação você portanto crê porque não tem outra explicação que a tua razão a tua ponderação não é a tua reflexão ante inúmeras variáveis aquelas que você circunstancialmente vislumbrou não é você acredita que esta tergiversação é
que foi a causa da tua ação ora isto é completamente absurdo atuação é como só poderia ser e evidentemente a razão dará uma explicação para que a frustração do não entendimento da própria existência não seja maior do que já é a razão e a explicação a explicação da existência e da ação através do livre arbítrio é a mais bem acabada forma de ilusão para aplacar as angústias aplacar a dor e aplacar o dissabor da incompreensão por não entendermos porque Agimos porque existimos e porque estamos no mundo naquele instante e naquele momento você percebe então que
Espinoza tem uma filosofia radical radical no seu verdadeiro sentido de raís Ah mas não tem nem meio milímetro de liberdade nem uma chance Zinha professor clov se eu for a padaria aí na frente tem esfirra de carne e de ricota Pô eu não posso num determinado momento optar pela de carne ou a de ricota você optará você optará acreditará estar optando comerá a esfirra e tudo se passará como se fosse assim fruto de um livre arbítrio por quê Porque você não poderá nunca saber porque realmente a escolha da esfirra de ricota ou de carne está
determinada determinada por causas necessárias não há contingência Só há no mundo necessidade Não Há possibilidades só há real real e nada você poderia perguntar mas isso de dizer que as coisas já estão escritas Será que elas já estão escritas nas Estrelas nunca nunca na filosofia de Espinosa não há ninguém mais anti Platônico do que Espinosa não há transcendência não há o outro mundo não há o fora da caverna só há o dentro da caverna só há aqui o mundo das coisas sensíveis o mundo das coisas palpáveis o mundo de Carla perz só há este aqui
não há transcendência e não havendo transcendência não pode estar na transcendência a causa de nenhum movimento da imanência a causa de nenhuma ação aqui o que está aqui tem como causa aqui portanto não há que acreditar num mundo pré-determinado na transcendência Mas então como que está tudo determinado determinado nas causas determinado no instante em que se determina não desde sempre mas no instante o instante que é a própria eternidade a eternidade no instante não uma eternidade que sempre existiu mas uma eternidade que existe e vai existindo só no instante para uma realidade que não deixa
de deixar de ser uma realidade que não deixa de se transformar uma realidade que não deixa de se reciprocamente e portanto evidentemente dentro desse mundo aqui dentro desse mundo imanente é que estão as causas e as causas elas mesmas aonde estão como as causas determinam as ações você poderia estar tentado a acreditar que as causas das ações humanas estão antes das ações humanas afinal de contas é sempre coerente pelo menos pela metáfora gráfica colocar causas antes e depois as consequências esta disposição gráfica poderia fazer você acreditar que as causas das ações humanas vem antes das
ações humanas se elas vê antes as causas que determinam a minha palestra estariam no passado antes da própria palestra ora esta reflexão Espinoza não perde e por não perde porque de novo ele será contundente de novo ele será vigoroso e Dirá Não há nada no passado quanto mais causas como pode como pode o que não é porque o passado não é como pode o que não é ser motor do que é como pode o passado que não tem existência material ser a causa do presente que tem existência material é um cont contrassenso é um absurdo
é absolutamente inaceitável Então você dirá Mas então aonde está a causa se não está no Pass você poderia até cogitar do futuro não são poucos os que cogitam de causas no futuro o próprio Aristóteles cogitou causas finais causas que são o fim para onde eu me dirijo é a chamada teleologia a causa não está antes ela está depois da ação o que determinaria a minha conferência segundo esta reflexão teleológica de finalidade o que determinaria a minha conferência seria o objetivo o fim o escopo aquilo que eu pretendo alcançar talvez melhorar a capacidade de vocês entenderem
um autor talvez obter eh eh eh notoriedade talvez obter eh amigos talvez obter enfim n são os objetivos citáveis Aristóteles e muitos diriam existem causas finais estas estariam no futuro e Espinoza dirá nunca ouvi tamanha sandice Como pode o futuro que não é como pode o futuro que não tem existência material ser causa do presente nem o passado e nem o futuro aonde estão Então as causas se não podem estar nem no passado e nem no futuro elas estão no já no instante aonde as coisas existem e só aonde as coisas existem no instante no
presente no presente que esgota Toda a realidade afinal de contas uma diarreia nunca é causada pela pela uma pamonha mal tramada uma diarreia é determinada segundo a segundo pelos múltiplos encontros da Pamonha com o meu organismo e que paulatinamente instante a instante vão produzindo aquilo que é liquefação fecal é completamente aberrante acreditar que o coito é causa do parto causa do parto são as contrações o coito não é não sendo não pode ser causa do parto as causas elas são concomitantes aos seus efeitos as causas estão no instante as causas elas são junto com a
própria realidade que determinam e portanto evidentemente evidentemente as causas estão no presente junto com a própria realidade porque as causas São a realidade ficou com vontade de ver o curso completo as próximas aulas estão disponíveis na casa do Saber mais para você assistir onde quando e como quiser clique no link que tá na descrição e no primeiro comentário desse vídeo e assine agora mesmo para ter acesso ilimitado a esse e outros cursos do catálogo
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