O TRAUMA COLETIVO DA INTERNET e as profecias de Serial Experiments Lain

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Quadrinhos na Sarjeta
SERIAL EXPERIMENTS LAIN é um anime cult de ficção científica cyberpunk e technohorror que foi ao ar ...
Video Transcript:
Vocês já pararam para pensar o quanto a internet talvez nos traumatizou? Ou melhor dizendo, o quanto a existência da internet produziu um trauma coletivo? Dizendo assim, parece que a internet é só uma coisa horrível, mas quando eu falo trauma, eu estou falando de mudanças abruptas, de condições sociais, econômicas, culturais, de vida, enfim, que de repente mudaram, e mudaram muito e muito rápido.
É evidente que tudo isso não acontece sem alguma dose de sofrimento. Para nós, seres humanos, mudar sempre é difícil. Às vezes mudar, até mesmo para melhor, traz alguma resistência.
Então refaço a pergunta, seja você mais velho ou mais jovem, você já parou para pensar o quanto a internet foi um grande trauma? Então, tem um anime que já pensou isso, e foi nos anos 90, eu estou falando aqui do cult Serial Experiments Lain. Serial Experiments Lain , ou, para os íntimos, Lain, que é como eu vou falar aqui, porque eu não aguento mais falar essa palavra comprida, trava língua, é um anime relativamente popular, eu digo popular porque não é uma febre, e nunca foi, mas sempre teve uma legião de fãs muito, muito Isso se deve não só na comunidade Otaku, que gosta de manga e anime, mas também na comunidade gamer, porque Lain foi pensado para ser tanto anime quanto um game, e também chegou a ter um manga, porém o que interessa é que tanto anime quanto game saíram no mesmo ano.
O jogo foi para PS1 e o anime teve 13 episódios, e é nele que eu vou me focar aqui, e por que eu vou ficar só no anime? Porque galera fazia tempo que eu não via algo tão interessante, sim, eu sou dessa turma que foi descobrir essa obra quase 30 anos depois. E sério, aqui até fazendo uma nota pessoal, hoje como alguém que trabalha com a internet, eu achei o anime de uma capacidade profética absurda!
Mas vamos lá, estou falando, e ainda não disse sobre o que é a história. A gente acompanha uma jovem protagonista, uma menina japonesa chamada Lain Iwakura, e ela vive bem naquele momentinho do final dos anos 90, onde a internet estava começando a se tornar cada vez mais popular e mudar rapidamente os modos de vida, sobretudo no Japão. E aí, logo de cara, você já tem um certo mistério, porque no comecinho mesmo, a primeira coisa que a gente vê é uma colega da Lain que tira a própria vida.
E após a morte dela, tanto a Lain quanto as colegas estão recebendo e-mails. E não são e-mails agendados, não, são e-mails como se a menina estivesse viva, mas pera, como assim ela morreu? Então o pessoal começa a pensar que isso é uma pegadinha, que alguém pegou a senha do e-mail dela.
Porém a Lain acaba indo mais fundo nessa investigação, porque com ela o papo é outro. Porque a menina que tirou a própria vida, que se chama Chisa Yomoda, está dizendo para a Lain que ela continua viva na internet, que ela descobriu que não precisava mais do seu corpo, que ela não precisava mais da carne, porque ela enquanto memória estava viva na internet. E isso, para a Lain, é uma notícia bastante reveladora em vários níveis, porque primeiro, papo estranho, segundo, Lain não tem interesse nenhum por computadores, porém o pai dela tem, até demais.
Inclusive o anime é muito bom para mostrar o quanto que Lain está entrando no mundo bastante sombrio, porque quando ela vai falar com o pai, ele está lá vidrado nos computadores, entrando em várias coisas ao mesmo tempo, e não dando atenção para a filha. E a Lain fala: pai, eu quero um computador para mim, o que eu tenho ali não é muito potente, então eu estou querendo uma máquina melhor. E o pai dela fica satisfeito, ainda que continue um tanto ignorando ela.
Só esse detalhe já traz um pouco do quanto esse anime é profético, com hoje cada vez mais pais completamente viciados em celulares, com criança à sua volta demandando atenção, e muitas vezes a coisa pior ainda, quando é dado para as crianças o celular. Fica você assistindo e dizendo: mal começou o vídeo, já está encrencando, o problema da gente ficar consumindo esse monte de imagens maravilhosas que a internet nos traz. Continue acompanhando o anime, porque é a partir dele que começamos a pensar vício em eletrônicos, invasões, hackers, crianças em espaços virtuais que elas definitivamente não deveriam estar, extremismo, alienação, e também uma profunda, gigantesca solidão.
Sim, a sensação é que nunca fomos tão conectados como hoje em dia, e ao mesmo tempo parece que nunca fomos tão solitários como estamos agora. Mas antes de ocasionar uma crise existencial em você que está me assistindo graças à internet, eu peço que você curta o vídeo se estiver curtindo, se inscreva caso esteja novo por aqui e compartilhe. Esse canal só existe graças aos seus apoiadores, são eles que financiam essa pessoa que talvez nem exista, às vezes eu sou uma imagem gerada por inteligência artificial, mas pelo menos eu tenho recompensas, como lives aqui comigo, grupo de estudo, grupo no Telegram, sorteio de gibi e conteúdo exclusivo.
Inclusive, o nosso próximo encontro, o grupo de estudos, vai ser discutido Lady Snowblood, importante mangá que influenciou o Kill Bill. Então eu vou deixar o link do nosso apoio na descrição do vídeo e no primeiro comentário fixado. E considere ser membro aqui no YouTube por R$6,90 ao mês e ter acesso à Sarjeta Flix, dezenas de conteúdos exclusivos e lives a cada 15 dias para ter um papo direto com os apoiadores.
Mas vamos embora! Serial Experiment Lain é um anime criado por Yasuyuki Ueda, e a proposta da obra não é ser algo muito hiperestimulante, pelo contrário, Lain é um anime que muitos vão dizer que dá sono, e de fato dá muito sono. Eu para conseguir assistir os treze episódios, dormi umas duas vezes.
E olha que doido, só isso já é um negócio que diz muito sobre como a gente está vivendo agora. Dizer que dá sono quase que é uma ofensa: aquela coisa é uma bosta, peguei no sono vendo. Só que ao mesmo tempo, isso também revela sobre o quanto a gente está hiperestimulado, o quanto a gente só se acostumou com coisas que deixam a gente acordado o tempo inteiro, a gente vidrado e entupido de dopamina, no tanto que ao mesmo tempo, hoje a gente vive uma época de surtos de remédios para dormir, daí que chega a ser um sintoma de toda uma doença cultural a gente encrencar com coisas que fazem a gente naturalmente pegar no sono, com obras que são belas e que estão ali para ser assistidas para a gente relaxar.
E se a gente cochilar em determinado momento, tudo bem, outro dia gente continua, por que isso é um problema? E esse já é um ponto fundamental aqui sobre Lain. É um anime que está procurando desacelerar você, de colocar você em outra instância, inclusive de consciência.
Daí uma certa lentidão, um lirismo, que aposta acima de tudo em imagens com um forte senso poético, mas também às vezes bastante incômodas, além de falas enigmáticas, mas que você vai amarrando ao longo do anime. Sim, tem muita piração, mas também não é aquela coisa que todo mundo fala, não dá para entender, tipo o Evangelion, impossível entender o Evangelion, até fizemos um vídeo aqui, mais de uma hora falando. Mas vamos voltar para o enredo, e eu já adianto, eu vou soltando spoilers aos poucos.
Se você chegar em um certo ponto e dizer, já estou sabendo coisa demais, aí você para, assiste o anime e depois volta aqui. Como eu disse para vocês, Lain, agora não falando do anime, falando da menina, odeio isso, eu sempre reclamo isso aqui no canal. Nome de série que tem o mesmo nome do personagem, aí eu tenho que ficar dizendo, agora vou falar do Lain, o anime, agora da Lain, a menina, e vai complicar, porque não é só uma menina, enfim, já vou explicar.
Vamos lá, recomeçando, Lain é uma garota de classe média, que tem um pai que é muito vidrado em computadores, uma mãe extremamente apática, e uma irmã mais velha, que é meio patricinha, blasé. Já na escola, a Lain tem suas amiguinhas, a mais importante se chama Alice, e sim, não é um nome tão comum no Japão, e a referência aqui já é óbvia, Alice no País das Maravilhas. Porque enquanto a Alice de Lewis Carroll é aquela que nos conduz para um mundo fantástico, um mundo maravilhoso, aqui a Alice que vamos acompanhar, vai ser a única personagem que vai trazer Lain de volta para o mundo real, é aquela colega que basicamente diz, amiga, sai um pouco desse celular, só que aí já começa a pergunta, qual é o mundo real?
Gente, mais um contexto aqui, o serial Experiment Lain saiu anos antes de Matrix, porém, se vocês forem lembrar, final dos anos 90, teve uma cacetada de produções sobre realidade virtual, sobre o fato de a gente estar vivendo em uma simulação, de ficar questionando os limites da própria realidade a partir dos computadores. Lembrem que existia também, além de todos os apocalipses já esperados para a transição do milênio, havia também o bug do milênio, que ia ser um problema que ia dar em todos os computadores, e de repente, de uma hora para outra, ninguém mais ia ter internet, aliás, não só não ia ter internet, o computador ia travar, você ia perder todos os dados, enfim, cabe dizer que nada dessas porcarias se concretizaram. Só que aqui também já está o germe do que depois ia se tornar uma praga na internet, que é a teoria da conspiração, e isso está já logo no início da trama de Lain, dessa menina tendo que lidar com a morte de uma colega, uma morte que, na sua circunstância, é extremamente triste, incômoda, e ainda por cima, com o fantasma dela, só que no caso, um fantasma virtual, dizendo, olha, aqui na internet a gente continua vivo.
Mas aí você já deve estar me perguntando de cara, avança aí no papo, a menina está mesmo viva? Nesse universo aqui de Lain, a grande descoberta é que as pessoas conseguem fazer com que suas memórias vivam na internet? Gente, o negócio é mais complicado.
Primeiro, para poder explicar aqui para vocês, eu preciso fazer uma espécie de análise comparada o tempo todo, ou seja, explicar um pouco a trama de Lain, mas, ao mesmo tempo, falar do quanto ela está procurando tecer uma crítica sobre a internet, e que, repito, foi precisa para um caralho. Começando pelo vício em eletrônicos, ou, especificamente, vício em internet, vício em computadores, hoje, vício em smartphones, porque, além desse mistério da morte da colega que fala com ela, como eu já falei para vocês, resolve se equipar, e daí ela não sabe mais parar. Pouco a pouco, o quarto dela vai virando uma espécie de fortaleza, e aqui entra o elemento cyberpunk desse anime, porque chega uma hora que o quarto da Lain é uma gruta com tubos, com líquidos que a gente não entende, uma cacetada de processadores, projeções, inclusive, pelo lado de fora da casa está começando a sair essa maquinaria.
Dentro do quarto dela, conforme você pisa, é úmido, então você escuta passos como se estivessem pisando em poças d'água. E, claro, tem esse elemento sombrio, só as luzinhas dos eletrônicos iluminando o ambiente, e isso mostra muito como a Lain vai cada vez mais sendo devorada e se deixando devorar pela internet, que aqui até não é chamada de internet, é chamada de wired. Mas foda-se, eu vou chamar de internet.
Aliás, ainda nesse lance de nomes diferentes, aqui os computadores são todos Navi, só que é extremamente igual a Apple. Então já fica esperto aqui, o fim do mundo começa pela Apple. Outra coisa aqui que vale comentar, já que eu falei do computador dela, é o quanto que o cyberpunk, principalmente o cyberpunk japonês, pensa as máquinas não só como sujeitos, como seres vivos, e que isso muito remete ao animismo japonês, presente no shintoísmo, no budismo japonês, enfim, mas também tem um outro fator aqui, que é a impermanência.
Isso, por sua vez, está muito ligado ao budismo, e que é a ideia de que as coisas mudam, por que eu dei essa volta aqui? É que as máquinas também são impermanentes, e daí uma coisa típica do cyberpunk japonês é sempre mostrá-las quase como se fosse uma espécie de tumor. Elas crescem, elas ganham volume, elas vão invadindo espaços, elas vão tomando conta não só das coisas, mas também do nosso corpo, ou seja, não só a máquina pode ser um objeto de horror, mas ela é um objeto de horror que também é um sujeito que não para de mudar.
E aí começa a rolar uma série de intrigas e eu vou aqui encurtar o papo. Mas basicamente a Lain começa a receber relatos de coisas que ela fez que ela não fez, ou ela acha que não fez. Seja na internet dizendo que ela fez isso, aquilo e aquele outro, coisa que ela para e pensa e fala: não, gente, eu nem uso direito, quando eu uso as redes, eu não uso para isso.
Porém, para piorar, começam a ver a Lain em outros lugares, ou seja, ela começa a ser vista em boate, ela começa a ser vista em lugares na rua. E a menina só para e pensa: gente, não sou eu, eu estava em casa. Esse mistério vai ser respondido, mas de cara ele já apela para algo também muito típico da nossa vivência hoje nas redes, que é o quanto a gente entra em um processo de autoalienação, ou seja, a gente vai criando uma espécie de duplo na internet que a gente às vezes sequer se reconhece.
Inclusive, diante dessas lógicas de algoritmo que a gente tem hoje, esse duplo pode ser um triplo, um quádruplo, ou seja, para cada rede social você é tipo uma pessoa diferente, sacou? No Twitter você é o Zé Tretinha. No Instagram você é a pessoa feliz, bem sucedida com fotos fitness.
No YouTube você é o profissional produtor de conteúdo. No TikTok você é o idiota fazendo uma dancinha. Ficou pesado esse final, parece que eu desmereci o TikTok.
Mas tem Quadrinhos na Sarjeta no TikTok, segue a gente lá. Voltando. .
. Ser assombrado por um duplo é uma coisa que, vamos ser francos, eu acho que todo mundo aqui que usa internet já se sentiu assim. Quando nessas interações pelas redes sociais, as pessoas começam a dizer que a gente falou coisas que a gente acha que não falou, ou que a gente se manifestou de um jeito que a gente pensa assim: não, não foi isso que eu quis dizer.
. . Pare para pensar, a maioria das brigas na internet é tudo isso, a pessoa X falou algo, a pessoa Y entendeu algo, e o que uma falou e o que a outra entendeu, raramente é a mesma coisa.
Inclusive, muito do que eu estou falando aqui nesse vídeo vai produzir uma série de outros significados que vão estar muito além do que eu estava pensando. Só que no caso do anime, esse comentário profético sobre a vida na internet entra ali dentro de uma instância quase que sobrenatural, porque conforme a Lain vai avançando na sua investigação, ela descobre que, de fato, existem outras Lains, e eu falo outras, porque talvez não seja só mais uma. Seja como for, uma, logo de cara, a gente constata, existe uma Lain maligna, ou pelo menos alguém usando a imagem da Lain para fazer maldades.
E que maldades seriam essas? De novo, este maldito anime é profético, porque esta Lain maligna não só vicia jovens em computadores, mas também acaba promovendo comunidades extremistas e, pior ainda, desorientando esses jovens a ponto de eles cometerem massacres. Outra coisa também decorrente da febre da Wired, ou da internet, é que, para poder consumir cada vez mais informação, começam a se popularizar drogas que deixam a gente cada vez mais ligado.
E aí eu volto para o papo ali do começo, a gente hoje está precisando tomar remédio para dormir, isso já é um indicativo que alguma coisa não está bem. Outro elemento que também tem a ver com essa Lain malvadona, é a criação de boatos, de coisas que na época não tinha nome e hoje a gente chama de fake news, e que servem acima de tudo para você destruir reputações. Por exemplo, a Alice tem uma apaixonite pelo professor, e um dia ela está lá, dedilhando a chavasca com muito prazer, pensando no prof, e aí a Lain malvada está espionando.
Aqui a coisa é muito metafórica. A menina não está nem no computador, ela olha para o lado e está ali a Lain virtual olhando para ela. Mas enfatizo, isso é uma alegoria, tem a ver muito com as nossas fantasias, que muitas vezes na internet, a gente acaba procurando conteúdos a respeito para consumir e de repente alguém pode estar espionando a gente e usar isso contra nós mesmos.
Cabe lembrar que aqui no Brasil a gente tem índices relativamente altos de jovens que acabam entrando em depressão ou fazendo até coisa pior por um determinado constrangimento, por algum cyberbullying. Mas afinal existe mesmo a Lain malvada? E essa é a grande pergunta do anime que vai sendo empurrada episódio a episódio, tudo há de crer que, sim, existe uma Lain malvada.
Mas quem ela é? A Lain, a menina, estudante, que tem uma vida normal, ela fica o tempo todo se perguntando isso. Será que eu estou fazendo algo que eu nem lembro que eu faço?
Ou será que tem alguém aqui se passando por mim? Essa história toda se complica porque começam a entrar outros agentes. De um lado você tem um grupo de hackers chamado Knights, os cavaleiros, e que veneram a letra lambda, caso você não saiba tem um formato que lembra um compasso, daí que o símbolo dos hackers acaba sendo um símbolo muito próximo também da maçonaria.
Sim gente, se prepara, a gente vai começar agora a entrar em teoria da conspiração atrás de teoria da conspiração. Esses hackers obviamente, e mais uma vez aqui o anime profético, eles acabam criando muita confusão, por exemplo, eles acabam interferindo no sistema de trânsito da cidade e isso produz uma série de acidentes, inclusive com pessoas morrendo atropeladas. Isso para não falar a invasão que eles tentam fazer nos computadores da Lain, eles conseguem inclusive fazer com que eles explodam, sorte que a Lain não estava no quarto na hora.
Em um primeiro momento esses caras se interessam pela Lain, ela quase entra para o clubinho, porque essa menina que não manjava de computadores muito rapidamente se torna uma hacker mega habilidosa. Só que ela está desconfiada. Vocês lembram da colega dela que tirou a própria vida e que serviu de motivação para a Lain usar os computadores?
Pois bem, essa menina que depois começou a mandar e-mails dizendo que ela ainda estava viva, ela diz que continuava viva na internet porque havia encontrado Deus. E, por sua vez, esse grupo de hackers, os Knights, também veneravam Deus. Eles acreditavam de fato que existia um Deus na internet.
Aqui mais uma vez o anime sendo certeiro, falando de subculturas e subreligões que existem nos recônditos mais malucos da internet. Mas voltando aqui para a história. Esse papo de Deus deixa a Lain intrigada.
Ela basicamente fala: ok, eu quero encontrar Deus. Só que ela percebe que ela está no meio ali de um cabo de guerra, porque os microchips usados ali pelos computadores NAVI, ou Apple, são produzidos pela Tachibana General Labs. E essa empresa contratou mercenários para ir atrás dos hackers.
E quem eles estão pensando usar como cavalo de troia? Sim, a Lain. E você fica pensando: por que eles estão atrás dos hackers, o que está rolando afinal?
Basicamente ela descobre que a Wired, a internet, opera a partir de um protocolo 6, desenvolvido pela Tachibana. Contudo havia um grande programador que trabalhava para eles que havia desenvolvido o protocolo 7. O nome desse cara é Masami Eiri e ele depois de ter um conflito com a empresa, acabou tirando a própria vida.
Contudo, lembram do papo de que talvez as pessoas não estão sumindo? Então esse programador agora morto, o Masami Eiri, ele não só conseguiu se manter vivo pela internet, como ele se tornou Deus. E você fica pensando: tá, essa parte está muito sci-fi, aqui está difícil de acreditar.
Gente, aqui essa noção que tem no anime de estar vivo na internet, não é exatamente a mesma coisa de você estar vivo aqui no seu corpo. Aqui esse papo de estar vivo na internet tem a ver com o acúmulo de informações, de dados sobre nós. Cada vez mais a gente tem páginas e páginas, principalmente no Facebook, que é uma rede mais antiga, de pessoas que já morreram, e está lá as postagens delas, as aleatoriedades.
Se uma IA pega essas fotos todas, pega essas mensagens todas, elas conseguem em alguma dose reproduzir, pelo menos parcialmente, esse comportamento. Não que no anime do Lain, a gente esteja falando de IA, mas eles estão pulando etapas, até porque isso é esperado, eu não tinha como saber direito como é que a tecnologia ia operar, afinal, a gente está falando de um anime de 1998, mas veja, não está muito diferente de uma série de pesadelos e discussões a nível ético que a gente está tendo agora, ligado a internet, inteligência artificial, etc. Enfim, seja como for, ele é Deus, e ele agora está empregando esse protocolo 7, e está usando um grupo de hackers, os Knights, para atualizar isso de dentro para fora.
Já a Tachibana, que é a fabricante e a desenvolvedora, não quer que isso aconteça. E o que seria o tal do protocolo 7? E aí agora vai ser fundo.
Segundo o anime, eu já alerto, isso é muito teoria da conspiração, a internet começa com o caso Roswell, aquele famoso caso de avistamento alienígena que aconteceu nos EUA em 1947, que uma nave teria caído, que aliens teriam sido pegos pelo governo. Só para vocês terem uma noção como essa teoria da conspiração segue atual. Hoje há muitos que dizem que a fibra ótica só existe por engenharia reversa da tecnologia alienígena.
Então, alienígenas que caíram em Roswell, valeu pela fibra ótica. E vai ser a partir dessa experiência alien que o anime vai construir uma genealogia da internet um tanto conspiratória, misturando eventos reais com eventos absurdos. E você sabe, uma boa teoria da conspiração para de pé, justamente porque tem muita verdade no meio de uma grande mentira.
Continuando ali o caso Roswell, o que a gente acompanha no anime é o projeto Majestic 12, que foi desmentido, mas teria sido um grupo de 12 cientistas escolhidos pelo presidente dos Estados Unidos, Truman, e que a missão deles era estudar os alienígenas ali encontrados em Roswell. Isso acabou fazendo que todos aqueles que estiveram envolvidos depois desenvolvessem uma série de teorias bastante interessantes. Só para deixar claro, esse troço foi profundamente desmentido.
Só que as pessoas que a teoria da conspiração escolheu, essas existem sim, tiveram uma série de contribuições bacanas, ou não tão bacanas assim, enfim! É o caso do modelo dos oito circuitos da consciência, do psicólogo e neurocientista Thimothy Leary, e é uma parada doida. Tem também a presença de John C.
Lilly, que era também um físico e neurocientista que estudou a comunicação dos golfinhos, mas também procurou investigar o cérebro humano, pensando até mesmo sobre como os efeitos de alucinógenos podiam mudar a nossa consciência. Também aqui aparece o memex de Vannevar Bush, que é uma espécie de protocomputador, e que na realidade surgiu um pouquinho antes do caso Roswell, mas aqui no anime a gente amarra para a conspiração funcionar. Também aparece o nome de Ted Nelson, um importante filósofo e sociólogo, criador de termos como hipertexto, hiperlink, hipermídia.
Então o que vocês podem ver nessa origem conspiratória da internet, é uma série de saberes que estão além da compreensão humana, e o protocolo 7 é levar isso a uma nova instância, porque aqui o que eles estão buscando é conseguir reacionar a ressonância Schumann para fazer uma integração completa do ser humano com o mundo virtual. E aí agora você deve estar pensando, que porra é essa de ressonância Schumann? Então, eu nem sei se eu vou conseguir explicar essa merda, basicamente a ressonância Schumann são os picos que acontecem no campo eletromagnético, da Terra, que vai desde a superfície da Terra até as camadas mais baixas da ionosfera, e que é profundamente afetado por tempestades, por descargas elétricas, raio.
Hoje há todo um papo sobre o quanto as mudanças climáticas podem estar afetando a ressonância Schumann. Porém, o que torna esse negócio popular, inclusive até hoje, é mais uma vez, teoria da conspiração. Existe uma galera que acredita piamente que a ressonância Schumann é uma espécie de pulsar do planeta, porque de fato quando você põe em um gráfico, aquilo ali é uma pulsação.
Só que daí tem gente que acredita que isso tem a ver inclusive com os nossos humores. Sim, dias de pico na ressonância Schumann são dias que aqui na Terra acontece algo terrível, ou sei lá, tem algum tipo de correspondência, sacou? Eu não canso de me surpreender com o mundo, mas cabe lembrar, nesse momento não há nenhuma evidência de que isso aconteça.
O que eu vejo de físicos, de matemáticos falando, é que se a gente quiser pensar em influências no humor humano, o teu emprego merda é muito mais decisivo do que a ressonância Schumann. Fico imaginando o cara puto sendo explorado no trabalho e falando, cara, hoje eu estou com a cabeça fodida, e sabe por que eu estou assim? A ressonância Schumann, maldita!
Seja como for, aqui no anime, a ressonância Schumann é pensada como esse espaço onde é possível habitar o pensamento humano. Sim, aqui a pira é a seguinte, é produzir internet na nuvem, literalmente, mas não exatamente na nuvem, e sim a partir da ressonância Schumann. Ou seja, colocar todos os pensamentos humanos conectados a partir de um campo eletromagnético que tem picos, e esses picos seriam os próprios movimentos do pensamento.
Sabe aquele papo de internet das coisas? Então, aqui, Lain está dizendo que é possível uma espécie de internet da Terra, na qual todos nós estamos integrados. Óbvio que aqui tem muito da ideia de inconsciente coletivo do psicólogo Jung, mas também tem muito do conceito de virtual que surge em pensadores como Pierre Lévy, Gilles Deleuze, Félix Guattari.
O que seria o virtual, segundo Deleuze, por exemplo? Nada mais, nada menos do que uma nuvem em volta do atual. Ficou mais confuso ainda?
Então vamos para o anime para ter um exemplo concreto, daí eu explico a ideia. Lain, no meio dessa grande conspiração em busca de Deus, que na verdade é o protocolo 7 e que vai mudar o mundo a partir de uma internet onipresente, acaba também descobrindo quem é a outra Lain maligna. E aí vem a complicação.
Na verdade, tem mais de uma Lain. Inclusive a própria equipe de criação do anime acabou tipificando três Lain e diferenciando elas pelas expressões faciais, mas também pela maneira como elas eram escritas. A Lain boazinha, que é essa menina japonesa tímida, essa é a escrita com kanji, ideograma.
Depois tem uma outra Lain que é mais ousada, e essa a gente vê em vários momentos ao longo do anime. Está lá a Lain sofrendo e de repente ela muda de expressão e ela fica mega afrontosa. Essa, para vocês terem uma noção, é escrita em katakana.
E já a Lain maligna, que é aquela que aparece na internet provoca as coisas mais horríveis, é escrita com romaji, ou seja, com alfabeto romano. Então você tem três Lain, mas no fundo as três também são a mesma pessoa. E aí vem o plot twist mortal carpado aqui.
Ao que tudo indica, Lain nunca foi humana, ela desde sempre foi um programa. Contudo ela é um programa que de alguma maneira conseguiu se materializar. Só que aí você começa a questionar o que é realidade.
Isso o anime já coloca em termos gráficos. Desde o primeiro episódio uma coisa que me intrigou muito são as sombras. Todos os elementos de sombra são compostos de manchas, manchas vermelhas, às vezes até em movimento.
É como essas imagens geradas por IA, é muito realista, mas tem um elemento ali que é estranho para o diabo, e aqui é a mesma coisa, a sombra não bate com o que a gente imagina de mundo real. Então aquela Lain, a boazinha com a família, vai descobrir que a família dela provavelmente nem existe direito. O pai na verdade estava ali para fazer com que ela gostasse de computadores, para que o programa gostasse de programar.
Enfim, isso tudo vai ficando nebuloso, mas o ponto é que ela era muito próxima do pai, e aí começa a falar essa coisa confusa, porque o pai que estava ali apenas para treiná-la também se afeiçoou. Ele mesmo reconhece: eu te amei. Já a irmã da Lain pirou completamente, o que dá a entender que talvez ela seja humana, e ela acabou tendo contatos extremamente traumáticos com o fato de ela se ver como uma outra, como um duplo virtual, assim como a própria Lain.
Talvez então pode ser que a irmã dela seja um outro programa que não deu certo, que não aguentou a pressão de formar uma consciência e ter várias versões de si mesmo, sei lá, só que a irmã dela pirou. E aí funciona muito sobre esses traumas diante da internet, o quanto o excesso de informação, de desorientação pode gerar casos às vezes bastante agudos de psicose, é o que aparenta a irmã da Lain, inclusive a nível bastante sobrenatural, com ela vendo cópias de si mesmo pela casa, que eu acho que é um negócio assim sinistro para diabos. Contudo, a Alicerce de Lain no mundo real, que a gente já nem sabe direito o quão real é, é a Alice.
É ela que o tempo todo clama pela humanidade de Lain, porque ao longo do arco da história a gente vai vendo a Lain cada vez mais se transformar em uma máquina. No final do anime ela já está toda atravessada de tubo, ela muito pouco ainda é humana. Só que tem vários momentos desse anime que vão mostrando o quanto a humanidade ainda está lá.
Existe algo que a máquina não tomou conta. Quando um garoto que gosta da Lain rouba um beijo dela, ou depois quando a Alice, que é um dos momentos mais bonitos do anime, olha para a Lain, que está ali dizendo que ela é só um programa, que a humanidade não importa, que o corpo não interessa, e daí a Alice coloca a mão no rosto dela, pega na mão dela e fala, mas eu estou te sentindo, você é quente, você tem uma pele, como assim o seu corpo não importa? E daí a Alice coloca a mão no coração da Lain e fala, o seu coração pulsa.
Eu acho muito poético, acho lindo demais esse trecho, porque ficam as duas repetindo junto o som do coração, nesse gesto repetitivo, ainda assim elas conseguem restituir uma humanidade. Não tem como não olhar para essa cena e pensar alguém chegando para nós, nos tocando e dizendo: oi, olha para mim, larga um pouco o celular, o computador, estou na tua frente, olha para mim, não só me sente, nem que seja a distância, mas sente que eu estou na tua frente. Só que a coisa não é simples, porque Deus estava usando Lain aos seus propósitos.
Deus, lembrando, o programadorzinho safado lá. E aí a coisa descamba para o momento Akira de Katsuhiro Otomo, ou seja, muito body horror, com monstros formados por pedaços de máquina e carne sintética. Para vocês entenderem exatamente o conflito, Lain existia para conseguir consumar o protocolo 7.
Ela é o grande programa que serve para integrar finalmente a humanidade com a internet, fazendo com que não haja mais distinção entre o real e o virtual. Contudo, Lain, que acaba sendo tão poderosa, começa a questionar: peraí, acho que Deus sou eu. E aí você tem esse conflito com as implicações teológicas, porque Lain decide sacrificar Deus, matar Deus.
Olha o Nietzsche aqui de novo! Como você já pode imaginar, Lain acaba se tornando deusa, só que ela entende que ser Deus não é legal. Aqui vem a importante lição que a Alice trouxe para ela, porque ser Deus é ser onipresente, ser onipotente e isso é chato, olhar para os outros a distância com uma certa impessoalidade que apenas torna a vida mais chata.
Note, então, como nesse arco todo de Lain aparece muito esse distanciamento, essa alienação que as pessoas vão criando em relação às outras pessoas, em relação a si mesmo, quando tem a internet atravessando as coisas. Inclusive, como os jovens vão cada vez mais se desligando de conexões reais para ficar ali completamente em transe em uma comunidade qualquer de internet. Então, mesmo todos esses elementos sobrenaturais, o arco de Lain lembra muito uma menina que está viciando demais o computador e tem uma outra amiga que está querendo trazer ela de volta para o mundo real e continua sendo a grande companheira dela e que está deixando claro que essa maneira de viver à distância, como se fosse um Deus na internet, ou seja, só espiando o que os outros postam e criando fake para arranjar confusão, esse modo de vida não vai fazer dela feliz, pelo contrário, vai fazer ela cada vez mergulhar mais em um abismo onde ela vai se perder.
Mas aí diante do anime vem a pergunta, o que é real? É por isso que eu trago de volta o Deleuze, mas é de um jeito bem simples. Ele vai fazer uma distinção entre atual e virtual.
Atual é aquilo que se materializa, já o virtual é uma nuvem de possibilidades. Um exemplo que o próprio Deleuze dá é a memória. Toda vez que a gente lembra de alguma coisa, a gente lembra de um jeito diferente.
Pode parecer que a gente sempre lembra igual, mas não é, porque tem a ver com o momento que a gente está, tem a ver com o que a gente aciona para fazer com que aquela lembrança se enfatize mais por isso ou por aquilo. Enfim, tem várias coisas que vão fazer com que as nossas lembranças tomem forma e essas possibilidades é o campo do virtual que, inclusive, retroalimenta o atual, ou seja, a minha ação no mundo tem muito a ver com as virtualidades ao longo da minha vida, inclusive, ao longo da minha memória. Obviamente, quando a gente vai para a internet, isso fica ainda mais complexo, porque o mundo virtual, o mundo da internet é um mundo que, de maneira bastante óbvia, acho que isso está evidente para todos nós hoje em dia, atua demais sobre a nossa própria vida.
Até que ponto, hoje, com essa sociedade dos algoritmos, você já não está programado pela rede social? E não só quando você está usando a rede social, mas quando você está na rua? Até que ponto, por exemplo, hoje, o fato de a gente estar sempre com mais raiva, o fato de a gente estar sempre mais irritado, o fato de a gente estar sempre brigando mais não tem a ver com o jeito que a gente foi domesticado pelas redes sociais, que, em muito, tem uma arquitetura para fomentar a treta, porque treta engaja, e treta faz com que a gente fique cada vez mais usando as redes sociais.
Ou seja, até que ponto uma espécie de ódio programado não produziu uma sociedade de monstros? E cabe lembrar, monstros que somos nós. Nesse ponto, então, a pergunta do que é real é quase que dispensável, porque a realidade é composta pela virtualidade e pela atualidade, por aquilo que está no campo das possibilidades e aquilo que se concretiza, e tudo isso faz parte da realidade.
Por isso que Lain, o anime, radicaliza isso, colocando a gente sempre nessa instância, onde, no final das contas, a pergunta do que é real é o que menos nos interessa. O dilema é muito mais ético, é um grande questionamento sobre como nós estamos nos comportando no mundo agora com a internet. Por isso que, como eu falei no início do vídeo, Lain é um grande documento sobre o trauma que é a internet, o quanto que isso trouxe para nós muitas coisas boas, mas também trouxe uma série de mudanças radicais, trouxe uma série de problemas novos com os quais a gente ainda não aprendeu a lidar.
Desde o anime até aqui são quase 30 anos, e notem, os problemas podem até ter contornos diferentes, porque hoje a gente tem tecnologias diferentes, mas os problemas são os mesmos. Assim como o sedentarismo para os humanos antigos, ou o advento da escrita, ou a formação das cidades, ou mesmo as tecnologias mais recentes, como o telefone, o rádio, o cinema, a televisão, tudo isso teve um impacto cultural em nós, tudo isso mexeu muito com a sociedade, e isso produz abalos psíquicos, isso produz trauma, e o que é doido é que isso está cada vez mais rápido, a gente não está tendo tempo de processar isso tudo. Por isso eu acho bastante poético e, ao mesmo tempo, sombrio, quando a gente fica sabendo no anime como é que a internet foi criada, não só pelas teorias da conspiração, mas por uma experiência específica que eu reservei para o final, que é o uso da energia psíquica de crianças para produzir máquinas.
Sim, o protocolo 7 é uma concentração da criatividade de crianças, que inclusive foram mortas durante essa experiência. Aí você fica pensando: cara, que viagem, mas qual é o significado disso? Há vários, mas um que interessa aqui para nós é de pensar o quanto que, de fato, há muita criatividade, há muita imaginação na internet, mas também até que ponto essa nossa imaginação não está sendo sugada, consumida, esvaída de modo a, no final, não restar mais nada de nós.
Sabe essa potência criativa de toda criança e que existe até mesmo em você que já está velho? Pois bem, até que ponto as redes não estão sugando o que restou da gente, inclusive das próprias crianças que agora estão tendo contato com elas. Então, diante desse problema filosófico e ético, como é que termina Lain?
Em um final, um tanto aberto, Lain consegue reprogramar a realidade, o que é uma coisa bem doida, fazendo com que ela nunca tenha existido. Isso fez com que aquela colega lá atrás não tenha tido a própria vida. Não existiu o tal do Deus.
Enfim, todas as coisas ruins não aconteceram, mas aí com isso ela perdeu o contato com a amiga dela querida, a Alice. Perdeu o contato no sentido de intimidade, porque ela volta e meia reaparece para a Alice, dando a entender aqui que a internet continua aí. Tem hora que elas conversam, a Alice não sabe quem é mais essa menina, mas olha para ela e acha ela familiar.
E a Lain responde para ela: é, a gente não se conhece, mas a gente vai se rever. Lain diz: eu estou em todo lugar. Ou seja, Lain é o avatar da internet, e apesar de ela estar aí para conectar todos nós, ela, diante da Alice, tem uma conexão que é de outro tipo, aliás, isso até aparece como diálogo mesmo quando elas estão lá mega tensas com a Lain cheia de cabo e tal, e a Alice pergunta, por que você se conecta com todo mundo e menos comigo?
E a Lain olha para ela e fala, com você eu não preciso, ou seja, a minha conexão com você é tão forte, tão única, que não é um cabo de fibra ótica que vai nos ligar. Resumindo então, Lain é uma visão sombria sobre a internet, do trauma dessa experiência que mudou todos nós, que é a internet, e que joga para nós uma pergunta tão difícil de responder que está aí há muito tempo, o que nos torna humanos, seja como for, mesmo sem uma resposta precisa, aquilo que a gente tem como humanidade, talvez vale a pena ainda lutar a favor. Precisamos nos conectar, só que não necessariamente pela internet.
Eu não sei se Serial Experiments Lain está disponível em algum serviço de streaming. Eu assisti daquele jeito que a internet permite que a gente assista várias coisas. Mas obviamente, por tudo que eu falei aqui, eu recomendo para caramba.
Como eu disse, me impactou muito, muito mesmo, tanto que esse vídeo está gigante. Digam nos comentários que outras obras cyberpunk que lidam com internet, com traumas, com questionamentos existenciais, sei lá, eu poderia comentar aqui. E pelo amor de Deus, não fale de Evangelion, já tem vídeo, embora eu precise fazer mais.
. . Mas tem muitas outras obras, sugiram aí, por favor, sobretudo o cyberpunk japonês, que sempre rende bastante.
Além do Evangelion, também fica a sugestão para que você veja a análise que a gente fez aqui de Ghost in the Shell. Então tem bastante coisa para se servir. No mais, peço que você siga a gente nas nossas outras redes sociais, TikTok, Twitter e Instagram.
Obrigado por assistir. Valeu, pessoal!
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