[Música] K [Música] Muito bom dia a todos vocês, meus irmãos! Sejam bem-vindos à meditação do dia de hoje. Peçamos a Deus a Sua bênção sobre nós.
Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Pai nosso que estais no céu, santificado seja o Vosso nome; venha a nós o Vosso reino; seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós, dentre as mulheres, e bendito é o fruto do Vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
O Senhor Todo-Poderoso nos abençoe, nos guarde e nos livre de todo mal. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Hoje, entramos no Capítulo 11 do livro "O Caminho de Perfeição". Nesse capítulo, Santa Teresa continua falando do assunto anterior, que é a mortificação, né? A nossa subida, o que é a nossa subida?
Nossa ascensão, né, no caminho que vem da nossa humanidade e vai, né, começa aqui na nossa humanidade e vai até a divindade, vai até Deus, numa subida. Então, o Capítulo 11 continua a discorrer sobre a mortificação. Afirma que é preciso adquiri-la nas enfermidades.
Diz Santa Teresa: "Parece-me imperfeição, irmãs minhas, queixar sempre de males significantes; se puderdes, sofrê-las por si mesmas. O queixume é diferente e logo transparece. Vede que sois poucas e que, se uma tem esse costume, tanto basta para cansar a todas.
Se vos amais e houver caridade, tudo quem tiver um mal verdadeiro deve revelá-lo e tomar o remédio necessário, pois se perde o amor próprio, sentireis tanto qualquer alívio que não deveis temer tomar o remédio sem necessidade nem vos queixar sem causa; quando há causa, é muito pior encobri-la do que tomá-la sem que haja. " "Tomar o remédio e seria grande erro das irmãs não se apiedar de quem está nessa situação. Fica, pois, certas de que onde há caridade, e são tão poucas irmãs, nunca há de faltar o cuidado de vos proporcionar a cura.
Mas as fraquezas e mesquinhos de mulher deveis esquecer, pois algumas vezes é o demônio que nos põe na mente essas dores que vão e vêm. Se não se perder o costume de falar para se queixar de tudo, exceto se for a Deus, será um nunca acabar. Porque o nosso corpo tem um defeito; quanto mais cuidamos dele, mais necessidades ele descobre.
É espantoso o quanto ele gosta de ser cuidado e como aqui encontra um bom pretexto. Por menor que seja a necessidade, ele engana a pobre alma para que ela não progrida. " "Lembrai-vos dos tantos pobres enfermos que não têm a quem se queixar.
Assim, não podeis ser a um só tempo pobres e regaladas. Lembrai-vos também das muitas mulheres casadas que, sofrendo graves males, não ousam se queixar para não enfadar os maridos. Mesmo muito padecem!
Sei que há muitas e pessoas até de alta condição nessa situação. Ai de mim, pecadora! Por certo, não viemos para cá a fim de ser mais mimadas do que elas.
Ó, já que estais livres dos grandes sofrimentos do mundo, sabeis sofrer um pouco por amor a Deus, sem que todos tenham de sabê-lo. Se uma mulher infeliz no casamento, para que o marido não saiba, fala e se queixa, sofre as desventuras sem desabafar com ninguém. Não passaríamos por problemas entre Deus e nós decorrentes dos nossos pecados, ainda mais que quase nada se aplaca do mal com o desabafo.
" "Em tudo que eu disse, não falei de doenças graves como febre alta, embora eu sempre peça moderação e paciência. Referi-me a pequenos achaques que podemos aguentar de pé. Mas o que ocorreria se alguém lesse isto fora desta casa?
O que diriam de mim todas as monjas de boa vontade? Eu suportaria todas as reclamações se alguma se corrigisse, porque basta que uma aja assim para que a coisa chegue a um ponto em que, na maioria das vezes, não se acredita em nenhuma, por mais grave que seja o seu mal. Recordemos de nossos santíssimos padres do passado, os Eremitas, cuja vida pretendemos imitar.
Que terão eles enfrentado de dores e a sós, bem como de frios, fome, sol e calor, sem ter a quem se queixar senão a Deus? Pensais que eles eram de ferro? Pois eram tão delicados quanto nós!
E crede, filhas, que se começamos a vencê-los, estes corpinhos não nos cansarão tanto. Sempre há quem se encarregue do necessário. Descuida-vos de vós mesmas, se não for uma necessidade reconhecida.
" "Se não nos decidirmos a vencer de uma vez por todas a morte e a falta de saúde, nunca faremos nada. Enfrentai-as sem temor e entregai-as a Deus, aconteça o que acontecer! O que importa que morramos, se o corpo zomba de nós tantas vezes?
Por que não zombamos dele também alguma vez? E crede que essa determinação é mais importante do que podemos entender, porque se aos poucos superarmos o corpo, ao fim de algum tempo, seremos, com o favor de Deus, senhoras dele! E vencer tal inimigo é muito bom para triunfar na batalha desta vida.
Faça-o, o Senhor, como puder. Acredito que só consegue entender a relevância deste conselho quem já goza da vitória, que é tão grande, a meu ver, que ninguém deixaria de sofrer para alcançar este sossego e domínio. Então, aqui terminamos o Capítulo 11 do livro "Caminho de Perfeição".
Quando nós olhamos para esses conselhos de Santa Teresa, ela está falando para monjas, para mulheres, e é interessante a linguagem que ela usa, né? Muitas vezes dizendo para deixar coisas de mulher de lado, ou seja, ela queria mulheres valentes. Ela queria religiosas decididas.
" Mortificação, lendo essas páginas de Santa Teresa, nós somos levados a pensar que ela tinha um certo desprezo pela saúde, pelo corpo e tudo mais. Mas não é isso, né? Quando nós lemos com cuidado aquilo que Santa Teresa escreve, nós vemos nela um equilíbrio.
Ela pensava no seguinte e é realmente o que nós devemos pensar: hoje, nós não devemos ter um cuidado excessivo com o corpo, com a saúde. Isso não pode ser excessivo. E o que seria um cuidado excessivo?
Seria fazer disso o objetivo da nossa vida. Então, se eu faço do objetivo da minha vida a beleza física, a luta contra o envelhecimento, os exercícios físicos constantes e o cuidado extremado com a saúde, isso começa a se tornar o meu Deus. Então, quer dizer, eu vou orientando todas as forças, todas as energias da minha vida para isso.
E aí isso se torna idolatria. O que é idolatria? A sagrada escritura nos ensina que qualquer coisa pode virar idolatria, ou seja, basta que eu coloque algo no lugar de Deus e pronto.
Isso já é idolatria. Então, por exemplo, tem pessoas que não vão à igreja no domingo, mas não perdem a sua caminhada, a sua corrida, os seus exercícios físicos. Mas não têm tempo para ir à igreja.
Idolatria, ou seja, o cuidado com o corpo e com a própria saúde se tornou um ídolo; a pessoa vive para isso. O mesmo se diga da aparência, do cuidado com o cabelo, do cuidado com a pele etc. Tudo isso pode virar idolatria.
Agora, vejam, Santa Teresa não é contrária ao cuidado justo, ao cuidado real com o corpo. Ou seja, vamos pensar na nossa realidade hoje em dia: nós somos muito sedentários. A nossa vida é muito sedentária.
Nós vivemos, hoje em dia, dependendo da profissão que temos, nós vivemos sentados em uma cadeira, atrás de uma tela de computador. Então, isso é um sedentarismo; nós nos movimentamos pouco. Se nós pensarmos em relação aos nossos pais, aos nossos avós, que às vezes faziam trabalhos muito mais braçais, que exigiam muito mais do físico, hoje em dia, muitos de nós não temos essa oportunidade de exercício como parte do nosso dia a dia.
Então, é necessário que cuidemos do nosso físico. Por quê? Onde nós servimos?
Amamos a Deus no nosso corpo, no nosso físico. Então, a vida é um dom de Deus; a saúde é um dom de Deus. Então, naquilo que estiver ao nosso alcance, nós temos que cuidar.
Temos de ir ao médico, querendo ou não, né? Devemos cuidar da nossa saúde. Devemos obedecer ao que os médicos nos dizem.
Por quê? Porque se trata da nossa saúde, desse bem precioso que Deus nos deu, que é a nossa vida. Então, nós precisamos cuidar disso.
Precisamos, sim, cuidar da nossa aparência. Então, por exemplo, há algum pecado, por exemplo, na mulher que, querendo, que sendo leiga—aqui não estamos falando de religiosas—vamos pensar nas mulheres que são leigas, que vivem no mundo. Há algum problema no fato de as mulheres cuidarem da própria estética, de repente fazer algum procedimento estético para manter a pele mais cuidada, tirando eventualmente alguma mancha, pintando e mantendo o cabelo pintado?
As mulheres vão ficando mais velhas, o cabelo vai ficando branco. Então, há algum problema nisso? Não.
Há algum problema nos homens em cuidar da sua aparência? Não, também não. Pelo contrário, nós devemos cuidar desse dom precioso que é a nossa vida.
Mas aqui Santa Teresa tempera esse cuidado com o corpo, com a aparência, com a saúde, com aquilo que realmente importa. Então, nós não podemos também fazer disso o objetivo da nossa vida, nos inquietar absurdamente com as coisas relativas à nossa saúde e aparência e descuidar das coisas de Deus. É o exemplo que eu dei: "Ah, eu não tenho tempo para ir à missa, mas a minha corrida, a minha caminhada de domingo de manhã eu faço.
" Tá errado. O que é o ideal? Fazer as duas coisas.
Eu cuido de mim, eu cuido da minha aparência, eu cuido da minha saúde. Se for o caso de tomar remédios, enfim, de fazer algum tratamento médico, eu faço, mas não descuido das coisas de Deus. E aqui ela fala para as religiosas, né, dizendo: evitem o hábito.
. . Aqui ela fala da mortificação, da penitência mesmo, de fazer isso como uma penitência.
Evitar de reclamar daquilo que não merece a nossa reclamação. Ela fala: se você for reclamar, que seja de um mal real. Então, você está com uma dor insuportável.
Então, aí é o caso de se queixar, para tentar achar um remédio para isso, de tentar achar uma solução para isso. Agora, reclamar de tudo durante o dia não está certo. Então, que no dia de hoje a gente pense nisso, das reclamações que a gente faz: quantas dessas reclamações realmente deveriam ser feitas?
Tem gente que reclama de tudo. Se está chovendo, porque está chovendo; se está sol, porque está quente demais. Então, nada está bom, né?
Se tem essa comida, é porque não gosta tanto dessa comida; ah, tem a outra comida, mas poderia ter aquela outra. E assim, de reclamação em reclamação, nós entramos num vício que é interminável, onde nada satisfaz e nada está bom. Então, procuremos fazer a mortificação de não reclamar.
Existem coisas que, realmente, às vezes, elas não estão bem, mas eu posso não reclamar; eu posso suportar por amor a Deus. Ou eu posso seguir o conselho de Santa Teresa: eu quero reclamar. Então, muito bem, que eu reclame com Deus.
Reclame com Deus. E aí essa reclamação ficará entre mim e Ele. Esse é o grande conselho de Santa Teresa, porque às vezes reclamar para os outros vai causando, dentro da nossa casa.
. . E para quem é religioso.
Religiosa vai causando, dentro do convento, dentro do mosteiro, o quê? Uma contaminação. Dali a pouco, outros vão começando a reclamar ou pode gerar desprezo.
Quando você realmente precisar de alguma ajuda, os outros vão olhar e vão falar: "Ela/ele reclama de tudo mesmo" e aí não darão a atenção necessária, a atenção verdadeira. Então, por amor a Deus, procuremos suportar os pequenos incômodos do nosso dia. Nós temos incômodos, coisas com as quais nós não concordamos todo dia.
Então, que por amor a Deus, para unir os nossos pequenos sofrimentos de todo dia, possamos evitar a murmuração e a reclamação. Às vezes, a gente fica pensando assim: "Ah, mas eu não serei santo como Santa Teresa, como Santa Terezinha". Mas, às vezes, isso até é uma murmuração.
Sabe por quê? Porque as mesmas oportunidades que Deus deu a Santa Teresa de amá-lo e servi-lo, Deus dá a nós, só que cada um no seu estado de vida. Para pensar durante o seu dia: quantas vezes os seus filhos, o seu marido, a sua esposa, as pessoas com quem você trabalha, te dão oportunidades de amar a Deus?
Porque, às vezes, as pessoas – e isso acontece todo dia – basta conviver com pessoas todo dia, alguém vai te irritar, alguém vai falar alguma coisa atravessada que você não vai gostar. Todos os dias, essas coisas que nos acontecem são oportunidades que Deus está nos dando. A gente não precisa procurar grandes penitências, a gente precisa abraçar aquelas que Deus manda.
As melhores penitências, dizia Santo Afonso de Ligório, são aquelas que Deus manda, não aquelas que a gente procura. "Ah, eu vou ficar um mês sem tomar café! " Ótimo, é uma penitência, agrada a Deus.
Mas se você suportar esses contratempos na sua família, no seu trabalho, em silêncio. . .
Tem coisa que não dá para suportar em silêncio, não! Aí a gente tem que ter também um discernimento. Se você está fazendo o seu trabalho bem feito e aí outras pessoas, por exemplo, ficam levando os louros, levando toda a glória e todo o louvor por um trabalho que elas não fizeram, isso te prejudica.
Você tem que falar. Então, nós devemos ser mansos, devemos ser humildes, mas não podemos ser bobos e não podemos também ser pisados pelos outros, não é isso? Mas existem coisas que são pequenas que nós podemos simplesmente sofrê-las por amor a Deus, para nos unir a Deus e para discernir bem quando a gente deve falar e quando a gente deve calar.
Nós devemos rezar sempre. Quando nós rezamos, o Espírito Santo vai nos iluminando, nos iluminando. Ainda ontem – não, anteontem – conversávamos aqui em família, minha esposa e eu, a respeito disso, a respeito de falar, quando devemos falar.
É interessante que eu trabalhei em uma porção de escolas e, há uns anos atrás, eu trabalhava numa escola com uma pessoa extremamente difícil, uma coordenadora extremamente difícil. E era uma pessoa difícil no trato com os alunos, com os pais e, pior ainda, conosco, professores que estávamos debaixo da autoridade direta dela. Então assim, ela não tinha trato nenhum para falar, era impositiva, era agressiva, tinha uma postura de sempre buscar humilhar aqueles que estavam abaixo dela.
Era de fato um convívio muito complicado. E eu, por essa visão equivocada de busca da santidade e tudo mais, falava: "Não, eu tenho que ser manso como cordeiro e eu nunca respondi". Só que acontece que isso começou a me prejudicar, porque o bom trabalho que eu fazia, ela acabava assumindo para ela, diante da direção, não, porque "Eu fiz isso aqui".
Na verdade, não era ela, era um trabalho que eu tinha feito, e ela tinha o costume de expor, digamos assim, a qualidade do trabalho dela e sempre depreciar a qualidade do trabalho dos professores dela mesma. Até que um dia, conversando aqui em casa, o Espírito Santo às vezes nos dá luzes através disso, das conversas. Conversando com a minha esposa, ela falou: "Você tem que se colocar".
E eu falei: "É verdade, estou querendo viver aqui uma posição de professor católico, cristão, mas isso está me prejudicando". Foi uma vez só: ela chamou para si o mérito de uma ação que não era dela e ela fez isso publicamente. E eu, igualmente publicamente, desmontei a narrativa e mostrei que, na verdade, o trabalho era meu e da equipe de professores que me ajudou.
Foi uma vez só; nunca mais eu passei por esse tipo de humilhação ou disposição pública. Depois, ela tentou me de outras formas, mas publicamente, não mais. Então, às vezes é necessário falar, mas em coisas muito pequenas nós podemos sofrê-las por amor a Deus.
E assim vamos nos tornando grandes santos. Não é fácil, não é rápido, demora muito tempo e devemos vigiar todos os dias. Judas seguiu Jesus, mas chegou no fim, ele caiu numa tentação gravíssima e se perdeu.
Por quê? Porque Judas vigiou algum tempo, mas não todos os dias. Vigiar todos os dias!
Que Nossa Senhora, nossa mãe, nos ajude. À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.
Amém. Hoje, antes de encerrar aqui, um abraço especial para todos vocês, é claro, mas para alguns irmãos que nos acompanham: a Maria Margarida, que nos acompanha de Lisboa. Olha aí, que ótimo!
Do outro lado do Atlântico, tem acompanhado todas as suas meditações desde o início do ano passado. Que o Senhor abençoe. Muito obrigado.
Então, um abraço aqui à Maria Margarida e a todos que vêm acompanhando aqui as nossas meditações, no ano passado e neste ano também. Se Deus quiser, vamos fazer aqui uma jornada com Santa Teresa. Deus abençoe!
Até a próxima meditação, no dia de amanhã! Deus quiser, tchau tchau.