Unknown

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Video Transcript:
[Música] A Júlia estava andando pelas ruas, catando latinhas. Era madrugada, um horário que ela gostava, pois havia poucas pessoas. O silêncio da cidade a essa hora era quase reconfortante, permitindo que ela se concentrasse em sua tarefa sem ser incomodada.
A luz fraca dos postes iluminava seu caminho enquanto ela se movia de um lado para o outro, enfiando as latinhas amassadas em seu saco de lixo. De repente, um barulho de discussão rompeu a quietude. Júlia parou, os sentidos aguçados; a discussão estava aumentando de tom, tornando-se uma briga.
Ela tentou ignorar e continuar sua coleta, mas então ouviu um grito. Instintivamente, Júlia largou o saco e correu na direção do som. Ao chegar ao local, viu um homem caído no chão ao lado de uma maleta.
O homem era um senhor de meia idade, mas ele não parecia ferido. Seus olhos encontraram os de Júlia, e ele estendeu a mão trêmula, implorando por ajuda. — Moça, por favor, me ajude — ele disse com a voz fraca.
Júlia se aproximou cautelosamente. Ao lado do homem, a maleta semiaberta revelava várias notas de dinheiro espalhadas. Júlia nunca tinha visto tanto dinheiro na vida; a visão a deixou atônita por um momento, mas ela rapidamente voltou sua atenção para o homem.
— O que aconteceu? — Júlia perguntou, ajudando-o a se sentar. — Tentaram me roubar — ele respondeu, ofegante —.
Por favor, me ajude a sair daqui. Júlia o ajudou a se levantar, e juntos caminharam lentamente para um local mais iluminado. O homem, que se apresentou como Jefferson, começou a respirar com dificuldade.
Ele tirou um celular do bolso e o entregou a Júlia. — Ligue para uma ambulância. Estou passando mal — ele disse, entregando o celular com mãos trêmulas.
Júlia discou rapidamente o número de emergência e explicou a situação. Em poucos minutos, que pareceram uma eternidade, a ambulância chegou. Os paramédicos colocaram Jefferson na maca e o levaram às pressas para o hospital.
Júlia ficou parada na rua, observando as luzes vermelhas e azuis da ambulância se afastarem. Olhou ao redor e, ao perceber que estava sozinha novamente, decidiu voltar ao beco onde encontrara Jefferson. A curiosidade e a necessidade a impulsionaram.
Chegando lá, ela viu a maleta ainda no chão, as notas de dinheiro espalhadas ao redor. Seu coração bateu mais rápido enquanto ela recolhia o dinheiro, colocando-o cuidadosamente de volta na maleta. Cada nota parecia surreal em suas mãos.
Com a maleta agora cheia, Júlia a fechou e olhou em volta; o beco estava vazio e escuro. Ela sabia que o dinheiro não era seu, mas a tentação era grande. Respirou fundo, tentando decidir o que fazer.
Lembrou-se de Jefferson, o homem que acabara de ajudar. Ele estava seguro agora, mas o que faria ela com aquela maleta? Aos poucos, começou a caminhar de volta para seu esconderijo, onde guardava suas poucas posses.
Com a maleta firmemente segurada em suas mãos, a mente cheia de pensamentos e possibilidades, Júlia desapareceu na escuridão da madrugada, o barulho de suas pegadas ecoando nas paredes do beco. E assim, a noite de Júlia continuou, envolta em mistérios e decisões que ela jamais imaginou ter que tomar. Júlia caminhou até o barraco onde morava e colocou a maleta dentro de um saco preto de lixo.
A maleta era bonita e chamaria muita atenção, então, dentro do saco de lixo, ela poderia andar com ela sem medo. Sentiu-se inquieta a noite toda, a mente repleta de pensamentos sobre o que fazer com o dinheiro. Finalmente, esperou o sol raiar e decidiu ir até o hospital mais próximo.
Lembrou-se de que Jefferson, o homem que ajudara, tinha mencionado que não estava bem; então, era provável que estivesse em um hospital grande e particular nas redondezas. Com a maleta disfarçada dentro do saco de lixo, Júlia caminhou pelas ruas, evitando os olhares curiosos dos poucos que já começavam a acordar. Chegou ao hospital, um prédio imponente e bem cuidado, e entrou na recepção.
Aproximou-se hesitante da recepcionista, que a olhou com desconfiança. — Eu quero falar com o Senhor Jefferson — disse Júlia, a voz firme, mas baixa. A recepcionista franziu a testa, olhando-a de cima a baixo.
— Senhora, aqui não é lugar para. . .
— começou a dizer, mas Júlia a interrompeu. — Eu preciso falar com ele. Tenho algo dele.
Antes que a recepcionista pudesse responder, um homem alto e musculoso, usando um uniforme de segurança, se aproximou. Ele tinha ouvido a conversa e parecia interessado. — Você disse Jefferson?
— ele perguntou, a voz grave e autoritária. — O que você quer com ele? — Eu encontrei ele ontem à noite; ele estava passando mal e me deu esta maleta.
Eu só quero devolver — explicou Júlia, mostrando o saco de lixo. O segurança olhou para o saco com desconfiança, mas decidiu dar uma chance. — Espere aqui — disse, pegando o saco de lixo com a maleta dentro.
Ele entrou no corredor e desapareceu por alguns minutos. Júlia esperou, o coração batendo forte. Estava prestes a sair quando o segurança retornou, agora sem o saco de lixo.
Ele se aproximou dela, respirando pesadamente. — Senhor Jefferson quer falar com você. Venha comigo — disse ele.
Júlia o seguiu pelo corredor, passando por portas brancas e polidas, enquanto o som de seus passos ecoava pelo hospital. Chegaram a um quarto no final do corredor, onde Jefferson estava deitado na cama, com vários aparelhos médicos ao seu redor. — Senhor Jefferson, aqui está a moça — disse o segurança, se retirando em seguida.
Jefferson olhou para Júlia com um misto de gratidão e curiosidade. — Você voltou — disse ele, a voz fraca, mas mais calorosa. — Obrigado por trazer a maleta de volta.
Eu não sei como te agradecer. Júlia ficou em silêncio por um momento, sentindo-se deslocada naquele ambiente tão diferente do seu mundo. — Eu só queria devolver o que era seu — disse ela finalmente.
— Não é certo ficar com algo que não me pertence. Jefferson sorriu, um sorriso cansado, mas genuíno. — Você tem um bom coração, Júlia.
Poucas pessoas teriam feito o que você fez. Se não fosse por você, eu poderia estar morto naquele beco. Deu de ombros, tentando minimizar sua ação.
Qualquer um teria feito o mesmo. Eu não estou tão certo disso, respondeu ele, pegando a mão dela. Mas eu quero fazer algo por você em troca.
Por favor, me deixe ajudar. Júlia balançou a cabeça, ainda incerta. Eu.
. . eu não sei.
Pense nisso, insistiu Jefferson, apertando levemente a mão dela. Eu devo minha vida a você e eu tenho os meios para fazê-lo por você, para mudar sua vida. Ela olhou para ele, ainda incrédula.
Eu vou pensar, disse, recuando lentamente. Mas agora eu preciso ir. Jefferson acenou, compreensivo.
Está bem, mas lembre-se: minha oferta está de pé, sempre. Júlia saiu do quarto, o coração acelerado. O segurança a acompanhou, com a mente cheia de pensamentos e possibilidades.
Enquanto caminhava de volta pelas ruas, agora iluminadas pelo sol, sentiu que, pela primeira vez em muito tempo, algo novo e inesperado estava prestes a acontecer em sua vida. Júlia caminhou até o seu barraco, mas teve a sensação de estar sendo seguida. Olhava para trás a cada poucos passos, mas não via ninguém.
A sensação de olhos sobre ela não a deixava em paz. Quando finalmente chegou ao seu destino, se trancou no barraco. A segurança era ilusória, ela sabia que um vento forte poderia derrubar a porta frágil.
O medo e a ansiedade eram seus companheiros constantes naquela noite. Dois dias se passaram e Júlia seguiu sua vida de catadora de latinhas normalmente. Tentava esquecer a sensação de estar sendo observada, mas a memória daquele dia ainda estava viva em sua mente.
Naquela manhã, acordou com sons incomuns de carros do lado de fora, espiou pela janela e viu três carros pretos luxuosos estacionados em frente ao seu barraco. A visão a deixou nervosa. De um dos carros, saiu Jefferson, que parecia estar bem de saúde agora.
Ele a cumprimentou com um sorriso. — Bom dia, Júlia. Ela o observou com cautela.
— Jefferson. O que você está fazendo aqui? Como você está?
— Estou bem, graças a você, respondeu ele, com gratidão na voz. Como você me encontrou? Júlia perguntou, desconfiada: — Eu não te dei meu endereço.
Jefferson suspirou, parecendo um pouco culpado. — Eu não tinha seu endereço ou telefone, então pedi para um dos meus seguranças seguir você para descobrir onde você morava. Júlia sentiu um calafrio percorrer sua espinha.
Então era isso. — Eu sabia que estava sendo seguida. Aquele dia não gostei disso, Jefferson.
— Eu entendo, disse ele, levantando as mãos em um gesto conciliatório. Peço desculpas por isso. Foi uma atitude desesperada.
Eu precisava falar com você sobre algo importante que só você pode fazer. Ela o olhou, ainda desconfiada. — O que é tão importante assim?
Jefferson respirou fundo, parecendo buscar as palavras certas. — Júlia, eu preciso de ajuda. Estou doente e não vou melhorar tão cedo.
Preciso de alguém para cuidar de mim, alguém em quem eu possa confiar. Gostaria que você fosse minha cuidadora. O pedido a pegou de surpresa.
Júlia ficou em silêncio, processando a informação. Ela era naturalmente desconfiada das pessoas e essa proposta inesperada a deixou ainda mais cautelosa. — Por quê?
Você tem recursos para contratar qualquer pessoa. Por que você me ajudou quando ninguém mais o faria? — Você tem um bom coração, Júlia, e eu preciso de alguém assim por perto, respondeu Jefferson, sua voz sincera.
Júlia ponderou a oferta, rodopiando em sua mente. O medo e a desconfiança lutavam contra a possibilidade de uma vida diferente, talvez até melhor. Jefferson entregou um cartão, com seu endereço e número de telefone.
— Se você decidir aceitar, basta ir até minha casa, disse ele, com um sorriso esperançoso. Eu realmente espero que você considere. Júlia se despediu e ele voltou para um dos carros, que logo partiram, deixando Júlia sozinha com seus pensamentos.
Ela olhou para o cartão na mão, sentindo o peso da decisão que tinha pela frente. A proposta era tentadora, mas significava confiar em alguém que ela mal conhecia. Enquanto os carros desapareciam na distância, Júlia voltou para dentro do seu barraco, sentindo-se mais confusa do que nunca.
Os dias seguintes seriam cruciais e, a cada momento que passava, Júlia refletia sobre sua vida e as possibilidades que a oferta de Jefferson trazia. Enquanto isso, o cartão permanecia sobre a mesa, um lembrete constante do caminho que ela poderia escolher seguir. Apesar de Júlia não ter gostado de terem mandado segui-la, ela sentiu que Jefferson parecia ser um bom homem.
Decidiu aceitar a proposta dele. Na manhã seguinte, com uma mala firmemente segura, ela começou a longa caminhada até o endereço que Jefferson lhe deu. Caminhou por quase uma hora até chegar a um grande muro que parecia interminável, bloqueando a visão do que havia do outro lado.
Havia um botão perto de uma porta discreta e ela o apertou, sentindo um misto de nervosismo e excitação. Uma voz impessoal soou do interfone: — Por favor, identifique-se. — Eu sou Júlia, respondeu, a voz um pouco trêmula.
Houve um breve silêncio, seguido pelo som de mecanismos internos, e o portão se abriu, revelando uma visão que Júlia nunca tinha visto antes: um vasto terreno verdejante, onde facilmente caberia um campo de futebol, com uma imponente mansão no centro. Ela ficou maravilhada, seus olhos absorvendo cada detalhe do jardim bem cuidado e das fontes elegantes. Pessoas que trabalhavam no jardim pararam e a olharam enquanto ela caminhava pelo caminho de pedras até a porta principal.
Ao chegar à mansão, um mordomo apareceu, cumprimentando-a com uma leve reverência. — Senhorita Júlia, por favor, siga-me. Ele a guiou por cômodos espaçosos e luxuosos, decorados com obras de arte e móveis que pareciam saídos de um museu.
Júlia mal podia acreditar onde estava. Finalmente chegaram a uma sala ampla, onde Jefferson estava sentado em uma poltrona, parecendo muito melhor do que da última vez que o vira. Ele se levantou e a abraçou calorosamente, sem se importar com as roupas sujas dela.
— Júlia, estou tão feliz que você aceitou meu convite, disse Jefferson, com um sorriso sincero. Júlia, um pouco sem jeito. "Retribuiu o abraço.
Eu também estou feliz de estar aqui," respondeu, ainda tentando processar tudo. Jefferson fez um sinal para o mordomo. "Alfred, por favor, mostre o quarto de Júlia.
" O mordomo Alfred guiou novamente por mais alguns corredores até chegar a um quarto que era maior que todo o barraco onde ela morava. Júlia entrou devagar, os olhos arregalados ao ver o quarto luxuosamente decorado. Havia uma cama king size com lençóis de seda, um armário enorme cheio de roupas, produtos de beleza e até joias.
Alfred ficou na porta, observando a reação dela. "Todos os objetos aqui são seus, senhorita Júlia," disse Alfred com um sorriso cordial, "incluindo as roupas, produtos de beleza e as joias. Se precisar de qualquer coisa, basta me chamar.
" Júlia mal podia acreditar no que ouvia. Assim que Alfred fechou a porta, ela correu até a cama e se jogou sobre os lençóis macios, rindo e chorando ao mesmo tempo. O conforto e o luxo eram opressivos, mas maravilhosos.
Depois de um momento, ela se levantou e decidiu tomar um banho. O banheiro era um spa em miniatura, com uma banheira de hidromassagem e uma ducha com vários jatos. Depois do banho, Júlia escolheu uma roupa nova do armário; optou por um vestido simples, mas elegante, e em seguida cortou o cabelo sozinha, algo que não fazia há anos.
Colocou um par de brincos de prata que encontrou entre as joias. Quando se olhou no espelho, mal reconheceu a mulher que a olhava de volta. Ela sorriu, lembrando-se de como era antes e de como se sentia bela.
Fazia anos desde a última vez que se sentiu assim. Estava renovada, não apenas por fora, mas também por dentro. Sentia-se como uma nova mulher, pronta para enfrentar o que viesse pela frente.
Sentou-se na beira da cama, ainda maravilhada com tudo que estava acontecendo. O convite de Jefferson não apenas mudava seu presente, mas abria portas para um futuro que ela jamais imaginara. Com um último olhar para o espelho, Júlia se levantou, sentindo-se pronta para começar essa nova fase de sua vida.
Quando estava prestes a sair do quarto, Júlia ouviu batidas na porta. O mordomo entrou, carregando uma pequena caixa com um gesto elegante. Ele abriu a caixa, revelando um colar deslumbrante.
Os olhos de Júlia brilharam ao ver a peça magnífica. "O senhor Jefferson pediu para lhe entregar este presente," disse Alfred, com um sorriso discreto. Júlia ficou maravilhada com o colar e, hesitante, o colocou em volta do pescoço.
"É lindo," murmurou, ainda incrédula. "Ficou muito lindo na senhorita," comentou Alfred, admirando a aparência renovada de Júlia. "Os diamantes e o ouro branco realmente realçam a sua beleza.
" Ao ouvir as palavras "ouro branco" e "diamantes," Júlia franziu a testa e perguntou, quase em um sussurro: "Quanto custa esse colar? " Alfred, com a voz tranquila, respondeu: "O colar custa R$ 80. 000.
" Júlia tentou tirar o colar imediatamente, sentindo o peso da responsabilidade e o valor exorbitante da joia. "Eu não posso aceitar algo tão caro," disse, a voz ansiosa. Mas o mordomo, ao ver sua reação, a deteve gentilmente.
"Senhorita, por favor, mantenha o colar. Foi um presente do senhor Jefferson. Agora é seu, e recusar seria bastante indelicado.
" Ela hesitou por um momento, mas então deixou o colar no pescoço e respirou fundo. "Tudo bem, muito obrigada, Alfred. " Ela saiu do quarto e foi procurar Jefferson, que estava em seu escritório revisando alguns documentos.
Ao vê-la, ele sorriu amplamente. "Jú, você está maravilhosa," disse ele, sinceramente impressionado. "Obrigada, Jefferson," respondeu ela, com um leve sorriso.
"O colar é lindo, mas é muito caro. Eu não sei se posso aceitar algo assim. " Jefferson se levantou e se aproximou dela.
"Júlia, esse colar é um símbolo do quanto você é valiosa para mim. Quero que o mantenha e use com orgulho. Agora, deixe-me explicar suas funções na casa.
" Júlia ouviu atentamente as tarefas que esperava dela. As responsabilidades incluíam ajudar com a organização da casa, acompanhar Jefferson em consultas médicas e eventos, e, acima de tudo, ser uma companhia confiável e amiga. "Você entende o que eu preciso?
" perguntou ele, após terminar a explicação. "Sim, entendo," respondeu Júlia. "Farei o meu melhor com as funções.
" Ela rapidamente se destacou. Jefferson notou que Júlia tinha um carisma nato e que todos na mansão gostavam dela. Ela tratava bem todos e sempre estava com um sorriso, criando um ambiente agradável e harmonioso.
Júlia era uma das poucas pessoas que tinham a permissão de comer à mesa com Jefferson, mas sempre se negava; preferia a companhia dos empregados na cozinha, onde as risadas e as conversas eram mais soltas e descontraídas. Durante as refeições na cozinha, Júlia se sentia em casa, compartilhando histórias e gargalhadas com os outros funcionários. Certa vez, Jefferson a encontrou na cozinha, rindo e conversando com os empregados.
Ficou parado por um momento, observando a cena. A alegria de Júlia era contagiante, e ele se viu ainda mais maravilhado com a simplicidade e a autenticidade dela. "Júlia," disse ele, interrompendo a conversa, "você realmente faz esta casa brilhar.
" Ela sorriu, um sorriso que iluminou todo o ambiente. "Obrigada, Jefferson. Gosto de estar aqui com todos.
Eles são maravilhosos. " Jefferson assentiu, compreendendo. "Você é livre para escolher onde quer estar, e estou feliz que tenha escolhido estar aqui conosco.
" A relação entre Jefferson e Júlia se fortaleceu ao longo do tempo, baseada no respeito mútuo, e enquanto Júlia continuava a trazer luz e alegria à mansão, Jefferson sentia que finalmente encontrara uma amiga verdadeira, alguém que transformava sua vida de maneiras que ele nunca imaginara possíveis. Júlia, por sua vez, encontrou um lugar onde era valorizada e respeitada, onde podia ser ela mesma e, ao mesmo tempo, fazer a diferença na vida de todos ao seu redor. E assim, a história de Júlia e Jefferson seguia, repleta de novas descobertas e possibilidades.
Um dia de cada vez. Quatro meses depois, Júlia já fazia parte da casa. Era respeitada e querida por todos.
Jefferson, percebendo o quanto ela se integrara e a importância de conhecê-la melhor, decidiu ter uma conversa séria com ela. Ele a chamou para conversar e os dois se sentaram na sala, um ambiente aconchegante e iluminado. — Júlia, eu gostaria de saber mais sobre você, sobre sua vida antes de nos conhecermos — começou Jefferson, um pouco hesitante.
— Não quero ser indelicado, mas é importante para mim entender sua história. Júlia, que já tinha total confiança em Jefferson, assentiu com um sorriso compreensivo. — Não há problema, Jefferson.
Eu posso compartilhar minha história. Ela respirou fundo antes de começar. — Eu nasci em uma pequena cidade do interior.
Minha mãe e meu pai eram pessoas simples, mas nunca nos faltou nada. Em casa, tínhamos uma vida tranquila e feliz. Eu tinha uma conexão especial com meu pai; éramos como melhores amigos.
Jefferson ouvia atentamente, seus olhos fixos em Júlia enquanto ela falava. — Meu pai me levava para pescar e passear na fazenda. Nós até acampamos juntos.
Eram tempos bons, cheios de alegria e aventura. Mas então ele adoeceu gravemente e, em pouco tempo, faleceu. Foi um golpe duro para todos nós.
A voz de Júlia tremeu um pouco, mas ela continuou: — Minha mãe ficou devastada, mas, após um ano de luto, encontrou outro homem. No entanto, esse homem era violento e mal-educado; eu o odiava desde o começo, e minha mãe. .
. minha mãe mudou. — Como assim?
— perguntou Jefferson, com um tom de preocupação. — Ela se tornou uma pessoa pior — disse Júlia, olhando para baixo. — Começou a me culpar por tudo que dava errado no novo casamento dela.
Era como se eu tivesse me tornado a fonte de todos os problemas. Jefferson permaneceu em silêncio, respeitando o espaço de Júlia para continuar. — Conforme eu crescia, meu padrasto começou a me olhar de uma forma diferente.
— Júlia hesitou, mas prosseguiu. — Quando eu tinha 18 anos, ele deixou claro que estava interessado em mim de uma maneira que me fez odiá-lo ainda mais. O que mais me magoava era que minha mãe achava que a culpa era minha, que eu estava me insinuando para ele.
— Isso é terrível, Júlia — disse Jefferson, sentindo a angústia na voz dela. — Eu sinto muito que você tenha passado por isso. Júlia suspirou, aliviada por finalmente compartilhar sua história.
— Eu não aguentei mais viver naquela casa. Saí sem olhar para trás. Com pouco estudo e falta de emprego, acabei nas ruas, e assim vivi por 7 anos em uma situação precária.
Jefferson olhou para Júlia com admiração e compaixão. — Você passou por tanta coisa e, ainda assim, tem esse espírito forte e bondoso. Isso diz muito sobre quem você é.
— Obrigado, Jefferson — disse Júlia, sentindo-se valorizada. — Eu encontrei um lar aqui com você e todos na casa. Isso significa muito para mim.
— Você sempre terá um lugar aqui — disse Jefferson, segurando a mão dela com firmeza. — E eu quero que você saiba que estou aqui para te apoiar, não importa o que aconteça. Júlia sorriu, sentindo-se mais leve por ter compartilhado seu passado.
Sabia que o caminho à frente ainda teria desafios, mas agora tinha alguém com quem podia contar, alguém que a valorizava e a respeitava. Ainda na sala, depois de ouvir a história de Júlia, Jefferson respirou fundo, visivelmente nervoso. — Júlia, tem algo que preciso contar — disse ele, sua voz grave.
Júlia o observava atentamente, esperando pelo que ele tinha a dizer. — O que é, Jefferson? — Eu fiz um teste com você — ele começou, hesitante.
— O colar que lhe dei foi para testar sua confiança. Pedi ao mordomo que deixasse claro o quanto ele era valioso. Júlia franziu a testa, surpresa.
— Um teste? — Sim — Jefferson continuou. — Eu queria ter certeza que você era confiável.
Já se passaram quatro meses e você ainda está com o colar. Se fosse outra pessoa, já teria vendido o colar. Eu precisava ter certeza, e você provou ser digna de confiança.
Desculpas por ter feito isso. Júlia sorriu, um sorriso reconfortante. — Não se preocupe, Jefferson.
Eu era uma estranha para você na época e você fez o que achou necessário. Além disso, o colar é especial para mim; jamais o venderia. Jefferson ficou visivelmente aliviado e feliz com a resposta de Júlia.
— Fico contente em ouvir isso, Júlia. Então o semblante de Jefferson mudou para mais triste. — Mas há algo mais que preciso contar.
Júlia percebeu a mudança no tom e sentiu um nó se formar em seu estômago. — O que aconteceu, Jefferson? — Eu estou morrendo — disse ele, a voz baixa.
— Estou em estágio terminal e tenho no máximo um ano de vida. Júlia levou as mãos à boca, tentando conter as lágrimas, mas não conseguiu. Começou a chorar, uma dor profunda por alguém que se tornara tão importante em sua vida.
Jefferson ficou surpreso com a reação genuína dela. — Só uma pessoa chorou assim quando eu contei que estava morrendo: meu neto. Desde então, minha família tem brigado pelos bens que vou deixar.
— Ele fez uma pausa, olhando para as mãos. — Inclusive, saquei uma grande quantia de dinheiro da minha empresa para não deixar para parentes que queriam que eu morresse logo. Mas alguém soube e foi por isso que tentaram me assaltar naquele dia.
Júlia enxugou as lágrimas, ainda tentando processar tudo o que ele dizia. — Jefferson, eu não sabia. Você tem sido uma das poucas pessoas que me tratou como um ser humano e não como uma máquina de dinheiro — disse ele, a voz cheia de emoção.
— Por isso, eu queria tanto que você ficasse ao meu lado. Preciso de alguém em quem confio. Júlia assentiu, ainda emocionada.
— Eu sempre estarei aqui para você, Jefferson. Jefferson sorriu, um sorriso triste, mas genuíno. — Júlia, eu tenho um último pedido.
Ela o olhou, esperando pelo que viria a seguir. — Quero que você se case comigo — disse Jefferson. Os olhos de Júlia se arregalaram, surpresa com a proposta.
— O quê? — Jefferson. .
. — Ele a interrompeu. — Deixe-me explicar — disse ele rapidamente.
— Eu gosto de você como uma filha. Não tenho. .
. Outras intenções com você, mas por não sermos parentes, quero deixar tudo para você. Só assim poderei garantir que você tenha um futuro seguro.
Você é a única merecedora de tudo que já conquistei. Júlia estava atordoada, sem saber o que dizer. "Jefferson, eu não sei o que pensar", levou uma mão gentil sobre a dela.
"Eu que é um mundo grande precisa responder agora. Quero que pense nisso. Você é a única pessoa em quem confio plenamente com isso.
" Júlia assentiu lentamente. "Tudo bem, Jefferson, eu vou pensar. " Ela se levantou e voltou para o quarto, a mente rodando com a enxurrada de emoções e informações.
Sentou-se na cama, olhando para o colar em seu pescoço, sentindo o peso da responsabilidade e do amor que Jefferson tinha por ela. O quarto, que antes parecia um refúgio de luxo e conforto, agora se tornava um espaço de reflexão profunda. Júlia sabia que sua vida mudaria para sempre, independentemente da decisão que tomasse.
Enquanto as lágrimas escorriam silenciosamente, ela sabia que precisava de tempo para entender e aceitar o que estava por vir. Alguns dias se passaram e Jefferson recebeu a visita de alguns parentes; entre eles estavam dois de seus filhos, uma ex-esposa e dois primos. Eles chegaram com rostos forçados de preocupação, como se realmente se importassem com ele, mas Jefferson sabia a verdade: eles eram como abutres, apenas esperando que ele morresse para avançar sobre sua fortuna.
"Pai, como você está se sentindo? ", perguntou um de seus filhos, a voz carregada de uma falsa preocupação. "Estou bem, obrigado", respondeu Jefferson, mantendo a compostura.
"E vocês, como estão? " "Estamos bem, preocupados com você", disse sua ex-esposa, com um sorriso que não alcançava os olhos. "É bom vê-lo bem cuidado.
" Enquanto estavam na presença de Jefferson, todos foram extremamente educados, mas quando ele não estava por perto, mostraram suas verdadeiras intenções para Júlia. A ex-mulher de Jefferson foi a primeira a se aproximar dela. "Você acha que engana alguém com essa sua aparência inocente?
" sussurrou a ex-esposa, o rosto contorcido de raiva. "Sabemos que você está dando em cima dele pelo dinheiro. " Júlia tentou se afastar, mas logo foi cercada pelos primos de Jefferson.
"Logo você será expulsa daqui", disse um deles, com um olhar malicioso. "Vai voltar para o buraco de onde veio. " "Você acha que pode seduzir nosso pai e ficar com a herança?
" disse um dos filhos de Jefferson, a voz carregada de desprezo. "Não vai conseguir. " Júlia manteve a calma, mas por dentro cada acusação doía profundamente.
O mordomo Alfred viu as interações e ouviu tudo o que disseram a Júlia; ele sabia que algo precisava ser feito. No final do dia, Alfred se aproximou de Jefferson e contou tudo o que havia acontecido. "Senhor, seus parentes foram extremamente rudes e cruéis com a senhorita Júlia.
Eles a acusaram de estar aqui apenas pelo dinheiro e disseram que ela seria expulsa em breve. " Jefferson ficou furioso. Ele foi até o quarto de Júlia, batendo suavemente antes de entrar.
"Júlia, você está bem? ", perguntou, a voz cheia de preocupação. Júlia sorriu, tentando esconder a dor que sentia.
"Estou bem, Jefferson. Não se preocupe com isso. Eu peço desculpas pelo deles; vou expulsá-los imediatamente.
Eles não têm o direito de tratá-la assim", disse Jefferson com determinação. "Jefferson, está tudo bem. Eu não me importo com a opinião deles", respondeu Júlia, tentando manter a calma.
"Eu estou aqui por você. " Jefferson assentiu, mas sua decisão já estava tomada. Reuniu todos os seus parentes na grande sala, seu rosto sério e determinado.
"Eu quero que todos vocês saiam da minha casa agora", disse ele, a voz firme e autoritária. "Jefferson, o que você está dizendo? ", perguntou sua ex-esposa, fingindo choque.
"Eu disse que quero vocês fora", repetiu Jefferson. "Eu só quero ver vocês no meu enterro e nunca mais. Todos vocês mostraram suas verdadeiras intenções e eu não quero isso perto de mim ou de Júlia.
" Os parentes começaram a protestar, mas Jefferson permaneceu inflexível. "Alfred, por favor, até a saída. " O mordomo, com um leve sorriso de satisfação, guiou os parentes para fora da casa.
Eles saíram lançando olhares furiosos para Júlia, que permaneceu calma ao lado de Jefferson. Quando a porta finalmente se fechou, Jefferson soltou um suspiro de alívio. "Eles nunca mais vão incomodá-la, Júlia.
" "Obrigada, Jefferson", disse ela, sentindo uma onda de gratidão. "Eu estou aqui para você, não por causa do dinheiro. " "Eu sei disso", disse Jefferson, sorrindo para ela.
"E é exatamente por isso que confio tanto em você. " Os dias seguintes trouxeram uma paz renovada à mansão. Júlia continuou a cuidar de Jefferson com dedicação, e ele apreciava cada momento com ela.
A presença tóxica dos parentes havia desaparecido, deixando espaço para uma convivência genuína e harmoniosa. Passaram-se algumas semanas e Júlia pensou na resposta sobre o casamento; era uma decisão difícil, e ela ponderou sobre todos os aspectos. Finalmente, decidiu ir até Jefferson para falar sobre sua decisão.
"Jefferson", disse ela, entrando no escritório onde ele estava rodeado de papéis. "Eu preciso falar com você sobre o casamento. " Jefferson levantou os olhos, cansados, mas interessados.
"Sim, Júlia, o que decidiu? " "Eu não quero me casar com você", disse ela, hesitante, mesmo sabendo que seria um casamento arranjado. "Eu não acho que seria justo com nenhum de nós.
" Jefferson suspirou profundamente, a tristeza evidente em seus olhos. "Entendo, Júlia. Fico triste, mas respeito sua decisão.
" Alguns dias se passaram e Júlia percebeu que Jefferson continuava triste. Ele passava longas horas no escritório, rodeado de papéis e fazendo contas. Apesar de ter poucos meses de vida, a determinação dele de continuar trabalhando a preocupava.
Júlia queria encontrar uma maneira de ajudá-lo a passar por essa fase difícil. Uma noite, enquanto refletia sobre sua própria vida, lembrou-se dos momentos felizes que passava com seu pai, pescando e passeando pela fazenda. "Talvez o ar do campo faça bem a ele", pensou.
Na manhã seguinte, foi até Jefferson. "Jefferson, você trabalha demais. Acho que deveria ver um pouco mais do.
. . " mundo, lembro-me de como era feliz quando saía com meu pai para pescar e passear na fazenda.
O ar do campo sempre fazia bem a nós. Jefferson olhou para ela interessado. Isso soa maravilhoso.
Júlia, conheço um lugar parecido; tenho uma casa no campo perto de um lago. Não a visito há décadas, mas acho que vale a pena. Decidido, Jefferson parou de trabalhar e começou a preparar a viagem com Júlia.
Quando finalmente chegaram ao campo, ambos ficaram maravilhados com a beleza da paisagem; a casa era aconchegante, cercada por uma natureza exuberante, e o lago refletia o céu azul. Ao entrarem na casa, tiveram uma grande surpresa: dentro dela estava o neto de Jefferson. Correu para abraçar o avô.
“Vovô, que bom ver você! ” disse Leandro com um sorriso radiante. “Leandro, o que você está fazendo aqui?
” perguntou Jefferson, surpreso, mas feliz. “Eu sempre gostei desta casa,” explicou Leandro. “Me sinto em paz aqui.
” Jefferson sorriu e apresentou Júlia a Leandro. “Leandro, esta é J. Ela tem cuidado de mim e é uma amiga muito especial.
” “Prazer em conhecê-la, Júlia. Meu avô falou muito bem de você. ” Vários dias passaram naquela casa no campo.
Jefferson nunca se sentiu tão em paz; saía para pescar com Júlia, cavalgava com Leandro e passava as noites olhando as estrelas. Cada momento parecia um presente. Em uma tarde ensolarada, enquanto pescavam no lago, Júlia comentou: “Eu nunca vi você tão relaxado.
Acho que o campo realmente faz bem a você. ” Jefferson riu. “Você estava certa, Júlia.
Este lugar é mágico; estar aqui com você e Leandro me dá uma sensação de paz que não sentia há anos. ” Leandro, que estava ao lado deles, acrescentou: “Vovô, eu estou muito feliz por termos vindo para cá. É bom ver você tão contente.
” As noites eram especialmente mágicas. Jefferson, Júlia e Leandro sentavam-se ao redor de uma fogueira olhando para o céu estrelado; as estrelas pareciam mais brilhantes ali, e o silêncio da noite era quebrado apenas pelo som suave do lago. “Obrigada por me trazer aqui,” disse Júlia a Jefferson em uma dessas noites.
“Isso é mais do que eu poderia ter sonhado. ” Jefferson sorriu, segurando a mão dela. “O prazer é todo meu, Júlia.
Você trouxe luz para meus últimos dias, e eu sou eternamente grato por isso. ” A vida era boa ali; a simplicidade e a beleza do campo proporcionavam a todos uma felicidade genuína. Júlia sabia que aqueles momentos seriam eternos em sua memória, independentemente do que o futuro reservasse.
Cercado pelo carinho de Júlia e Leandro, Jefferson encontrou a paz que tanto buscava. O dia de Leandro voltar à cidade estava se aproximando, e a atmosfera na casa no campo estava repleta de um misto de melancolia e expectativa. Jefferson sabia que Leandro tinha qualidades para ser um grande empresário; ele era um homem formado, com um bom currículo e uma ética de trabalho impressionante.
Num final de tarde, enquanto os dois caminhavam pelo lago, Jefferson decidiu tocar no assunto. “Leandro, você já pensou em gerenciar a minha empresa? ” perguntou Jefferson com um tom sério, mas acolhedor.
Leandro parou, surpreso. “Vovô, eu. .
. eu não sei. Tenho pouca experiência com uma empresa tão grande, e é uma responsabilidade enorme.
” Jefferson colocou a mão no ombro do neto, olhando-o nos olhos. “Eu confio no seu potencial, Leandro. Além disso, se você aceitar, eu poderia passar mais tempo aqui nesta casa, enquanto ainda estou vivo.
Seria uma grande ajuda para mim. ” Leandro pensou por um momento, seus olhos se movendo entre o lago sereno e o rosto esperançoso do avô. “Se isso te faz feliz, vovô, eu aceito.
” Jefferson sorriu, visivelmente aliviado. “Obrigado, Leandro. Sei que fará um ótimo trabalho.
” Os dias passaram, e Leandro e Júlia se aproximaram ainda mais. A cumplicidade entre eles crescia, alimentada pelos momentos compartilhados no campo. No dia em que precisava partir para cuidar da empresa de Jefferson, Leandro decidiu dar um passo além.
“Júlia,” disse ele, encontrando-a no jardim, “gostaria de sair comigo hoje à noite? ” Júlia sorriu, seus olhos brilhando de surpresa e alegria. “Claro, Leandro, eu adoraria!
” Jefferson observou a cena de longe, um sorriso satisfeito se formando em seu rosto. Ele percebia que algo bonito estava nascendo entre os dois, algo que poderia trazer ainda mais felicidade para todos. Apesar de estar feliz naquela casa, Jefferson insistiu que Júlia não precisava ficar presa ali com ele.
“Júlia, você tem toda a liberdade de sair e ficar dias longe se quiser. Eu chamarei o mordomo e mais alguns empregados para revezar os cuidados da casa. ” Júlia, sempre dedicada, aceitou a proposta, mas com uma condição: “Tudo bem, Jefferson, mas saiba que eu sempre estarei voltando para ver como você está.
Nunca deixarei você sozinho. ” E assim, Júlia fez. Ela começou a dividir seu tempo entre a mansão de Jefferson na cidade e a casa no campo.
Mesmo com essa rotina agitada, ela nunca deixou Jefferson sozinho por muito tempo. Os encontros com Leandro se tornaram mais frequentes e especiais. Em um jantar à luz de velas, num restaurante aconchegante, Leandro segurou a mão de Júlia.
“Júlia, desde que nos conhecemos, senti algo especial entre nós. Acho que. .
. acho que estou apaixonado por você. ” Júlia corou, sentindo o coração acelerar.
“Eu também sinto o mesmo, Leandro. Estar com você tem sido incrível. ” Eles se beijaram, selando o início de uma nova fase em suas vidas.
Quando contaram a Jefferson sobre seu relacionamento, ele foi a pessoa mais feliz do mundo. “Nada poderia me deixar mais contente do que ver vocês dois juntos,” disse ele, com lágrimas de alegria nos olhos. Com o tempo, Jefferson decidiu se mudar definitivamente para a casa no campo, encontrando paz e serenidade naquele ambiente que tanto amava.
Júlia e Leandro passaram a morar na mansão, mas nunca deixaram de visitar Jefferson regularmente; pelo menos quatro vezes por semana, eles estavam lá, com risadas, histórias e momentos preciosos. A vida no campo era tranquila e repleta de amor. Jefferson, rodeado pelo carinho de.
. . Júlia e Leandro encontraram uma felicidade que nunca haviam imaginado, e Júlia, que um dia chegou àquela casa como uma estranha, agora era parte integral de uma família que a amava profundamente.
Os dias passaram, mas a conexão entre eles apenas se fortaleceu. Cada visita era um lembrete do quanto eram importantes uns para os outros e de como o amor e a confiança podiam transformar vidas de maneiras inimagináveis. Assim, naquela casa no campo, cercados pela natureza e pela presença uns dos outros, encontraram um refúgio de paz e felicidade duradoura.
O tempo passava, e os parentes de Jefferson estavam ansiosos pelo dia de seu falecimento; no entanto, a demora era interminável e eles começavam a suspeitar que algo estava estranho. Enquanto isso, na mansão de Jefferson, agora moravam Leandro e Júlia. Nenhum dos parentes sabia onde Jefferson estava, e a falta de notícias os deixava ainda mais inquietos.
Um dia, finalmente, a terrível notícia chegou: Jefferson havia falecido. Embora o médico lhe tivesse dado apenas um ano de vida, Jefferson viveu 7 anos desde o descobrimento da doença. Os parentes gananciosos estavam ansiosos para receber a parte devida a eles.
Reuniram-se na sala do advogado, aguardando impacientes, quando Júlia e Leandro chegaram por último. A sala ficou chocada ao vê-los acompanhados de uma criança de 5 anos de idade. Este era Gustavo, o filho de Júlia e Leandro, a maior alegria para Jefferson, que amava profundamente o bisneto.
Os anos que Jefferson viveu na casa do campo recebendo visitas constantes de Júlia, Leandro e Gustavo foram os mais bem vividos de sua vida. O advogado começou a ler o testamento, e a atmosfera na sala era tensa. "Eu, Jefferson Silva, sendo de mente sã, declaro minhas últimas vontades.
" Os parentes se inclinaram para a frente, ansiosos. O advogado prosseguiu: "Deixo todos os meus bens ao meu neto Leandro. " O choque percorreu a sala; murmúrios indignados e olhares incrédulos se espalharam.
Os filhos de Jefferson foram os primeiros a protestar. "Isso é um absurdo! ", exclamou um deles.
"Nós somos seus filhos, temos direito à herança por lei! " O advogado levantou a mão, pedindo silêncio, e continuou a leitura: "Jefferson encontrou provas de que seus filhos tentaram roubá-lo e ainda atentaram contra sua vida. " A sala ficou em um silêncio mortal.
Por serem seus filhos, o advogado leu: "Jefferson decidiu ter um último ato de misericórdia: ele não os denunciaria; no entanto, devido às suas ações, nenhum deles teria direito à herança. Caso entrassem na justiça, o advogado denunciaria todos. " A justiça.
Os filhos de Jefferson ficaram pálidos, suas ameaças e protestos silenciados pela revelação devastadora. Lentamente, um a um, saíram da sala de mãos vazias e cabeças baixas. Leandro e Júlia permaneceram segurando Gustavo, que olhava curioso para os adultos ao seu redor.
Depois que todos os parentes partiram, Leandro e Júlia se dirigiram à casa no campo. Lá, uma lápide simbólica de Jefferson estava erguida em um canto sereno do jardim. Gustavo correu na frente, observando curioso a lápide, enquanto seus pais o seguiam lentamente.
Leandro e Júlia se sentaram no banco ao lado da lápide, observando o pôr do sol. O céu estava pintado de laranja e rosa, uma vista que Jefferson adorava. Tentaram não chorar, mas a emoção era forte.
"Jefferson teve uma vida feliz", disse Júlia, apertando a mão de Leandro. "Esses últimos anos, ele realmente viveu. " Leandro concordou, a voz embargada: "Sim, ele estava em paz aqui com a gente, e Gustavo trouxe tanta alegria para ele.
" Gustavo, percebendo a seriedade do momento, se aproximou dos pais. "Papai, mamãe, o vovô Jefferson está feliz no céu. " Júlia sorriu, segurando o filho em um abraço: "Sim, meu amor, ele está muito feliz e sempre cuidará de nós.
" Enquanto o sol se punha, eles ficaram ali, juntos, em silêncio, que, apesar da dor da perda, sabiam que ele havia vivido seus últimos anos cercado de amor e felicidade. A vida seguia em frente e, agora, com Leandro e Júlia à frente dos negócios de Jefferson, continuariam o legado dele com o mesmo espírito de integridade e carinho que ele havia demonstrado. E assim, com as melhores ideias, mantendo viva a memória de Jefferson em cada decisão e gesto de amor que compartilhavam.
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