Boa Noite a todos, Nós vamos dar início a mais um episódio desta segunda temporada do estudo do Gênesis e, especialmente nesta semana, nós começamos um grande ciclo de repetição. nós comentamos que de Gênesis 1:1 a Gênesis 2:4 nós temos um metro, que nós podemos chamar de a régua de ouro da Bíblia. Tudo mais será medido por este metro, porque todas as demais histórias serão desenvolvimento desse tema.
Então, aproveitando a visita do Prof. Lucena, aqui, é como se fosse um grande mestre da música, como se fosse um motivo e este motivo vai sendo retomado e desenvolvido, uma melodia básica que vai sendo constantemente retomada. Por que isto?
Porque o arcabouço de toda a Bíblia é a história do , Ser humano do homem enquanto ser humano, dentro de um quadro ou dentro de um cenário. Este cenário está descrito do primeiro ao quinto dia da criação. O narrador bíblico vai trabalhar a criação do cenário evolutivo nos cinco primeiros dias da criação.
No sexto dia, surge esta figura primordial, central, que é o ser humano que, dentre as espécies criadas, é aquela eleitas, portanto, dotada de capacidade, de potencial para estabelecer um relacionamento com Deus. Aqui nós percebemos como que este texto toca em questões que são essenciais e que, muitas vezes, passam despercebidas. Em uma leitura rápida ou em uma leitura desatenta isso passa despercebido.
O grande tema da religiosidade é o tema do relacionamento. O que o texto bíblico quer esclarecer: há um relacionamento? Há, há um relacionamento entre Deus e a criatura.
Por que nós podemos dizer que há, que sempre há? Porque do outro lado da relação está Deus, que é onipotente, onipresente e onisciente. Então, Ele quer que tenha o relacionamento e vai ter, porque nós não temos como opor resistência a Ele.
Ou nós nos relacionamos com Ele, ou nós nos opomos a este relacionamento, mas o opor-se a este relacionamento já é relacionar-se. Esta é a questão. Esta é a trama.
Se o ser humano tivesse acessado os seus potenciais divinos já de imediato, se ele tivesse sido dócil à aproximação do Criador, não teria história bíblica, teria terminado tudo no capítulo 1 e início do capítulo 2 de Gênesis. Seria uma história curtíssima. Mas, exatamente, porque um dos atributos desta criatura, deste ser, desta espécie – – é o livre-arbítrio, ele pode opor-se.
E, ao opor-se, ele colocou em movimento a história humana, a história evolutiva. De Gênesis 2:5 em diante é a história da oposição: ‘eu não quero me relacionar’ ou ‘quero me relacionar, mas nestas condições’. É interessante isto, não é?
O texto via girar em torno disso sempre voltando à melodia básica. É como se ficasse um eco, uma nota soando lá no fundo que é o início da criação. Isto é importante em toda a vez que nós formos ler estes textos, se atentar para isto.
Agora, hoje, nós queremos desenvolver mais especificamente, aqui, um tema bastante interessante porque nós já falamos aqui de uma palavra hebraica chamada ruah (que é Espírito), já falamos de outra palavra que é o nefesh (que é traduzido por alma) e, hoje, nós vamos falar sobre basar que é carne. Só fazendo uma revisão rápida: quando nós comentamos sobre ruah, nós falávamos de uma potência espiritual que é divina, que é Deus. Então, quando o Velho Testamento fala no ruah, no Espírito, ele está se referindo indiretamente a Deus e, não, a Espíritos (seres conscientes) – não é este o sentido.
Evidentemente que este sentido também ocorre, mas poucas vezes. Na maior parte das vezes, ruah identifica Deus para fazer uma oposição clara. E, aqui, é interessante: quando aprendemos na Doutrina Espírita que a grande contribuição de Moisés– Moisés como símbolo, como ícone, porque, na verdade, a contribuição é da cultura hebraica, do povo hebreu, desse ramo dos capelinos que aportou na Terra – é o monoteísmo, nós não podemos ser ingênuos.
Este monoteísmo não é simplesmente dizer que existe um só Deus. Não é só isso. Por quê?
Porque nos templos iniciáticos egípcios, os sacerdotes iniciados acreditavam que só havia um Deus. Isso não era novidade. Povos da Mesopotâmia possuem registros simbólicos que nós conseguimos deduzir que eles acreditavam em um Deus único.
Estudos recentes demonstram que se você fizer um estudo detalhado da Mitologia Grega, com a figura de Zeus, aponta-se para um Deus único que estava cercado de uma corte celestial, de seres divinos, mas que não são deuses, que O auxiliam, que O ajudam. Como a massa, o povo precisava de uma coisa concreta,criaram-se divindades subordinadas à divindade única. Havia deusa da terra, deusa da chuva, deus do relâmpago etc, mas, por trás, quem estava criando isto sabia da existência de um Deus único, até por um raciocínio lógico.
O universo apresenta uma regularidade. Esta regularidade não seria possível se você tivesse dois deuses, porque um podia querer uma coisa outro podia querer outra e pronto: estava dividido. Quando se olhava para os fenômenos, sobretudo os fenômenos astronômicos, ficava evidente que havia uma unidade de propósito, uma lei única.
Daí, a regularidade dos fenômenos naturais (dos eclipses, do nascer do por do sol, as fases da Lua, as mares, o ciclo das plantas etc. ) Então, é claro que não é está a contribuição do povo hebreu. O que diferencia o monoteísmo do povo hebreu dos demais monoteísmos?
Aqui está o ponto! Foi o que nós tratamos quando estudamos a palavra ruah. O monoteísmo hebraico é claro ao dizer: Deus não é material.
Aqui está a diferença: Deus não é material, Ele é Espírito. O que é o Espírito? O Espírito é algo oposto à matéria.
Não tem definição no texto bíblico. A definição é por oposição. O que é o Espírito?
É aquilo que não é matéria. Deus não é material. Por que esta oposição?
Porque Deus não participa da natureza humana. Este é o ponto básico do monoteísmo. Mas, daí vai se falar: não, não pode ser isto, porque aqui fala que Deus se irou, que a mão Dele .
Isto tudo, é linguagem metafórica! evidente que e linguagem metafórica Por que linguagem metafórica? Porque todo o texto hebraico está recheado de metáforas até para se referir ao homem.
Se você quisesse dizer que um rei era poderoso, você dizia que o chifre dele era potente. E, ninguém ficava imaginando que o rei tinha um chifre. Mas, quando se diz que Deus irou, todo mundo interpreta literalmente.
É uma ingenuidade literária. que eles acreditavam que Deus tinha mão. É claro que não acreditavam nisto!
O texto básico, o auge da manifestação divina do Velho Testamento é quando Deus se apodera da montanha do Sinai e se comunica com Moisés. Como isto é dito? A montanha pegou fogo.
Esta era a forma mais abstrata que eles tinham para representar: a montanha incendiou-se. Não fala que Deus tomou uma forma. É escolhido o fogo exatamente por isto.
E, é um texto muito curioso, bastante curioso, que é o contato – tudo isto é símbolo, tudo isto é literatura - que Elias tem com Deus. Como é este contato? Ele entra em uma caverna e fica esperando Deus se manifestar.
Vem um relâmpago barulhento: não era Deus. Aí, vem uma tempestade: também não era. Aí, vem um tremor de terra e Elias pensa que era Deus, Aí, sopra uma brisa suave: era Deus!
Só que, aqui, tem uma pegadinha, porque a palavra Espírito em hebraico é a mesma de vento. Em grego também. Em hebraico, ruah, pode significar um vento.
Em grego, pneuma, daí pneumático. Pneuma também pode ser traduzido por vento ou por Espírito. O texto, então, é delicado, é uma poesia.
Soprou uma brisa ou soprou um Espírito? Jesus vai brincar com isto lá em João 4: Jesus fala para Nicodemos “O Espírito sopra onde quer. ” Qual espirito?
Deus Não estou falando dos Espíritos Muitos confundem isto. Está falando do Espírito, com ‘o’ artigo definido: Deus. “O Espírito sopra onde quer; não sabe de onde Ele vem, nem sabe pra onde Ele vai.
” O que significa isto? Que nenhum de nós pode prever Deus. Deus é imprevisível, porque se você fosse capaz de prever, você teria a mente Dele.
Mas, nós sabemos de onde Ele vem, nem aonde Ele vai se manifestar. Nos Não sabemos Era isto que Jesus queria dizer para Nicodemos. Vocês estão construindo uma religião organizada e vocês estão querendo aprisionar Deus, como se Ele fosse um pássaro colocado dentro da gaiola.
Estão prevendo o que Deus quer, o que Ele acha que deve ser feito. Não vai conseguir, porque isto não é relacionar-se com Ele. Relacionar-se com Ele é entender que Ele é um outro.
Ele não é você. Ele vai te surpreender constantemente, porque Ele é outro. É outra pessoa.
E, esta é a essência do Evangelho. E, esta é a essência do Evangelho. O que a mensagem de Jesus faz para aprimorar o edifício mosaico é que dá um upgrade neste relacionamento com Deus.
Apresenta Deus como um Pai, no sentido de familiaridade, quer dizer um relacionamento de afetividade, de proximidade. , Se Ele é pai, significa que nós moramos com Ele. Ele mora conosco.
Há uma série de questões aí. Mas, o importante, aqui, para nós fixarmos é este termo Espírito. Deus é Espírito.
E, o nefesh, a alma? A alma, como nós vimos, faz referência à garganta, com referência à respiração, com referência a um sopro, então, é aquilo que Deus sopra, aquilo que Ele infunde e que tornam as coisas vivas. Tem mais a ver com fluido vital do que com Espírito, com alma.
É tão curioso isto que na introdução de O Livro dos Espíritos quando Kardec apresenta as definições de alma, lá no resumo dele é de fluido vital, que é uma acepção básica do Antigo Testamento. Quer dizer, os seres só são vivos, só ficam animados, porque há um sopro de algo divino que vem e dá vida e nós necessitamos deste hálito para viver. Daí a ideia de garganta, de respiração, para mostrar que o ser humano é frágil, que precisa ser alimentado, precisa ser cuidado.
Se você pensar em um nível mais filosófico, para existir nós precisamos de Deus. É como se Ele fosse a hidrelétrica. Se apagar lá, acaba tudo, porque nós não temos vida própria.
Nós temos uma vida que é dependente, subordinada à vida divina. Vejam que monoteísmo sofisticado este. E, agora, para completar o edifício, a palavra basar, que é carne.
Já dá para entender. Vamos lá nas ocorrências que é importante, porque, aqui, nós fazemos um estudo que é fundamentado mesmo. No mesmo livro do Hans Walter Wolff, “Antropologia do Antigo Testamento”, ele vai dar as ocorrências da palavra basar (carne).
Ela ocorre 273 vezes no Antigo Testamento. No Novo Testamento, ela vai ocorrer muito, porque Paulo usava demais. 104 vezes (mais de um terço) refere-se a animais.
Isto é importante, porque o primeiro sentido da palavra carne é no sentido do açougueiro: carne é carne mesmo (carne do cordeiro, carne da galinha, do frango, da perdiz). Ela também vai falar de algo, vai se referir ao ser humano como carne. Muitas vezes a palavra ‘ser humano’ é substituída pela palavra ‘carne’ para deixar claro duas coisas: que o ser humano é uma das espécies dos animais e, segundo, portanto, ele é efêmero.
O ser humano é efêmero. O ser humano é como uma flor. Daí, a poesia do Eclesiastes: nasce, fica como uma flor bela, depois murcha.
É como a carne que apodrece, que adoece, que envelhece: efemeridade do ser humano. E, aqui, tem um detalhe: a palavra basar nunca é utilizada para fazer referência a Deus. Isto é um fato importante: Deus não é carne, não é material, não é efêmero.
Isto é um ponto importantíssimo. O fato que é mais interessante mais interessante é quando a palavra carne é utilizada no seu sentido metafórico. Então, nós vamos ver isto em Jó 34:14-15: toda a carne (eu vou contextualizar aqui): que se Deus tirasse o hálito dele, ele.
. . Agora, pensa no hálito divino, como diz André Luiz, como fluido cósmico.
Se Deus tirasse o hálito dele, toda carne morreria ao mesmo tempo e ao pó voltaria também o ser humano. Pensa em um monte de robôs alimentados por energia. Você vai lá e desliga a energia: acaba tudo.
Isto é profundo. Quando se refere ao ser humano como carne, não está apenas querendo dizer do encarnado, se um ser revestido de carne. Não só!
Também, mas não só. Nós falamos, aqui, antes, no segundo item: às vezes o ser humano é referido como alguém revestido de carne. Temos o famoso texto de Ezequiel: onde ele pega os ossos, coloca músculos nele, carne, depois põe pele e ele sai andando.
O ser humano como alguém revestido de carne é o encarnado. Agora, em Jó, não! Aqui, tem um sentido espiritual mais profundo.
A pergunta que está por trás, aqui, é (hipoteticamente, porque isto nunca irá acontecer): se Deus deixar de existir, você continuará existindo? Jó responde rápido: não! A fonte sustentadora de tudo que é material e de todos os Espíritos é Deus.
Vou ler de novo: “se Deus tirar o seu hálito, toda a carne morreria ao mesmo tempo; ao pó voltaria também o ser humano”. Então, qual é o sentido aqui? De que o ser humano – agora, não estou falando do encarnado, estou falando da criatura, do Espírito - é limitado, é deficiente.
Sempre! Toda a criatura é, por definição, limitada. Vamos ver isto?
Isto, aqui, é muito importante. Estamos voltando a algumas questões fundamentais: para que Deus seja único, nós temos que atender a uma premissa, a uma condição: para Ele ser único não pode haver nenhum ser igual a Ele. Todo mundo concorda com isto?
Kardec desenvolve isto no livro “A Gênese”, no próprio “O Livro dos Espíritos”. Isto é bem simples, não é? É bem simples: se você tiver um Espírito qualquer criado por Ele – porque todo mundo foi criado por Ele - que alcance a mesma inteligência Dele, então, você tem duas inteligências supremas.
Agora, se eu tenho duas inteligências supremas, então, não é mais suprema. Por que o que é inteligência suprema? É a maior.
Então, pensa no Espírito mais evoluído do Universo. É igual pedir para pensar no infinito, é igual pedir para contar até acabar, é igual pedir para pensar no Espírito mais evoluído do Universo e ele não tem a inteligência que Deus tem. Ele tem a bondade que Deus tem?
Também não tem. Ele tem a perfeição que Deus tem? Também não tem.
Só que o negócio é mais grave do que isto, é mais sério do que isto. Ele é absoluto ou ilimitado? Limitado, porque só Deus é absoluto.
Então, aqui, eu criei um infinito de distância. A distância entre Deus e o ser mais evoluído do Universo é infinita. Eu nunca tinha pensado nisto!
Pois é: filosofia espírita. Agora, Jesus ensinou isto quando um rapaz se aproxima dele e fala ‘bom mestre’. Ele pergunta: ‘por que você me chama de bom?
’ ‘Eu te chamo de bom porque o senhor é o Cristo’. E, Jesus diz: ‘Bom só há um: o Pai’. Isto é muito importante.
Este é o conceito de carne. Carne se refere ao encarnado, o ser que está revestido de carne (somos nós), que é fragilidade da fragilidade da fragilidade, o máximo da fragilidade. A nossa condição de encarnado é da mais absoluta fragilidade, talvez, no Universo.
Não tem como ficar mais frágil do que isto. Um próximo nível de fragilidade, mas acima, seria de desencarnado. Você pode estar ruim, lá no Umbral, péssimo, mas é menos frágil que o encarnado.
E, assim vai em graus de fragilidade. Mas, então, vamos imaginar dos Espíritos puros, Espíritos que não encarnam mais. Eles deixam esta condição de basar?
Não, porque eles continuam limitados. Ele nunca será absoluto. Ele nunca será o amor supremo.
Ele nunca será a inteligência suprema. E, mais: ele só é eterno – ou melhor, eterno ele não é – ele só é imortal se e, somente se, Deus for eterno. Está complicado demais?
Hoje está muito filosófico, não é? Hoje está bastante filosófico. Isto significa que a fonte da matéria é Deus, porque toda a matéria vem do fluido cósmico e todo fluido cósmico vem Dele, é o hálito Dele.
Mas, os Espíritos também vêm Dele. Aqui, os Espíritos usam um conceito, que o próprio Emmanuel usa, que vai dar uma ideia para nós. Ele diz assim: ‘nós somos centelhas do Criador’.
Deus é a fonte de luz e nós somos raios. Se a fonte apagar, o raio apaga. Então, quem garante a nossa imortalidade é a eternidade de Deus.
Mas, o quê isto tem a ver com Gênesis? O que tem a ver é porque o quê o texto de Gênesis quer transmitir no final das contas? Quer dizer, no frigir dos ovos, depois que a conta vem com os 10%, o quê que é a lição?
A lição é: ei, você não existe fora de Deus, você não existe sem Deus. É no fundamento da tua existência, não só material quanto espiritual. Ele é o absoluto, Ele abarca e nós somos sempre limitados.
Tem coisas que são bonitas e, aqui, nos estamos entrando nestas questões que são macro cósmicas. Eu vou contra dois casos. Nós já contamos isto aqui, mas vale a pena recordar porque é apropriado, agora, para o momento.
Uma vez, o Chico conversando com Emmanuel queria entender um pouco mais a grandeza de Deus. Emmanuel falou: ‘você quer? ’.
Levou Chico, desdobrado, para uma espécie de cinema 4D espiritual. Chico começou a sentir como se estivesse afastando da Terra e a Terra foi ficando pequena. Daí, começou a ver o Sistema Solar.
De repente, o Sistema Solar começou a ficar pequeno. Daí, começou a ver a Galáxia. De repente a Galáxia começou a ficar pequena e outras Galáxias maiores foram surgindo e forma ficando pequenas.
Chico vira para Emmanuel e fala assim: ‘não dá para nós voltarmos, não? Porque me deu uma vontade de tomar um café’. O Chico tinha o dom de transmitir grandes lições com uma fala, aparentemente, ingênua.
É claro que não deu vontade nele de tomar café. Não é isso que ele está querendo dizer. O que ele queria dizer é: que chega um determinado momento que você perde a referência.
Quando nós mudamos de casa, ficamos desnorteados! Quando você, pelas circunstâncias da vida, se vê levado a mudar de uma cidade e você chega em uma outra cidade, você fica completamente perdido. E, você só mudou de uma cidade.
Não é nem de país. É uma cidade dentro do seu estado ou, fora, no estado vizinho. Você está, ali, em um relacionamento com alguém e esta pessoa morre, ou separa, ou vai embora, você fica perdido.
Então, imagina você ser levado para um ambiente de galáxias: você perdeu o referencial, porque não tem mais a sua rua, não tem mais o seu CEP, não tem mais a sua cama. Então, o que Chico queria dizer é isto: ‘quero tomar o meu café’, eu quero as minhas referências, eu não dou conta disto. Agora, será que isto vale apenas para o encarnado?
Será? Vamos lá. Herculano Pires foi entrevistar Chico Xavier e eles começaram a falar sobre Cristos, sobre os seres que estão na introdução do livro ‘Evolução em Dois Mundos’, os arcanjos, os devas, você pode dar o nome que você quiser.
São seres divinos porque já atingiram um nível de evolução e eles estão em um processo de comunhão com Deus indescritível – nós já falamos isto aqui -, portanto, eles estão em um nível que é que nem campeonato europeu, é top, top, top. Daí, o Herculano está conversando sobre isto e cita Platão, porque Platão já falava destes seres, os Demiurgos, quer dizer, o gérmen da ideia de governador planetário está lá em Platão e o Chico solta o seguinte: ‘com todo respeito a nosso senhor Jesus Cristo, ele não é o Cristo do Sistema Solar’, porque o Cristo do Sistema Solar é um Cristo de maior poder criador. Agora, imagine, ‘com todo respeito a nosso senhor Jesus Cristo’, ele tem uma consultoria com o Cristo do Sistema Solar e você tem cem bilhões de sistemas solares só na nossa Via Láctea.
Daí, periodicamente (eu não sei a data), estes cem bilhões de Cristos de sistemas solares se reúnem com o Cristo da Galáxia. Dá conta de imaginar isto? Não dá.
Agora, este Cristo da Galáxia se sente limitado. Sabe por que ele se sente limitado? Porque, periodicamente, ele vai em uma reunião dos Cristos das Galáxias e tem um Cristo de um aglomerado de Galáxias.
Daí, ele conversa com este e se sente tão pequeno, porque tem multiversos, tem mais de um Universo. Agora, infinitamente acima disto tudo, está Deus. Esta é a ideia!
A ideia, aqui, da carne é esta. Por que nós estamos falando disso aqui? Porque Adão é isto.
Definam Adão e Eva: Adão e Eva são carne. É a história da limitação, da efemeridade, da fragilidade em luta com o absoluto, com o eterno, com o imperecível. Só que o bonito desta luta é que o absoluto não golpeia.
Ele gradua a sua manifestação. Imagina um sol diante de uma formiga: se ele brilhar a todo vapor, acaba a formiga. Então, Deus gradua.
Quem escreveu isto poeticamente, tão bonito, foi o Gilberto Gil quando se refere a Deus diz assim: ‘por detrás do detrás’ (música: Quanta). Deus é este que se oculta por detrás. É tão bonito isto porque nós vamos percebendo – e a Física, hoje, mostra – que a realidade física está no micro, está escondido lá no interior do átomo.
A realidade da matéria está no micro, não está no macro. E, o poder absoluto se esconde por detrás do detrás. Tirando de lado toda a linguagem simbólica, a cabala judaica fala isso, quando ela trabalha as emanações de Deus.
O que ela quer dizer com isso? Nós não conhecemos Deus propriamente dito. Nós conhecemos as emanações Dele e Ele tem níveis de emanações.
Então, determinada manifestação Dele, só os Cristos percebem. Daí, Ele dá uma manifestação mais concreta e, aí, outros seres já percebem, até chegar no concreto do concreto que é o que nós percebemos. Mas, isto não é Ele propriamente dito.
Isto é uma emanação Dele. Quem consegue olhar para o Sol? Quem consegue ficar diante de um fogo de 100.
000°C? Não existe isto. Está é a ideia que está por detrás.
E, eu fico tão impressionado porque quando lemos este texto, aqui, do Hans Walter Wolff, que é um teólogo protestante e ele escreve, escreve, mas parece que não captou a essência, por falta destes conhecimentos que dizem respeito à existência do Espírito. Então, quando Paulo fala de ‘carne’, qual foi a primeira interpretação que fizeram? Carne é corpo.
O corpo é o inimigo do Espírito. Então, durante séculos nós acreditamos que você tinha que maltratar o corpo, tinha que ficar bem magro, deixar de comer. O problema era o corpo.
Aí, superamos isto e vimos que não há problema nenhum com o corpo. Daí, começaram a ler ‘carne’ como se fossem as paixões. Portanto, teria que eliminar todas as paixões.
Não posso ter paixão nenhuma, não posso me emocionar. E, tem pessoas que até hoje pensam assim. Ser espiritual é nem ficar alegre, nem ficar triste.
Não fica nada. Nós aprendemos da revelação Espírita que as paixões são como cavalos que precisam ser domados. Quanto mais cavalos, melhor.
Quanto mais paixão, melhor. Qual a potência do ser motor? Trezentos cavalos.
Não tem problema nenhum. Eles só precisam estar domados e você estar no comando. Então, carne não pode ser paixão.
Aqui, vai entrar o pulo do gato. Se carne não é paixão, porque paixão desregrada é um problema de desregramento, se você mexer na direção e na intensidade, você corrige, você educa e, aí, se torna uma virtude. Não é isso!
O problema também não é o corpo, apesar de que o corpo impõe mais limitações ainda. Então, o que é a carne? Paulo diz assim: as obras da carne são – só coisas ruins – ciúmes, maledicência, adultério, prostituição, assassinato, tudo de ruim são as obras da carne.
E, o Espírito? Daí ele fala no singular: ‘o fruto do Espírito’. Olha que interessante: no singular.
E, daí, o que é a carne então? É aqui que vem o gatilho e a introdução que eu queria fazer para nós começarmos a estudar Adão e Eva. O que é esta carne que está sempre em oposição ao Espírito, que é o inimigo do Espírito?
Então, já vamos dizer aqui: Adão e Eva não tem nada a ver com sexo, não tem maçã no texto (não sei de onde que tiraram a maçã), questão de sexo não tem problema nenhum porque Adão andava pelado com a Eva e eles nem se importavam com isto. Qual é o problema da carne? Este é o mote que pode te derrubar em qualquer estágio da evolução que você estiver.
Acontece que, depois de um determinado estágio, o Espírito não cai mais nesta armadilha boba. Qual é? Carne significa, em relação ao Espírito que é Deus, limitação.
Limitação no sentido de limitado, de não absoluto. A criatura não é absoluta, não é onisciente, não é perfeita, não tem acesso a tudo. Esta é a carne no sentido metafórico.
No sentido físico, carne é estar encarnado, porque estar encarnado é uma aula didática para nos mostrar que nós somos limitados. Eu fui na médica, hoje, fazer um exame e ela perguntou quantos anos eu tinha. Eu disse que iria fazer 45 anos.
E, o médico disse que havia percebido uns sinais de desgaste no meu olho. Eu disse: ‘é, e só vai piorar’. Ela não disse, por elegância, mas se ela fosse verdadeira, ela diria assim: ‘isso só vai acabar em morte’, porque é a efemeridade da vida física.
Mas, a efemeridade da vida física é uma metáfora da efemeridade, da limitação da criatura em relação ao Criador. Pode chegar, aqui agora, Emmanuel, Bezerra de Menezes, Clarêncio e você fala para eles: ‘nossa, são Espíritos iluminados e eu estou, aqui, encarnado ainda. Dá para vocês irem lá no Sol e voltarem?
’. E, eles responderão que não conseguem. Mas, são Espíritos iluminados.
E, eles falarão: ‘Menos meu filho! Nós não somos Deus. Nós somos Espíritos.
’. Isto é maravilhoso e é o que nós falamos no episódio passado quando Félix, o benfeitor, no livro Sexo e Destino, que está cuidando da personagem central do livro. Ele faz de tudo e ela quer se suicidar.
Daí, ela vai na farmácia para comprar um veneno, eles influenciam o farmacêutico, o qual dá algo errado, ao invés de dar o veneno dá um sonífero. Ela toma o sonífero, dorme e ele agradece porque, graças a deus, dormiu. Depois, ela acorda e é atropelada.
Nesta hora, André Luiz olha para o Félix e diz: ‘isto estava nos planos? ’ Não. ‘E você sabe o que vamos fazer agora?
’. Rezar. ‘Agora, nós vamos orar, André Luiz.
’. E, qual é a lição, aqui? A lição é que, se há um relacionamento inevitável e inafastável entre eu e Deus, o maior erro da evolução é eu me colocar na posição de Deus.
Este é o problema! Então, na questão nº 132, quando pedem para Emmanuel definir o mal, ele define de maneira extraordinária. Ele diz assim: ‘o homem, confiando mais em si mesmo do que na Providência Divina, transforma a sua fragilidade em foco de ações contrárias à lei de Deus.
Eis o mal. É a formiga que pega uma espada do tamanho dela no escuro para lutar com um tiranossauro rex. Nós temos que confiar mais em Deus do que em nós.
Você tem que confiar em você, mas mais em Deus do que em você. Por quê? Só porque Ele é absoluto e transforma a sua fragilidade em foco.
É um foco pequeno infeccioso. O que acontece com um foco infeccioso? Vem o sistema imunológico, isola aquele foco e trata.
Daí, vem Emmanuel: ‘transforma a sua fragilidade’ a sua carne, a basar. A nossa fragilidade gera o ciúmes, gera o mal, gera a inveja, gera o egoísmo, gera o orgulho, tudo isto é gerado pela fragilidade, por uma necessidade de eliminar esta fragilidade. Certa vez, eu assistia a um grande psiquiatra e ele estava contando os casos e disse que as pessoas se sentem inseguras porque elas só têm um real na sua conta bancária.
Então, elas dizem que se sentiriam seguras se tivessem um milhão de reais. E, daí, ele disse que atendem a paciente que estão inseguros porque têm um milhão de reais. Daí, uma pessoa que estava na plateia fez uma pergunta: ‘o que é preciso fazer para ter segurança?
’ Ele respondeu: ‘Não há segurança. ’ Não existe segurança humana. Por que como um ser limitado, relativo e frágil pode criar uma segurança absoluta?
Só pode haver um gênero de segurança genuína: aquela que vem de Deus, aquele que vem da homologação divina. Como diz na linguagem popular: Deus pôs a mão . A insegurança não é causada pelo medo?
Também. O medo é uma das causas da insegurança, tem outras. Mas, a raiz de tudo é esta fragilidade.
Agora, tem alguma novidade nisso? Nós vamos ver que não tem nenhuma. Qual é o diálogo da serpente a Eva?
A conversa foi: ‘você está tendo relação sexual com o seu marido? ’ Não foi esta a conversa. ‘Fiquei sabendo que você está bebendo, que você está comendo umas comidas estranhas.
’ Não foi isto! ‘Fiquei sabendo que você colocou uns piercings no umbigo. Olha você vai para o inferno.
’ Foi isso? A conversa não foi esta. A conversa foi assim: ‘qual a ordem que foi lhe dada?
’. A ordem foi que podia comer de tudo menos o fruto de uma árvore. Ah, é porque está com medo de que você seja igual a Ele, porque Ele sabe que na hora em que você comer deste fruto, você terá o conhecimento que ele tem.
Este é o mote, esta é a célula melódica da sinfonia, é isto que dá origem a tudo. A nossa incapacidade de aceitar o nosso estatuto de criatura, que é o estatuto da fragilidade. E, é isto que horroriza e que deixa todo mundo assustado quando se lê o Evangelho.
Todo mundo vem e pergunta assim: mas, Haroldo, por que Jesus chorou no Monte das Oliveiras? Por que ele pediu para afastar o cálice? Ali está o antídoto, ali está a cura do mal de Adão.
Quando Jesus chora no Monte das Oliveiras e pede para afastar o cálice, ele está dando a cura do mal de Adão. Por quê? Porque ele está abrindo os braços e aceitando a condição de criatura, aceitando de bom grado e ele conclui a crucificação: ‘eis que tudo está consumado, em Tuas mãos, Pai, entrego o meu Espírito.
’ É o antídoto! Por isso que – e, agora, eu vou parecer pastor - o sangue do Cristo tira os pecados do mundo. Entendem?
O sacrifício do Cristo é o antídoto contra esta rebeldia humana de não aceitar a sua fragilidade, a sua limitação de criatura. E Jesus só é o Cristo que ele é, porque ele aceita que é criatura. ‘Bom é só o Pai’.
‘Desta data nem o Filho, nem os Anjos sabem, só o Pai. ’ ‘Seja feita a Tua vontade, na Terra como nos Céus. ’ Nos Céus já é feita.
Nos Céus, em termos de vibração, já feita, porque quem está morando lá já entendeu isto. Mas, é esta ideia de carne e este é o motor da história de Adão e Eva. No próximo episódio, nós vamos desenvolver muito isto.
Nós vamos ter a vida inteira para desenvolver isto. FIM.