Fisiologia da gravidez I | Vida e evolução | Khan Academy

RKA10GM - E aí, pessoal, tudo bem? Existe um ditado que diz que é preciso de uma aldeia para se criar uma criança, mas acho que é um corpo inteiro. Quero dizer que é necessário cada órgão do corpo para se fazer um bebê.

Posso dizer que é o melhor trabalho em equipe que existe, ou seja, todos os órgãos do corpo trabalhando juntos para apoiar o crescimento e o desenvolvimento do feto. É importante dizer que o corpo da mãe não está sacrificando as suas necessidades para apoiar essa gravidez. Para fazer isso, todo o sistema do corpo sofre uma quantidade significativa de mudanças, e quero saber quais são essas mudanças.

Vamos começar pelo sistema cardiovascular, ou seja, o coração e os vasos sanguíneos pelo corpo todo. Podemos começar com o mais básico, que é o nível de sangue, ou seja, o corpo precisa de mais sangue para transportar oxigênio e nutrientes para o feto. O volume de sangue aumenta de 40% a 50% durante a gravidez, e não é só mais sangue.

O coração também está trabalhando para fornecer, de modo mais eficiente, esse sangue para o feto. Por exemplo, o coração bate mais rápido, de 10 a 15 vezes mais rápido do que o habitual. O volume de estoque, que é a quantidade de sangue bombeada a cada batida do coração, aumenta, o que significa que a quantidade de sangue bombeada para fora do coração aumenta a cada minuto também.

Em resumo, mais sangue bombeado para fora do coração para atender as demandas do feto. Se você tivesse que adivinhar: o que acontece com a pressão arterial durante a gravidez? Acho que você diria que ela aumenta porque foi isso que pensei, mas, na verdade, diminui, e isso ocorre por motivos diferentes.

Em primeiro lugar, há bastante progesterona flutuando no sangue durante a gravidez, e o que ela faz muito bem é relaxar o músculo liso. Isso inclui o músculo liso que envolve todos os vasos sanguíneos. Esse relaxamento causa dilatação dos vasos sanguíneos, reduzindo a pressão sanguínea.

Essa é a primeira causa da diminuição da pressão arterial durante a gravidez. A segunda coisa que contribui para essa pressão arterial baixar é a placenta. Acho que é melhor você entender da seguinte maneira: imagine um prédio, e todos os apartamentos têm chuveiros que são furados e soltam muita água.

A placenta é assim: um circuito de baixa resistência. E quando estamos falando do sistema cardiovascular, existe uma síndrome que é chamada de "síndrome da hipotensão postural supina". É estranho falarmos de uma síndrome quando estamos falando sobre a fisiologia da gravidez, não é?

Deixe-me colocar que é uma síndrome, mas estou falando dela por ser algo causado pela fisiologia da gravidez. Pense comigo, durante a gravidez o útero torna-se maior, correto? E quando isso acontece, o útero pode comprimir a veia cava inferior, que parece mais ou menos com isto.

Esta veia recorre menos sangue das veias do corpo inferior e devolve esse sangue para o coração. A compressão da veia cava inferior significa que temos menos sangue sendo empurrado de volta para o coração, e isso significa que menos sangue é bombeado para fora a cada batida do coração. Isso leva à baixa pressão arterial ou hipotensão, e é por isso que temos a hipotensão aqui.

A mulher começa a sentir-se leve e que está prestes a desmaiar, especialmente quando está de costas. Quando ela está nessa posição, significa que o útero está pressionando a veia cava inferior, ou seja, uma maior pressão na veia cava inferior. Uma maneira de resolver esse problema é virar a mulher para o lado esquerdo.

Isso faz com que o útero se incline para a esquerda, fora da veia cava inferior, permitindo que mais sangue retorne para o coração. Essa é toda ou quase toda mudança que ocorre com o sistema cardiovascular na gravidez. E, claro, com o útero crescendo, ele também muda o coração para a esquerda um pouco.

Isso quer dizer que também existem algumas mudanças anatômicas. Sei que é muita informação, mas o sistema cardiovascular sofre muitas mudanças para ajudar a gravidez. Agora vamos falar das mudanças que acontecem no sistema respiratório.

Então oxigênio, né? Ou seja, o feto usa oxigênio, e a mãe tem que usá-lo mais também para apoiar todas as mudanças no corpo. Isso significa que a mãe precisa de mais oxigênio no sangue, e isso é feito aumentando a ventilação minuto, ou seja, o volume de ar acontece a cada minuto e, novamente, isso acontece por causa da progesterona no sangue.

O que ocorre é que a progesterona age nos centros respiratórios centrais no cérebro, isto é, para instruir os pulmões na absorção de mais ar a cada respiração. É por isso que acaba-se tendo mais ar a cada respiração durante a gravidez. Uma coisa que deve ser levada em consideração é que como a inalação de ar aumenta durante a respiração, mais dióxido de carbono está sendo exalado a cada respiração, e o dióxido de carbono é um ácido.

Então, para manter o pH do sangue equilibrado, o corpo responde a essa diminuição do dióxido de carbono, o que aumenta a secreção de bicarbonato. Lembrando que o bicarbonato é uma base dos rins. Então acaba aumentando o bicarbonato dos rins, e você acaba um pouco normal ou um pouco alcalótico, um pH sanguíneo ligeiramente básico.

Por fim, temos duas mudanças anatômicas também. O útero aumenta e empurra o diafragma para cima cerca de quatro centímetros ao longo de uma gravidez. Mas a parede torácica durante a gravidez é mais móvel, mais flexível, e sua circunferência é maior.

Isso funciona para compensar o deslocamento ascendente do diafragma. Vamos terminar esta aula discutindo as mudanças que ocorrem nos rins, que são duas coisas importantes: a primeira é que dissemos que existe um aumento no volume sanguíneo durante a gravidez. E em segundo lugar, todas as artérias do corpo estão se dilatando durante a gravidez, o que inclui as que abastecem os rins.

Se juntar essas duas coisas, você acaba tendo mais fluxo sanguíneo para os rins, e isso significa que acaba sendo gerado um aumento na taxa de filtração do sangue através dos rins. Você conhece aquele filtro de água que pode ser colocado diretamente na torneira? Então se os canos e a torneira ficarem muito maiores, ficarão muito mais largos, e muito mais água vai correr através dos canos, e a taxa de filtração da água vai aumentar drasticamente.

É mais ou menos isso que acontece aqui: os rins são como um filtro de água, na medida em que filtra todo o sangue. Com relação à bexiga, não sabemos ao certo o que faz a mulher grávida urinar mais do que o normal. Há uma ideia de que a progesterona, que relaxa o músculo liso, relaxa e aumenta a capacidade da bexiga.

Também existe a ideia de que o crescimento do útero diminui a capacidade da bexiga. Não estamos totalmente certos a respeito disso, mas uma coisa é certa: as mulheres grávidas tendem a urinar com mais frequência do que o normal. Isso tem a ver com o aumento da produção de urina, bem como a pressão na bexiga pelo útero.

Essa pressão também leva à dilatação dos ureteres. Eles ficam dilatados, e a pressão do útero aqui vai criar um tipo de bloqueio de estrada. E essa urina acumulada age como um meio para o crescimento bacteriano, porque nós sabemos que a estase urinária é um fator de risco para o crescimento bacteriano.

Talvez seja por isso que as mulheres grávidas sejam mais sensíveis ao desenvolvimento de pielonefrite ou, melhor dizendo, infecção do rins. Essa infecção ocorre porque o útero está colocando pressão sobre os ureteres. Essas são algumas alterações fisiológicas que ocorrem na gravidez, ou seja, mudanças no sistema cardiovascular, no sistema respiratório e no sistema renal.

É isso aí, pessoal, até a próxima aula!