A conversão dos evangélicos ao Catolicismo incomoda o Pastor Nicodemus ( parte III )

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Padre José Eduardo
Video Transcript:
Vamos continuar analisando o vídeo do Pastor Nicodemos. Agora ele vai falar sobre um tema bastante importante: os católicos são continuístas com relação à Revelação. Eles acreditam que Deus, através da tradição e do magistério, continua revelando verdades e dogmas que não estão exatamente na Bíblia.
Esse é o pensamento de muitos grupos dentro do pentecostalismo e do neopentecostalismo. Revelações modas. Então, para sermos honestos, a Igreja Presbiteriana não é tão parecida assim com o catolicismo romano.
Portanto, veja, essa ideia de que nós somos continuístas em relação à Revelação é simplesmente falsa e ela está baseada numa incompreensão da doutrina da revelação na Igreja Católica. A Igreja Católica ensina que a revelação pública, que é a revelação normativa para toda a Igreja, terminou com a morte do último apóstolo, São João Evangelista, no caso. Portanto, a partir daí, você não pode acrescentar nenhum conteúdo novo à Divina Revelação.
A Divina Revelação ficou fechada com a morte do último apóstolo. Qual é o problema? O problema é o seguinte: os apóstolos pregavam, eles transmitiram a fé, transmitiram a Divina Revelação primeiramente pela via oral.
Apenas parte desta pregação foi consignada nos livros do Novo Testamento. Inclusive, os primeiros livros do Novo Testamento, na sua ordem cronológica, e não na sua ordem canônica, são as cartas de São Paulo. O que são as cartas de São Paulo?
As cartas de São Paulo são recomendações, instruções que pressupõem uma doutrina que já está sendo ensinada, pregada por aqueles apóstolos e pelos varões apostólicos. Existem diversas passagens do Novo Testamento que mostram que o Novo Testamento recolhe parte da doutrina oral. Por exemplo, São João, em seu evangelho, quando fala que o que Jesus fez e os milagres, os sinais, são muito maiores do que o que estão escritos ali.
Ou, por exemplo, São Pedro, quando diz que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal, mas foi inspirada por Deus, fala que os profetas que falaram. Ele mesmo chama as Escrituras de São Paulo de Escritura, mas vejam no contexto de que São Paulo efetivamente era conhecido como pregador. São Paulo fala das recomendações que ele deu de viva voz, não apenas por escrito.
Ou seja, essa ideia de que a Bíblia caiu pronta do céu, ou de que, digamos assim, a Escritura é tudo, não corresponde à realidade. Os apóstolos efetivamente ensinaram coisas que antecedem a parte que foi consignada por escrito e que transcendem a parte que foi consignada por escrito. E nós vemos isso na doutrina que se segue.
Então, veja, os protestantes, nesse sentido, também concordam conosco. Na verdade, por exemplo, a doutrina da Trindade não está expressa no Novo Testamento de maneira clara, de maneira acabada. A doutrina, por exemplo, sobre a divindade de Cristo, está implícita.
É verdade que existem versículos do Novo Testamento que nos fazem entender isso, mas o Novo Testamento em si não é autoexplicativo. Existem cristãos que não acreditam, por exemplo, na Trindade. São uma minoria, mas existem os unicistas, assim como existem cristãos que não acreditam, por exemplo, que Cristo tem duas naturezas e assim por diante, ou que Cristo tem uma natureza divina.
Enfim, poderíamos aqui discutir se são cristãos mesmo ou não. Tudo bem. O que eu quero dizer aqui é que a Escritura, em si mesma, mesmo o Novo Testamento, demanda uma interpretação maior.
Isso me parece, veja, que é muito evidente. Por exemplo, você vai ler um texto, digamos, se você pega um texto sobre algo completamente desconhecido para você, sei lá, um texto ultra técnico de botânica, por exemplo, e eu jogo na sua mão, você não vai entender nada, porque para entender um texto eu tenho que entender muitíssimas mais coisas que não estão contidas ali naquele texto. Isso acontece com uma carta, com um bilhete, com qualquer coisa.
A gente chega à conclusão disso, mas é assim. Ou seja, a tradição escrita, a fortiori, ou seja, necessariamente, só se entende no contexto de uma tradição oral. Não tem como.
Mas não significa que a tradição oral continue progredindo. Não. A tradição oral, a Divina Revelação, tanto na parte oral quanto na parte escrita, se encerrou com a morte do último apóstolo.
E o magistério da Igreja é o órgão interpretativo instituído por Cristo. "Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos rejeita, a mim rejeita", e assim por diante, justamente para definir aquilo que é de fé teologal, para que os fiéis acreditem. Então, a doutrina católica afirma que a Revelação foi concluída e que, portanto, os elementos de fé têm que estar contidos, ao menos virtualmente, na Divina Revelação, tal como existia nos tempos apostólicos.
Isso para os protestantes chega a ser um pouco chocante. Por quê? Porque eles dizem, por exemplo, que purgatório é uma doutrina que não está na Bíblia.
"Onde é que está o purgatório na Bíblia? " Ou, por exemplo, "onde é que está escrito a palavra missa na Bíblia? ".
Isso vale para muitas outras coisas. Mesmo, por exemplo, a maternidade divina de Maria, ela não está definida. Ela está pressuposta, ela está ali, mas não está de uma maneira clara.
Então, eles dizem que a partir disso a Divina Revelação continuaria progredindo na Igreja Católica. Não é verdade. Quando a Igreja determina um dogma, uma doutrina, o que ela faz é rastrear aquela doutrina para ver onde ela está presente.
Por exemplo, quando você vai na tumba dos mártires ou nos primeiros cemitérios cristãos, tem lá, na tumba dos cristãos: "orate pro". "Orate pro" é "rezem por ele", "rezem por ela", "rezem pelos outros". Você tem nas.
. . Liturgias primitivas, por exemplo, orações pelos defuntos.
Bom, então aqui você percebe que existe uma fé de origem apostólica, que está presente no Oriente e no Ocidente; ela é muito antiga. Você percebe que ela remonta aos Apóstolos. Isso vale para todas as doutrinas, mesmo, por exemplo, as doutrinas recentemente definidas pelo Magistério, como a Assunção de Nossa Senhora.
Você vai rastrear a Assunção de Nossa Senhora e vai chegar ao século 5, 6, com igrejas que já celebram a Assunção de Maria Santíssima, a Dormição no Oriente, assim por diante, em diversos polos, a distâncias geográficas imensas. Então, necessariamente, essas doutrinas remontam à Divina Revelação. Há uma diferença grotesca entre uma coisa e outra: aquilo que na Igreja Católica é conhecido como revelações particulares, por exemplo, uma aparição ou uma devoção que é revelada, nada disso é necessário crer para a salvação.
Essa é a diferença entre a fé teologal e a fé humana. A fé teologal é a fé que eu deposito em Deus, naquilo que Ele revelou na revelação pública. A fé humana, por exemplo, é eu acreditar que aquele vidente, aquela pessoa, aquele místico não está me enganando; ele está falando algo que ele viu.
Mesmo se aquilo é plausível, se é menos plausível etc. , cada fiel pode e tem a liberdade de aceitar ou rechaçar, mas isso não é para a salvação. Então, a ideia de que a revelação continua é uma ideia falsa; a revelação não continua.
A revelação foi encerrada com a morte do último Apóstolo, e o que progrediu foi a nossa compreensão da revelação. Por exemplo, a doutrina eucarística foi progredindo na sua clareza, na sua compreensão ao longo da história, mas ela já está encerrada com a morte do último Apóstolo. Isso é muito importante.
São Vicente de Lérins tem um tratado chamado "Com Monitório"; ele explica isso. Você pega uma criancinha recém-nascida e depois compara essa criancinha com ela mesma, adulta. Você fala: "Nossa, que diferença tremenda!
" Mas é a mesma criança. É um desenvolvimento orgânico. Esse desenvolvimento orgânico da compreensão não é um progresso na revelação, mas sim um progresso na nossa compreensão da Divina Revelação.
Isso tem que ficar bem compreendido, porque senão a gente vende uma imagem da doutrina católica como se a doutrina católica fosse uma doutrina de invencionices. Isso, infelizmente, se quer passar muitas vezes em ambiente protestante, mas não é assim. Quando você vai analisar as doutrinas, percebe que elas são muito seriamente analisadas e remontam necessariamente aos tempos apostólicos.
Muito obrigado! Vamos para o próximo vídeo, daqui a pouco.
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