Não vai ter dar muito trabalho encontrar na internet gente falando que se você souber usar melhor a sua linguagem corporal ou aprender a interpretá-la quando os outros a exibirem, você será mais bem sucedido nos relacionamentos e na vida, mas será que essa promessa faz sentido? Oi! Eu sou o André e hoje quero falar com você sobre linguagem corporal.
Vou analisar o quanto que faz sentido dizer que ela é uma linguagem e quais são alguns dos problemas que mais surgem quando se fala dela. Quando alguém fala de linguagem corporal, geralmente está se referindo a comportamentos não verbais, como o olhar dirigido a alguém, expressões faciais, a postura, o toque ou a distância que alguém mantém de outra pessoa. Alguns propõem que esses comportamentos transmitem informações sutis sobre a personalidade, os interesses e as emoções das pessoas, podendo até mesmo revelar detalhes mais confiáveis sobre elas do que suas palavras.
Toda vez que alguém movimenta sua cabeça de um lado para o outro na horizontal, nós sabemos que ela está sinalizando um "não", então é claro que nos comunicamos de forma não verbal, mas será que isso é uma linguagem? Muitos usam a expressão "linguagem não verbal", mas o uso do termo "linguagem" já é problemático porque sugere que existe uma espécie de livro de regras linguísticas a partir do qual poderíamos interpretar o significado exato de certos comportamentos, o que é enganoso por si só. Toda linguagem formal é proposicional, possui um vocabulário e uma sintaxe, só que a tal da "linguagem não verbal" não possui nenhuma dessas características, e por isso, não faz sentido classificá-la assim.
No lugar de "linguagem não verbal", uma expressão mais adequada e precisa seria comunicação não verbal. Diferente do que ocorre em linguagens formais, nas quais as palavras possuem significados relativamente invariáveis, o significado de comportamentos não verbais pode oscilar bastante a depender da personalidade, do gênero da pessoa, da cultura na qual ela vive, das suas metas num determinado momento e do ambiente no qual ela está. Frequentemente, não dá para saber o significado exato de um comportamento não verbal se o analisarmos isoladamente.
A depender do contexto, um mesmo comportamento pode significar coisas bem diferentes. Por exemplo, se você sorrir ao se deparar com um amigo, isso pode sinalizar a alegria que sentiu ao revê-lo. Já caso se encontre com alguém que acha insuportável, talvez você sorria também, mas só para disfarçar seu incômodo.
Alem disso, um comportamento não verbal pode significar coisas diferentes para pessoas diferentes. Não é porque você está exibindo uma postura supostamente de dominância e poder que todo mundo vai interpretar a mesma coisa. A depender da cultura do local onde você está, aproximar-se de alguém desconhecido e dar um beijo em sua bochecha enquanto o abraça para cumprimentá-lo pode passar uma mensagem super amigável ou super invasiva.
Essa noção de que o corpo tem uma linguagem e que podemos interpretar certas ações como tendo significados previsíveis têm sido a base para uma indústria multimilionária de livros, cursos, consultorias e vídeos. Neles, é comum a promessa de que, entendendo mais sobre a comunicação não verbal, você será menos inseguro e mais bem sucedido nas diferentes esferas da sua vida. O problema é que muito do que aparece nesses conteúdos são extrapolações indevidas ou simplificações exageradas do que realmente sabemos sobre comunicação não verbal.
Não um atalho secreto para entender os sinais não verbais dos outros, e muito frequentemente, seus significados dependerão de fatores menos vísiveis ou inacessíveis naquele momento. Muitíssimo obrigado a quem é apoiador aqui do canal! Se quiser se tornar um apoiador, clique em "SEJA MEMBRO" aqui embaixo para saber quais benefícios ofereceremos em troca do seu apoio.
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Um vídeo que é um bom complemento ao de hoje é o que a gente fez sobre as microexpressões faciais.