A série de História da Tecnologia vai falar de uma empresa que começou faz pouco tempo, mas já criou um setor inteiro no mercado, passando de startup a uma gigante. É o Airbnb, que tem uma origem bem curiosa e cheia de reviravoltas. Para saber a origem, a evolução e a difícil situação atual, antes deixa aquele joinha no vídeo, se inscreva pra mais vídeos como esse e toca no sininho pra receber notificações toda vez que tiver novidade por aqui.
Beleza? Então bora pra história do Airbnb. A trajetória começa com três pessoas, sendo as duas primeiras Nathan Blecharczyk e Joe Gebbia.
Eles dividiam um aparamento em San Francisco, no estado norte-americano da Califórnia, mas a vida não estava fácil. Custo de vida alto, aluguel caro e eles não conheciam mais ninguém disposto a morar no local. O Nathan estava de saída, o que só piorava as coisas, e no lugar dele chegou outro morador: Brian Chesky, um designer que estudou com o Joe na faculdade.
Também sem muito dinheiro no bolso, ele largou um emprego em Los Angeles para virar empreendedor ali na região, que era nas proximidades do Vale do Silício. Em outubro de 2007, eles enxergaram uma oportunidade para complementar a renda e não atrasar o aluguel. Uma conferência nacional de design ia acontecer na cidade e eles ofereceram o terceiro quarto aos colegas interessados que achavam hotéis caros demais.
O anúncio era sobre uma hospedagem estilo bnb, “bed and breakfast”, que na tradução livre é “cama e café da manhã”, e normalmente significa uma pousada ou casa com um cômodo livre e alimentação pela manhã, com um ambiente mais caseiro. Por falta de camas, eles só tinham alguns colchões infláveis. Ou seja, era um “Air bed and breakfast”.
3 pessoas toparam a hospedagem, foram para o evento e ainda conheceram a cidade junto de Brian e Joe. Com a ideia crescendo, o Nathan entra na jogada e constrói o primeiro site da empresa, com os anúncios de quartos livres para aluguel durante outro evento: o South by Southwest, ou SXSW, em março daquele ano no Texas. Chegou a hora de apresentar o serviço para o mundo?
Bom, nem tanto: ao todo foram só duas reservas. Em agosto de 2008, vem a terceira tentativa. Era época de eleição presidencial e a convenção nacional do Partido democrata estava marcada para Denver, no Colorado, onde Barack Obama seria nomeado o candidato em um estádio para mais de 80 mil pessoas, isso em uma cidade com poucos hotéis.
A ideia dos três amigos finalmente teve cobertura da imprensa, e um alto número de reservas. Foi bom, mas ainda não era o suficiente, porque o dinheiro não circulava com ritmo bom. Em novembro, na porta da eleição, veio uma ideia bizarra: por que não investir na parte do "café da manhã" também?
Eles criaram caixas de cereal baseadas nos dois candidatos principais, Obama e o republicano John McCain, simplesmente empacotando um produto comprado de outro lugar. A ideia ganhou visibilidade de novo e, com 400 caixas numeradas vendidas a surreais 40 dólares, eles venderam tudo em poucos dias e conseguiram uma reserva para manter a empresa funcionando. E agora não tinha jeito, ela precisava dar certo.
A questão do evento era importante no começo, fazia parte do diferencial e já significava que você era uma pessoa focada e nada suspeita, só queria uma cama para o dia seguinte. Só que aos poucos a ideia de ampliar o aluguel para qualquer oportunidade foi crescendo. Vale lembrar que esse é o período da crise econômica de 2008, que afetou especialmente o setor imobiliário dos Estados Unidos no início.
Tinha muita gente querendo uma renda extra ou renda principal mesmo. A primeira empresa que apostou na ideia foi a Y Combinator, uma aceleradora de startups que foi a primeira investidora do grupo. E em março de 2009, a “Colchões infláveis e café da manhã” muda oficialmente o nome para Airbnb e expande para alugueis mais completos, como de apartamentos inteiros e locais para passar as férias, não apenas aquela noite em uma cidade diferente.
Além disso, os próprios cofundadores passam a visitar locais dos anúncios só para oferecer dicas, tipo o preço médio ou então ajudar a tirar fotos para tornar o local mais atrativo. Ainda em 2009, eles conseguem outro investimento, agora de grande porte e da tradicional Sequoia Capital. Eles receberam vários outros aportes ao longo dos anos e a gente não vai listar todos por aqui, mas dá pra dizer que esse foi o primeiro de muitos.
Até o ator Ashton Kutcher entrou em um dos financiamentos. Em 2010, sai o aplicativo para dispositivos móveis, e no ano seguinte a expansão internacional começa para Alemanha e Reino Unido. A companhia ainda comemora a marca alcançada de 1 milhão de reservas.
Ainda em 2011, ela lança um suporte por telefone 24 horas por dia e também um seguro bem generoso, que era até financeiramente arriscado para a empresa. Tudo isso foi bem recebido, mas era uma reação a um acontecimento bem ruim: um locatário encontrou a casa vandalizada depois do uso por hóspedes e denunciou o ocorrido pra imprensa. O ano de 2012 é cheio de novidades.
Uma delas é a inclusão das Wish Lists, as listas de desejo para você descobrir lugares populares e salvar para aquela viagem dos sonhos. Tem ainda o Neighborhoods, que são os Bairros ou Vizinhanças, que ajuda você a encontrar serviços, estabelecimentos e experiências na região onde você pretende se hospedar. Esse é também o ano que o Airbnb abre um escritório em São Paulo e chega oficialmente ao Brasil, um país onde ele vai ser muito popular em cidades de todos os tamanhos.
A empresa ainda faz uma importante parceria com a cidade de Nova York para abrigar sem custos as vítimas do furacão Sandy que causou grandes danos ao país no período. O Airbnb já fez ações parecidas em outros casos de desastres naturais ao longo dos anos. O ano de 2013 começa com mudança de sede: o Airbnb inaugura um moderno escritório em San Francisco.
E ela tinha muitos motivos para comemorar, já que adiciona 7 milhões de novos usuários só nesse período. A mudança de 2014 é uma interface e identidade visual completamente repaginadas. A logo, batizada de Belo, virou piada e sofreu muitas críticas, mas acabou ficando.
E esse período é o auge da maior briga que a empresa teve e ainda tem com o setor de hotelaria e prefeituras ao redor do mundo. Várias cidades não curtiram a revolução promovida pelo Airbnb, que mudou bastante a questão imobiliária de certas regiões, e o serviço chegou a receber multas e até banimentos, especialmente na Europa. É uma briga muito parecida com a que o Uber teve com os táxis, por exemplo, e nada simples de se resolver.
Em 2015, o Airbnb se torna o provedor oficial de acomodações alternativas para os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Esse é o ano também do lançamento do Airbnb em Cuba. E isso é importante porque foi logo no período em que os Estados Unidos levantaram algumas das sanções comerciais na região e a empresa foi uma das primeiras a aproveitar isso.
E as tretas voltam com tudo em 2016, quando a companhia entra em uma briga judicial com a cidade de Nova York. O motivo era uma lei que colocava multas pesadas em casas que não podem ser alugadas e, portanto, não podem ser listadas na plataforma. A disputa acabou só em dezembro, com um acordo para evitar os tribunais e a responsabilização direta para quem aluga, não para a marca em si.
O ano ainda marca o lançamento do Experiences indo além só do aluguel de casas ou quartos, com tours e atividades que incrementam a sua viagem. Para 2017, a marca faz a expansão definitiva para China sob um novo nome, Aibiying, além de adquirir uma série de companhias menores, inclusive a Luxury Retreats com foco em residências de preço mais elevado. A marca ainda anuncia uma parceria com a Niido para o lançamento de um prédio mantido pela empresa e focado em alugueis do Airbnb.
Virando o ano nasce o Airbnb Plus, um programa que permite que os Anfitriões se inscrevam para serem considerados acomodações de alta qualidade. Sai ainda o Airbnb for Events, para auxiliar os frequentadores e organizadores de eventos. Ainda em 2018, a empresa anuncia a aquisição do rival Hotel Tonight e lança segmento para acomodações de luxo, além de expandir a parceria com o Comitê Olímpico Internacional para outros eventos.
No ano seguinte, novamente a empresa vira manchete por problemas: um tiroteio em uma casa alugada em cidade norte-americana para o Halloween terminou com 5 vítimas e, a partir daí, "casas de festa" foram proibidas na plataforma. E olha que eu nem vou comentar do caso mais recente no Brasil envolvendo uma certa festa que desagradou a dona do imóvel por causa dos “rumos” que as coisas tomaram. Ainda em 2019, a empresa anuncia os planos para o IPO, a oferta pública de ações na bolsa.
Seria ótimo, só que no ano seguinte veio a pandemia da covid-19 para bagunçar absolutamente tudo. Eles foram extremamente prejudicados, sem contar viagens canceladas, reservas que não seriam mais cumpridas e anfitriões sem a renda dos alugueis. O CEO, que ainda é o Brian Chescky, liberou reembolsos de várias reservas mesmo não estando nas políticas, o que foi impopular com anfitriões e até investidores, mas ele achou ser a medida certa.
Em maio, com a primeira onda da pandemia ainda no auge, a empresa faz cortes massivos entre funcionários e vê o rendimento cair pela metade. Aos poucos, ela vai anunciando projetos relacionados à pandemia, como Frontline Stays para abrigar profissionais da saúde que estão na linha de frente e precisam proteger as próprias famílias, e protocolos especiais de higienização. Dessas iniciativas mais recentes, destacamos o Portal da Cidade, um recurso inédito para governos com dados especializados e que podem contribuir para o gerenciamento da região com base em turistas e moradores.
Tem ainda o Project Lighthouse, um projeto que combate à discriminação no serviço. E finalmente, em dezembro, ela faz a tão sonhada oferta de ações e pode olhar para o presente e o futuro com mais otimismo. Entre os planos, ela agora quer focar também em long-term stays, ou seja, quem aluga imóveis ou quartos por mais que um final de semana e tende a morar por mais tempo.
Atualmente, são 5. 6 milhões de residências, camas ou quartos listados em 100 mil cidades de mais de 220 países A empresa já recebeu mais de 900 milhões de clientes, enquanto o número de hosts está em 4 milhões. Esses parceiros que disponibilizam espaços já movimentaram, ao todo, 110 bilhões de dólares.
E esses números, com o mundo aos poucos voltando para a normalidade, devem aumentar ainda mais. E essa é a história do Airbnb, uma empresa que ainda tem muito o que melhorar, mas revolucionou um setor inteiro e ajudou muita gente a ter uma renda com um quarto que tava sobrando. Se você tiver uma sugestão de empresa, produto ou serviço, deixa nos comentários que você sabe que a gente vê.
Vamos conversar aqui embaixo, e não deixe de conferir as fontes da minha pesquisa, que estão aqui na descrição. Lembrando que esse é apenas um resumo, é só um recorte, e muita coisa fica de fora. E confira a playlist do História da Tecnologia, porque aquela trajetória que você tanto quer ver já pode ter sido contada aqui.
Até a próxima!